Comportamento Adolescente e Educação

Adolescência e quarto bagunçado: entenda o que eles têm em comum e como você pode ajudar


Por Carolina Delboni

Parece unanimidade, pacto, combinado, coisa de turma, não sei, mas, ao entrar na adolescência, meninos e meninas, costumam deixar seus quartos revirados de tanta bagunça. Será que existe uma explicação para isso? Como os pais podem ajudar? Vem que eu te respondo.

Esse quarto tá uma zona! Você não vai sair enquanto não arrumar TUDO. Quantas vezes eu já falei que não pode deixar toalha no chão? Olha esse monte de copo aqui e esses potes de comida?! Não é pra comer no quarto.

Você se reconhece nessas frases? Acho que você, eu, a vizinha, a amiga da vizinha, o amigo e por aí vai. Passadas as férias e a convivência constante com um quarto de cabeça para o ar, como fazer para ajudar esse ser humano com este caos? Por que será que isso acontece? Existe explicação ou é pura falta de limite? Falta rigidez dos pais, regras claras etc, etc? Quase que invariavelmente quartos de adolescentes são bagunçados e há de ter uma explicação para tanta coincidência. Primeiro, vamos voltar algumas casinhas.

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Até outro dia, seu filho era uma criança que tinha a maioria das suas coisas organizadas e decididas por você (pai, mãe ou responsável legal). Por mais que você pedisse ajuda para guardar os brinquedos, era VOCÊ quem dizia onde deveriam ficar e como. Aposto também que você dava aquela esticada final no lençol que ficava embolado após seu filho ter arrumado a cama do jeitinho dele. Acertei?

Bom, essa criança cresceu e começa a querer escolher por conta própria onde ELA vai por suas roupas, como vai guardar, se vai guardar e porque vai guardar. Isso porque agora seu filho, que antes só repetia os movimentos e obedecia, começa a pensar e fazer as coisas por conta própria. E o quarto é o primeiro espaço na casa que ele pode chamar de seu.

Se olharmos para a classe média brasileira, é nesta faixa etária que eles ganham quarto próprio. Normalmente separam dos irmãos e passam a ter o próprio cantinho justamente porque entende-se a necessidade de privacidade e intimidade.

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A partir de agora o adolescente tem um quarto só seu, tem um espaço que ele pode decorar com suas coisas, escolher onde põe os móveis, como vai guardar suas roupas nas gavetas e por aí vai. Mas daí chega pai e mão, entra e diz q tá tudo uma zona e ele precisa arrumar. Arrumar como? Do jeito do adolescente ou do jeito dos pais?

 

Anota essa informação: a desorganização do adolescente é normal. Já reparou quando um amigo entra no quarto do seu filho? Eles costumam não se incomodar. Por quê? Porque a "zona" faz sentido para eles.

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ÓBVIO que eles precisam aprender sobre como cuidar do espaço, ter higiene, respeito, saber valorizar as coisas que foram compradas para aquele quarto, aprender que roupa custa caro e não se deixa jogada no chão, MAS existe uma diferença entre ajudá-lo a chegar a esta compreensão x impor a sua organização sob a dele.

Suportar o caos não é uma coisa fácil e a gente tende a achar que isso é uma afronta, mas não é. Você já ouviu falar que a casa da gente é a representação simbólica do nosso interno? Dos nossos sentimentos.

Pois bem, a adolescência é um baita turbilhão. Tem muita - muita - coisa passando na cabeça e no peito do seu filho/filha. Muita. E a gente passa anos tentando entender essa avalanche de sentimentos e emoções que despontam de todos os lados. O caos interno aparece na suposta bagunça do quarto. Pegou?

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Isso é ruim? Não! Muito pelo contrário. São formas de externalizar. De comunicar algo. E a "desorganizção" pode ser muito positiva. A psicanálise nos lembra que essa desordem é uma forma do jovem manifestar suas complexidades internas, usando, inclusive, a organização ou a falta dela para demonstrar suas emoções por meio de uma comunicação não verbal.

