Muito negligenciada pelos brasileiros ao longo dos anos, a saúde bucal sempre foi contornada por mitos das mais variadas categorias. Desde aqueles envolvendo os próprios dentistas até alimentos que podem ou não ajudar na proteção aos dentes, os brasileiros sempre tentaram descobrir formas de despistar a ida ao consultório odontológico para escapar da temida broca.
“Felizmente, começamos a perceber uma pequena mudança nos hábitos bucais dos brasileiros. Estamos um pouco mais instruídos sobre a importância dos cuidados com os dentes, mas ainda estamos muito longe do ideal”, diz a dentista Patrícia Gonçales Zanqueta. “Por isso, é fundamental campanhas de orientação que reforçam a importância da higiene bucal. Ações em escolas e em comunidades também geram bons resultados”, completou.
Essa maior instrução leva à desconstrução dos mitos e uma maior procura pela alimentação da maneira correta, dando preferência aos alimentos que fazem bem aos dentes e garantem a boa saúde da boca. Patrícia sugere a busca pelos chamados alimentos detergentes, que são eficazes no combate ao mau hálito, à gengivite e também à cárie. “Estes alimentos que possuem características que os fazem funcionar como uma espécie de ‘sabão’, reduzindo a gordura e a sujeira dos dentes. Frutas, verduras e legumes são ótimos aliados na prevenção de doenças e na manutenção da saúde bucal”, falou a dentista.
Patrícia explica que a busca deve ser sempre pela neutralidade no pH da boca. Quanto mais ácido, pior, pois cria abrasividade no esmalte dos dentes e pode levar à proliferação acelerada de bactérias. Um dos mitos relacionados a isso é que se deve escovar os dentes logo após as refeições: “O ideal é aguardar entre vinte minutos e meia hora após as refeições para fazer a higienização da boca, pois o pH da boca encontra-se ácido e, quando entra o atrito da escova, desgasta-se o esmalte dental”, explica.
Ao contrário do que diz a sabedoria popular, leite e seus derivados, como iogurtes e queijos são indicados para ajudar na saúde bucal. “Além de elevarem o pH da boca, leite e seus derivados são ricos em cálcio e fosfato, substâncias que intensificam a remineralização dos dentes, tornando-os mais fortes e resistentes”. Nozes e castanhas, outros alimentos considerados ‘vilões’ da saúde bucal, também têm efeito contrário do esperado. “Os óleos que elas possuem ajudam a criar uma película sobre os dentes, que diminui a capacidade de as bactérias grudarem neles para formar a placa bacteriana e causar cáries”, ensina Patrícia.
Outro alimento perseguido são as gomas de mascar, mas a dentista explica que na versão sem açúcar ela também pode auxiliar na elevação do pH da boca. “Estas gomas são adoçadas com xilitol, um tipo de açúcar que as bactérias existentes na boca não conseguem metabolizar. O ato de mascá-las por apenas 20 minutos aumenta o pH da saliva em mais de cinco vezes”.
Um dos mitos que é verdade é que carboidratos simples, como arroz branco, macarrão, pão e batata podem atrapalhar a saúde bucal, pois estes alimentos aumentam a acidez da área, criando um ambiente propício para bactérias.
Açúcares refinados em geral também fazem mal para a saúde bucal, confirmando outro mito famoso perpetuado pelas pessoas. “Sucos, refrigerantes, águas aromatizadas, mate, dentre outras bebidas com açúcar devem ser evitadas, já que ele aumenta a acidez bucal e torna o ambiente mais propício para a proliferação de bactérias. Balas e doces, geralmente, aderem aos dentes, dificultando a limpeza”, alerta a dentista.
Em todo caso, mesmo cuidando da saúde bucal com estas dicas e fugindo dos mitos perpetuados pela população, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo recomenda a ida ao dentista de seis em seis meses para uma avaliação geral.
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*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais.