Comportamento Adolescente e Educação

A experiência de ser professora numa escola da Toscana, na Itália


Por Carolina Delboni

Hoje eles me perguntaram se eu estaria aqui ano que vem. Disse que não. Que volto ao Brasil quando as férias deles começarem. Faltam mais 15 dias.

Cheguei à Sinalunga dia 2 de junho, num daqueles típicos domingos nostálgicos em qualquer canto do planeta. Em frente ao apartamento que eu ficaria, uma feirinha de rua com quinquilharias a venda e mesinhas onde alguns tomavam café, outros, sorvete. Eu tinha 30 dias pela frente, naquilo que parecia ser puro marasmo de domingo.

Mas segunda feira amanheceu e procurei descobrir onde era a escola. "Scuola Elementari o di Bambini?". Bambini. Minha procura era pela Educação Infantil, mas o ônibus escolar que eu seguia na rua me levou ao Ensino Médio.

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Muito simpático, Domenico, me atendeu na secretaria e logo pôs-se pronto a me entender e ajudar. "Aspetta!", me disse. E lá foi ele buscar a professora de inglês pra mediar a conversa. Não demorou muito e logo a Diretora se aproximou. Pegou na mão a carta de recomendação que eu levara. Olhou, olhou e me disse que precisaríamos firmar um contrato. Corro eu com o Singularidades, de quem tive uma prontidão imensa em me ajudar.

Muita conversa, muita simpatia, muita tentativa de um italiano que nem existia na minha vida e deu certo. Domenico me escreve dizendo que estava tudo ok e que eu poderia começar o estágio 2f.

Sinalunga, a pequena comuna de 12mil habitantes, na região da Toscana, Itália, tinha se transformado completamente pra mim naquele momento. Abriu-se uma possibilidade gigantesca de vida. Era a experiência de ser professora numa escola italiana. Daquelas que a gente só vive quando é capaz de ir atrás. De tentar. De não perder a chance. De não deixar que a vida tenha cheiro de marasmo de domingo.

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De repente me vi na frente de quase 100 crianças sendo apresentada pela coordenadora da escola como a Maestra (como as professoras de Educação Infantil são chamadas aqui) brasileira. E falando meia dúzia de palavras em italiano, os olhos curiosos de perguntas me davam boas-vindas. Deu frio na barriga "do que eu to fazendo aqui", deu medo de não entender nada, mas deu também coragem.

E de cada dia que já se passou, todos, eu sai da escola com uma história nova pra contar e um sorriso imenso na alma. Não teve uma pessoa, entre professoras, ajudantes e crianças, que não me abriu um sorriso e não fez-se pronta em me ajudar.

O Walid que logo quis que eu falasse do futebol pra ele; a Maya que me pega para brincar de mamãe e filha e quer meu colo na roda. A Sofia, Giulia, Thia e Mansserat que me ensinam um dicionário de palavras em italiano e fazem questão de me perguntar, todo dia, se está tudo bem e se preciso de ajuda. O Max, Daniel, Giullio e o Samuele que me pedem ajuda com as atividades da escola e quando me dou conta estou lendo enunciados de lógica e explicando o que devem fazer - tutti in italiano. "Maestra Carolina, come faccio questo?"

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Tem a Maria das Graças, uma napolitana típica dos esteriótipos que a gente faz. Daquelas que grita e gesticula até com as orelhas. Ela vive mandando eu prender o cabelo pra não pegar piolho. A Ester e a Carolina que todo dia deixam de tomar um café para me dar a cápsula delas (em escola pública tudo tem a conta certa). Ou a Elisa, coordenadora, que faz questão de me explicar cada uma das atividades e me coloca na roda como se eu estivesse ali há anos.

A experiência de ser professora na Itália me deu grandeza. E a possibilidade de entender daquilo que ainda pouco sei. Entendi que crianças são crianças. Entendi que em todo conceito de pedagogia existe algo maior que o permeia que são os valores daquela cultura. E que antes da gente criticar, é preciso alargar o olhar. Porque entendi que nos berros das italianas tem carinho e que nos castigos às crianças têm uma preocupação em educar, em fazer-lhes entender algo sobre disciplina. Algo que está na cultura.

Entendi que pra falar italiano basta abrir o peito e se dispor corajosa. Entendi que quando eu sento no chão com criança, eu não estou em nenhum outro lugar a não ser ali. Entendi que eu gosto de um abraço apertado mesmo que eu corra o risco de pegar piolho. Entendi que esse pode ser um caminho e que a vida foi grandiosa em me proporcionar algo que poucos têm. Ela tem sido generosa comigo. Talvez esteja aí a construção do olhar sobre a vida.