Entra, repara na bagunça. Em seu livro "Agilidade Emocional", a psicóloga americana Susan David, alerta que as alterações hormonais da adolescência influenciam consideravelmente nas mudanças comportamentais e emocionais desses jovens. Paciência é preciso. Uma pesquisa sobre os motivos da preguiça dos adolescentes, realizada em meados de 2006, pela psicóloga e pediatra Mônica Valentim, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu, indicou que os adolescentes enfrentam níveis elevados de estresse nesta fase, o que reflete nas escolhas do que é prioridade para eles.

Segundo a pesquisa da médica, a adolescência demanda uma quantidade de energia elevada, mas que frequentemente é direcionada para atividades percebidas como mais agradáveis. Dos adolescentes entrevistados na época, 70% afirmaram ter mais disposição para namorar e sair com amigos, que arrumar o próprio quarto, por exemplo. Mas o que você pode fazer? Como ajudar seu adolescente a entender que a arrumação do quarto pode contribuir na organização de outras coisas que nem parecem ter relação?

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Questão de autonomia. Um artigo publicado no PubMed (National Library of Medicine), em 2020, mostrou que desenvolver a autonomia emocional nos adolescentes é importante para capacitá-los a ter mais responsabilidade, a melhorar seu pensamento crítico, fazendo escolhas melhores, além de se proteger de relações tóxicas. Ou seja, a competência é essencial no desenvolvimento cognitivo desses jovens.

Tanto que o professor de psicologia e neurociência do Boston College, Peter Gray, acredita que a falta de autonomia pode ser uma das principais causas do aumento dos transtornos mentais em adolescentes, por exemplo. Em seu artigo publicado no Journal of Pediatrics, o especialista defende que, além de promover o bem-estar imediato das crianças, essa independência contribui para o desenvolvimento da resiliência - característica mental que ajuda a lidar melhor com as dificuldades da vida de uma maneira mais tranquila.

A bagunça no quarto do filho adolescente pode ser uma oportunidade para compreender as lições que estão por trás desse caos. Lembrando que, sim, é importante ter um equilíbrio que funcione bem para todos. Até porque, um ambiente constantemente desorganizado, não apenas gera estresse e ansiedade, mas também prejudica o foco e a concentração, segundo pesquisa da Universidade de New South Wales, na Austrália.

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Adotar atitudes que estimulem a autonomia com responsabilidade, conversas sobre motivações pessoais são passos importantes para construir uma relação mais saudável e aberta com os filhos. Assim, fica mais fácil para dar um jeitinho da organização andar em sintonia com a individualidade deles.

E tem algo a mais que vou te sugerir. Pergunta: você não ajudava seu filho pequeno a arrumar os brinquedos? Por que não ajudar ele agora a compreender que o armário de copos precisa ficar na cozinha e não no quarto dele? Claro que seu filho adolescente tem total capacidade motora de fazer tudo sozinho, mas será que ele não precisa ser ensinado como se dobra uma roupa? Será que não seria legal mostrar para ele como uma mesa de estudos livre de coisas pode ajudá-lo na hora do estudo?

Ajudar seu filho a aprender a se organizar pode acontecer de maneira paralela às regras que você impõe para a casa. O que estou querendo dizer é que podem ter combinados bem delimitados e determinados, e você também pode oferecer auxílio a algo que está mais difícil de ser cumprido. Fez sentido?

Agora trago verdades: 1. É preciso escolher as batalhas. Vale brigar e discutir por tudo? O que você não abre mão? Escolha suas batalhas senão você será, diariamente, derrotado. 2. Gritar, impor pela força, ameaçar pode até funcionar, mas não é uma via de construtiva para a relação 3. Dê responsabilidade a seu filho e não ordens 4. Procurar entender e dialogar costumam funcionar 5. Eles adoram que você faça junto - junto 6. Medir forças com o adolescente é uma batalha perdida 7. Faça combinados. Funciona melhor que impor suas vontades 8. Estabeleça prazos em vez de fazer ameaças 9. Proponha a seu filho que ele dê ideias e sugestões de como pode organizar o próprio quarto. Ele precisa fazer parte das escolhas e decisões 10. Um quarto bagunçado não significa que você fracassou. Você não é melhor ou pior por isso 11. Cada um tem um lógica de organização e até a "desorganização" tem a sua. Lembre: o que pode não fazer sentido para você, pode fazer para ele

Parece unanimidade, pacto, combinado, coisa de turma, não sei, mas, ao entrar na adolescência, meninos e meninas, costumam deixar seus quartos revirados de tanta bagunça. Será que existe uma explicação para isso? Como os pais podem ajudar? Vem que eu te respondo.

