Comportamento Adolescente e Educação

Adolescentes provocam tormentas, mas eles não são um tormento


Por Carolina Delboni

É natural pais e mães enxergarem a adolescência dos filhos como uma tormenta, mas tratar a fase desta maneira só reforça um estereótipo duro de ser carregado pelos próprios adolescentes

Passado o Dia das Mães, vale relembrar aqui uma campanha que esteve no ar falando sobre o ser mãe de adolescente. Uma campanha linda, sensível, cheia de cenas e frases impossíveis de não se identificar. Uma campanha que mostrou a tormenta que passa ao longo da adolescência, mas que também falou do amor que existe nessa relação, por vezes, tão delicada.

Mas por que estou trazendo esse assunto aqui? Para propor que a gente olhe para o adolescente por um viés mais gentil e afetuoso. Afinal, eles podem até provocar tormentas, mas eles não são um tormento - e eles precisam saber disso na relação com os adultos.

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Para além do mau humor, do não querer falar, trancar a porta do quarto, não te contar as coisas, adolescentes existem por um outro ângulo - muito mais amoroso, acredite. Mas muitas vezes a gente os tornam invisíveis tamanho são os esteriótipos negativos que carregam.

Tudo bem, mas qual a relação de tudo isso com a campanha da mãe de adolescente, a tormenta e os tormentos? É a de que eles podem até provocar tormentas, mas a gente não pode estigmatizá-los como tormentos. Você lembra daquela cena que todo mundo chora, onde aparecem flashes de memória da mãe com o filho pequeno? O bebê chorando no colo, depois a mãe medindo a altura dele na parede, acolhendo quando ele provavelmente perde no judô. As imagens transportam toda mãe de adolescente a olhar aquele ser, muitas vezes irreconhecível e reconhecê-lo novamente. Faz a gente lembrar da maternidade "doce" e "amorosa" versus a tormenta da adolescência. Ah, mas quem é que nunca viveu a tormenta da criança aos 3 anos de idade fazendo birra e se jogando no chão?

Somos ensinados, socialmente, a olhar a adolescência como uma fase de turbulência, tormenta, reviravolta, guerras. Somos ensinados a olhar o adolescente e achar que ele é um problema. Adolescentes são chatos, são mau humorados, são aborrecentes. O que mais temos a dizer sobre a adolescência? Alguém, em algum momento, já te ensinou a olhar a fase com carinho, com respeito, com compreensão de todas suas complexidades? A adolescência é um grande tabu que precisa ser quebrado.

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A adolescência só foi considerada uma fase do desenvolvimento humano a partir do séc XVIII. Antes disso, passava-se da infância a vida adulta. Foto: Alisaaa, Adobe Photos

Os desafios de criar um filho adolescente certamente existem, mas esta mesma fase é cheia de momentos bons e felizes. Está na hora de romper o tabu. Pelo bem dos filhos, pelo bem dos pais e da própria sociedade. Passar cerca de dez anos fazendo reclamações constantes dessa pessoinha que, na grande maioria das vezes, foi desejada e planejada não parece fazer muito sentido.

E ainda que você diga não mais reconhecer aquele bebê fofo que outro dia estava engatinhando pela sala, acredite, ele está aí, bem na sua frente (lembra das cenas da campanha?). Mudou de tamanho, o cabelo engrossou, provavelmente trocou a pele lisinha por uma mais oleosa, mas tenho certeza de que continua macia. Continua boa de dar beijos e abraços esmagadores.

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Ser pais e mãe de um adolescente é uma conversa possível. Totalmente possível. Mas é preciso estar disponível como se estava para quando esta mesma pessoa era um toquinho de gente e você, ainda que exausto, dava conta de todas as demandas, choros, cólicas, ataques e "eu quero" do seu filho.

É preciso estar disposto a quebrar os estigmas e quebrar o tabu por trás do adolescer. A gente costuma "desistir" deles quando entram na idade da ilha (conhece essa brincadeira? Leva para uma ilha distante e busca 10 anos depois). A gente costuma despencar uma lista de reclamações e quem, com tanto dedo apontado, vai continuar te sorrindo e sendo gentil?

A internet está cheia de matérias falando de como eles são chatos, como trazem problemas, além da enxurrada de reclamações do que eles não fazem, deixam de fazer e quando fazem, fazem errado. Será que eles são tão insuportáveis assim? Ou será que pais e mães também precisam aprender a se relacionar com o adolescente? Como aprendeu quando era bebê ou criança.

