Pessoas com hipotireoidismo têm dificuldades para aderir ao tratamento


Principal queixa é necessidade de jejum para tomar medicamento; falta de informação também reduz aderência

Por Ludimila Honorato
As mulheres são as mais afetados pelas doenças envolvendo a tireoide. Foto: Hans/Pixabay

O hipotireoidismo é uma condição que ocorre quando a glândula tireoide produz quantidade insuficiente de hormônios, os T3 e T4. Essas substâncias atuam no funcionamento de diversos órgãos e a deficiência delas pode provocar sintomas como fadiga, aumento de peso, ressecamento da pele, queda dos cabelos, além de infertilidade e diabete.

Embora o tratamento seja simples, 25% dos brasileiros diagnosticados não tratam a doença ou tratam de forma inadequada. Entre os que não realizam qualquer tratamento, 34% desconhecem as consequências do hipotireoidismo e são os que menos recebem informações sobre o problema. Ao mesmo tempo, compreender a doença é a principal queixa dos pacientes.

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Os dados são da pesquisa Hipotireoidismo em Foco, realizada pelo Instituto Minds4Health a pedido da farmacêutica Sanofi com mais de dois mil pacientes. Quase 90% dos entrevistados são mulheres, mais afetadas pela doença do que os homens.

No Brasil, somente dois estudos populacionais investigaram a prevalência de disfunções tireoidianas em pessoas adultas. Um deles, que avaliou 1.110 indivíduos da comunidade de nipo-brasileiros não miscigenados de Bauru, com mais de 30 anos de idade, constatou incidência de 9,7% de hipotireoidismo. A outra investigação incluiu 14.590 pessoas, todas servidores públicos de seis cidades brasileiras (Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória). Aqui, a prevalência da doença foi de 7,4%.

Barreiras para tratar hipotireoidismo

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Segundo José Sgarbi, diretor do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), inúmeras razões estão associadas à má aderência ao tratamento, como o uso crônico, diário e o método de administração do remédio.

"Toda vez que temos de tomar medicamentos diariamente e por toda vida, é quase inevitável que esqueçamos um ou outro dia", diz o médico. A levotiroxina, hormônio sintético usado no tratamento da doença, deve ser ingerido em jejum, apenas com água e entre 30 minutos a uma hora antes do café da manhã. "Os pacientes se queixam deste tempo necessário entre a ingestão e a primeira refeição, muitas vezes preferem dormir um pouco mais, estão atrasados ou acabam se esquecendo e tomando o café da manhã", aponta Sgarbi.

O especialista explica que o jejum é necessário porque a absorção do medicamento sofre interferência da acidez gástrica e estudos demonstram que uma xícara de café já interfere em até 25% no processo. A ingestão de pães ou outros alimentos pode prejudicar ainda mais. Segundo os entrevistados pela pesquisa, ficar sem comer por esse tempo é a principal barreira para seguir o tratamento corretamente. Mas isso é uma coisa que 59% dos pacientes não dizem para seus médicos.

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A falta de informação sobre a doença também agrava a aderência ao tratamento. O dado da pesquisa é "preocupante", afirma Sgarbi. "O cenário é ainda pior se considerarmos que o nível de conhecimento sobre a doença é muito menor nas classes sociais mais baixas, podendo alcançar até 49% das classes D e E", pontua.

Consequências do hipotireoidismo não tratado

Segundo o médico da SBEM, o tratamento inadequado inclui não apenas o subtratamento, mas também o hiper-tratamento. No primeiro caso, os níveis de TSH permanecem elevados e o quadro associa-se a maior risco de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.

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Quando o paciente ingere dose maior que a necessária, ele pode viver um período prolongado com leve hipertireoidismo, chamado de hipertireoidismo subclínico. "Essa situação é particularmente prejudicial para pessoas com mais de 65 anos. Estudos demonstram risco quase três vezes maior de arritmia cardíaca, especialmente a fibrilação atrial", explica Sgarbi.

O tratamento para hipotireoidismo, usualmente, é feito por toda a vida e não há nenhuma indicação clínica para cirurgia. No entanto, há situações especiais em que o caso subclínico é transitório e, neste caso, nenhum tratamento é necessário.

VEJA TAMBÉM: Quais exames você deveria fazer em diferentes fases da vida?

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Quais exames você deveria fazer em diferentes fases da vida?