Esse quarto tá uma zona! Você não vai sair enquanto não arrumar TUDO. Quantas vezes eu já falei que não pode deixar toalha no chão? Olha esse monte de copo aqui e esses potes de comida?! Não é pra comer no quarto.

Você se reconhece nessas frases? Acho que você, eu, a vizinha, a amiga da vizinha, o amigo e por aí vai. Passadas as férias e a convivência constante com um quarto de cabeça para o ar, como fazer para ajudar esse ser humano com este caos? Por que será que isso acontece? Existe explicação ou é pura falta de limite? Falta rigidez dos pais, regras claras etc, etc? Quase que invariavelmente quartos de adolescentes são bagunçados e há de ter uma explicação para tanta coincidência. Primeiro, vamos voltar algumas casinhas.

Até outro dia, seu filho era uma criança que tinha a maioria das suas coisas organizadas e decididas por você (pai, mãe ou responsável legal). Por mais que você pedisse ajuda para guardar os brinquedos, era VOCÊ quem dizia onde deveriam ficar e como. Aposto também que você dava aquela esticada final no lençol que ficava embolado após seu filho ter arrumado a cama do jeitinho dele. Acertei?

Bom, essa criança cresceu e começa a querer escolher por conta própria onde ELA vai por suas roupas, como vai guardar, se vai guardar e porque vai guardar. Isso porque agora seu filho, que antes só repetia os movimentos e obedecia, começa a pensar e fazer as coisas por conta própria. E o quarto é o primeiro espaço na casa que ele pode chamar de seu.

Se olharmos para a classe média brasileira, é nesta faixa etária que eles ganham quarto próprio. Normalmente separam dos irmãos e passam a ter o próprio cantinho justamente porque entende-se a necessidade de privacidade e intimidade.

A partir de agora o adolescente tem um quarto só seu, tem um espaço que ele pode decorar com suas coisas, escolher onde põe os móveis, como vai guardar suas roupas nas gavetas e por aí vai. Mas daí chega pai e mão, entra e diz q tá tudo uma zona e ele precisa arrumar. Arrumar como? Do jeito do adolescente ou do jeito dos pais?

 

Anota essa informação: a desorganização do adolescente é normal. Já reparou quando um amigo entra no quarto do seu filho? Eles costumam não se incomodar. Por quê? Porque a "zona" faz sentido para eles.

ÓBVIO que eles precisam aprender sobre como cuidar do espaço, ter higiene, respeito, saber valorizar as coisas que foram compradas para aquele quarto, aprender que roupa custa caro e não se deixa jogada no chão, MAS existe uma diferença entre ajudá-lo a chegar a esta compreensão x impor a sua organização sob a dele.

Suportar o caos não é uma coisa fácil e a gente tende a achar que isso é uma afronta, mas não é. Você já ouviu falar que a casa da gente é a representação simbólica do nosso interno? Dos nossos sentimentos.

Pois bem, a adolescência é um baita turbilhão. Tem muita - muita - coisa passando na cabeça e no peito do seu filho/filha. Muita. E a gente passa anos tentando entender essa avalanche de sentimentos e emoções que despontam de todos os lados. O caos interno aparece na suposta bagunça do quarto. Pegou?

Isso é ruim? Não! Muito pelo contrário. São formas de externalizar. De comunicar algo. E a "desorganizção" pode ser muito positiva. A psicanálise nos lembra que essa desordem é uma forma do jovem manifestar suas complexidades internas, usando, inclusive, a organização ou a falta dela para demonstrar suas emoções por meio de uma comunicação não verbal.

