Comportamento Adolescente e Educação

Lugar de criança não é na rua


Por Carolina Delboni

Expressão de cunho popular que se firmou como garantia de segurança. Crianças não ficam na rua porque não é segura. Será? Entender a rua como um espaço de convivência e cidadania é uma proposta mais segura a infância

São 11h30, Lounge One do shopping JK Iguatemi. Vai começar um novo semestre de encontros do Pausa para Prosa, mediados pela psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão. O grupo, das sócias Ana Paula Maciel e Adriana Sola, existe há seis anos e os encontros acontecem há cinco. Sempre com o apoio de um filme, da arte, temas são convocados para dialogar sobre questões maternas. Uma forma de conectar com o sentir e ampliar conhecimento podendo olhar para outros lugares. "Não tem finalidade terapêutica, mas os efeitos colaterais são terapêuticos", fala Rosely.

O filme do dia era o sueco A Vida no Paraíso, que conta a história de um menino que sofreu amargamente na escola de sua cidade natal e depois se torna um grande maestro, na cidade grande. Num determinado momento da vida, ele resolve retornar e dar aulas aos moradores locais. Organiza um grande coral com a comunidade e é aí que estão os aprendizados. Para ele, no filme, e para nós expectadores e educadores de crianças. Convivência é o grande tema. De uma época em que se vive cada vez mais preso e em pequenos círculos. Como forma de proteção, de segurança, mas da falsa segurança. Porque quanto mais nos fechamos, menos temos o sentido de cidadania. E quanto menor esse sentido, maiores são os medos. É na prática que se aprende, e se vive, o senso de cidadania. É preciso ir para as ruas. Isso vale aos adultos e às crianças.

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 Foto: Estadão

É preciso ir e estar nas ruas. É preciso cultivar relações pessoais de convivência. Muito mais em grandes grupos do que nos pequenos círculos que estamos acostumados. Frequentamos os mesmos lugares, moramos em bairros próximos, os filhos vão as mesmas escolas, fazem esportes nos mesmos clubes... E a gente tem aquela frase clássica: "Nosso! Que mundo pequeno!". Será? Ou somos nós que não abrimos a porta pra rua?

Porque para se ter coragem, é preciso ter medo também. Porque é este medo que vai mobilizar a busca pelo conhecimento. Permitir a um filho que ele ande sozinho na rua, vá a pé para o inglês ou compre algo na padaria, exige esse enfrentamento de medo. Muito mais das famílias do que das crianças em si. Talvez sim, porque muitas vezes não têm consciência desse perigo, mas porque também são crianças. E que bom que não veem tanto terror nas pessoas que existem nas ruas como os adultos veem. É quando os filhos educam os pais. O controle que exercemos sobre essas crianças quando não as deixamos andar pelo bairro é multiplicador dessa insegurança, desse medo. De nada adianta pegar o carro e seguir a criança ou ficar atrás espiando pelo caminho.

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"Controle oferece insegurança porque as crianças e os adolescentes sabem que, por trás existe alguém, no caso os pais, que estão sempre resolvendo por eles", fala Rosely. "Eles precisam de desafios e o social, a vida social na cidade, é um desafio, mas precisamos permitir que aconteça". E dai é preciso ensinar. Ensinar a andar na rua sozinho e ensinar a enfrentar os desafios, ainda que eles dêem medo.

E quais desafios permitimos que eles enfrentem? Os que, aparentemente, são seguros. Os que ficam em torno de grades e seguranças. Onde eles procuram desafios, muitas vezes? O videogame é um deles. Porque é preciso passar de fase. É preciso avançar e isso exige da criança ou do adolescente algumas competências. Mas desafios de videogame são pequenos pra uma imensidão de vida.

No filme, neste momento, é quando o maestro retorna a sua cidade com o intuito de formar um coral com a comunidade. São diferentes pessoas, diferentes personalidades que precisam vibrar num mesmo tom. Vem o senso de convivência em comunidade. Do latim communitas, comum, geral, compartilhado por todos. Unidade comum. Público.

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A gente precisa ser mais solidário uns com os outros. "Isso desarma as pessoas", sugere Rosely Sayão. E provoca: "A gente ajuda a armar ou desarmar?". Quando, há todo momento, armamos comentários impiedosos na internet, qual nosso papel nesse lugar de criança na rua? A se pensar. Com muita empatia, senso de comunidade e convivência. Porque a vida no Brasil já é injusta demais. Não cabe a nós fazer crescer estas distâncias.

