Síndrome do impostor em relacionamentos: Por que você teme ser amado?


Especialistas explicam que pais rígidos na infância e bullying na adolescência podem causar, a longo prazo, sensação de ser uma fraude no amor

Por Bárbara Correa
Atualização:

“Eu simplesmente sentia um estranhamento quando me ofereciam um afeto romântico. Era como se fosse um território estranho a ser habitado por mim. O [território] que estou acostumada é o medo”. Esse é o relato de Mariana, de 23 anos, que relata sofrer da síndrome da impostora na sua vida amorosa.

Ainda que o senso comum atrele esse termo à carreira, a sensação de ser uma fraude é mais comum e recorrente em outros âmbitos da vida do que se imagina. Na verdade, 70% das pessoas já se sentiram assim pelo menos alguma vez na vida, segundo o International Journal of Behavioral Science.

De acordo com Henrique Bottura, psiquiatra diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, a síndrome do impostor não é um quadro clínico e nem se trata de uma psicopatologia específica. No entanto, pessoas com transtorno de ansiedade generalizada podem se deparar com essa sensação frequentemente.

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O que é a síndrome do impostor?

O psiquiatra explica que essa ansiedade advém de uma personalidade muito autocrítica, um sentimento crônico de insuficiência, culpa, desconforto e baixa autoestima.

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“Sente ansiedade constante, pensando que pode ser descoberta, como se fosse uma fraude, como se tivesse mentindo e enganado. Como se não pertencesse àquele espaço. Está sempre à postos de ser descoberta, como se fosse um perigo”, detalha a psicóloga Gabriela Luxo, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento.

Juliana, de 22 anos, também relata conviver com esse sentimento de insuficiência e reflete que isso impacta mais sua vida afetiva do que a profissional. “Essa questão da autoestima se reflete em vários âmbitos e ainda mais no amor, porque são nos relacionamentos que a gente expõe nossa vulnerabilidade. Então, é essa insegurança constante de que qualquer pessoa pode ser melhor que você, em qualquer coisa”, conta.

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Como a síndrome do impostor afeta os relacionamentos?

Freepik/ @newimage Foto: Freepik/ @newimage

Juliana que, atualmente está em um relacionamento, percebe que essa insegurança potencializa o ciúme. Já Mariana, que está solteira, revela que, inconscientemente, sabota qualquer relação amorosa, antes mesmo dela começar.

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“Quando estou começando a ficar com uma pessoa, só consigo pensar que irei me magoar e sofrer. Então, começo a ‘caçar’ tudo sobre ele, se ele está conhecendo outra pessoa ou algo do tipo. E eu sempre encontro, até porque a pessoa é solteira – assim como eu. Mas é como se um gatilho muito forte fosse acionado de que aquele lugar não era pra ser meu e sim de outra pessoa melhor, mais bonita, etc. Acho que pode ser uma brecha inconsciente para sair disso o mais rápido possível”

Mariana, 23 anos.

A mestre em psicologia positiva, Adriana Drulla, explica que a síndrome pode ocasionar duas situações:

1. A pessoa se dedica ao extremo para sustentar uma imagem que ela acredita ser capaz de fazê-la mais valiosa, amada ou aceita. Obviamente, isto faz com que seja muito difícil se abrir, revelar as suas vulnerabilidades e valores de forma autêntica. Ou seja, fica mais difícil construir intimidade quando você está na defensiva o tempo inteiro, tentando mostrar-se perfeito.

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2. Por outro lado, a expectativa do abandono iminente também pode fazer com que estas pessoas tenham dificuldade para levar o relacionamento em frente, por exemplo, desconfiando demasiadamente do parceiro ou sabotando a relação. Além disso, a crença de não ser bom o suficiente faz com que estas pessoas percebam qualquer erro como sinal de inferioridade. No fundo, estas pessoas sentem como se não merecessem o parceiro ou o relacionamento. Por exemplo, fantasiando que o parceiro ou a parceira a deixaria, caso descobrisse certas características que esta pessoa tem.

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Quais são as causas?

Tanto Mariana quanto Juliana relataram ter sofrido bullying na adolescência e, para além do sentimento de inferioridade como consequência desse trauma, o psiquiatra Henrique Bottura ainda destaca o papel dos pais na infância para o desenvolvimento dessa autocrítica constante.