1 | 7

De 0 a 10 anos

Foto: Reprodução/Pixabay
2 | 7

Dos 10 aos 20 anos

Foto: Reprodução/Pixabay
3 | 7

Dos 20 aos 30 anos

Foto: REUTERS/Jim Bourg
4 | 7

Dos 30 aos 40 anos

Foto: Herton Escobar/Estadão
5 | 7

Dos 40 aos 50 anos

Foto: REUTERS
6 | 7

Dos 50 aos 60 anos

Foto: REUTERS/Heinz-Peter Bader
7 | 7

Depois dos 60 anos

Foto: Reprodução/Pixabay

Sintomas do hipotireoidismo

Segundo Sgarbi, os sinais da doença são inespecíficos e podem ser confundidos com outras enfermidades. O cansaço, inchaço pelo corpo e menor tolerância a exercícios podem se relacionar a doença cardíaca; dores articulares com doenças reumáticas; a anemia, muitas vezes encontrada, pode ser atribuída à deficiência de ferro ou a transtornos menstruais. Em idosos, sintomas como ressecamento e queda de cabelo, humor deprimido, constipação intestinal e prejuízo da memória são frequentemente associados à própria idade.

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Já o hipertireoidismo, que ocorre quando a tireoide aumenta a produção dos seus hormônios T4 e o T3, os sintomas são mais típicos e exacerbados. Entre eles, os principais são taquicardia, palpitação, cansaço e falta de ar aos esforços, emagrecimento sem perda de apetite, calor exagerado, transpiração excessiva, insônia, nervosismo e irritabilidade

Diagnóstico do hipotireoidismo

A detectação da doença é simples, feita pelo exame de sangue que mede o nível do hormônio estimulante de tireoide (TSH na sigla em inglês). Porém, segundo a pesquisa, os pacientes levam cerca de oito meses para descobrir a doença e receber o tratamento adequado. Em 65% dos casos, eles foram diagnosticados após procurarem o médico para um check-up geral. Apenas 30% marcaram consultas por conta de algum sintoma.

O endocrinologista é o médico que cuida de questões relacionadas a tireoide, mas outras especialidades também sabem diagnosticar e tratar o hipotireoidismo. A pesquisa mostrou que 58% dos pacientes procuraram o clínico geral primeiro, seguido por cardiologistas e ginecologistas.

Para quem já foi diagnosticado com hipotireoidismo e está sob tratamento contínuo em dose estável, recomenda-se fazer o exame de TSH duas vezes ao ano. Para pacientes com dose estável por período estável, orienta-se a dosagem ao menos uma vez por ano. Outras condições especiais requerem avaliar os níveis do hormônio, como em pré-operatórios, quando surgem sintomas associados ao hipotireoidismo, no uso de medicamentos que podem interferir com a absorção do medicamento (como o omeprazol) e em condições que causem disabsorção intestinal, como a cirurgia bariátrica.

As mulheres são as mais afetados pelas doenças envolvendo a tireoide. Foto: Hans/Pixabay

O hipotireoidismo é uma condição que ocorre quando a glândula tireoide produz quantidade insuficiente de hormônios, os T3 e T4. Essas substâncias atuam no funcionamento de diversos órgãos e a deficiência delas pode provocar sintomas como fadiga, aumento de peso, ressecamento da pele, queda dos cabelos, além de infertilidade e diabete.

Embora o tratamento seja simples, 25% dos brasileiros diagnosticados não tratam a doença ou tratam de forma inadequada. Entre os que não realizam qualquer tratamento, 34% desconhecem as consequências do hipotireoidismo e são os que menos recebem informações sobre o problema. Ao mesmo tempo, compreender a doença é a principal queixa dos pacientes.

Os dados são da pesquisa Hipotireoidismo em Foco, realizada pelo Instituto Minds4Health a pedido da farmacêutica Sanofi com mais de dois mil pacientes. Quase 90% dos entrevistados são mulheres, mais afetadas pela doença do que os homens.

No Brasil, somente dois estudos populacionais investigaram a prevalência de disfunções tireoidianas em pessoas adultas. Um deles, que avaliou 1.110 indivíduos da comunidade de nipo-brasileiros não miscigenados de Bauru, com mais de 30 anos de idade, constatou incidência de 9,7% de hipotireoidismo. A outra investigação incluiu 14.590 pessoas, todas servidores públicos de seis cidades brasileiras (Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória). Aqui, a prevalência da doença foi de 7,4%.

