Comportamento Adolescente e Educação

Cuidado que o bicho papão vai te pegar!


Por Carolina Delboni

Frases como a deste título são usadas por pais e familiares pra fazer com que a criança obedeça, mas será que educar pelo medo é uma boa escolha?

Quantas vezes você já escutou - ou falou a uma criança - "Cuidado! Não vai lá senão o bicho papão te pega hein!" ou "Lá tem um monstro enorme!", "Olha que o moço é bravo e vai te pegar". E dai chega à noite e a criança não dorme com medo dos monstros que os próprios adultos colocaram na cabeça dela. Como faz, será que assustar criança é um bom método de fazer com que ela te obedeça? Botar medo é garantia de obediência?

Histórias de monstros e assombrações fazem parte do imaginário infantil, mas quando elas provocam pesadelos, medos e fobias mais severas é hora de observar como o repertório cotidiano está sendo construído e alimentado. Simbolicamente, tudo que a gente apresenta a uma criança é um alimento, seja ele concreto como a própria comida, seja sensorial como imagens, canções e histórias.

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Medo todo mundo tem, mas medo que a gente incita no outro é pura maldade  Foto: Estadão

E quando um alimento é bem servido , a criança toma dele o que precisa e se beneficia de seus personagens e as instâncias da própria alma. Isto porque elas podem ser curativas e a pedagogia waldorf se beneficia exatamente desta possibilidade que a literatura oferece com uma curadoria de títulos que buscam histórias rica em imagens fomentadoras da criatividade e de valores formativos. Muito livro cabe aqui, inclusive os que tem monstros, lobos e bruxas.

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Existe na própria literatura uma bibliografia para tratar do tema. Histórias de horror compõem o gênero que traz à tona o universo de superstição e tem como fonte personagens do imaginário e de crendices. São demônios, bruxas, lobisomens, vampiros e toda uma infinidade de seres horripilantes. Criaturas que dão medo são a base principal das narrativas e os monstros fazem parte desta turma. Mas claro que para crianças pequenas a literatura deu conta de não produzir histórias amedrontadoras e sim, remediadoras.

As famílias têm inúmeras possibilidades para recorrer quando a intenção é dar cabo dos monstros que tiram o sono tranquilo das crianças. E a literatura propõe as mais criativas soluções para matar os assombros imaginários. Muitas vezes faz deles seres coloridos, alegres, frágeis e gente fina. Como forma de provocar uma nova relação e impressão dessas criaturas. A literatura desconstrói aquelas imagens que, muitas vezes, o próprio adulto criou com falas inadequadas.

E os títulos já sugerem o amparo necessário: Vai Embora Grande Monstro Verde; Os Monstros mais Medrosos do Mundo, Como Reconhecer um Monstro e O Monstro das Cores são algumas opções. Tem monstro de tudo quanto é tipo, cor, gênero e humor. Isso porque esses seres fantásticos nada mais são que representações de um medo que é desconhecido e dai a gente precisa dar conta de materializá-los pra poder lidar de forma mais concreta.

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Monstros podem ser também uma sombra que se mexe dentro da caverna, um animal muito selvagem e caçador. Pode ser um relâmpago que incendeia uma casa ou o fogo violento na floresta. No imaginar tudo é permitido. O que não pode existir, definitivamente, é um adulto excitando um medo que não existe - e não tem razão de existir.

Medo de monstro é o mais comum entre crianças e lidar com as sombras que surgem debaixo da cama é um dos desafios  Foto: Estadão
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"Cuidado, hein! O monstro te pega se você for aí" ou "Não faz isso que aquele moço ali é muito bravo e te leva embora". Imagine você que fantástico deve ser pra uma criança escutar que existe um ser gigante e desconhecido que vai levá-la embora de seus pais, seu maior porto seguro. Imagine. Procure se colocar no lugar, fazer o exercício de empatia ainda que pareça tão distante da vida adulta.