“A causa tem a ver com tendência de auto exigência muito grande, uma autoconfiança muito distorcida. Essa rigidez consigo mesmo pode ser advinda de modelos parentais. Uma família muito exigente pode gerar isso”, reforça.

Um outro ponto levantado por Juliana é a referência de relacionamentos que, assim como ela, muitas meninas tiveram, com filmes de princesas:

“Quando eu era criança, a gente sempre teve essa ideia que um príncipe ia salvar a gente e isso acaba desembocando na dependência emocional de buscar desesperadamente um relacionamento para te completar. Quando você não tem, não se sente completa e, se tem, não se sente boa o suficiente”.

Como lidar com isso?

Freepik/ @PheelingsMedia Foto: Freepik/ @PheelingsMedia

A psicóloga Gabriela Luxo aponta a psicoterapia cognitivo comportamental como tratamento recomendado para a síndrome do impostor. Ela ainda lista alguns exercícios de autoconhecimento e auto observação:

1. Comece a aceitar elogios e não a desmerecê-los ou se autodepreciar

2. Comemore pequenas vitórias; a pessoa sempre mira em grandes feitos e comemorar pequenos avanços no mecanismo do seu comportamento já é muito importante

3. Verifique se esses pensamentos sobre si mesmo podem ser comprovados. “Será que isso que eu estou pensando é real? Consigo confirmar com quem? Como isso aconteceu?”. Buscar essas informações é uma forma de perceber a realidade.

“Eu simplesmente sentia um estranhamento quando me ofereciam um afeto romântico. Era como se fosse um território estranho a ser habitado por mim. O [território] que estou acostumada é o medo”. Esse é o relato de Mariana, de 23 anos, que relata sofrer da síndrome da impostora na sua vida amorosa.

Ainda que o senso comum atrele esse termo à carreira, a sensação de ser uma fraude é mais comum e recorrente em outros âmbitos da vida do que se imagina. Na verdade, 70% das pessoas já se sentiram assim pelo menos alguma vez na vida, segundo o International Journal of Behavioral Science.

De acordo com Henrique Bottura, psiquiatra diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, a síndrome do impostor não é um quadro clínico e nem se trata de uma psicopatologia específica. No entanto, pessoas com transtorno de ansiedade generalizada podem se deparar com essa sensação frequentemente.

O que é a síndrome do impostor?

O psiquiatra explica que essa ansiedade advém de uma personalidade muito autocrítica, um sentimento crônico de insuficiência, culpa, desconforto e baixa autoestima.

“Sente ansiedade constante, pensando que pode ser descoberta, como se fosse uma fraude, como se tivesse mentindo e enganado. Como se não pertencesse àquele espaço. Está sempre à postos de ser descoberta, como se fosse um perigo”, detalha a psicóloga Gabriela Luxo, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento.

Juliana, de 22 anos, também relata conviver com esse sentimento de insuficiência e reflete que isso impacta mais sua vida afetiva do que a profissional. “Essa questão da autoestima se reflete em vários âmbitos e ainda mais no amor, porque são nos relacionamentos que a gente expõe nossa vulnerabilidade. Então, é essa insegurança constante de que qualquer pessoa pode ser melhor que você, em qualquer coisa”, conta.

Como a síndrome do impostor afeta os relacionamentos?

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Juliana que, atualmente está em um relacionamento, percebe que essa insegurança potencializa o ciúme. Já Mariana, que está solteira, revela que, inconscientemente, sabota qualquer relação amorosa, antes mesmo dela começar.

“Quando estou começando a ficar com uma pessoa, só consigo pensar que irei me magoar e sofrer. Então, começo a ‘caçar’ tudo sobre ele, se ele está conhecendo outra pessoa ou algo do tipo. E eu sempre encontro, até porque a pessoa é solteira – assim como eu. Mas é como se um gatilho muito forte fosse acionado de que aquele lugar não era pra ser meu e sim de outra pessoa melhor, mais bonita, etc. Acho que pode ser uma brecha inconsciente para sair disso o mais rápido possível”

Mariana, 23 anos.

A mestre em psicologia positiva, Adriana Drulla, explica que a síndrome pode ocasionar duas situações:

1. A pessoa se dedica ao extremo para sustentar uma imagem que ela acredita ser capaz de fazê-la mais valiosa, amada ou aceita. Obviamente, isto faz com que seja muito difícil se abrir, revelar as suas vulnerabilidades e valores de forma autêntica. Ou seja, fica mais difícil construir intimidade quando você está na defensiva o tempo inteiro, tentando mostrar-se perfeito.