Entra, repara na bagunça. Em seu livro "Agilidade Emocional", a psicóloga americana Susan David, alerta que as alterações hormonais da adolescência influenciam consideravelmente nas mudanças comportamentais e emocionais desses jovens. Paciência é preciso. Uma pesquisa sobre os motivos da preguiça dos adolescentes, realizada em meados de 2006, pela psicóloga e pediatra Mônica Valentim, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu, indicou que os adolescentes enfrentam níveis elevados de estresse nesta fase, o que reflete nas escolhas do que é prioridade para eles.

Segundo a pesquisa da médica, a adolescência demanda uma quantidade de energia elevada, mas que frequentemente é direcionada para atividades percebidas como mais agradáveis. Dos adolescentes entrevistados na época, 70% afirmaram ter mais disposição para namorar e sair com amigos, que arrumar o próprio quarto, por exemplo. Mas o que você pode fazer? Como ajudar seu adolescente a entender que a arrumação do quarto pode contribuir na organização de outras coisas que nem parecem ter relação?

Questão de autonomia. Um artigo publicado no PubMed (National Library of Medicine), em 2020, mostrou que desenvolver a autonomia emocional nos adolescentes é importante para capacitá-los a ter mais responsabilidade, a melhorar seu pensamento crítico, fazendo escolhas melhores, além de se proteger de relações tóxicas. Ou seja, a competência é essencial no desenvolvimento cognitivo desses jovens.

Tanto que o professor de psicologia e neurociência do Boston College, Peter Gray, acredita que a falta de autonomia pode ser uma das principais causas do aumento dos transtornos mentais em adolescentes, por exemplo. Em seu artigo publicado no Journal of Pediatrics, o especialista defende que, além de promover o bem-estar imediato das crianças, essa independência contribui para o desenvolvimento da resiliência - característica mental que ajuda a lidar melhor com as dificuldades da vida de uma maneira mais tranquila.

A bagunça no quarto do filho adolescente pode ser uma oportunidade para compreender as lições que estão por trás desse caos. Lembrando que, sim, é importante ter um equilíbrio que funcione bem para todos. Até porque, um ambiente constantemente desorganizado, não apenas gera estresse e ansiedade, mas também prejudica o foco e a concentração, segundo pesquisa da Universidade de New South Wales, na Austrália.

Adotar atitudes que estimulem a autonomia com responsabilidade, conversas sobre motivações pessoais são passos importantes para construir uma relação mais saudável e aberta com os filhos. Assim, fica mais fácil para dar um jeitinho da organização andar em sintonia com a individualidade deles.

E tem algo a mais que vou te sugerir. Pergunta: você não ajudava seu filho pequeno a arrumar os brinquedos? Por que não ajudar ele agora a compreender que o armário de copos precisa ficar na cozinha e não no quarto dele? Claro que seu filho adolescente tem total capacidade motora de fazer tudo sozinho, mas será que ele não precisa ser ensinado como se dobra uma roupa? Será que não seria legal mostrar para ele como uma mesa de estudos livre de coisas pode ajudá-lo na hora do estudo?

Ajudar seu filho a aprender a se organizar pode acontecer de maneira paralela às regras que você impõe para a casa. O que estou querendo dizer é que podem ter combinados bem delimitados e determinados, e você também pode oferecer auxílio a algo que está mais difícil de ser cumprido. Fez sentido?

Agora trago verdades: 1. É preciso escolher as batalhas. Vale brigar e discutir por tudo? O que você não abre mão? Escolha suas batalhas senão você será, diariamente, derrotado. 2. Gritar, impor pela força, ameaçar pode até funcionar, mas não é uma via de construtiva para a relação 3. Dê responsabilidade a seu filho e não ordens 4. Procurar entender e dialogar costumam funcionar 5. Eles adoram que você faça junto - junto 6. Medir forças com o adolescente é uma batalha perdida 7. Faça combinados. Funciona melhor que impor suas vontades 8. Estabeleça prazos em vez de fazer ameaças 9. Proponha a seu filho que ele dê ideias e sugestões de como pode organizar o próprio quarto. Ele precisa fazer parte das escolhas e decisões 10. Um quarto bagunçado não significa que você fracassou. Você não é melhor ou pior por isso 11. Cada um tem um lógica de organização e até a "desorganização" tem a sua. Lembre: o que pode não fazer sentido para você, pode fazer para ele

Parece unanimidade, pacto, combinado, coisa de turma, não sei, mas, ao entrar na adolescência, meninos e meninas, costumam deixar seus quartos revirados de tanta bagunça. Será que existe uma explicação para isso? Como os pais podem ajudar? Vem que eu te respondo.

