Comportamento Adolescente e Educação

Meninas vão ao ginecologista, mas e os meninos?


Por Carolina Delboni

Estudo revela que apenas 3,5% dos meninos vão ao urologista ao longo da adolescência, contra 42% das meninas, entre 13 e 17 anos, que frequentam o ginecologista. Já parou para pensar no impacto para a saúde dos meninos?

Meninas entram na puberdade e vão ao ginecologista. Meninos entram na puberdade e não vão a lugar algum. Já parou para pensar sobre isto? E quantos desdobramentos pode ter para a saúde deles? Não apenas a física, como a psicoemocional também.

São inúmeras as implicações que a falta de um médico especialista tem na vida do menino ou da menina quando entram na puberdade. A fase, marca não só o período de transição entre a infância e a vida adulta, mas uma série de novos desenvolvimentos. Entre eles, a afirmação da própria identidade, a descoberta da sexualidade e depois as experiências sexuais.

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É um tempo de muitas descobertas físicas, sociais e mentais. E a cada uma, uma nova experimentação. Para os adolescentes é preciso viver "de verdade" aquilo que eles sentem e elaboram internamente. Uma razão pela qual é possível compreender a intensidade das ações, dos movimentos e até dos humores deles.

Outra, está associada as mudanças hormonais que ambos vivem, cada um com suas especificidades e quando se trata das meninas, logo que menstruam, ou antes mesmo do primeiro ciclo, elas são levadas ao ginecologista. Existe uma compreensão social de que precisam de um acompanhamento mensal para cuidar das alterações hormonais para depois aprenderem sobre doenças sexualmente transmissível, gravidez precoce e outros temas. Mas e os meninos, como ficam?

Ficam abandonados ou "a deus dará", como diz a canção de Gilberto Gil. Impossível desvincular tal fato da nossa cultura machista que, de muitas maneiras, entende que o sexo masculino é autossuficiente, nasce pronto para a relação sexual e pouco precisa de cuidado. Será?

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 Foto: Estadão

As perguntas aqui são todas provocadoras de uma boa reflexão e a proposta é olharmos com mais carinho - e cuidado - para estes meninos que crescem cheio de dúvidas e inseguranças sobre o próprio corpo e o corpo do outro, mas acabam tendo que se contentar com amigos e a internet (leia-se pornografia) para buscar respostas.

Meninos são privados do lugar de conversa e acabam tendo a saúde negligenciada. Os números do estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com o Dr. Jairo Bouer, em 2019, confirmam o quadro. Apenas 3,5% consultam o médico especialista nesta fase, sendo que o sexo masculino representa a maioria, 50,9%, dos 53,7 milhões de adolescentes brasileiros, segundo dados do IBGE. O número é ínfimo.

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Para o urologista Dr. Thiago Machado, o número expressivamente baixo tem relação com a falta de informação dos pais. "Não temos uma resposta exata, mas sabemos que a criança fica num limbo. Ela deixa de ir ao pediatra e não se sabe se é por falta de conhecimento dos pais, dúvidas em quem levar, se é necessário levar ou se é mesmo parte do machismo cultural que diz que o homem não cuida bem da sua saúde e não deve procurar uma assistência", explica o médico.

Para ele, a puberdade é um momento de muitas mudanças no corpo e às vezes, os meninos não sabem como lidar com elas. "O consultório é um lugar para tirar dúvidas, receber uma orientação sobre sexualidade, como evitar uma gestação na adolescência, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, enfim, algo que ele, normalmente, não tem a quem recorrer", fala.

Dr. Thiago conta ainda que em 2018, a Sociedade Brasileira de Urologia fez uma primeira campanha para atrair esses meninos e as famílias aos consultórios. "Era uma percepção nossa de que o número de meninos era bem baixo, mas só em 2019 é que foi possível medir". "A campanha era para conscientizar e fazer com que os pacientes chegassem ao urologista precocemente. Para que tanto pais quanto adolescentes pudessem ter maior instrução e saberem que existem outras condições para a saúde", conta.