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O maior desafio de criar filhos adolescentes não é lidar com todas as queixas que rapidamente sabemos elencar, mas se dispor - se colocar à disposição - de estabelecer uma conversa possível com eles. Sim, existe uma conversa que é possível de acontecer e a grande maioria de nós não está disponível como estava para essa mesma pessoa quando ele tinha 2, 3, 5 anos.

Qual foi a última vez que você deu colo para o seu adolescente? Não vale dizer que ele que não quer. Existem muitas formas de dar colo. Já pensou em fazer um elogio ao som que ele escuta? Já pensou em assistir as séries que ele gosta? Já pensou em elogiar alguém que ele admira? Já pensou em elogiar? Elogio também é carinho.

De novo: se reconhecer como pais de um adolescente é uma conversa possível, mas é preciso olhar para essa figurinha que você diz não mais reconhecer e reconhecê-la. Como alguém que cresceu, que diz o que pensa, que tem vontades próprias e que nem sempre vai te abraçar e dizer que te ama. Ainda que te ame profundamente.

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A adolescência provoca muitas tormentas. Não só em mães e pais, mas nos próprios adolescentes. Crescer é uma revolução imensa e mais do que reforçar esteriótipos, a gente precisa quebrá-los. Só vai ser diferente se fizermos diferente. Gentileza gera gentileza, lembra? E a gente aprendeu que tormentas passam e o amor fica. Lembra disso.

É natural pais e mães enxergarem a adolescência dos filhos como uma tormenta, mas tratar a fase desta maneira só reforça um estereótipo duro de ser carregado pelos próprios adolescentes

Passado o Dia das Mães, vale relembrar aqui uma campanha que esteve no ar falando sobre o ser mãe de adolescente. Uma campanha linda, sensível, cheia de cenas e frases impossíveis de não se identificar. Uma campanha que mostrou a tormenta que passa ao longo da adolescência, mas que também falou do amor que existe nessa relação, por vezes, tão delicada.

Mas por que estou trazendo esse assunto aqui? Para propor que a gente olhe para o adolescente por um viés mais gentil e afetuoso. Afinal, eles podem até provocar tormentas, mas eles não são um tormento - e eles precisam saber disso na relação com os adultos.

Para além do mau humor, do não querer falar, trancar a porta do quarto, não te contar as coisas, adolescentes existem por um outro ângulo - muito mais amoroso, acredite. Mas muitas vezes a gente os tornam invisíveis tamanho são os esteriótipos negativos que carregam.

Tudo bem, mas qual a relação de tudo isso com a campanha da mãe de adolescente, a tormenta e os tormentos? É a de que eles podem até provocar tormentas, mas a gente não pode estigmatizá-los como tormentos. Você lembra daquela cena que todo mundo chora, onde aparecem flashes de memória da mãe com o filho pequeno? O bebê chorando no colo, depois a mãe medindo a altura dele na parede, acolhendo quando ele provavelmente perde no judô. As imagens transportam toda mãe de adolescente a olhar aquele ser, muitas vezes irreconhecível e reconhecê-lo novamente. Faz a gente lembrar da maternidade "doce" e "amorosa" versus a tormenta da adolescência. Ah, mas quem é que nunca viveu a tormenta da criança aos 3 anos de idade fazendo birra e se jogando no chão?

Somos ensinados, socialmente, a olhar a adolescência como uma fase de turbulência, tormenta, reviravolta, guerras. Somos ensinados a olhar o adolescente e achar que ele é um problema. Adolescentes são chatos, são mau humorados, são aborrecentes. O que mais temos a dizer sobre a adolescência? Alguém, em algum momento, já te ensinou a olhar a fase com carinho, com respeito, com compreensão de todas suas complexidades? A adolescência é um grande tabu que precisa ser quebrado.

A adolescência só foi considerada uma fase do desenvolvimento humano a partir do séc XVIII. Antes disso, passava-se da infância a vida adulta. Foto: Alisaaa, Adobe Photos

Os desafios de criar um filho adolescente certamente existem, mas esta mesma fase é cheia de momentos bons e felizes. Está na hora de romper o tabu. Pelo bem dos filhos, pelo bem dos pais e da própria sociedade. Passar cerca de dez anos fazendo reclamações constantes dessa pessoinha que, na grande maioria das vezes, foi desejada e planejada não parece fazer muito sentido.