Esse quarto tá uma zona! Você não vai sair enquanto não arrumar TUDO. Quantas vezes eu já falei que não pode deixar toalha no chão? Olha esse monte de copo aqui e esses potes de comida?! Não é pra comer no quarto.

Você se reconhece nessas frases? Acho que você, eu, a vizinha, a amiga da vizinha, o amigo e por aí vai. Passadas as férias e a convivência constante com um quarto de cabeça para o ar, como fazer para ajudar esse ser humano com este caos? Por que será que isso acontece? Existe explicação ou é pura falta de limite? Falta rigidez dos pais, regras claras etc, etc? Quase que invariavelmente quartos de adolescentes são bagunçados e há de ter uma explicação para tanta coincidência. Primeiro, vamos voltar algumas casinhas.

Até outro dia, seu filho era uma criança que tinha a maioria das suas coisas organizadas e decididas por você (pai, mãe ou responsável legal). Por mais que você pedisse ajuda para guardar os brinquedos, era VOCÊ quem dizia onde deveriam ficar e como. Aposto também que você dava aquela esticada final no lençol que ficava embolado após seu filho ter arrumado a cama do jeitinho dele. Acertei?

Bom, essa criança cresceu e começa a querer escolher por conta própria onde ELA vai por suas roupas, como vai guardar, se vai guardar e porque vai guardar. Isso porque agora seu filho, que antes só repetia os movimentos e obedecia, começa a pensar e fazer as coisas por conta própria. E o quarto é o primeiro espaço na casa que ele pode chamar de seu.

Se olharmos para a classe média brasileira, é nesta faixa etária que eles ganham quarto próprio. Normalmente separam dos irmãos e passam a ter o próprio cantinho justamente porque entende-se a necessidade de privacidade e intimidade.

A partir de agora o adolescente tem um quarto só seu, tem um espaço que ele pode decorar com suas coisas, escolher onde põe os móveis, como vai guardar suas roupas nas gavetas e por aí vai. Mas daí chega pai e mão, entra e diz q tá tudo uma zona e ele precisa arrumar. Arrumar como? Do jeito do adolescente ou do jeito dos pais?

 

Anota essa informação: a desorganização do adolescente é normal. Já reparou quando um amigo entra no quarto do seu filho? Eles costumam não se incomodar. Por quê? Porque a "zona" faz sentido para eles.

ÓBVIO que eles precisam aprender sobre como cuidar do espaço, ter higiene, respeito, saber valorizar as coisas que foram compradas para aquele quarto, aprender que roupa custa caro e não se deixa jogada no chão, MAS existe uma diferença entre ajudá-lo a chegar a esta compreensão x impor a sua organização sob a dele.

Suportar o caos não é uma coisa fácil e a gente tende a achar que isso é uma afronta, mas não é. Você já ouviu falar que a casa da gente é a representação simbólica do nosso interno? Dos nossos sentimentos.

Pois bem, a adolescência é um baita turbilhão. Tem muita - muita - coisa passando na cabeça e no peito do seu filho/filha. Muita. E a gente passa anos tentando entender essa avalanche de sentimentos e emoções que despontam de todos os lados. O caos interno aparece na suposta bagunça do quarto. Pegou?

Isso é ruim? Não! Muito pelo contrário. São formas de externalizar. De comunicar algo. E a "desorganizção" pode ser muito positiva. A psicanálise nos lembra que essa desordem é uma forma do jovem manifestar suas complexidades internas, usando, inclusive, a organização ou a falta dela para demonstrar suas emoções por meio de uma comunicação não verbal.