2. Por outro lado, a expectativa do abandono iminente também pode fazer com que estas pessoas tenham dificuldade para levar o relacionamento em frente, por exemplo, desconfiando demasiadamente do parceiro ou sabotando a relação. Além disso, a crença de não ser bom o suficiente faz com que estas pessoas percebam qualquer erro como sinal de inferioridade. No fundo, estas pessoas sentem como se não merecessem o parceiro ou o relacionamento. Por exemplo, fantasiando que o parceiro ou a parceira a deixaria, caso descobrisse certas características que esta pessoa tem.

Quais são as causas?

Tanto Mariana quanto Juliana relataram ter sofrido bullying na adolescência e, para além do sentimento de inferioridade como consequência desse trauma, o psiquiatra Henrique Bottura ainda destaca o papel dos pais na infância para o desenvolvimento dessa autocrítica constante.

“A causa tem a ver com tendência de auto exigência muito grande, uma autoconfiança muito distorcida. Essa rigidez consigo mesmo pode ser advinda de modelos parentais. Uma família muito exigente pode gerar isso”, reforça.

Um outro ponto levantado por Juliana é a referência de relacionamentos que, assim como ela, muitas meninas tiveram, com filmes de princesas:

“Quando eu era criança, a gente sempre teve essa ideia que um príncipe ia salvar a gente e isso acaba desembocando na dependência emocional de buscar desesperadamente um relacionamento para te completar. Quando você não tem, não se sente completa e, se tem, não se sente boa o suficiente”.

Como lidar com isso?

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A psicóloga Gabriela Luxo aponta a psicoterapia cognitivo comportamental como tratamento recomendado para a síndrome do impostor. Ela ainda lista alguns exercícios de autoconhecimento e auto observação:

1. Comece a aceitar elogios e não a desmerecê-los ou se autodepreciar

2. Comemore pequenas vitórias; a pessoa sempre mira em grandes feitos e comemorar pequenos avanços no mecanismo do seu comportamento já é muito importante

3. Verifique se esses pensamentos sobre si mesmo podem ser comprovados. “Será que isso que eu estou pensando é real? Consigo confirmar com quem? Como isso aconteceu?”. Buscar essas informações é uma forma de perceber a realidade.

“Eu simplesmente sentia um estranhamento quando me ofereciam um afeto romântico. Era como se fosse um território estranho a ser habitado por mim. O [território] que estou acostumada é o medo”. Esse é o relato de Mariana, de 23 anos, que relata sofrer da síndrome da impostora na sua vida amorosa.

Ainda que o senso comum atrele esse termo à carreira, a sensação de ser uma fraude é mais comum e recorrente em outros âmbitos da vida do que se imagina. Na verdade, 70% das pessoas já se sentiram assim pelo menos alguma vez na vida, segundo o International Journal of Behavioral Science.

De acordo com Henrique Bottura, psiquiatra diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, a síndrome do impostor não é um quadro clínico e nem se trata de uma psicopatologia específica. No entanto, pessoas com transtorno de ansiedade generalizada podem se deparar com essa sensação frequentemente.

O que é a síndrome do impostor?

O psiquiatra explica que essa ansiedade advém de uma personalidade muito autocrítica, um sentimento crônico de insuficiência, culpa, desconforto e baixa autoestima.

“Sente ansiedade constante, pensando que pode ser descoberta, como se fosse uma fraude, como se tivesse mentindo e enganado. Como se não pertencesse àquele espaço. Está sempre à postos de ser descoberta, como se fosse um perigo”, detalha a psicóloga Gabriela Luxo, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento.

Juliana, de 22 anos, também relata conviver com esse sentimento de insuficiência e reflete que isso impacta mais sua vida afetiva do que a profissional. “Essa questão da autoestima se reflete em vários âmbitos e ainda mais no amor, porque são nos relacionamentos que a gente expõe nossa vulnerabilidade. Então, é essa insegurança constante de que qualquer pessoa pode ser melhor que você, em qualquer coisa”, conta.

Como a síndrome do impostor afeta os relacionamentos?

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Juliana que, atualmente está em um relacionamento, percebe que essa insegurança potencializa o ciúme. Já Mariana, que está solteira, revela que, inconscientemente, sabota qualquer relação amorosa, antes mesmo dela começar.

“Quando estou começando a ficar com uma pessoa, só consigo pensar que irei me magoar e sofrer. Então, começo a ‘caçar’ tudo sobre ele, se ele está conhecendo outra pessoa ou algo do tipo. E eu sempre encontro, até porque a pessoa é solteira – assim como eu. Mas é como se um gatilho muito forte fosse acionado de que aquele lugar não era pra ser meu e sim de outra pessoa melhor, mais bonita, etc. Acho que pode ser uma brecha inconsciente para sair disso o mais rápido possível”

Mariana, 23 anos.

A mestre em psicologia positiva, Adriana Drulla, explica que a síndrome pode ocasionar duas situações:

1. A pessoa se dedica ao extremo para sustentar uma imagem que ela acredita ser capaz de fazê-la mais valiosa, amada ou aceita. Obviamente, isto faz com que seja muito difícil se abrir, revelar as suas vulnerabilidades e valores de forma autêntica. Ou seja, fica mais difícil construir intimidade quando você está na defensiva o tempo inteiro, tentando mostrar-se perfeito.

2. Por outro lado, a expectativa do abandono iminente também pode fazer com que estas pessoas tenham dificuldade para levar o relacionamento em frente, por exemplo, desconfiando demasiadamente do parceiro ou sabotando a relação. Além disso, a crença de não ser bom o suficiente faz com que estas pessoas percebam qualquer erro como sinal de inferioridade. No fundo, estas pessoas sentem como se não merecessem o parceiro ou o relacionamento. Por exemplo, fantasiando que o parceiro ou a parceira a deixaria, caso descobrisse certas características que esta pessoa tem.

Quais são as causas?

Tanto Mariana quanto Juliana relataram ter sofrido bullying na adolescência e, para além do sentimento de inferioridade como consequência desse trauma, o psiquiatra Henrique Bottura ainda destaca o papel dos pais na infância para o desenvolvimento dessa autocrítica constante.

“A causa tem a ver com tendência de auto exigência muito grande, uma autoconfiança muito distorcida. Essa rigidez consigo mesmo pode ser advinda de modelos parentais. Uma família muito exigente pode gerar isso”, reforça.

Um outro ponto levantado por Juliana é a referência de relacionamentos que, assim como ela, muitas meninas tiveram, com filmes de princesas:

“Quando eu era criança, a gente sempre teve essa ideia que um príncipe ia salvar a gente e isso acaba desembocando na dependência emocional de buscar desesperadamente um relacionamento para te completar. Quando você não tem, não se sente completa e, se tem, não se sente boa o suficiente”.

Como lidar com isso?

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A psicóloga Gabriela Luxo aponta a psicoterapia cognitivo comportamental como tratamento recomendado para a síndrome do impostor. Ela ainda lista alguns exercícios de autoconhecimento e auto observação:

1. Comece a aceitar elogios e não a desmerecê-los ou se autodepreciar

2. Comemore pequenas vitórias; a pessoa sempre mira em grandes feitos e comemorar pequenos avanços no mecanismo do seu comportamento já é muito importante

3. Verifique se esses pensamentos sobre si mesmo podem ser comprovados. “Será que isso que eu estou pensando é real? Consigo confirmar com quem? Como isso aconteceu?”. Buscar essas informações é uma forma de perceber a realidade.

“Eu simplesmente sentia um estranhamento quando me ofereciam um afeto romântico. Era como se fosse um território estranho a ser habitado por mim. O [território] que estou acostumada é o medo”. Esse é o relato de Mariana, de 23 anos, que relata sofrer da síndrome da impostora na sua vida amorosa.

Ainda que o senso comum atrele esse termo à carreira, a sensação de ser uma fraude é mais comum e recorrente em outros âmbitos da vida do que se imagina. Na verdade, 70% das pessoas já se sentiram assim pelo menos alguma vez na vida, segundo o International Journal of Behavioral Science.

De acordo com Henrique Bottura, psiquiatra diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, a síndrome do impostor não é um quadro clínico e nem se trata de uma psicopatologia específica. No entanto, pessoas com transtorno de ansiedade generalizada podem se deparar com essa sensação frequentemente.

O que é a síndrome do impostor?

O psiquiatra explica que essa ansiedade advém de uma personalidade muito autocrítica, um sentimento crônico de insuficiência, culpa, desconforto e baixa autoestima.