Hoje eles me perguntaram se eu estaria aqui ano que vem. Disse que não. Que volto ao Brasil quando as férias deles começarem. Faltam mais 15 dias.

Cheguei à Sinalunga dia 2 de junho, num daqueles típicos domingos nostálgicos em qualquer canto do planeta. Em frente ao apartamento que eu ficaria, uma feirinha de rua com quinquilharias a venda e mesinhas onde alguns tomavam café, outros, sorvete. Eu tinha 30 dias pela frente, naquilo que parecia ser puro marasmo de domingo.

Mas segunda feira amanheceu e procurei descobrir onde era a escola. "Scuola Elementari o di Bambini?". Bambini. Minha procura era pela Educação Infantil, mas o ônibus escolar que eu seguia na rua me levou ao Ensino Médio.

Muito simpático, Domenico, me atendeu na secretaria e logo pôs-se pronto a me entender e ajudar. "Aspetta!", me disse. E lá foi ele buscar a professora de inglês pra mediar a conversa. Não demorou muito e logo a Diretora se aproximou. Pegou na mão a carta de recomendação que eu levara. Olhou, olhou e me disse que precisaríamos firmar um contrato. Corro eu com o Singularidades, de quem tive uma prontidão imensa em me ajudar.

Muita conversa, muita simpatia, muita tentativa de um italiano que nem existia na minha vida e deu certo. Domenico me escreve dizendo que estava tudo ok e que eu poderia começar o estágio 2f.

Sinalunga, a pequena comuna de 12mil habitantes, na região da Toscana, Itália, tinha se transformado completamente pra mim naquele momento. Abriu-se uma possibilidade gigantesca de vida. Era a experiência de ser professora numa escola italiana. Daquelas que a gente só vive quando é capaz de ir atrás. De tentar. De não perder a chance. De não deixar que a vida tenha cheiro de marasmo de domingo.

De repente me vi na frente de quase 100 crianças sendo apresentada pela coordenadora da escola como a Maestra (como as professoras de Educação Infantil são chamadas aqui) brasileira. E falando meia dúzia de palavras em italiano, os olhos curiosos de perguntas me davam boas-vindas. Deu frio na barriga "do que eu to fazendo aqui", deu medo de não entender nada, mas deu também coragem.

E de cada dia que já se passou, todos, eu sai da escola com uma história nova pra contar e um sorriso imenso na alma. Não teve uma pessoa, entre professoras, ajudantes e crianças, que não me abriu um sorriso e não fez-se pronta em me ajudar.

O Walid que logo quis que eu falasse do futebol pra ele; a Maya que me pega para brincar de mamãe e filha e quer meu colo na roda. A Sofia, Giulia, Thia e Mansserat que me ensinam um dicionário de palavras em italiano e fazem questão de me perguntar, todo dia, se está tudo bem e se preciso de ajuda. O Max, Daniel, Giullio e o Samuele que me pedem ajuda com as atividades da escola e quando me dou conta estou lendo enunciados de lógica e explicando o que devem fazer - tutti in italiano. "Maestra Carolina, come faccio questo?"

Tem a Maria das Graças, uma napolitana típica dos esteriótipos que a gente faz. Daquelas que grita e gesticula até com as orelhas. Ela vive mandando eu prender o cabelo pra não pegar piolho. A Ester e a Carolina que todo dia deixam de tomar um café para me dar a cápsula delas (em escola pública tudo tem a conta certa). Ou a Elisa, coordenadora, que faz questão de me explicar cada uma das atividades e me coloca na roda como se eu estivesse ali há anos.

A experiência de ser professora na Itália me deu grandeza. E a possibilidade de entender daquilo que ainda pouco sei. Entendi que crianças são crianças. Entendi que em todo conceito de pedagogia existe algo maior que o permeia que são os valores daquela cultura. E que antes da gente criticar, é preciso alargar o olhar. Porque entendi que nos berros das italianas tem carinho e que nos castigos às crianças têm uma preocupação em educar, em fazer-lhes entender algo sobre disciplina. Algo que está na cultura.

Entendi que pra falar italiano basta abrir o peito e se dispor corajosa. Entendi que quando eu sento no chão com criança, eu não estou em nenhum outro lugar a não ser ali. Entendi que eu gosto de um abraço apertado mesmo que eu corra o risco de pegar piolho. Entendi que esse pode ser um caminho e que a vida foi grandiosa em me proporcionar algo que poucos têm. Ela tem sido generosa comigo. Talvez esteja aí a construção do olhar sobre a vida.

Hoje eles me perguntaram se eu estaria aqui ano que vem. Disse que não. Que volto ao Brasil quando as férias deles começarem. Faltam mais 15 dias.

Cheguei à Sinalunga dia 2 de junho, num daqueles típicos domingos nostálgicos em qualquer canto do planeta. Em frente ao apartamento que eu ficaria, uma feirinha de rua com quinquilharias a venda e mesinhas onde alguns tomavam café, outros, sorvete. Eu tinha 30 dias pela frente, naquilo que parecia ser puro marasmo de domingo.

Mas segunda feira amanheceu e procurei descobrir onde era a escola. "Scuola Elementari o di Bambini?". Bambini. Minha procura era pela Educação Infantil, mas o ônibus escolar que eu seguia na rua me levou ao Ensino Médio.

Muito simpático, Domenico, me atendeu na secretaria e logo pôs-se pronto a me entender e ajudar. "Aspetta!", me disse. E lá foi ele buscar a professora de inglês pra mediar a conversa. Não demorou muito e logo a Diretora se aproximou. Pegou na mão a carta de recomendação que eu levara. Olhou, olhou e me disse que precisaríamos firmar um contrato. Corro eu com o Singularidades, de quem tive uma prontidão imensa em me ajudar.

Muita conversa, muita simpatia, muita tentativa de um italiano que nem existia na minha vida e deu certo. Domenico me escreve dizendo que estava tudo ok e que eu poderia começar o estágio 2f.

Sinalunga, a pequena comuna de 12mil habitantes, na região da Toscana, Itália, tinha se transformado completamente pra mim naquele momento. Abriu-se uma possibilidade gigantesca de vida. Era a experiência de ser professora numa escola italiana. Daquelas que a gente só vive quando é capaz de ir atrás. De tentar. De não perder a chance. De não deixar que a vida tenha cheiro de marasmo de domingo.

De repente me vi na frente de quase 100 crianças sendo apresentada pela coordenadora da escola como a Maestra (como as professoras de Educação Infantil são chamadas aqui) brasileira. E falando meia dúzia de palavras em italiano, os olhos curiosos de perguntas me davam boas-vindas. Deu frio na barriga "do que eu to fazendo aqui", deu medo de não entender nada, mas deu também coragem.

E de cada dia que já se passou, todos, eu sai da escola com uma história nova pra contar e um sorriso imenso na alma. Não teve uma pessoa, entre professoras, ajudantes e crianças, que não me abriu um sorriso e não fez-se pronta em me ajudar.

O Walid que logo quis que eu falasse do futebol pra ele; a Maya que me pega para brincar de mamãe e filha e quer meu colo na roda. A Sofia, Giulia, Thia e Mansserat que me ensinam um dicionário de palavras em italiano e fazem questão de me perguntar, todo dia, se está tudo bem e se preciso de ajuda. O Max, Daniel, Giullio e o Samuele que me pedem ajuda com as atividades da escola e quando me dou conta estou lendo enunciados de lógica e explicando o que devem fazer - tutti in italiano. "Maestra Carolina, come faccio questo?"

Tem a Maria das Graças, uma napolitana típica dos esteriótipos que a gente faz. Daquelas que grita e gesticula até com as orelhas. Ela vive mandando eu prender o cabelo pra não pegar piolho. A Ester e a Carolina que todo dia deixam de tomar um café para me dar a cápsula delas (em escola pública tudo tem a conta certa). Ou a Elisa, coordenadora, que faz questão de me explicar cada uma das atividades e me coloca na roda como se eu estivesse ali há anos.

A experiência de ser professora na Itália me deu grandeza. E a possibilidade de entender daquilo que ainda pouco sei. Entendi que crianças são crianças. Entendi que em todo conceito de pedagogia existe algo maior que o permeia que são os valores daquela cultura. E que antes da gente criticar, é preciso alargar o olhar. Porque entendi que nos berros das italianas tem carinho e que nos castigos às crianças têm uma preocupação em educar, em fazer-lhes entender algo sobre disciplina. Algo que está na cultura.

Entendi que pra falar italiano basta abrir o peito e se dispor corajosa. Entendi que quando eu sento no chão com criança, eu não estou em nenhum outro lugar a não ser ali. Entendi que eu gosto de um abraço apertado mesmo que eu corra o risco de pegar piolho. Entendi que esse pode ser um caminho e que a vida foi grandiosa em me proporcionar algo que poucos têm. Ela tem sido generosa comigo. Talvez esteja aí a construção do olhar sobre a vida.