Entra, repara na bagunça. Em seu livro "Agilidade Emocional", a psicóloga americana Susan David, alerta que as alterações hormonais da adolescência influenciam consideravelmente nas mudanças comportamentais e emocionais desses jovens. Paciência é preciso. Uma pesquisa sobre os motivos da preguiça dos adolescentes, realizada em meados de 2006, pela psicóloga e pediatra Mônica Valentim, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu, indicou que os adolescentes enfrentam níveis elevados de estresse nesta fase, o que reflete nas escolhas do que é prioridade para eles.

Segundo a pesquisa da médica, a adolescência demanda uma quantidade de energia elevada, mas que frequentemente é direcionada para atividades percebidas como mais agradáveis. Dos adolescentes entrevistados na época, 70% afirmaram ter mais disposição para namorar e sair com amigos, que arrumar o próprio quarto, por exemplo. Mas o que você pode fazer? Como ajudar seu adolescente a entender que a arrumação do quarto pode contribuir na organização de outras coisas que nem parecem ter relação?

Questão de autonomia. Um artigo publicado no PubMed (National Library of Medicine), em 2020, mostrou que desenvolver a autonomia emocional nos adolescentes é importante para capacitá-los a ter mais responsabilidade, a melhorar seu pensamento crítico, fazendo escolhas melhores, além de se proteger de relações tóxicas. Ou seja, a competência é essencial no desenvolvimento cognitivo desses jovens.

Tanto que o professor de psicologia e neurociência do Boston College, Peter Gray, acredita que a falta de autonomia pode ser uma das principais causas do aumento dos transtornos mentais em adolescentes, por exemplo. Em seu artigo publicado no Journal of Pediatrics, o especialista defende que, além de promover o bem-estar imediato das crianças, essa independência contribui para o desenvolvimento da resiliência - característica mental que ajuda a lidar melhor com as dificuldades da vida de uma maneira mais tranquila.

A bagunça no quarto do filho adolescente pode ser uma oportunidade para compreender as lições que estão por trás desse caos. Lembrando que, sim, é importante ter um equilíbrio que funcione bem para todos. Até porque, um ambiente constantemente desorganizado, não apenas gera estresse e ansiedade, mas também prejudica o foco e a concentração, segundo pesquisa da Universidade de New South Wales, na Austrália.

Adotar atitudes que estimulem a autonomia com responsabilidade, conversas sobre motivações pessoais são passos importantes para construir uma relação mais saudável e aberta com os filhos. Assim, fica mais fácil para dar um jeitinho da organização andar em sintonia com a individualidade deles.

E tem algo a mais que vou te sugerir. Pergunta: você não ajudava seu filho pequeno a arrumar os brinquedos? Por que não ajudar ele agora a compreender que o armário de copos precisa ficar na cozinha e não no quarto dele? Claro que seu filho adolescente tem total capacidade motora de fazer tudo sozinho, mas será que ele não precisa ser ensinado como se dobra uma roupa? Será que não seria legal mostrar para ele como uma mesa de estudos livre de coisas pode ajudá-lo na hora do estudo?

Ajudar seu filho a aprender a se organizar pode acontecer de maneira paralela às regras que você impõe para a casa. O que estou querendo dizer é que podem ter combinados bem delimitados e determinados, e você também pode oferecer auxílio a algo que está mais difícil de ser cumprido. Fez sentido?

Agora trago verdades: 1. É preciso escolher as batalhas. Vale brigar e discutir por tudo? O que você não abre mão? Escolha suas batalhas senão você será, diariamente, derrotado. 2. Gritar, impor pela força, ameaçar pode até funcionar, mas não é uma via de construtiva para a relação 3. Dê responsabilidade a seu filho e não ordens 4. Procurar entender e dialogar costumam funcionar 5. Eles adoram que você faça junto - junto 6. Medir forças com o adolescente é uma batalha perdida 7. Faça combinados. Funciona melhor que impor suas vontades 8. Estabeleça prazos em vez de fazer ameaças 9. Proponha a seu filho que ele dê ideias e sugestões de como pode organizar o próprio quarto. Ele precisa fazer parte das escolhas e decisões 10. Um quarto bagunçado não significa que você fracassou. Você não é melhor ou pior por isso 11. Cada um tem um lógica de organização e até a "desorganização" tem a sua. Lembre: o que pode não fazer sentido para você, pode fazer para ele

Parece unanimidade, pacto, combinado, coisa de turma, não sei, mas, ao entrar na adolescência, meninos e meninas, costumam deixar seus quartos revirados de tanta bagunça. Será que existe uma explicação para isso? Como os pais podem ajudar? Vem que eu te respondo.

