Comportamento Adolescente e Educação

A moda da melatonina: entenda por que seu filho não precisa dela


Por Carolina Delboni
Atualização:

Uso da melatonina em crianças e adolescentes traz riscos e mascara problemas na rotina. Entenda por que seu filho, provavelmente, não precisa da substância para dormir

As farmácias americanas costumam reservar uma gôndola inteirinha para os diversos tipos de melatonina, suplemento hormonal usado para induzir o sono. Em gotas, pastilhas, bala de goma, estilo gummy bear ou em pílulas. Para adultos, adolescentes ou crianças, existe um mundo de melatoninas à disposição do consumidor. Com embalagens que usam códigos do universo infantil, como ursinhos de pelúcia e "zzz", elas atraem crianças que acham que o medicamento é algo gostosinho de se tomar.

O que não deixa de ser uma verdade, uma vez que o mercado também oferece melatonina saborizada. E é aí que está o primeiro problema do uso desenfreada da substância: a falsa percepção de que ela não faz mal. De que é inofensiva ao organismo uma vez que ela vendida livremente e em embalagens atraentes.

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Nos Estados Unidos, o consumo de melatonina está chegando a faixas etárias cada vez mais novas: 18% das crianças entre 5 e 9 anos utilizam no auxílio ao sono. Uma pesquisa da Universidade do Colorado mostrou que uma em cada cinco crianças com até 14 anos usa o hormônio regularmente, e em 2022 a Academia Americana de Medicina do Sono emitiu um alerta de saúde sobre o uso desenfreado da melatonina por jovens.

No Brasil, especialistas também percebem o aumento do consumo. Em 2023 a Anvisa proibiu a fabricação e venda do hormônio à crianças e adolescentes, permitindo, somente, para pessoas acima dos 19 anos. Mas ela é vendida nas farmácias disfarçada entre outras substâncias. Com doses menores que são permitidas, mas anunciando a promessa de uma noite de sono.

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal no centro do cérebro e ela é responsável por regular nosso relógio biológico. E é durante a noite, no sono, que ela é produzida e liberada. Consumida em excesso, traz riscos à saúde e esconde problemas na rotina de crianças e adolescentes.

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A pediatra Ana Escobar vê o crescente uso de melatonina por crianças e adolescentes diretamente relacionada ao contexto de hipermedicalização da sociedade. Ao invés de ter o "trabalho" de regular o ciclo do sono dos filhos ou enfrentar noites em claro, alguns pais preferem dar a melatonina. Vendido como suplemento em farmácias, ela dispensa prescrição médica, o que facilita o consumo.

“Não adianta tentar provocar o sono com medicamentos artificiais. Esse sono nunca vai ser profundo, real, e de fato reparador. O sono é essencial para isso”, coloca a doutora Ana Escobar.

Pode dar melatonina para criança? A Associação Americana de Medicina do Sono (AASM) recomenda que os pais procurem um médico antes de darem melatonina para seus filhos. Apesar de ser administrada em crianças com diagnóstico de autismo, especialistas alertam para os riscos de administrar melatonina em crianças como um todo.

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Dados do Centro de Controle de Doenças norte-americano mostram que o número de crianças que ingeriram involuntariamente o suplemento saltou 530% entre 2012 e 2021, sendo que mais de 4 mil casos resultaram em internação hospitalar.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de 3 anos. Até essa idade, em crianças saudáveis, o Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos, apontou que dificuldades em pegar no sono se devem a fatores comportamentais. Portanto, a indicação seria regular o sono naturalmente. Para crianças entre 3 e 5 anos, pode haver indicação com variação na dosagem, mas um pediatra deve ser consultado primeiro.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de três anos Foto: liderina/Adobe Stock
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Apesar de não ter se mostrado fatal, o uso excessivo da melatonina por crianças pode ter efeitos colaterais. Eles incluem cansaço, náusea, tontura e irritabilidade, segundo a doutora Ana Escobar. "O que seria mais importante é a pessoa fazer uma higiene do sono e liberar sua melatonina naturalmente, isso é o que seria realmente melhor para garantir um descanso maior", indica.