Hoje eles me perguntaram se eu estaria aqui ano que vem. Disse que não. Que volto ao Brasil quando as férias deles começarem. Faltam mais 15 dias.

Cheguei à Sinalunga dia 2 de junho, num daqueles típicos domingos nostálgicos em qualquer canto do planeta. Em frente ao apartamento que eu ficaria, uma feirinha de rua com quinquilharias a venda e mesinhas onde alguns tomavam café, outros, sorvete. Eu tinha 30 dias pela frente, naquilo que parecia ser puro marasmo de domingo.

Mas segunda feira amanheceu e procurei descobrir onde era a escola. "Scuola Elementari o di Bambini?". Bambini. Minha procura era pela Educação Infantil, mas o ônibus escolar que eu seguia na rua me levou ao Ensino Médio.

Muito simpático, Domenico, me atendeu na secretaria e logo pôs-se pronto a me entender e ajudar. "Aspetta!", me disse. E lá foi ele buscar a professora de inglês pra mediar a conversa. Não demorou muito e logo a Diretora se aproximou. Pegou na mão a carta de recomendação que eu levara. Olhou, olhou e me disse que precisaríamos firmar um contrato. Corro eu com o Singularidades, de quem tive uma prontidão imensa em me ajudar.

Muita conversa, muita simpatia, muita tentativa de um italiano que nem existia na minha vida e deu certo. Domenico me escreve dizendo que estava tudo ok e que eu poderia começar o estágio 2f.

Sinalunga, a pequena comuna de 12mil habitantes, na região da Toscana, Itália, tinha se transformado completamente pra mim naquele momento. Abriu-se uma possibilidade gigantesca de vida. Era a experiência de ser professora numa escola italiana. Daquelas que a gente só vive quando é capaz de ir atrás. De tentar. De não perder a chance. De não deixar que a vida tenha cheiro de marasmo de domingo.

De repente me vi na frente de quase 100 crianças sendo apresentada pela coordenadora da escola como a Maestra (como as professoras de Educação Infantil são chamadas aqui) brasileira. E falando meia dúzia de palavras em italiano, os olhos curiosos de perguntas me davam boas-vindas. Deu frio na barriga "do que eu to fazendo aqui", deu medo de não entender nada, mas deu também coragem.

E de cada dia que já se passou, todos, eu sai da escola com uma história nova pra contar e um sorriso imenso na alma. Não teve uma pessoa, entre professoras, ajudantes e crianças, que não me abriu um sorriso e não fez-se pronta em me ajudar.

O Walid que logo quis que eu falasse do futebol pra ele; a Maya que me pega para brincar de mamãe e filha e quer meu colo na roda. A Sofia, Giulia, Thia e Mansserat que me ensinam um dicionário de palavras em italiano e fazem questão de me perguntar, todo dia, se está tudo bem e se preciso de ajuda. O Max, Daniel, Giullio e o Samuele que me pedem ajuda com as atividades da escola e quando me dou conta estou lendo enunciados de lógica e explicando o que devem fazer - tutti in italiano. "Maestra Carolina, come faccio questo?"

Tem a Maria das Graças, uma napolitana típica dos esteriótipos que a gente faz. Daquelas que grita e gesticula até com as orelhas. Ela vive mandando eu prender o cabelo pra não pegar piolho. A Ester e a Carolina que todo dia deixam de tomar um café para me dar a cápsula delas (em escola pública tudo tem a conta certa). Ou a Elisa, coordenadora, que faz questão de me explicar cada uma das atividades e me coloca na roda como se eu estivesse ali há anos.

A experiência de ser professora na Itália me deu grandeza. E a possibilidade de entender daquilo que ainda pouco sei. Entendi que crianças são crianças. Entendi que em todo conceito de pedagogia existe algo maior que o permeia que são os valores daquela cultura. E que antes da gente criticar, é preciso alargar o olhar. Porque entendi que nos berros das italianas tem carinho e que nos castigos às crianças têm uma preocupação em educar, em fazer-lhes entender algo sobre disciplina. Algo que está na cultura.

Entendi que pra falar italiano basta abrir o peito e se dispor corajosa. Entendi que quando eu sento no chão com criança, eu não estou em nenhum outro lugar a não ser ali. Entendi que eu gosto de um abraço apertado mesmo que eu corra o risco de pegar piolho. Entendi que esse pode ser um caminho e que a vida foi grandiosa em me proporcionar algo que poucos têm. Ela tem sido generosa comigo. Talvez esteja aí a construção do olhar sobre a vida.

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