Esse quarto tá uma zona! Você não vai sair enquanto não arrumar TUDO. Quantas vezes eu já falei que não pode deixar toalha no chão? Olha esse monte de copo aqui e esses potes de comida?! Não é pra comer no quarto.

Você se reconhece nessas frases? Acho que você, eu, a vizinha, a amiga da vizinha, o amigo e por aí vai. Passadas as férias e a convivência constante com um quarto de cabeça para o ar, como fazer para ajudar esse ser humano com este caos? Por que será que isso acontece? Existe explicação ou é pura falta de limite? Falta rigidez dos pais, regras claras etc, etc? Quase que invariavelmente quartos de adolescentes são bagunçados e há de ter uma explicação para tanta coincidência. Primeiro, vamos voltar algumas casinhas.

Até outro dia, seu filho era uma criança que tinha a maioria das suas coisas organizadas e decididas por você (pai, mãe ou responsável legal). Por mais que você pedisse ajuda para guardar os brinquedos, era VOCÊ quem dizia onde deveriam ficar e como. Aposto também que você dava aquela esticada final no lençol que ficava embolado após seu filho ter arrumado a cama do jeitinho dele. Acertei?

Bom, essa criança cresceu e começa a querer escolher por conta própria onde ELA vai por suas roupas, como vai guardar, se vai guardar e porque vai guardar. Isso porque agora seu filho, que antes só repetia os movimentos e obedecia, começa a pensar e fazer as coisas por conta própria. E o quarto é o primeiro espaço na casa que ele pode chamar de seu.

Se olharmos para a classe média brasileira, é nesta faixa etária que eles ganham quarto próprio. Normalmente separam dos irmãos e passam a ter o próprio cantinho justamente porque entende-se a necessidade de privacidade e intimidade.

A partir de agora o adolescente tem um quarto só seu, tem um espaço que ele pode decorar com suas coisas, escolher onde põe os móveis, como vai guardar suas roupas nas gavetas e por aí vai. Mas daí chega pai e mão, entra e diz q tá tudo uma zona e ele precisa arrumar. Arrumar como? Do jeito do adolescente ou do jeito dos pais?

 

Anota essa informação: a desorganização do adolescente é normal. Já reparou quando um amigo entra no quarto do seu filho? Eles costumam não se incomodar. Por quê? Porque a "zona" faz sentido para eles.

ÓBVIO que eles precisam aprender sobre como cuidar do espaço, ter higiene, respeito, saber valorizar as coisas que foram compradas para aquele quarto, aprender que roupa custa caro e não se deixa jogada no chão, MAS existe uma diferença entre ajudá-lo a chegar a esta compreensão x impor a sua organização sob a dele.

Suportar o caos não é uma coisa fácil e a gente tende a achar que isso é uma afronta, mas não é. Você já ouviu falar que a casa da gente é a representação simbólica do nosso interno? Dos nossos sentimentos.

Pois bem, a adolescência é um baita turbilhão. Tem muita - muita - coisa passando na cabeça e no peito do seu filho/filha. Muita. E a gente passa anos tentando entender essa avalanche de sentimentos e emoções que despontam de todos os lados. O caos interno aparece na suposta bagunça do quarto. Pegou?

Isso é ruim? Não! Muito pelo contrário. São formas de externalizar. De comunicar algo. E a "desorganizção" pode ser muito positiva. A psicanálise nos lembra que essa desordem é uma forma do jovem manifestar suas complexidades internas, usando, inclusive, a organização ou a falta dela para demonstrar suas emoções por meio de uma comunicação não verbal.