Higiene do sono A melatonina é chamada de "hormônio do sono", produzido naturalmente pelo corpo humano. Em adultos, ela costuma ser administrada em pessoas que trabalham em turnos noturnos ou para adaptação de fuso-horário. Já em crianças e adolescentes, a indicação é que problemas no sono sejam corrigidos de forma orgânica e natural, não medicalizada com a substância.

A doutora Ana Escobar atribui problemas para dormir em crianças a dois fatores. O primeiro é a rotina dos pais, que podem chegar tarde em casa e realizar atividades com os filhos perto da hora ideal de dormir. "Alguns pais querem brincar com filhos na hora que chegam e fazer brincadeiras que levam a muita atividade e aumentam a adrenalina das crianças. Até todo mundo relaxar e dormir demora", explica.

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Além disso, há outro problema dos tempos atuais: o uso de eletrônicos. A luz azul, tipicamente emitida por smartphones e laptops, inibe a liberação de melatonina. Como muitos jovens usam seus celulares muitas vezes minutos antes de dormir, dificuldades em pegar no sono aparecem com mais frequência. Por isso, ao invés de recomendar a ingestão de melatonina, a doutora Ana Escobar que acaba de lançar um livro sobre o uso de eletrônicos pelos jovens: "Meu filho tá online demais", prefere indicar a limpeza do sono. Delimitar bem os horários de jantar, lazer e estudo são algumas recomendações.

“As crianças precisam de rotina. A maioria das crianças com distúrbios do sono tem a rotina do dia muito precária. Isso vai se acumulando e leva a um estresse muito grande, que gera ansiedade e essa ansiedade também piora muito a qualidade do sono. É um ciclo que a gente tem que romper”, diz.

Uso da melatonina em crianças e adolescentes traz riscos e mascara problemas na rotina. Entenda por que seu filho, provavelmente, não precisa da substância para dormir

As farmácias americanas costumam reservar uma gôndola inteirinha para os diversos tipos de melatonina, suplemento hormonal usado para induzir o sono. Em gotas, pastilhas, bala de goma, estilo gummy bear ou em pílulas. Para adultos, adolescentes ou crianças, existe um mundo de melatoninas à disposição do consumidor. Com embalagens que usam códigos do universo infantil, como ursinhos de pelúcia e "zzz", elas atraem crianças que acham que o medicamento é algo gostosinho de se tomar.

O que não deixa de ser uma verdade, uma vez que o mercado também oferece melatonina saborizada. E é aí que está o primeiro problema do uso desenfreada da substância: a falsa percepção de que ela não faz mal. De que é inofensiva ao organismo uma vez que ela vendida livremente e em embalagens atraentes.

Nos Estados Unidos, o consumo de melatonina está chegando a faixas etárias cada vez mais novas: 18% das crianças entre 5 e 9 anos utilizam no auxílio ao sono. Uma pesquisa da Universidade do Colorado mostrou que uma em cada cinco crianças com até 14 anos usa o hormônio regularmente, e em 2022 a Academia Americana de Medicina do Sono emitiu um alerta de saúde sobre o uso desenfreado da melatonina por jovens.

No Brasil, especialistas também percebem o aumento do consumo. Em 2023 a Anvisa proibiu a fabricação e venda do hormônio à crianças e adolescentes, permitindo, somente, para pessoas acima dos 19 anos. Mas ela é vendida nas farmácias disfarçada entre outras substâncias. Com doses menores que são permitidas, mas anunciando a promessa de uma noite de sono.

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal no centro do cérebro e ela é responsável por regular nosso relógio biológico. E é durante a noite, no sono, que ela é produzida e liberada. Consumida em excesso, traz riscos à saúde e esconde problemas na rotina de crianças e adolescentes.

A pediatra Ana Escobar vê o crescente uso de melatonina por crianças e adolescentes diretamente relacionada ao contexto de hipermedicalização da sociedade. Ao invés de ter o "trabalho" de regular o ciclo do sono dos filhos ou enfrentar noites em claro, alguns pais preferem dar a melatonina. Vendido como suplemento em farmácias, ela dispensa prescrição médica, o que facilita o consumo.

