Atualizado em 12/08/2015, às 15h52
O sopro cardíaco é um som que pode ser escutado ou auscultado, em termos técnicos, durante um teste físico médico. “Ele é identificado quando há uma turbulência na passagem do fluxo sanguíneo através das válvulas sanguíneas”, explica o cardiologista Carlos Alberto Cordeiro, especialista em reabilitação cardíaca do Hospital do Coração (HCor), em entrevista ao programa Rota Saudável, da Rádio Estadão.
O médico afirma que aproximadamente 70% da população é vítima de algum tipo de sopro, que em sua maioria, é inocente, ou seja, não ocasiona nenhuma anormalidade ao organismo. “Os sopros que possuem este perfil só são detectados por cardiologistas experientes”, relata Cordeiro.Por outro lado, aproximadamente 10% das pessoas apresentam sopros patológicos, que exigem um acompanhamento especializado para localização do defeito cardíaco responsável pela alteração. “O problema pode estar em uma válvula ou nas paredes do coração”, destaca.
Segundo o cardiologista, um especialista consegue ouvir este ruído com a utilização do estetoscópio para definir a origem e características da anormalidade. Em seguida, para maior aprofundamento do diagnóstico e orientações de tratamento, é realizado um exame de ultrassom do coração, o chamado ecocardiograma. “Esta avaliação permite o mapeamento das estruturas cardíacas, mostrando as falhas apontadas previamente.”
Cordeiro alerta que os pacientes que têm o sopro inocente estão liberados para a prática de atividades físicas: “Neste caso, não há repercussão funcional importante. Mesmo assim, o indivíduo deve respeitar suas características pessoais e seguir os direcionamentos médicos. Entretanto, o sopro patológico requer maiores cuidados: “Os mais comuns, como o da válvula e o da obstrução mitral, fazem com que a pessoa torne-se inapta às atividades competitivas”, diz. Sendo assim, os exercícios são restritos e exemplificados após exames criteriosos.
A respeito dos sopros inocentes e do prolapso da válvula mitral, que está relacionado ao fechamento incorreto das válvulas cardíacas, o cardiologista enfatiza que deve haver acompanhamento médico em relação a possíveis agravamentos. “Quando ele se transforma em uma insuficiência ou refluxo mais sério, pode comprometer o desempenho do atleta”, observa.
Ainda neste contexto, Cordeiro afirma que a pessoa deve ter atenção quanto aos métodos de prevenção de infecção nas válvulas, a endocardite bacteriana. “Essa cautela abrange infecções urinárias e cuidados dentários, inclusive”, ressalta.
O cardiologista pontua que, antigamente, uma das causas mais comuns para o surgimento de sopro era o reumatismo no sangue. “Felizmente, com o uso adequado dos antibióticos fez com que este tipo de alteração diminuísse”. Porém, as causas do sopro podem ser naturais ou adquiridas na vida adulta, por degeneração da válvula.
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É necessário se preocupar com o sopro cardíaco quando ele está relacionado a alterações importantes na estrutura do coração. Quando ocorre uma dilatação das cavidades cardíacas, gerando comprometimento da bomba cardíaca, por exemplo.
Logo após o nascimento, já é possível identificar o sopro cardíaco no coração da criança. Também existem patologias que atingem as válvulas sanguíneas, como as doenças reumáticas, que podem fazer surgir o sopro durante o decorrer da vida.
A característica e intensidade do sopro já falam a favor da necessidade de uma investigação maior. Um sintoma de ordem clínica é um cansaço repentino do portador do sopro. Esse cansaço pode indicar uma disfunção nas válvulas cardíacas.
Se o cardiologista constatarem por meio de exames que a criança possui um sopro inocente, via de regra, a criança está liberada para a prática de atividades físicas. Quando o sopro é secundário a outra patologia, o cardiologista deve mensurar caso a caso.
A resposta a essa pergunta segue a tendência da anterior: se o sopro for do tipo inocente,a prática de esportes está liberada. Se o sopro for patológico, uma análise é necessária para que se possa saber a possibilidade e intensidade da prática esportiva.