Entre as diversas preocupações com as crianças, os piolhos são uma delas. Contudo, embora seja um fator comum entre os pequenos, a condição também pode acometer os adultos e, inclusive, se concentrar além do couro cabeludo.
Clessya Rocha, dermatologista e professora de dermatologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), explica que a infestação é “uma doença dermatológica causada por parasitas Phthiraptera, que vivem toda sua existência no hospedeiro: o ser humano”.
A principal consequência dessa condição é o prurido (coceira), resultado da “hipersensibilidade à saliva do ácaro, introduzida durante sua alimentação de sangue”, o que pode refletir no bem-estar de quem a sofre. Além disso, a especialista destaca que a autoestima também é afetada, visto que, em casos mais severos, os insetos ficam visíveis nos fios. Apesar desses fatores, Clessya informa “não haver relatos na literatura de riscos graves à saúde pela pediculose (infestação de piolhos)”.
Piolhos em outras partes do corpo
Por estar mais exposto, o couro cabeludo é a área mais afetada pelos piolhos. No entanto, os insetos também podem se concentrar nos pelos das regiões íntimas, através do contato direto durante as relações sexuais com alguém parasitado. “Eles também podem se alojar nos pelos do peito, das axilas, barba e até nos cílios”, afirma a cientista Jackeline Alecrim.
Embora precisem de um hospedeiro humano, os insetos também podem se alojar em objetos como travesseiros, cobertores, sofás, toucas, bonés, escovas de cabelo, toalhas, entre outros que tiveram contato com alguém nessa condição.
Como evitar e tratar os piolhos
Clessya destaca a má higiene do couro cabeludo e demais áreas como um dos principais fatores que mantêm os insetos. “Eles têm um ciclo de vida de 30 a 40 dias. As fêmeas produzem cerca de 300 ovos (as lêndeas), que se aderem aos cabelos e eclodirão após oito dias, virando, assim, parasitas adultos que sobreviverão sugando sangue de seu hospedeiro”, explica.
Piolhos não voam, como muitos acreditam, e seu contágio se dá por contato. Portanto, evitar compartilhar os objetos listados anteriormente sem a devida higienização em água com temperatura superior a 60º, é imprescindível. A especialista indica, ainda, manter os cabelos presos e realizar lavagem diária.
Para quem está com pediculose, vale consultar um dermatologista para a devida indicação de tratamento, que pode ser feita com shampoos especiais, uso de pentes finos ou até remédios de administração oral.
Algumas medidas caseiras, quando realizadas com cautela, também podem auxiliar no tratamento; Clessya receita duas opções:
Mistura de óleos essenciais no couro cabeludo
- 50 mL de óleo de coco;
- 2 a 3 gotas de óleo essencial de melaleuca (tea tree);
- 2 a 3 gotas de óleo essencial de erva-doce;
- 50 mL de vinagre de maçã.
Modo de uso: Misturar todos os ingredientes e aplicar diretamente sobre o couro cabeludo, deixando agir durante 30 minutos. Após o período, lavar o cabelo normalmente com shampoo comum.
Lavagem com vinagre de maçã
- 1 copo de vinagre de sidra ou de maçã;
- 1 copo de água morna.
Modo de uso: Molhar o couro cabeludo com a mistura dos ingredientes e deixar a solução agir por 30 minutos, usando uma touca de banho. Após o período, lavar o cabelo normalmente com shampoo de uso habitual e fazer o uso de pente fino para retirada das lêndeas, que estarão mais maleáveis devido à solução.
Em caso de irritação ou qualquer outro sintoma adverso, é imprescindível suspender o uso dessas medidas caseiras e consultar um médico.