“Não adianta tentar provocar o sono com medicamentos artificiais. Esse sono nunca vai ser profundo, real, e de fato reparador. O sono é essencial para isso”, coloca a doutora Ana Escobar.

Pode dar melatonina para criança? A Associação Americana de Medicina do Sono (AASM) recomenda que os pais procurem um médico antes de darem melatonina para seus filhos. Apesar de ser administrada em crianças com diagnóstico de autismo, especialistas alertam para os riscos de administrar melatonina em crianças como um todo.

Dados do Centro de Controle de Doenças norte-americano mostram que o número de crianças que ingeriram involuntariamente o suplemento saltou 530% entre 2012 e 2021, sendo que mais de 4 mil casos resultaram em internação hospitalar.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de 3 anos. Até essa idade, em crianças saudáveis, o Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos, apontou que dificuldades em pegar no sono se devem a fatores comportamentais. Portanto, a indicação seria regular o sono naturalmente. Para crianças entre 3 e 5 anos, pode haver indicação com variação na dosagem, mas um pediatra deve ser consultado primeiro.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de três anos Foto: liderina/Adobe Stock

Apesar de não ter se mostrado fatal, o uso excessivo da melatonina por crianças pode ter efeitos colaterais. Eles incluem cansaço, náusea, tontura e irritabilidade, segundo a doutora Ana Escobar. "O que seria mais importante é a pessoa fazer uma higiene do sono e liberar sua melatonina naturalmente, isso é o que seria realmente melhor para garantir um descanso maior", indica.

Higiene do sono A melatonina é chamada de "hormônio do sono", produzido naturalmente pelo corpo humano. Em adultos, ela costuma ser administrada em pessoas que trabalham em turnos noturnos ou para adaptação de fuso-horário. Já em crianças e adolescentes, a indicação é que problemas no sono sejam corrigidos de forma orgânica e natural, não medicalizada com a substância.

A doutora Ana Escobar atribui problemas para dormir em crianças a dois fatores. O primeiro é a rotina dos pais, que podem chegar tarde em casa e realizar atividades com os filhos perto da hora ideal de dormir. "Alguns pais querem brincar com filhos na hora que chegam e fazer brincadeiras que levam a muita atividade e aumentam a adrenalina das crianças. Até todo mundo relaxar e dormir demora", explica.

Além disso, há outro problema dos tempos atuais: o uso de eletrônicos. A luz azul, tipicamente emitida por smartphones e laptops, inibe a liberação de melatonina. Como muitos jovens usam seus celulares muitas vezes minutos antes de dormir, dificuldades em pegar no sono aparecem com mais frequência. Por isso, ao invés de recomendar a ingestão de melatonina, a doutora Ana Escobar que acaba de lançar um livro sobre o uso de eletrônicos pelos jovens: "Meu filho tá online demais", prefere indicar a limpeza do sono. Delimitar bem os horários de jantar, lazer e estudo são algumas recomendações.

“As crianças precisam de rotina. A maioria das crianças com distúrbios do sono tem a rotina do dia muito precária. Isso vai se acumulando e leva a um estresse muito grande, que gera ansiedade e essa ansiedade também piora muito a qualidade do sono. É um ciclo que a gente tem que romper”, diz.

Uso da melatonina em crianças e adolescentes traz riscos e mascara problemas na rotina. Entenda por que seu filho, provavelmente, não precisa da substância para dormir

As farmácias americanas costumam reservar uma gôndola inteirinha para os diversos tipos de melatonina, suplemento hormonal usado para induzir o sono. Em gotas, pastilhas, bala de goma, estilo gummy bear ou em pílulas. Para adultos, adolescentes ou crianças, existe um mundo de melatoninas à disposição do consumidor. Com embalagens que usam códigos do universo infantil, como ursinhos de pelúcia e "zzz", elas atraem crianças que acham que o medicamento é algo gostosinho de se tomar.

O que não deixa de ser uma verdade, uma vez que o mercado também oferece melatonina saborizada. E é aí que está o primeiro problema do uso desenfreada da substância: a falsa percepção de que ela não faz mal. De que é inofensiva ao organismo uma vez que ela vendida livremente e em embalagens atraentes.

Nos Estados Unidos, o consumo de melatonina está chegando a faixas etárias cada vez mais novas: 18% das crianças entre 5 e 9 anos utilizam no auxílio ao sono. Uma pesquisa da Universidade do Colorado mostrou que uma em cada cinco crianças com até 14 anos usa o hormônio regularmente, e em 2022 a Academia Americana de Medicina do Sono emitiu um alerta de saúde sobre o uso desenfreado da melatonina por jovens.

No Brasil, especialistas também percebem o aumento do consumo. Em 2023 a Anvisa proibiu a fabricação e venda do hormônio à crianças e adolescentes, permitindo, somente, para pessoas acima dos 19 anos. Mas ela é vendida nas farmácias disfarçada entre outras substâncias. Com doses menores que são permitidas, mas anunciando a promessa de uma noite de sono.

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal no centro do cérebro e ela é responsável por regular nosso relógio biológico. E é durante a noite, no sono, que ela é produzida e liberada. Consumida em excesso, traz riscos à saúde e esconde problemas na rotina de crianças e adolescentes.

A pediatra Ana Escobar vê o crescente uso de melatonina por crianças e adolescentes diretamente relacionada ao contexto de hipermedicalização da sociedade. Ao invés de ter o "trabalho" de regular o ciclo do sono dos filhos ou enfrentar noites em claro, alguns pais preferem dar a melatonina. Vendido como suplemento em farmácias, ela dispensa prescrição médica, o que facilita o consumo.

“Não adianta tentar provocar o sono com medicamentos artificiais. Esse sono nunca vai ser profundo, real, e de fato reparador. O sono é essencial para isso”, coloca a doutora Ana Escobar.

Pode dar melatonina para criança? A Associação Americana de Medicina do Sono (AASM) recomenda que os pais procurem um médico antes de darem melatonina para seus filhos. Apesar de ser administrada em crianças com diagnóstico de autismo, especialistas alertam para os riscos de administrar melatonina em crianças como um todo.

Dados do Centro de Controle de Doenças norte-americano mostram que o número de crianças que ingeriram involuntariamente o suplemento saltou 530% entre 2012 e 2021, sendo que mais de 4 mil casos resultaram em internação hospitalar.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de 3 anos. Até essa idade, em crianças saudáveis, o Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos, apontou que dificuldades em pegar no sono se devem a fatores comportamentais. Portanto, a indicação seria regular o sono naturalmente. Para crianças entre 3 e 5 anos, pode haver indicação com variação na dosagem, mas um pediatra deve ser consultado primeiro.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de três anos Foto: liderina/Adobe Stock

Apesar de não ter se mostrado fatal, o uso excessivo da melatonina por crianças pode ter efeitos colaterais. Eles incluem cansaço, náusea, tontura e irritabilidade, segundo a doutora Ana Escobar. "O que seria mais importante é a pessoa fazer uma higiene do sono e liberar sua melatonina naturalmente, isso é o que seria realmente melhor para garantir um descanso maior", indica.

Higiene do sono A melatonina é chamada de "hormônio do sono", produzido naturalmente pelo corpo humano. Em adultos, ela costuma ser administrada em pessoas que trabalham em turnos noturnos ou para adaptação de fuso-horário. Já em crianças e adolescentes, a indicação é que problemas no sono sejam corrigidos de forma orgânica e natural, não medicalizada com a substância.

A doutora Ana Escobar atribui problemas para dormir em crianças a dois fatores. O primeiro é a rotina dos pais, que podem chegar tarde em casa e realizar atividades com os filhos perto da hora ideal de dormir. "Alguns pais querem brincar com filhos na hora que chegam e fazer brincadeiras que levam a muita atividade e aumentam a adrenalina das crianças. Até todo mundo relaxar e dormir demora", explica.

Além disso, há outro problema dos tempos atuais: o uso de eletrônicos. A luz azul, tipicamente emitida por smartphones e laptops, inibe a liberação de melatonina. Como muitos jovens usam seus celulares muitas vezes minutos antes de dormir, dificuldades em pegar no sono aparecem com mais frequência. Por isso, ao invés de recomendar a ingestão de melatonina, a doutora Ana Escobar que acaba de lançar um livro sobre o uso de eletrônicos pelos jovens: "Meu filho tá online demais", prefere indicar a limpeza do sono. Delimitar bem os horários de jantar, lazer e estudo são algumas recomendações.

“As crianças precisam de rotina. A maioria das crianças com distúrbios do sono tem a rotina do dia muito precária. Isso vai se acumulando e leva a um estresse muito grande, que gera ansiedade e essa ansiedade também piora muito a qualidade do sono. É um ciclo que a gente tem que romper”, diz.

Uso da melatonina em crianças e adolescentes traz riscos e mascara problemas na rotina. Entenda por que seu filho, provavelmente, não precisa da substância para dormir

As farmácias americanas costumam reservar uma gôndola inteirinha para os diversos tipos de melatonina, suplemento hormonal usado para induzir o sono. Em gotas, pastilhas, bala de goma, estilo gummy bear ou em pílulas. Para adultos, adolescentes ou crianças, existe um mundo de melatoninas à disposição do consumidor. Com embalagens que usam códigos do universo infantil, como ursinhos de pelúcia e "zzz", elas atraem crianças que acham que o medicamento é algo gostosinho de se tomar.

O que não deixa de ser uma verdade, uma vez que o mercado também oferece melatonina saborizada. E é aí que está o primeiro problema do uso desenfreada da substância: a falsa percepção de que ela não faz mal. De que é inofensiva ao organismo uma vez que ela vendida livremente e em embalagens atraentes.

Nos Estados Unidos, o consumo de melatonina está chegando a faixas etárias cada vez mais novas: 18% das crianças entre 5 e 9 anos utilizam no auxílio ao sono. Uma pesquisa da Universidade do Colorado mostrou que uma em cada cinco crianças com até 14 anos usa o hormônio regularmente, e em 2022 a Academia Americana de Medicina do Sono emitiu um alerta de saúde sobre o uso desenfreado da melatonina por jovens.

No Brasil, especialistas também percebem o aumento do consumo. Em 2023 a Anvisa proibiu a fabricação e venda do hormônio à crianças e adolescentes, permitindo, somente, para pessoas acima dos 19 anos. Mas ela é vendida nas farmácias disfarçada entre outras substâncias. Com doses menores que são permitidas, mas anunciando a promessa de uma noite de sono.

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal no centro do cérebro e ela é responsável por regular nosso relógio biológico. E é durante a noite, no sono, que ela é produzida e liberada. Consumida em excesso, traz riscos à saúde e esconde problemas na rotina de crianças e adolescentes.

A pediatra Ana Escobar vê o crescente uso de melatonina por crianças e adolescentes diretamente relacionada ao contexto de hipermedicalização da sociedade. Ao invés de ter o "trabalho" de regular o ciclo do sono dos filhos ou enfrentar noites em claro, alguns pais preferem dar a melatonina. Vendido como suplemento em farmácias, ela dispensa prescrição médica, o que facilita o consumo.

“Não adianta tentar provocar o sono com medicamentos artificiais. Esse sono nunca vai ser profundo, real, e de fato reparador. O sono é essencial para isso”, coloca a doutora Ana Escobar.

Pode dar melatonina para criança? A Associação Americana de Medicina do Sono (AASM) recomenda que os pais procurem um médico antes de darem melatonina para seus filhos. Apesar de ser administrada em crianças com diagnóstico de autismo, especialistas alertam para os riscos de administrar melatonina em crianças como um todo.

Dados do Centro de Controle de Doenças norte-americano mostram que o número de crianças que ingeriram involuntariamente o suplemento saltou 530% entre 2012 e 2021, sendo que mais de 4 mil casos resultaram em internação hospitalar.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de 3 anos. Até essa idade, em crianças saudáveis, o Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos, apontou que dificuldades em pegar no sono se devem a fatores comportamentais. Portanto, a indicação seria regular o sono naturalmente. Para crianças entre 3 e 5 anos, pode haver indicação com variação na dosagem, mas um pediatra deve ser consultado primeiro.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de três anos Foto: liderina/Adobe Stock

Apesar de não ter se mostrado fatal, o uso excessivo da melatonina por crianças pode ter efeitos colaterais. Eles incluem cansaço, náusea, tontura e irritabilidade, segundo a doutora Ana Escobar. "O que seria mais importante é a pessoa fazer uma higiene do sono e liberar sua melatonina naturalmente, isso é o que seria realmente melhor para garantir um descanso maior", indica.

Higiene do sono A melatonina é chamada de "hormônio do sono", produzido naturalmente pelo corpo humano. Em adultos, ela costuma ser administrada em pessoas que trabalham em turnos noturnos ou para adaptação de fuso-horário. Já em crianças e adolescentes, a indicação é que problemas no sono sejam corrigidos de forma orgânica e natural, não medicalizada com a substância.

A doutora Ana Escobar atribui problemas para dormir em crianças a dois fatores. O primeiro é a rotina dos pais, que podem chegar tarde em casa e realizar atividades com os filhos perto da hora ideal de dormir. "Alguns pais querem brincar com filhos na hora que chegam e fazer brincadeiras que levam a muita atividade e aumentam a adrenalina das crianças. Até todo mundo relaxar e dormir demora", explica.

Além disso, há outro problema dos tempos atuais: o uso de eletrônicos. A luz azul, tipicamente emitida por smartphones e laptops, inibe a liberação de melatonina. Como muitos jovens usam seus celulares muitas vezes minutos antes de dormir, dificuldades em pegar no sono aparecem com mais frequência. Por isso, ao invés de recomendar a ingestão de melatonina, a doutora Ana Escobar que acaba de lançar um livro sobre o uso de eletrônicos pelos jovens: "Meu filho tá online demais", prefere indicar a limpeza do sono. Delimitar bem os horários de jantar, lazer e estudo são algumas recomendações.

“As crianças precisam de rotina. A maioria das crianças com distúrbios do sono tem a rotina do dia muito precária. Isso vai se acumulando e leva a um estresse muito grande, que gera ansiedade e essa ansiedade também piora muito a qualidade do sono. É um ciclo que a gente tem que romper”, diz.

Uso da melatonina em crianças e adolescentes traz riscos e mascara problemas na rotina. Entenda por que seu filho, provavelmente, não precisa da substância para dormir

As farmácias americanas costumam reservar uma gôndola inteirinha para os diversos tipos de melatonina, suplemento hormonal usado para induzir o sono. Em gotas, pastilhas, bala de goma, estilo gummy bear ou em pílulas. Para adultos, adolescentes ou crianças, existe um mundo de melatoninas à disposição do consumidor. Com embalagens que usam códigos do universo infantil, como ursinhos de pelúcia e "zzz", elas atraem crianças que acham que o medicamento é algo gostosinho de se tomar.

O que não deixa de ser uma verdade, uma vez que o mercado também oferece melatonina saborizada. E é aí que está o primeiro problema do uso desenfreada da substância: a falsa percepção de que ela não faz mal. De que é inofensiva ao organismo uma vez que ela vendida livremente e em embalagens atraentes.

Nos Estados Unidos, o consumo de melatonina está chegando a faixas etárias cada vez mais novas: 18% das crianças entre 5 e 9 anos utilizam no auxílio ao sono. Uma pesquisa da Universidade do Colorado mostrou que uma em cada cinco crianças com até 14 anos usa o hormônio regularmente, e em 2022 a Academia Americana de Medicina do Sono emitiu um alerta de saúde sobre o uso desenfreado da melatonina por jovens.

No Brasil, especialistas também percebem o aumento do consumo. Em 2023 a Anvisa proibiu a fabricação e venda do hormônio à crianças e adolescentes, permitindo, somente, para pessoas acima dos 19 anos. Mas ela é vendida nas farmácias disfarçada entre outras substâncias. Com doses menores que são permitidas, mas anunciando a promessa de uma noite de sono.

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal no centro do cérebro e ela é responsável por regular nosso relógio biológico. E é durante a noite, no sono, que ela é produzida e liberada. Consumida em excesso, traz riscos à saúde e esconde problemas na rotina de crianças e adolescentes.

A pediatra Ana Escobar vê o crescente uso de melatonina por crianças e adolescentes diretamente relacionada ao contexto de hipermedicalização da sociedade. Ao invés de ter o "trabalho" de regular o ciclo do sono dos filhos ou enfrentar noites em claro, alguns pais preferem dar a melatonina. Vendido como suplemento em farmácias, ela dispensa prescrição médica, o que facilita o consumo.

“Não adianta tentar provocar o sono com medicamentos artificiais. Esse sono nunca vai ser profundo, real, e de fato reparador. O sono é essencial para isso”, coloca a doutora Ana Escobar.

Pode dar melatonina para criança? A Associação Americana de Medicina do Sono (AASM) recomenda que os pais procurem um médico antes de darem melatonina para seus filhos. Apesar de ser administrada em crianças com diagnóstico de autismo, especialistas alertam para os riscos de administrar melatonina em crianças como um todo.

Dados do Centro de Controle de Doenças norte-americano mostram que o número de crianças que ingeriram involuntariamente o suplemento saltou 530% entre 2012 e 2021, sendo que mais de 4 mil casos resultaram em internação hospitalar.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de 3 anos. Até essa idade, em crianças saudáveis, o Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos, apontou que dificuldades em pegar no sono se devem a fatores comportamentais. Portanto, a indicação seria regular o sono naturalmente. Para crianças entre 3 e 5 anos, pode haver indicação com variação na dosagem, mas um pediatra deve ser consultado primeiro.

Não há indicações de uso de melatonina para crianças menores de três anos Foto: liderina/Adobe Stock

Apesar de não ter se mostrado fatal, o uso excessivo da melatonina por crianças pode ter efeitos colaterais. Eles incluem cansaço, náusea, tontura e irritabilidade, segundo a doutora Ana Escobar. "O que seria mais importante é a pessoa fazer uma higiene do sono e liberar sua melatonina naturalmente, isso é o que seria realmente melhor para garantir um descanso maior", indica.

Higiene do sono A melatonina é chamada de "hormônio do sono", produzido naturalmente pelo corpo humano. Em adultos, ela costuma ser administrada em pessoas que trabalham em turnos noturnos ou para adaptação de fuso-horário. Já em crianças e adolescentes, a indicação é que problemas no sono sejam corrigidos de forma orgânica e natural, não medicalizada com a substância.

A doutora Ana Escobar atribui problemas para dormir em crianças a dois fatores. O primeiro é a rotina dos pais, que podem chegar tarde em casa e realizar atividades com os filhos perto da hora ideal de dormir. "Alguns pais querem brincar com filhos na hora que chegam e fazer brincadeiras que levam a muita atividade e aumentam a adrenalina das crianças. Até todo mundo relaxar e dormir demora", explica.

Além disso, há outro problema dos tempos atuais: o uso de eletrônicos. A luz azul, tipicamente emitida por smartphones e laptops, inibe a liberação de melatonina. Como muitos jovens usam seus celulares muitas vezes minutos antes de dormir, dificuldades em pegar no sono aparecem com mais frequência. Por isso, ao invés de recomendar a ingestão de melatonina, a doutora Ana Escobar que acaba de lançar um livro sobre o uso de eletrônicos pelos jovens: "Meu filho tá online demais", prefere indicar a limpeza do sono. Delimitar bem os horários de jantar, lazer e estudo são algumas recomendações.

“As crianças precisam de rotina. A maioria das crianças com distúrbios do sono tem a rotina do dia muito precária. Isso vai se acumulando e leva a um estresse muito grande, que gera ansiedade e essa ansiedade também piora muito a qualidade do sono. É um ciclo que a gente tem que romper”, diz.

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