E ainda que você diga não mais reconhecer aquele bebê fofo que outro dia estava engatinhando pela sala, acredite, ele está aí, bem na sua frente (lembra das cenas da campanha?). Mudou de tamanho, o cabelo engrossou, provavelmente trocou a pele lisinha por uma mais oleosa, mas tenho certeza de que continua macia. Continua boa de dar beijos e abraços esmagadores.

Ser pais e mãe de um adolescente é uma conversa possível. Totalmente possível. Mas é preciso estar disponível como se estava para quando esta mesma pessoa era um toquinho de gente e você, ainda que exausto, dava conta de todas as demandas, choros, cólicas, ataques e "eu quero" do seu filho.

É preciso estar disposto a quebrar os estigmas e quebrar o tabu por trás do adolescer. A gente costuma "desistir" deles quando entram na idade da ilha (conhece essa brincadeira? Leva para uma ilha distante e busca 10 anos depois). A gente costuma despencar uma lista de reclamações e quem, com tanto dedo apontado, vai continuar te sorrindo e sendo gentil?

A internet está cheia de matérias falando de como eles são chatos, como trazem problemas, além da enxurrada de reclamações do que eles não fazem, deixam de fazer e quando fazem, fazem errado. Será que eles são tão insuportáveis assim? Ou será que pais e mães também precisam aprender a se relacionar com o adolescente? Como aprendeu quando era bebê ou criança.

O maior desafio de criar filhos adolescentes não é lidar com todas as queixas que rapidamente sabemos elencar, mas se dispor - se colocar à disposição - de estabelecer uma conversa possível com eles. Sim, existe uma conversa que é possível de acontecer e a grande maioria de nós não está disponível como estava para essa mesma pessoa quando ele tinha 2, 3, 5 anos.

Qual foi a última vez que você deu colo para o seu adolescente? Não vale dizer que ele que não quer. Existem muitas formas de dar colo. Já pensou em fazer um elogio ao som que ele escuta? Já pensou em assistir as séries que ele gosta? Já pensou em elogiar alguém que ele admira? Já pensou em elogiar? Elogio também é carinho.

De novo: se reconhecer como pais de um adolescente é uma conversa possível, mas é preciso olhar para essa figurinha que você diz não mais reconhecer e reconhecê-la. Como alguém que cresceu, que diz o que pensa, que tem vontades próprias e que nem sempre vai te abraçar e dizer que te ama. Ainda que te ame profundamente.

A adolescência provoca muitas tormentas. Não só em mães e pais, mas nos próprios adolescentes. Crescer é uma revolução imensa e mais do que reforçar esteriótipos, a gente precisa quebrá-los. Só vai ser diferente se fizermos diferente. Gentileza gera gentileza, lembra? E a gente aprendeu que tormentas passam e o amor fica. Lembra disso.

É natural pais e mães enxergarem a adolescência dos filhos como uma tormenta, mas tratar a fase desta maneira só reforça um estereótipo duro de ser carregado pelos próprios adolescentes

Passado o Dia das Mães, vale relembrar aqui uma campanha que esteve no ar falando sobre o ser mãe de adolescente. Uma campanha linda, sensível, cheia de cenas e frases impossíveis de não se identificar. Uma campanha que mostrou a tormenta que passa ao longo da adolescência, mas que também falou do amor que existe nessa relação, por vezes, tão delicada.

Mas por que estou trazendo esse assunto aqui? Para propor que a gente olhe para o adolescente por um viés mais gentil e afetuoso. Afinal, eles podem até provocar tormentas, mas eles não são um tormento - e eles precisam saber disso na relação com os adultos.

Para além do mau humor, do não querer falar, trancar a porta do quarto, não te contar as coisas, adolescentes existem por um outro ângulo - muito mais amoroso, acredite. Mas muitas vezes a gente os tornam invisíveis tamanho são os esteriótipos negativos que carregam.