Frases como os exemplos acima podem ser classificadas dentro do gênero "monstruosidades humanas". Tá aí algo que já foi - e, infelizmente, ainda é - muito usado como método para educar e, principalmente, disciplinar crianças e adolescentes. Mas será que, de verdade, existe procedimento para educar? Educar um filho ou uma criança não é um fazer burocrático e administrativo. Precisa ter acolhimento, aconchego e amparo. Não se educa pelo medo e pela ameaça.

Adultos não estão diante de seres que precisam ser punidos como condição de respeito a uma conduta disciplinar. Foi-se o tempo em que criança tinha tanto medo dos pais que obedecia feito um soldadinho dentro de um exército. E não vale dizer "ah, mas na minha época não se fazia isso não" ou "não se falava desse jeito". Provavelmente não se fazia e se falava mesmo, mas porque os filhos tinham medo de apanhar dos pais, medo de tomar cintada, medo do castigo severo. Medo, medo, medo.

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Incitar a fragilidade humana, em qualquer um, não é sinal de nada a não ser maldade - ainda que seja inconsciente e na melhor das intenções. Já basta o medo imposto pela própria vida pra criarmos mais monstros dentro de casa. Conversar, dialogar e explicar o que acontece a uma criança dá mais trabalho do que ameaçar. Mas a gente educa pelo sentido e pelo significado, não pela subserviência ao medo.

Que a gente precise cada vez menos de monstros.

Frases como a deste título são usadas por pais e familiares pra fazer com que a criança obedeça, mas será que educar pelo medo é uma boa escolha?

Quantas vezes você já escutou - ou falou a uma criança - "Cuidado! Não vai lá senão o bicho papão te pega hein!" ou "Lá tem um monstro enorme!", "Olha que o moço é bravo e vai te pegar". E dai chega à noite e a criança não dorme com medo dos monstros que os próprios adultos colocaram na cabeça dela. Como faz, será que assustar criança é um bom método de fazer com que ela te obedeça? Botar medo é garantia de obediência?

Histórias de monstros e assombrações fazem parte do imaginário infantil, mas quando elas provocam pesadelos, medos e fobias mais severas é hora de observar como o repertório cotidiano está sendo construído e alimentado. Simbolicamente, tudo que a gente apresenta a uma criança é um alimento, seja ele concreto como a própria comida, seja sensorial como imagens, canções e histórias.

Medo todo mundo tem, mas medo que a gente incita no outro é pura maldade  Foto: Estadão

E quando um alimento é bem servido , a criança toma dele o que precisa e se beneficia de seus personagens e as instâncias da própria alma. Isto porque elas podem ser curativas e a pedagogia waldorf se beneficia exatamente desta possibilidade que a literatura oferece com uma curadoria de títulos que buscam histórias rica em imagens fomentadoras da criatividade e de valores formativos. Muito livro cabe aqui, inclusive os que tem monstros, lobos e bruxas.

Existe na própria literatura uma bibliografia para tratar do tema. Histórias de horror compõem o gênero que traz à tona o universo de superstição e tem como fonte personagens do imaginário e de crendices. São demônios, bruxas, lobisomens, vampiros e toda uma infinidade de seres horripilantes. Criaturas que dão medo são a base principal das narrativas e os monstros fazem parte desta turma. Mas claro que para crianças pequenas a literatura deu conta de não produzir histórias amedrontadoras e sim, remediadoras.

As famílias têm inúmeras possibilidades para recorrer quando a intenção é dar cabo dos monstros que tiram o sono tranquilo das crianças. E a literatura propõe as mais criativas soluções para matar os assombros imaginários. Muitas vezes faz deles seres coloridos, alegres, frágeis e gente fina. Como forma de provocar uma nova relação e impressão dessas criaturas. A literatura desconstrói aquelas imagens que, muitas vezes, o próprio adulto criou com falas inadequadas.