Expressão de cunho popular que se firmou como garantia de segurança. Crianças não ficam na rua porque não é segura. Será? Entender a rua como um espaço de convivência e cidadania é uma proposta mais segura a infância

São 11h30, Lounge One do shopping JK Iguatemi. Vai começar um novo semestre de encontros do Pausa para Prosa, mediados pela psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão. O grupo, das sócias Ana Paula Maciel e Adriana Sola, existe há seis anos e os encontros acontecem há cinco. Sempre com o apoio de um filme, da arte, temas são convocados para dialogar sobre questões maternas. Uma forma de conectar com o sentir e ampliar conhecimento podendo olhar para outros lugares. "Não tem finalidade terapêutica, mas os efeitos colaterais são terapêuticos", fala Rosely.

O filme do dia era o sueco A Vida no Paraíso, que conta a história de um menino que sofreu amargamente na escola de sua cidade natal e depois se torna um grande maestro, na cidade grande. Num determinado momento da vida, ele resolve retornar e dar aulas aos moradores locais. Organiza um grande coral com a comunidade e é aí que estão os aprendizados. Para ele, no filme, e para nós expectadores e educadores de crianças. Convivência é o grande tema. De uma época em que se vive cada vez mais preso e em pequenos círculos. Como forma de proteção, de segurança, mas da falsa segurança. Porque quanto mais nos fechamos, menos temos o sentido de cidadania. E quanto menor esse sentido, maiores são os medos. É na prática que se aprende, e se vive, o senso de cidadania. É preciso ir para as ruas. Isso vale aos adultos e às crianças.

 Foto: Estadão

É preciso ir e estar nas ruas. É preciso cultivar relações pessoais de convivência. Muito mais em grandes grupos do que nos pequenos círculos que estamos acostumados. Frequentamos os mesmos lugares, moramos em bairros próximos, os filhos vão as mesmas escolas, fazem esportes nos mesmos clubes... E a gente tem aquela frase clássica: "Nosso! Que mundo pequeno!". Será? Ou somos nós que não abrimos a porta pra rua?

Porque para se ter coragem, é preciso ter medo também. Porque é este medo que vai mobilizar a busca pelo conhecimento. Permitir a um filho que ele ande sozinho na rua, vá a pé para o inglês ou compre algo na padaria, exige esse enfrentamento de medo. Muito mais das famílias do que das crianças em si. Talvez sim, porque muitas vezes não têm consciência desse perigo, mas porque também são crianças. E que bom que não veem tanto terror nas pessoas que existem nas ruas como os adultos veem. É quando os filhos educam os pais. O controle que exercemos sobre essas crianças quando não as deixamos andar pelo bairro é multiplicador dessa insegurança, desse medo. De nada adianta pegar o carro e seguir a criança ou ficar atrás espiando pelo caminho.

"Controle oferece insegurança porque as crianças e os adolescentes sabem que, por trás existe alguém, no caso os pais, que estão sempre resolvendo por eles", fala Rosely. "Eles precisam de desafios e o social, a vida social na cidade, é um desafio, mas precisamos permitir que aconteça". E dai é preciso ensinar. Ensinar a andar na rua sozinho e ensinar a enfrentar os desafios, ainda que eles dêem medo.

E quais desafios permitimos que eles enfrentem? Os que, aparentemente, são seguros. Os que ficam em torno de grades e seguranças. Onde eles procuram desafios, muitas vezes? O videogame é um deles. Porque é preciso passar de fase. É preciso avançar e isso exige da criança ou do adolescente algumas competências. Mas desafios de videogame são pequenos pra uma imensidão de vida.

No filme, neste momento, é quando o maestro retorna a sua cidade com o intuito de formar um coral com a comunidade. São diferentes pessoas, diferentes personalidades que precisam vibrar num mesmo tom. Vem o senso de convivência em comunidade. Do latim communitas, comum, geral, compartilhado por todos. Unidade comum. Público.

A gente precisa ser mais solidário uns com os outros. "Isso desarma as pessoas", sugere Rosely Sayão. E provoca: "A gente ajuda a armar ou desarmar?". Quando, há todo momento, armamos comentários impiedosos na internet, qual nosso papel nesse lugar de criança na rua? A se pensar. Com muita empatia, senso de comunidade e convivência. Porque a vida no Brasil já é injusta demais. Não cabe a nós fazer crescer estas distâncias.