Entra, repara na bagunça. Em seu livro "Agilidade Emocional", a psicóloga americana Susan David, alerta que as alterações hormonais da adolescência influenciam consideravelmente nas mudanças comportamentais e emocionais desses jovens. Paciência é preciso. Uma pesquisa sobre os motivos da preguiça dos adolescentes, realizada em meados de 2006, pela psicóloga e pediatra Mônica Valentim, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu, indicou que os adolescentes enfrentam níveis elevados de estresse nesta fase, o que reflete nas escolhas do que é prioridade para eles.

Segundo a pesquisa da médica, a adolescência demanda uma quantidade de energia elevada, mas que frequentemente é direcionada para atividades percebidas como mais agradáveis. Dos adolescentes entrevistados na época, 70% afirmaram ter mais disposição para namorar e sair com amigos, que arrumar o próprio quarto, por exemplo. Mas o que você pode fazer? Como ajudar seu adolescente a entender que a arrumação do quarto pode contribuir na organização de outras coisas que nem parecem ter relação?

Questão de autonomia. Um artigo publicado no PubMed (National Library of Medicine), em 2020, mostrou que desenvolver a autonomia emocional nos adolescentes é importante para capacitá-los a ter mais responsabilidade, a melhorar seu pensamento crítico, fazendo escolhas melhores, além de se proteger de relações tóxicas. Ou seja, a competência é essencial no desenvolvimento cognitivo desses jovens.

Tanto que o professor de psicologia e neurociência do Boston College, Peter Gray, acredita que a falta de autonomia pode ser uma das principais causas do aumento dos transtornos mentais em adolescentes, por exemplo. Em seu artigo publicado no Journal of Pediatrics, o especialista defende que, além de promover o bem-estar imediato das crianças, essa independência contribui para o desenvolvimento da resiliência - característica mental que ajuda a lidar melhor com as dificuldades da vida de uma maneira mais tranquila.

A bagunça no quarto do filho adolescente pode ser uma oportunidade para compreender as lições que estão por trás desse caos. Lembrando que, sim, é importante ter um equilíbrio que funcione bem para todos. Até porque, um ambiente constantemente desorganizado, não apenas gera estresse e ansiedade, mas também prejudica o foco e a concentração, segundo pesquisa da Universidade de New South Wales, na Austrália.

Adotar atitudes que estimulem a autonomia com responsabilidade, conversas sobre motivações pessoais são passos importantes para construir uma relação mais saudável e aberta com os filhos. Assim, fica mais fácil para dar um jeitinho da organização andar em sintonia com a individualidade deles.

E tem algo a mais que vou te sugerir. Pergunta: você não ajudava seu filho pequeno a arrumar os brinquedos? Por que não ajudar ele agora a compreender que o armário de copos precisa ficar na cozinha e não no quarto dele? Claro que seu filho adolescente tem total capacidade motora de fazer tudo sozinho, mas será que ele não precisa ser ensinado como se dobra uma roupa? Será que não seria legal mostrar para ele como uma mesa de estudos livre de coisas pode ajudá-lo na hora do estudo?

Ajudar seu filho a aprender a se organizar pode acontecer de maneira paralela às regras que você impõe para a casa. O que estou querendo dizer é que podem ter combinados bem delimitados e determinados, e você também pode oferecer auxílio a algo que está mais difícil de ser cumprido. Fez sentido?

Agora trago verdades: 1. É preciso escolher as batalhas. Vale brigar e discutir por tudo? O que você não abre mão? Escolha suas batalhas senão você será, diariamente, derrotado. 2. Gritar, impor pela força, ameaçar pode até funcionar, mas não é uma via de construtiva para a relação 3. Dê responsabilidade a seu filho e não ordens 4. Procurar entender e dialogar costumam funcionar 5. Eles adoram que você faça junto - junto 6. Medir forças com o adolescente é uma batalha perdida 7. Faça combinados. Funciona melhor que impor suas vontades 8. Estabeleça prazos em vez de fazer ameaças 9. Proponha a seu filho que ele dê ideias e sugestões de como pode organizar o próprio quarto. Ele precisa fazer parte das escolhas e decisões 10. Um quarto bagunçado não significa que você fracassou. Você não é melhor ou pior por isso 11. Cada um tem um lógica de organização e até a "desorganização" tem a sua. Lembre: o que pode não fazer sentido para você, pode fazer para ele

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