Barreiras para tratar hipotireoidismo

Segundo José Sgarbi, diretor do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), inúmeras razões estão associadas à má aderência ao tratamento, como o uso crônico, diário e o método de administração do remédio.

"Toda vez que temos de tomar medicamentos diariamente e por toda vida, é quase inevitável que esqueçamos um ou outro dia", diz o médico. A levotiroxina, hormônio sintético usado no tratamento da doença, deve ser ingerido em jejum, apenas com água e entre 30 minutos a uma hora antes do café da manhã. "Os pacientes se queixam deste tempo necessário entre a ingestão e a primeira refeição, muitas vezes preferem dormir um pouco mais, estão atrasados ou acabam se esquecendo e tomando o café da manhã", aponta Sgarbi.

O especialista explica que o jejum é necessário porque a absorção do medicamento sofre interferência da acidez gástrica e estudos demonstram que uma xícara de café já interfere em até 25% no processo. A ingestão de pães ou outros alimentos pode prejudicar ainda mais. Segundo os entrevistados pela pesquisa, ficar sem comer por esse tempo é a principal barreira para seguir o tratamento corretamente. Mas isso é uma coisa que 59% dos pacientes não dizem para seus médicos.

A falta de informação sobre a doença também agrava a aderência ao tratamento. O dado da pesquisa é "preocupante", afirma Sgarbi. "O cenário é ainda pior se considerarmos que o nível de conhecimento sobre a doença é muito menor nas classes sociais mais baixas, podendo alcançar até 49% das classes D e E", pontua.

Consequências do hipotireoidismo não tratado

Segundo o médico da SBEM, o tratamento inadequado inclui não apenas o subtratamento, mas também o hiper-tratamento. No primeiro caso, os níveis de TSH permanecem elevados e o quadro associa-se a maior risco de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.

Quando o paciente ingere dose maior que a necessária, ele pode viver um período prolongado com leve hipertireoidismo, chamado de hipertireoidismo subclínico. "Essa situação é particularmente prejudicial para pessoas com mais de 65 anos. Estudos demonstram risco quase três vezes maior de arritmia cardíaca, especialmente a fibrilação atrial", explica Sgarbi.

O tratamento para hipotireoidismo, usualmente, é feito por toda a vida e não há nenhuma indicação clínica para cirurgia. No entanto, há situações especiais em que o caso subclínico é transitório e, neste caso, nenhum tratamento é necessário.

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De 0 a 10 anos

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Depois dos 60 anos

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Sintomas do hipotireoidismo

Segundo Sgarbi, os sinais da doença são inespecíficos e podem ser confundidos com outras enfermidades. O cansaço, inchaço pelo corpo e menor tolerância a exercícios podem se relacionar a doença cardíaca; dores articulares com doenças reumáticas; a anemia, muitas vezes encontrada, pode ser atribuída à deficiência de ferro ou a transtornos menstruais. Em idosos, sintomas como ressecamento e queda de cabelo, humor deprimido, constipação intestinal e prejuízo da memória são frequentemente associados à própria idade.

Já o hipertireoidismo, que ocorre quando a tireoide aumenta a produção dos seus hormônios T4 e o T3, os sintomas são mais típicos e exacerbados. Entre eles, os principais são taquicardia, palpitação, cansaço e falta de ar aos esforços, emagrecimento sem perda de apetite, calor exagerado, transpiração excessiva, insônia, nervosismo e irritabilidade

Diagnóstico do hipotireoidismo

A detectação da doença é simples, feita pelo exame de sangue que mede o nível do hormônio estimulante de tireoide (TSH na sigla em inglês). Porém, segundo a pesquisa, os pacientes levam cerca de oito meses para descobrir a doença e receber o tratamento adequado. Em 65% dos casos, eles foram diagnosticados após procurarem o médico para um check-up geral. Apenas 30% marcaram consultas por conta de algum sintoma.

O endocrinologista é o médico que cuida de questões relacionadas a tireoide, mas outras especialidades também sabem diagnosticar e tratar o hipotireoidismo. A pesquisa mostrou que 58% dos pacientes procuraram o clínico geral primeiro, seguido por cardiologistas e ginecologistas.

