Comportamento Adolescente e Educação

Debates pra lá de públicos


Por Carolina Delboni

Época de debates no país. Época de construir argumentos para confrontar a fala, ou opinião, do outro. Precisa de muito aprendizado. Porque debater, confrontar, exige escuta e respeito. Exige conhecimento. Não só do assunto em questão, mas de princípios básicos que, supostamente, aprendemos na escola e em casa, como a oralidade. Porque não basta da voz, tem que ensinar a usar.

Provavelmente os mais velhos, como eu, não tiveram as famosas Rodas de Conversa na Educação Infantil como uma atividade do curriculum escolar. Mas muitos que aqui leem e tem filhos nessa idade, certamente já ouviram da escola sobre essas Rodas. Basicamente, são crianças sentadas em roda e uma professora como mediadora da conversa, mas nem sempre (ou quase sempre) a conversa acontece. Normalmente, a professora escolhe um tema e puxa perguntas aos alunos. Vale tudo! Os acontecimentos do final de semana, um livro que ela leu em sala, uma atividade que eles fizeram... Mas muitas vezes, a professora faz perguntas e as crianças respondem. Quando a "conversa" começa a sair do controle, a coisa é barrada com frases do tipo "ei, não pode conversar com o colega do lado" ou "aqui não é momento para isso". Mas quem nunca conversou com o amigo do lado numa conversa? Pensa numa mesa de bar, num grande almoço de família e na quantidade de conversas paralelas que acontecem.

As Rodas de Conversa que acontecem nas escolas, principalmente com os menores, não são rodas de conversa e sim de voz e fala solta. Não se aprende a conversar ali. Pressupõe-se que conversa tenha escuta, tenha mudança de assunto, tenha conversas paralelas, tenha interferência, tenha perguntas, tenha causos, tenha movimento. E com 20 alunos em sala de aula fica quase impossível manter essa conversa sobre controle. Porque conversa não pode ter controle. E quando tem alguém dizendo o que pode ou não pode acontecer na conversa, ela deixa de ser conversa.

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Tudo isso por que? Porque existe algo nas escolas que tem o intuito muito bom e essencial. Se queremos formar adultos capazes de escutar, conversar, comentar e debater, as Rodas na infância são essenciais e vitais. Mas é preciso que elas acontecem de verdade e não apenas na formalidade de grades curriculares só porque é bacaninha colocar todo mundo em circulo e conversar. É preciso dar voz, alimentar a conversa, considerar os comentários, fazer recomendações. Praticar o que se chama de oralidade.

Algo que tempos atrás, se fazia em casa, nos almoços de domingo quando a família sentava em volta da mesa e a conversa acontecia solta. E que lindo se elas pudessem voltar a acontecer. No almoço de domingo ou no jantar do dia a dia. Que lindo seria se famílias pudessem retomar o habito de sentarem juntas a mesa e compartilhar. Não só o alimento, mas também o que se vive. A vida. Seriam belos exercícios de Rodas de Conversa. Para a infância, a vida e as escolas. E para os debates pra lá de públicos em tempos de política. Em tempos de Brasil em chamas.

Ensinaríamos as crianças o que a gente chama de práticas sociais. Para que a gente consiga formar seres humanos para a vida. Capazes de serem socialmente protagonistas e responsáveis. Transformadores. Com escolas como lugares de sentidos ampliados de existir. Porque não se vai a escola para se formar e arrumar um trabalho. Seria uma visão muito reduzida de conhecimento. De mundo. Empresas como Google, IBM e Microsoft anunciaram semana passada que vagas de emprego não precisam mais ser preenchidas por candidatos que tenham diplomas. Porque diplomas não significam nada se não tiverem sido ampliados. Conhecimento a gente adquire como conhecimento de humanidade e não para arrumar emprego.

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Assim como a oralidade é apenas uma fala se não tiver uso social. É preciso se apropriar da linguagem para existir interação social. Assim como com as letras. De que adianta termos elevado o nível de alfabetização se estamos longe do letramento? De uma sociedade letrada. De que adianta ter voz se a gente grita? Não basta ler todo dia para uma criança, não basta ampliar o repertório com diferentes livros. É preciso falar sobre literatura. É preciso refletir sobre o que se está lendo. É preciso ir além das palavras no papel assim como a voz no ar.É preciso sentar a mesa e ter boas conversas.

Nosso desafio em tempos de debates é ter boas conversas. Humanas e que nos ajudem a construir uma sociedade mais capaz. Para sermos sujeitos competentes e ativos em nosso próprio desenvolvimento. Capazes de usar conhecimento para apreciar não só a fala do outro como o que ela carrega. Carrega de cultura, de costumes, de modos. Somos ainda muito analfabetos em escuta ao outro. Apreciar o conhecimento do outro ainda é um desafio e vai ser um ganho enorme quando os debates forem menos individualistas e mais coletivos. Para existir mais conversas e menos berros. Mais encontros com o outro. Como a origem da palavra em latim.