Expressão de cunho popular que se firmou como garantia de segurança. Crianças não ficam na rua porque não é segura. Será? Entender a rua como um espaço de convivência e cidadania é uma proposta mais segura a infância

São 11h30, Lounge One do shopping JK Iguatemi. Vai começar um novo semestre de encontros do Pausa para Prosa, mediados pela psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão. O grupo, das sócias Ana Paula Maciel e Adriana Sola, existe há seis anos e os encontros acontecem há cinco. Sempre com o apoio de um filme, da arte, temas são convocados para dialogar sobre questões maternas. Uma forma de conectar com o sentir e ampliar conhecimento podendo olhar para outros lugares. "Não tem finalidade terapêutica, mas os efeitos colaterais são terapêuticos", fala Rosely.

O filme do dia era o sueco A Vida no Paraíso, que conta a história de um menino que sofreu amargamente na escola de sua cidade natal e depois se torna um grande maestro, na cidade grande. Num determinado momento da vida, ele resolve retornar e dar aulas aos moradores locais. Organiza um grande coral com a comunidade e é aí que estão os aprendizados. Para ele, no filme, e para nós expectadores e educadores de crianças. Convivência é o grande tema. De uma época em que se vive cada vez mais preso e em pequenos círculos. Como forma de proteção, de segurança, mas da falsa segurança. Porque quanto mais nos fechamos, menos temos o sentido de cidadania. E quanto menor esse sentido, maiores são os medos. É na prática que se aprende, e se vive, o senso de cidadania. É preciso ir para as ruas. Isso vale aos adultos e às crianças.

 Foto: Estadão

É preciso ir e estar nas ruas. É preciso cultivar relações pessoais de convivência. Muito mais em grandes grupos do que nos pequenos círculos que estamos acostumados. Frequentamos os mesmos lugares, moramos em bairros próximos, os filhos vão as mesmas escolas, fazem esportes nos mesmos clubes... E a gente tem aquela frase clássica: "Nosso! Que mundo pequeno!". Será? Ou somos nós que não abrimos a porta pra rua?

Porque para se ter coragem, é preciso ter medo também. Porque é este medo que vai mobilizar a busca pelo conhecimento. Permitir a um filho que ele ande sozinho na rua, vá a pé para o inglês ou compre algo na padaria, exige esse enfrentamento de medo. Muito mais das famílias do que das crianças em si. Talvez sim, porque muitas vezes não têm consciência desse perigo, mas porque também são crianças. E que bom que não veem tanto terror nas pessoas que existem nas ruas como os adultos veem. É quando os filhos educam os pais. O controle que exercemos sobre essas crianças quando não as deixamos andar pelo bairro é multiplicador dessa insegurança, desse medo. De nada adianta pegar o carro e seguir a criança ou ficar atrás espiando pelo caminho.

"Controle oferece insegurança porque as crianças e os adolescentes sabem que, por trás existe alguém, no caso os pais, que estão sempre resolvendo por eles", fala Rosely. "Eles precisam de desafios e o social, a vida social na cidade, é um desafio, mas precisamos permitir que aconteça". E dai é preciso ensinar. Ensinar a andar na rua sozinho e ensinar a enfrentar os desafios, ainda que eles dêem medo.

E quais desafios permitimos que eles enfrentem? Os que, aparentemente, são seguros. Os que ficam em torno de grades e seguranças. Onde eles procuram desafios, muitas vezes? O videogame é um deles. Porque é preciso passar de fase. É preciso avançar e isso exige da criança ou do adolescente algumas competências. Mas desafios de videogame são pequenos pra uma imensidão de vida.

No filme, neste momento, é quando o maestro retorna a sua cidade com o intuito de formar um coral com a comunidade. São diferentes pessoas, diferentes personalidades que precisam vibrar num mesmo tom. Vem o senso de convivência em comunidade. Do latim communitas, comum, geral, compartilhado por todos. Unidade comum. Público.

A gente precisa ser mais solidário uns com os outros. "Isso desarma as pessoas", sugere Rosely Sayão. E provoca: "A gente ajuda a armar ou desarmar?". Quando, há todo momento, armamos comentários impiedosos na internet, qual nosso papel nesse lugar de criança na rua? A se pensar. Com muita empatia, senso de comunidade e convivência. Porque a vida no Brasil já é injusta demais. Não cabe a nós fazer crescer estas distâncias.

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