Para quem já foi diagnosticado com hipotireoidismo e está sob tratamento contínuo em dose estável, recomenda-se fazer o exame de TSH duas vezes ao ano. Para pacientes com dose estável por período estável, orienta-se a dosagem ao menos uma vez por ano. Outras condições especiais requerem avaliar os níveis do hormônio, como em pré-operatórios, quando surgem sintomas associados ao hipotireoidismo, no uso de medicamentos que podem interferir com a absorção do medicamento (como o omeprazol) e em condições que causem disabsorção intestinal, como a cirurgia bariátrica.

As mulheres são as mais afetados pelas doenças envolvendo a tireoide. Foto: Hans/Pixabay

O hipotireoidismo é uma condição que ocorre quando a glândula tireoide produz quantidade insuficiente de hormônios, os T3 e T4. Essas substâncias atuam no funcionamento de diversos órgãos e a deficiência delas pode provocar sintomas como fadiga, aumento de peso, ressecamento da pele, queda dos cabelos, além de infertilidade e diabete.

Embora o tratamento seja simples, 25% dos brasileiros diagnosticados não tratam a doença ou tratam de forma inadequada. Entre os que não realizam qualquer tratamento, 34% desconhecem as consequências do hipotireoidismo e são os que menos recebem informações sobre o problema. Ao mesmo tempo, compreender a doença é a principal queixa dos pacientes.

Os dados são da pesquisa Hipotireoidismo em Foco, realizada pelo Instituto Minds4Health a pedido da farmacêutica Sanofi com mais de dois mil pacientes. Quase 90% dos entrevistados são mulheres, mais afetadas pela doença do que os homens.

No Brasil, somente dois estudos populacionais investigaram a prevalência de disfunções tireoidianas em pessoas adultas. Um deles, que avaliou 1.110 indivíduos da comunidade de nipo-brasileiros não miscigenados de Bauru, com mais de 30 anos de idade, constatou incidência de 9,7% de hipotireoidismo. A outra investigação incluiu 14.590 pessoas, todas servidores públicos de seis cidades brasileiras (Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória). Aqui, a prevalência da doença foi de 7,4%.

Barreiras para tratar hipotireoidismo

Segundo José Sgarbi, diretor do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), inúmeras razões estão associadas à má aderência ao tratamento, como o uso crônico, diário e o método de administração do remédio.

"Toda vez que temos de tomar medicamentos diariamente e por toda vida, é quase inevitável que esqueçamos um ou outro dia", diz o médico. A levotiroxina, hormônio sintético usado no tratamento da doença, deve ser ingerido em jejum, apenas com água e entre 30 minutos a uma hora antes do café da manhã. "Os pacientes se queixam deste tempo necessário entre a ingestão e a primeira refeição, muitas vezes preferem dormir um pouco mais, estão atrasados ou acabam se esquecendo e tomando o café da manhã", aponta Sgarbi.

O especialista explica que o jejum é necessário porque a absorção do medicamento sofre interferência da acidez gástrica e estudos demonstram que uma xícara de café já interfere em até 25% no processo. A ingestão de pães ou outros alimentos pode prejudicar ainda mais. Segundo os entrevistados pela pesquisa, ficar sem comer por esse tempo é a principal barreira para seguir o tratamento corretamente. Mas isso é uma coisa que 59% dos pacientes não dizem para seus médicos.

A falta de informação sobre a doença também agrava a aderência ao tratamento. O dado da pesquisa é "preocupante", afirma Sgarbi. "O cenário é ainda pior se considerarmos que o nível de conhecimento sobre a doença é muito menor nas classes sociais mais baixas, podendo alcançar até 49% das classes D e E", pontua.

Consequências do hipotireoidismo não tratado

Segundo o médico da SBEM, o tratamento inadequado inclui não apenas o subtratamento, mas também o hiper-tratamento. No primeiro caso, os níveis de TSH permanecem elevados e o quadro associa-se a maior risco de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.

Quando o paciente ingere dose maior que a necessária, ele pode viver um período prolongado com leve hipertireoidismo, chamado de hipertireoidismo subclínico. "Essa situação é particularmente prejudicial para pessoas com mais de 65 anos. Estudos demonstram risco quase três vezes maior de arritmia cardíaca, especialmente a fibrilação atrial", explica Sgarbi.