E os títulos já sugerem o amparo necessário: Vai Embora Grande Monstro Verde; Os Monstros mais Medrosos do Mundo, Como Reconhecer um Monstro e O Monstro das Cores são algumas opções. Tem monstro de tudo quanto é tipo, cor, gênero e humor. Isso porque esses seres fantásticos nada mais são que representações de um medo que é desconhecido e dai a gente precisa dar conta de materializá-los pra poder lidar de forma mais concreta.

Monstros podem ser também uma sombra que se mexe dentro da caverna, um animal muito selvagem e caçador. Pode ser um relâmpago que incendeia uma casa ou o fogo violento na floresta. No imaginar tudo é permitido. O que não pode existir, definitivamente, é um adulto excitando um medo que não existe - e não tem razão de existir.

Medo de monstro é o mais comum entre crianças e lidar com as sombras que surgem debaixo da cama é um dos desafios  Foto: Estadão

"Cuidado, hein! O monstro te pega se você for aí" ou "Não faz isso que aquele moço ali é muito bravo e te leva embora". Imagine você que fantástico deve ser pra uma criança escutar que existe um ser gigante e desconhecido que vai levá-la embora de seus pais, seu maior porto seguro. Imagine. Procure se colocar no lugar, fazer o exercício de empatia ainda que pareça tão distante da vida adulta.

Frases como os exemplos acima podem ser classificadas dentro do gênero "monstruosidades humanas". Tá aí algo que já foi - e, infelizmente, ainda é - muito usado como método para educar e, principalmente, disciplinar crianças e adolescentes. Mas será que, de verdade, existe procedimento para educar? Educar um filho ou uma criança não é um fazer burocrático e administrativo. Precisa ter acolhimento, aconchego e amparo. Não se educa pelo medo e pela ameaça.

Adultos não estão diante de seres que precisam ser punidos como condição de respeito a uma conduta disciplinar. Foi-se o tempo em que criança tinha tanto medo dos pais que obedecia feito um soldadinho dentro de um exército. E não vale dizer "ah, mas na minha época não se fazia isso não" ou "não se falava desse jeito". Provavelmente não se fazia e se falava mesmo, mas porque os filhos tinham medo de apanhar dos pais, medo de tomar cintada, medo do castigo severo. Medo, medo, medo.

Incitar a fragilidade humana, em qualquer um, não é sinal de nada a não ser maldade - ainda que seja inconsciente e na melhor das intenções. Já basta o medo imposto pela própria vida pra criarmos mais monstros dentro de casa. Conversar, dialogar e explicar o que acontece a uma criança dá mais trabalho do que ameaçar. Mas a gente educa pelo sentido e pelo significado, não pela subserviência ao medo.

Que a gente precise cada vez menos de monstros.

Frases como a deste título são usadas por pais e familiares pra fazer com que a criança obedeça, mas será que educar pelo medo é uma boa escolha?

Quantas vezes você já escutou - ou falou a uma criança - "Cuidado! Não vai lá senão o bicho papão te pega hein!" ou "Lá tem um monstro enorme!", "Olha que o moço é bravo e vai te pegar". E dai chega à noite e a criança não dorme com medo dos monstros que os próprios adultos colocaram na cabeça dela. Como faz, será que assustar criança é um bom método de fazer com que ela te obedeça? Botar medo é garantia de obediência?

Histórias de monstros e assombrações fazem parte do imaginário infantil, mas quando elas provocam pesadelos, medos e fobias mais severas é hora de observar como o repertório cotidiano está sendo construído e alimentado. Simbolicamente, tudo que a gente apresenta a uma criança é um alimento, seja ele concreto como a própria comida, seja sensorial como imagens, canções e histórias.

Medo todo mundo tem, mas medo que a gente incita no outro é pura maldade  Foto: Estadão

E quando um alimento é bem servido , a criança toma dele o que precisa e se beneficia de seus personagens e as instâncias da própria alma. Isto porque elas podem ser curativas e a pedagogia waldorf se beneficia exatamente desta possibilidade que a literatura oferece com uma curadoria de títulos que buscam histórias rica em imagens fomentadoras da criatividade e de valores formativos. Muito livro cabe aqui, inclusive os que tem monstros, lobos e bruxas.