Época de debates no país. Época de construir argumentos para confrontar a fala, ou opinião, do outro. Precisa de muito aprendizado. Porque debater, confrontar, exige escuta e respeito. Exige conhecimento. Não só do assunto em questão, mas de princípios básicos que, supostamente, aprendemos na escola e em casa, como a oralidade. Porque não basta da voz, tem que ensinar a usar.

Provavelmente os mais velhos, como eu, não tiveram as famosas Rodas de Conversa na Educação Infantil como uma atividade do curriculum escolar. Mas muitos que aqui leem e tem filhos nessa idade, certamente já ouviram da escola sobre essas Rodas. Basicamente, são crianças sentadas em roda e uma professora como mediadora da conversa, mas nem sempre (ou quase sempre) a conversa acontece. Normalmente, a professora escolhe um tema e puxa perguntas aos alunos. Vale tudo! Os acontecimentos do final de semana, um livro que ela leu em sala, uma atividade que eles fizeram... Mas muitas vezes, a professora faz perguntas e as crianças respondem. Quando a "conversa" começa a sair do controle, a coisa é barrada com frases do tipo "ei, não pode conversar com o colega do lado" ou "aqui não é momento para isso". Mas quem nunca conversou com o amigo do lado numa conversa? Pensa numa mesa de bar, num grande almoço de família e na quantidade de conversas paralelas que acontecem.

As Rodas de Conversa que acontecem nas escolas, principalmente com os menores, não são rodas de conversa e sim de voz e fala solta. Não se aprende a conversar ali. Pressupõe-se que conversa tenha escuta, tenha mudança de assunto, tenha conversas paralelas, tenha interferência, tenha perguntas, tenha causos, tenha movimento. E com 20 alunos em sala de aula fica quase impossível manter essa conversa sobre controle. Porque conversa não pode ter controle. E quando tem alguém dizendo o que pode ou não pode acontecer na conversa, ela deixa de ser conversa.

Tudo isso por que? Porque existe algo nas escolas que tem o intuito muito bom e essencial. Se queremos formar adultos capazes de escutar, conversar, comentar e debater, as Rodas na infância são essenciais e vitais. Mas é preciso que elas acontecem de verdade e não apenas na formalidade de grades curriculares só porque é bacaninha colocar todo mundo em circulo e conversar. É preciso dar voz, alimentar a conversa, considerar os comentários, fazer recomendações. Praticar o que se chama de oralidade.

Algo que tempos atrás, se fazia em casa, nos almoços de domingo quando a família sentava em volta da mesa e a conversa acontecia solta. E que lindo se elas pudessem voltar a acontecer. No almoço de domingo ou no jantar do dia a dia. Que lindo seria se famílias pudessem retomar o habito de sentarem juntas a mesa e compartilhar. Não só o alimento, mas também o que se vive. A vida. Seriam belos exercícios de Rodas de Conversa. Para a infância, a vida e as escolas. E para os debates pra lá de públicos em tempos de política. Em tempos de Brasil em chamas.

Ensinaríamos as crianças o que a gente chama de práticas sociais. Para que a gente consiga formar seres humanos para a vida. Capazes de serem socialmente protagonistas e responsáveis. Transformadores. Com escolas como lugares de sentidos ampliados de existir. Porque não se vai a escola para se formar e arrumar um trabalho. Seria uma visão muito reduzida de conhecimento. De mundo. Empresas como Google, IBM e Microsoft anunciaram semana passada que vagas de emprego não precisam mais ser preenchidas por candidatos que tenham diplomas. Porque diplomas não significam nada se não tiverem sido ampliados. Conhecimento a gente adquire como conhecimento de humanidade e não para arrumar emprego.

Assim como a oralidade é apenas uma fala se não tiver uso social. É preciso se apropriar da linguagem para existir interação social. Assim como com as letras. De que adianta termos elevado o nível de alfabetização se estamos longe do letramento? De uma sociedade letrada. De que adianta ter voz se a gente grita? Não basta ler todo dia para uma criança, não basta ampliar o repertório com diferentes livros. É preciso falar sobre literatura. É preciso refletir sobre o que se está lendo. É preciso ir além das palavras no papel assim como a voz no ar.É preciso sentar a mesa e ter boas conversas.

Nosso desafio em tempos de debates é ter boas conversas. Humanas e que nos ajudem a construir uma sociedade mais capaz. Para sermos sujeitos competentes e ativos em nosso próprio desenvolvimento. Capazes de usar conhecimento para apreciar não só a fala do outro como o que ela carrega. Carrega de cultura, de costumes, de modos. Somos ainda muito analfabetos em escuta ao outro. Apreciar o conhecimento do outro ainda é um desafio e vai ser um ganho enorme quando os debates forem menos individualistas e mais coletivos. Para existir mais conversas e menos berros. Mais encontros com o outro. Como a origem da palavra em latim.