O tratamento para hipotireoidismo, usualmente, é feito por toda a vida e não há nenhuma indicação clínica para cirurgia. No entanto, há situações especiais em que o caso subclínico é transitório e, neste caso, nenhum tratamento é necessário.

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Sintomas do hipotireoidismo

Segundo Sgarbi, os sinais da doença são inespecíficos e podem ser confundidos com outras enfermidades. O cansaço, inchaço pelo corpo e menor tolerância a exercícios podem se relacionar a doença cardíaca; dores articulares com doenças reumáticas; a anemia, muitas vezes encontrada, pode ser atribuída à deficiência de ferro ou a transtornos menstruais. Em idosos, sintomas como ressecamento e queda de cabelo, humor deprimido, constipação intestinal e prejuízo da memória são frequentemente associados à própria idade.

Já o hipertireoidismo, que ocorre quando a tireoide aumenta a produção dos seus hormônios T4 e o T3, os sintomas são mais típicos e exacerbados. Entre eles, os principais são taquicardia, palpitação, cansaço e falta de ar aos esforços, emagrecimento sem perda de apetite, calor exagerado, transpiração excessiva, insônia, nervosismo e irritabilidade

Diagnóstico do hipotireoidismo

A detectação da doença é simples, feita pelo exame de sangue que mede o nível do hormônio estimulante de tireoide (TSH na sigla em inglês). Porém, segundo a pesquisa, os pacientes levam cerca de oito meses para descobrir a doença e receber o tratamento adequado. Em 65% dos casos, eles foram diagnosticados após procurarem o médico para um check-up geral. Apenas 30% marcaram consultas por conta de algum sintoma.

O endocrinologista é o médico que cuida de questões relacionadas a tireoide, mas outras especialidades também sabem diagnosticar e tratar o hipotireoidismo. A pesquisa mostrou que 58% dos pacientes procuraram o clínico geral primeiro, seguido por cardiologistas e ginecologistas.

Para quem já foi diagnosticado com hipotireoidismo e está sob tratamento contínuo em dose estável, recomenda-se fazer o exame de TSH duas vezes ao ano. Para pacientes com dose estável por período estável, orienta-se a dosagem ao menos uma vez por ano. Outras condições especiais requerem avaliar os níveis do hormônio, como em pré-operatórios, quando surgem sintomas associados ao hipotireoidismo, no uso de medicamentos que podem interferir com a absorção do medicamento (como o omeprazol) e em condições que causem disabsorção intestinal, como a cirurgia bariátrica.

As mulheres são as mais afetados pelas doenças envolvendo a tireoide. Foto: Hans/Pixabay

O hipotireoidismo é uma condição que ocorre quando a glândula tireoide produz quantidade insuficiente de hormônios, os T3 e T4. Essas substâncias atuam no funcionamento de diversos órgãos e a deficiência delas pode provocar sintomas como fadiga, aumento de peso, ressecamento da pele, queda dos cabelos, além de infertilidade e diabete.

Embora o tratamento seja simples, 25% dos brasileiros diagnosticados não tratam a doença ou tratam de forma inadequada. Entre os que não realizam qualquer tratamento, 34% desconhecem as consequências do hipotireoidismo e são os que menos recebem informações sobre o problema. Ao mesmo tempo, compreender a doença é a principal queixa dos pacientes.

Os dados são da pesquisa Hipotireoidismo em Foco, realizada pelo Instituto Minds4Health a pedido da farmacêutica Sanofi com mais de dois mil pacientes. Quase 90% dos entrevistados são mulheres, mais afetadas pela doença do que os homens.

No Brasil, somente dois estudos populacionais investigaram a prevalência de disfunções tireoidianas em pessoas adultas. Um deles, que avaliou 1.110 indivíduos da comunidade de nipo-brasileiros não miscigenados de Bauru, com mais de 30 anos de idade, constatou incidência de 9,7% de hipotireoidismo. A outra investigação incluiu 14.590 pessoas, todas servidores públicos de seis cidades brasileiras (Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória). Aqui, a prevalência da doença foi de 7,4%.

Barreiras para tratar hipotireoidismo

Segundo José Sgarbi, diretor do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), inúmeras razões estão associadas à má aderência ao tratamento, como o uso crônico, diário e o método de administração do remédio.