Existe na própria literatura uma bibliografia para tratar do tema. Histórias de horror compõem o gênero que traz à tona o universo de superstição e tem como fonte personagens do imaginário e de crendices. São demônios, bruxas, lobisomens, vampiros e toda uma infinidade de seres horripilantes. Criaturas que dão medo são a base principal das narrativas e os monstros fazem parte desta turma. Mas claro que para crianças pequenas a literatura deu conta de não produzir histórias amedrontadoras e sim, remediadoras.

As famílias têm inúmeras possibilidades para recorrer quando a intenção é dar cabo dos monstros que tiram o sono tranquilo das crianças. E a literatura propõe as mais criativas soluções para matar os assombros imaginários. Muitas vezes faz deles seres coloridos, alegres, frágeis e gente fina. Como forma de provocar uma nova relação e impressão dessas criaturas. A literatura desconstrói aquelas imagens que, muitas vezes, o próprio adulto criou com falas inadequadas.

E os títulos já sugerem o amparo necessário: Vai Embora Grande Monstro Verde; Os Monstros mais Medrosos do Mundo, Como Reconhecer um Monstro e O Monstro das Cores são algumas opções. Tem monstro de tudo quanto é tipo, cor, gênero e humor. Isso porque esses seres fantásticos nada mais são que representações de um medo que é desconhecido e dai a gente precisa dar conta de materializá-los pra poder lidar de forma mais concreta.

Monstros podem ser também uma sombra que se mexe dentro da caverna, um animal muito selvagem e caçador. Pode ser um relâmpago que incendeia uma casa ou o fogo violento na floresta. No imaginar tudo é permitido. O que não pode existir, definitivamente, é um adulto excitando um medo que não existe - e não tem razão de existir.

Medo de monstro é o mais comum entre crianças e lidar com as sombras que surgem debaixo da cama é um dos desafios  Foto: Estadão

"Cuidado, hein! O monstro te pega se você for aí" ou "Não faz isso que aquele moço ali é muito bravo e te leva embora". Imagine você que fantástico deve ser pra uma criança escutar que existe um ser gigante e desconhecido que vai levá-la embora de seus pais, seu maior porto seguro. Imagine. Procure se colocar no lugar, fazer o exercício de empatia ainda que pareça tão distante da vida adulta.

Frases como os exemplos acima podem ser classificadas dentro do gênero "monstruosidades humanas". Tá aí algo que já foi - e, infelizmente, ainda é - muito usado como método para educar e, principalmente, disciplinar crianças e adolescentes. Mas será que, de verdade, existe procedimento para educar? Educar um filho ou uma criança não é um fazer burocrático e administrativo. Precisa ter acolhimento, aconchego e amparo. Não se educa pelo medo e pela ameaça.

Adultos não estão diante de seres que precisam ser punidos como condição de respeito a uma conduta disciplinar. Foi-se o tempo em que criança tinha tanto medo dos pais que obedecia feito um soldadinho dentro de um exército. E não vale dizer "ah, mas na minha época não se fazia isso não" ou "não se falava desse jeito". Provavelmente não se fazia e se falava mesmo, mas porque os filhos tinham medo de apanhar dos pais, medo de tomar cintada, medo do castigo severo. Medo, medo, medo.

Incitar a fragilidade humana, em qualquer um, não é sinal de nada a não ser maldade - ainda que seja inconsciente e na melhor das intenções. Já basta o medo imposto pela própria vida pra criarmos mais monstros dentro de casa. Conversar, dialogar e explicar o que acontece a uma criança dá mais trabalho do que ameaçar. Mas a gente educa pelo sentido e pelo significado, não pela subserviência ao medo.

Que a gente precise cada vez menos de monstros.

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