“Sente ansiedade constante, pensando que pode ser descoberta, como se fosse uma fraude, como se tivesse mentindo e enganado. Como se não pertencesse àquele espaço. Está sempre à postos de ser descoberta, como se fosse um perigo”, detalha a psicóloga Gabriela Luxo, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento.

Juliana, de 22 anos, também relata conviver com esse sentimento de insuficiência e reflete que isso impacta mais sua vida afetiva do que a profissional. “Essa questão da autoestima se reflete em vários âmbitos e ainda mais no amor, porque são nos relacionamentos que a gente expõe nossa vulnerabilidade. Então, é essa insegurança constante de que qualquer pessoa pode ser melhor que você, em qualquer coisa”, conta.

Como a síndrome do impostor afeta os relacionamentos?

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Juliana que, atualmente está em um relacionamento, percebe que essa insegurança potencializa o ciúme. Já Mariana, que está solteira, revela que, inconscientemente, sabota qualquer relação amorosa, antes mesmo dela começar.

“Quando estou começando a ficar com uma pessoa, só consigo pensar que irei me magoar e sofrer. Então, começo a ‘caçar’ tudo sobre ele, se ele está conhecendo outra pessoa ou algo do tipo. E eu sempre encontro, até porque a pessoa é solteira – assim como eu. Mas é como se um gatilho muito forte fosse acionado de que aquele lugar não era pra ser meu e sim de outra pessoa melhor, mais bonita, etc. Acho que pode ser uma brecha inconsciente para sair disso o mais rápido possível”

Mariana, 23 anos.

A mestre em psicologia positiva, Adriana Drulla, explica que a síndrome pode ocasionar duas situações:

1. A pessoa se dedica ao extremo para sustentar uma imagem que ela acredita ser capaz de fazê-la mais valiosa, amada ou aceita. Obviamente, isto faz com que seja muito difícil se abrir, revelar as suas vulnerabilidades e valores de forma autêntica. Ou seja, fica mais difícil construir intimidade quando você está na defensiva o tempo inteiro, tentando mostrar-se perfeito.

2. Por outro lado, a expectativa do abandono iminente também pode fazer com que estas pessoas tenham dificuldade para levar o relacionamento em frente, por exemplo, desconfiando demasiadamente do parceiro ou sabotando a relação. Além disso, a crença de não ser bom o suficiente faz com que estas pessoas percebam qualquer erro como sinal de inferioridade. No fundo, estas pessoas sentem como se não merecessem o parceiro ou o relacionamento. Por exemplo, fantasiando que o parceiro ou a parceira a deixaria, caso descobrisse certas características que esta pessoa tem.

Quais são as causas?

Tanto Mariana quanto Juliana relataram ter sofrido bullying na adolescência e, para além do sentimento de inferioridade como consequência desse trauma, o psiquiatra Henrique Bottura ainda destaca o papel dos pais na infância para o desenvolvimento dessa autocrítica constante.

“A causa tem a ver com tendência de auto exigência muito grande, uma autoconfiança muito distorcida. Essa rigidez consigo mesmo pode ser advinda de modelos parentais. Uma família muito exigente pode gerar isso”, reforça.

Um outro ponto levantado por Juliana é a referência de relacionamentos que, assim como ela, muitas meninas tiveram, com filmes de princesas:

“Quando eu era criança, a gente sempre teve essa ideia que um príncipe ia salvar a gente e isso acaba desembocando na dependência emocional de buscar desesperadamente um relacionamento para te completar. Quando você não tem, não se sente completa e, se tem, não se sente boa o suficiente”.

Como lidar com isso?

Freepik/ @PheelingsMedia Foto: Freepik/ @PheelingsMedia

A psicóloga Gabriela Luxo aponta a psicoterapia cognitivo comportamental como tratamento recomendado para a síndrome do impostor. Ela ainda lista alguns exercícios de autoconhecimento e auto observação:

1. Comece a aceitar elogios e não a desmerecê-los ou se autodepreciar

2. Comemore pequenas vitórias; a pessoa sempre mira em grandes feitos e comemorar pequenos avanços no mecanismo do seu comportamento já é muito importante

3. Verifique se esses pensamentos sobre si mesmo podem ser comprovados. “Será que isso que eu estou pensando é real? Consigo confirmar com quem? Como isso aconteceu?”. Buscar essas informações é uma forma de perceber a realidade.

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