Época de debates no país. Época de construir argumentos para confrontar a fala, ou opinião, do outro. Precisa de muito aprendizado. Porque debater, confrontar, exige escuta e respeito. Exige conhecimento. Não só do assunto em questão, mas de princípios básicos que, supostamente, aprendemos na escola e em casa, como a oralidade. Porque não basta da voz, tem que ensinar a usar.

Provavelmente os mais velhos, como eu, não tiveram as famosas Rodas de Conversa na Educação Infantil como uma atividade do curriculum escolar. Mas muitos que aqui leem e tem filhos nessa idade, certamente já ouviram da escola sobre essas Rodas. Basicamente, são crianças sentadas em roda e uma professora como mediadora da conversa, mas nem sempre (ou quase sempre) a conversa acontece. Normalmente, a professora escolhe um tema e puxa perguntas aos alunos. Vale tudo! Os acontecimentos do final de semana, um livro que ela leu em sala, uma atividade que eles fizeram... Mas muitas vezes, a professora faz perguntas e as crianças respondem. Quando a "conversa" começa a sair do controle, a coisa é barrada com frases do tipo "ei, não pode conversar com o colega do lado" ou "aqui não é momento para isso". Mas quem nunca conversou com o amigo do lado numa conversa? Pensa numa mesa de bar, num grande almoço de família e na quantidade de conversas paralelas que acontecem.

As Rodas de Conversa que acontecem nas escolas, principalmente com os menores, não são rodas de conversa e sim de voz e fala solta. Não se aprende a conversar ali. Pressupõe-se que conversa tenha escuta, tenha mudança de assunto, tenha conversas paralelas, tenha interferência, tenha perguntas, tenha causos, tenha movimento. E com 20 alunos em sala de aula fica quase impossível manter essa conversa sobre controle. Porque conversa não pode ter controle. E quando tem alguém dizendo o que pode ou não pode acontecer na conversa, ela deixa de ser conversa.

Tudo isso por que? Porque existe algo nas escolas que tem o intuito muito bom e essencial. Se queremos formar adultos capazes de escutar, conversar, comentar e debater, as Rodas na infância são essenciais e vitais. Mas é preciso que elas acontecem de verdade e não apenas na formalidade de grades curriculares só porque é bacaninha colocar todo mundo em circulo e conversar. É preciso dar voz, alimentar a conversa, considerar os comentários, fazer recomendações. Praticar o que se chama de oralidade.

Algo que tempos atrás, se fazia em casa, nos almoços de domingo quando a família sentava em volta da mesa e a conversa acontecia solta. E que lindo se elas pudessem voltar a acontecer. No almoço de domingo ou no jantar do dia a dia. Que lindo seria se famílias pudessem retomar o habito de sentarem juntas a mesa e compartilhar. Não só o alimento, mas também o que se vive. A vida. Seriam belos exercícios de Rodas de Conversa. Para a infância, a vida e as escolas. E para os debates pra lá de públicos em tempos de política. Em tempos de Brasil em chamas.

Ensinaríamos as crianças o que a gente chama de práticas sociais. Para que a gente consiga formar seres humanos para a vida. Capazes de serem socialmente protagonistas e responsáveis. Transformadores. Com escolas como lugares de sentidos ampliados de existir. Porque não se vai a escola para se formar e arrumar um trabalho. Seria uma visão muito reduzida de conhecimento. De mundo. Empresas como Google, IBM e Microsoft anunciaram semana passada que vagas de emprego não precisam mais ser preenchidas por candidatos que tenham diplomas. Porque diplomas não significam nada se não tiverem sido ampliados. Conhecimento a gente adquire como conhecimento de humanidade e não para arrumar emprego.

Assim como a oralidade é apenas uma fala se não tiver uso social. É preciso se apropriar da linguagem para existir interação social. Assim como com as letras. De que adianta termos elevado o nível de alfabetização se estamos longe do letramento? De uma sociedade letrada. De que adianta ter voz se a gente grita? Não basta ler todo dia para uma criança, não basta ampliar o repertório com diferentes livros. É preciso falar sobre literatura. É preciso refletir sobre o que se está lendo. É preciso ir além das palavras no papel assim como a voz no ar.É preciso sentar a mesa e ter boas conversas.

Nosso desafio em tempos de debates é ter boas conversas. Humanas e que nos ajudem a construir uma sociedade mais capaz. Para sermos sujeitos competentes e ativos em nosso próprio desenvolvimento. Capazes de usar conhecimento para apreciar não só a fala do outro como o que ela carrega. Carrega de cultura, de costumes, de modos. Somos ainda muito analfabetos em escuta ao outro. Apreciar o conhecimento do outro ainda é um desafio e vai ser um ganho enorme quando os debates forem menos individualistas e mais coletivos. Para existir mais conversas e menos berros. Mais encontros com o outro. Como a origem da palavra em latim.

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