Tudo bem, mas qual a relação de tudo isso com a campanha da mãe de adolescente, a tormenta e os tormentos? É a de que eles podem até provocar tormentas, mas a gente não pode estigmatizá-los como tormentos. Você lembra daquela cena que todo mundo chora, onde aparecem flashes de memória da mãe com o filho pequeno? O bebê chorando no colo, depois a mãe medindo a altura dele na parede, acolhendo quando ele provavelmente perde no judô. As imagens transportam toda mãe de adolescente a olhar aquele ser, muitas vezes irreconhecível e reconhecê-lo novamente. Faz a gente lembrar da maternidade "doce" e "amorosa" versus a tormenta da adolescência. Ah, mas quem é que nunca viveu a tormenta da criança aos 3 anos de idade fazendo birra e se jogando no chão?

Somos ensinados, socialmente, a olhar a adolescência como uma fase de turbulência, tormenta, reviravolta, guerras. Somos ensinados a olhar o adolescente e achar que ele é um problema. Adolescentes são chatos, são mau humorados, são aborrecentes. O que mais temos a dizer sobre a adolescência? Alguém, em algum momento, já te ensinou a olhar a fase com carinho, com respeito, com compreensão de todas suas complexidades? A adolescência é um grande tabu que precisa ser quebrado.

A adolescência só foi considerada uma fase do desenvolvimento humano a partir do séc XVIII. Antes disso, passava-se da infância a vida adulta. Foto: Alisaaa, Adobe Photos

Os desafios de criar um filho adolescente certamente existem, mas esta mesma fase é cheia de momentos bons e felizes. Está na hora de romper o tabu. Pelo bem dos filhos, pelo bem dos pais e da própria sociedade. Passar cerca de dez anos fazendo reclamações constantes dessa pessoinha que, na grande maioria das vezes, foi desejada e planejada não parece fazer muito sentido.

E ainda que você diga não mais reconhecer aquele bebê fofo que outro dia estava engatinhando pela sala, acredite, ele está aí, bem na sua frente (lembra das cenas da campanha?). Mudou de tamanho, o cabelo engrossou, provavelmente trocou a pele lisinha por uma mais oleosa, mas tenho certeza de que continua macia. Continua boa de dar beijos e abraços esmagadores.

Ser pais e mãe de um adolescente é uma conversa possível. Totalmente possível. Mas é preciso estar disponível como se estava para quando esta mesma pessoa era um toquinho de gente e você, ainda que exausto, dava conta de todas as demandas, choros, cólicas, ataques e "eu quero" do seu filho.

É preciso estar disposto a quebrar os estigmas e quebrar o tabu por trás do adolescer. A gente costuma "desistir" deles quando entram na idade da ilha (conhece essa brincadeira? Leva para uma ilha distante e busca 10 anos depois). A gente costuma despencar uma lista de reclamações e quem, com tanto dedo apontado, vai continuar te sorrindo e sendo gentil?

A internet está cheia de matérias falando de como eles são chatos, como trazem problemas, além da enxurrada de reclamações do que eles não fazem, deixam de fazer e quando fazem, fazem errado. Será que eles são tão insuportáveis assim? Ou será que pais e mães também precisam aprender a se relacionar com o adolescente? Como aprendeu quando era bebê ou criança.

O maior desafio de criar filhos adolescentes não é lidar com todas as queixas que rapidamente sabemos elencar, mas se dispor - se colocar à disposição - de estabelecer uma conversa possível com eles. Sim, existe uma conversa que é possível de acontecer e a grande maioria de nós não está disponível como estava para essa mesma pessoa quando ele tinha 2, 3, 5 anos.

Qual foi a última vez que você deu colo para o seu adolescente? Não vale dizer que ele que não quer. Existem muitas formas de dar colo. Já pensou em fazer um elogio ao som que ele escuta? Já pensou em assistir as séries que ele gosta? Já pensou em elogiar alguém que ele admira? Já pensou em elogiar? Elogio também é carinho.

De novo: se reconhecer como pais de um adolescente é uma conversa possível, mas é preciso olhar para essa figurinha que você diz não mais reconhecer e reconhecê-la. Como alguém que cresceu, que diz o que pensa, que tem vontades próprias e que nem sempre vai te abraçar e dizer que te ama. Ainda que te ame profundamente.

A adolescência provoca muitas tormentas. Não só em mães e pais, mas nos próprios adolescentes. Crescer é uma revolução imensa e mais do que reforçar esteriótipos, a gente precisa quebrá-los. Só vai ser diferente se fizermos diferente. Gentileza gera gentileza, lembra? E a gente aprendeu que tormentas passam e o amor fica. Lembra disso.

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