"Toda vez que temos de tomar medicamentos diariamente e por toda vida, é quase inevitável que esqueçamos um ou outro dia", diz o médico. A levotiroxina, hormônio sintético usado no tratamento da doença, deve ser ingerido em jejum, apenas com água e entre 30 minutos a uma hora antes do café da manhã. "Os pacientes se queixam deste tempo necessário entre a ingestão e a primeira refeição, muitas vezes preferem dormir um pouco mais, estão atrasados ou acabam se esquecendo e tomando o café da manhã", aponta Sgarbi.

O especialista explica que o jejum é necessário porque a absorção do medicamento sofre interferência da acidez gástrica e estudos demonstram que uma xícara de café já interfere em até 25% no processo. A ingestão de pães ou outros alimentos pode prejudicar ainda mais. Segundo os entrevistados pela pesquisa, ficar sem comer por esse tempo é a principal barreira para seguir o tratamento corretamente. Mas isso é uma coisa que 59% dos pacientes não dizem para seus médicos.

A falta de informação sobre a doença também agrava a aderência ao tratamento. O dado da pesquisa é "preocupante", afirma Sgarbi. "O cenário é ainda pior se considerarmos que o nível de conhecimento sobre a doença é muito menor nas classes sociais mais baixas, podendo alcançar até 49% das classes D e E", pontua.

Consequências do hipotireoidismo não tratado

Segundo o médico da SBEM, o tratamento inadequado inclui não apenas o subtratamento, mas também o hiper-tratamento. No primeiro caso, os níveis de TSH permanecem elevados e o quadro associa-se a maior risco de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.

Quando o paciente ingere dose maior que a necessária, ele pode viver um período prolongado com leve hipertireoidismo, chamado de hipertireoidismo subclínico. "Essa situação é particularmente prejudicial para pessoas com mais de 65 anos. Estudos demonstram risco quase três vezes maior de arritmia cardíaca, especialmente a fibrilação atrial", explica Sgarbi.

O tratamento para hipotireoidismo, usualmente, é feito por toda a vida e não há nenhuma indicação clínica para cirurgia. No entanto, há situações especiais em que o caso subclínico é transitório e, neste caso, nenhum tratamento é necessário.

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Depois dos 60 anos

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Sintomas do hipotireoidismo

Segundo Sgarbi, os sinais da doença são inespecíficos e podem ser confundidos com outras enfermidades. O cansaço, inchaço pelo corpo e menor tolerância a exercícios podem se relacionar a doença cardíaca; dores articulares com doenças reumáticas; a anemia, muitas vezes encontrada, pode ser atribuída à deficiência de ferro ou a transtornos menstruais. Em idosos, sintomas como ressecamento e queda de cabelo, humor deprimido, constipação intestinal e prejuízo da memória são frequentemente associados à própria idade.

Já o hipertireoidismo, que ocorre quando a tireoide aumenta a produção dos seus hormônios T4 e o T3, os sintomas são mais típicos e exacerbados. Entre eles, os principais são taquicardia, palpitação, cansaço e falta de ar aos esforços, emagrecimento sem perda de apetite, calor exagerado, transpiração excessiva, insônia, nervosismo e irritabilidade

Diagnóstico do hipotireoidismo

A detectação da doença é simples, feita pelo exame de sangue que mede o nível do hormônio estimulante de tireoide (TSH na sigla em inglês). Porém, segundo a pesquisa, os pacientes levam cerca de oito meses para descobrir a doença e receber o tratamento adequado. Em 65% dos casos, eles foram diagnosticados após procurarem o médico para um check-up geral. Apenas 30% marcaram consultas por conta de algum sintoma.

O endocrinologista é o médico que cuida de questões relacionadas a tireoide, mas outras especialidades também sabem diagnosticar e tratar o hipotireoidismo. A pesquisa mostrou que 58% dos pacientes procuraram o clínico geral primeiro, seguido por cardiologistas e ginecologistas.

Para quem já foi diagnosticado com hipotireoidismo e está sob tratamento contínuo em dose estável, recomenda-se fazer o exame de TSH duas vezes ao ano. Para pacientes com dose estável por período estável, orienta-se a dosagem ao menos uma vez por ano. Outras condições especiais requerem avaliar os níveis do hormônio, como em pré-operatórios, quando surgem sintomas associados ao hipotireoidismo, no uso de medicamentos que podem interferir com a absorção do medicamento (como o omeprazol) e em condições que causem disabsorção intestinal, como a cirurgia bariátrica.

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