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Já são quatro campanhas da SBU, a última aconteceu em ano de pandemia, 2021, e a hashtag #VemProUro. chamava atenção para os cuidados com a saúde de maneira muito mais ampla uma vez que se notou a necessidade dos cuidados mentais.

Cartaz da campanha de 2020 da Sociedade Brasileira de Urologia para atrair meninos na puberdade para consultas de saúde Foto: Estadão
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Temas muito similares aos das meninas fazem parte das consultas dos meninos, claro que com suas especificidades, mas é possível encontrar em ambos consultórios dúvidas muito próximas e explicações que ambos sexos precisam ter, como gravidez precoce.

Meninos e meninas precisam ter informações sobre o que é uma gravidez precoce, como ela pode acontecer, como pode ser prevenida, quais são as consequências caso aconteça e por aí vai. Mas o que acontece é que, normalmente, limitamos as informações as meninas, como se não existisse razão dos meninos participarem dessa conversa. E por que a gente os priva destes espaços?

A própria menstruação da menina é outro tema importante para ambos sexos. Ou você acha que só elas precisam entender as mudanças hormonais que acontecem no corpo? Pensa como seriam mais respeitosas as relações meninos e meninas se ambos fossem educados para tal assunto.

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Meninos precisam de um lugar que não é a sala de casa, o quarto dos amigos e muito menos a internet, para fazerem perguntas, diminuir as angústias, aprender sobre sexualidade, sexo e a própria identidade. Eles pouco sabem sobre o próprio corpo e a gente pede deles que saibam sobre o corpo do outro. Como?

Se a escola não ensina, na "aula de corpo humano", como colocar uma camisinha, eles precisam sair em busca de tutoriais na internet para aprender a colocá-la e depois a gente fica culpando o menino quando ele engravida a menina. Percebe que tem muito coisa por trás de uma gravidez precoce além do que socialmente é chamado de "irresponsabilidade"?

Falar sobre sexo ainda é tabu entre adultos e fico imaginando o peso dessa cortina quando descemos para relação pais e filhos. Meninas rapidamente são levadas ao médico até como forma de prevenção as violências sexuais, mas meninos ficam à deriva e neste abandono perdemos a chance de educá-los para a própria sexualidade, para as relações sexuais que terão e também para a desconstrução do machismo.

E quando a gente fala em desconstruir machismo e relações machistas, ações educativas e formativas deveriam passar por aqui, pela necessidade dos meninos irem periodicamente ao urologista assim que entram na puberdade. Pela saúde deles, para a saúde deles e das relações que terão. Precisamos levar os meninos ao urologista com regularidade, isso significa muito antes de atingirem a vida adulta.

Estudo revela que apenas 3,5% dos meninos vão ao urologista ao longo da adolescência, contra 42% das meninas, entre 13 e 17 anos, que frequentam o ginecologista. Já parou para pensar no impacto para a saúde dos meninos?

Meninas entram na puberdade e vão ao ginecologista. Meninos entram na puberdade e não vão a lugar algum. Já parou para pensar sobre isto? E quantos desdobramentos pode ter para a saúde deles? Não apenas a física, como a psicoemocional também.

São inúmeras as implicações que a falta de um médico especialista tem na vida do menino ou da menina quando entram na puberdade. A fase, marca não só o período de transição entre a infância e a vida adulta, mas uma série de novos desenvolvimentos. Entre eles, a afirmação da própria identidade, a descoberta da sexualidade e depois as experiências sexuais.

É um tempo de muitas descobertas físicas, sociais e mentais. E a cada uma, uma nova experimentação. Para os adolescentes é preciso viver "de verdade" aquilo que eles sentem e elaboram internamente. Uma razão pela qual é possível compreender a intensidade das ações, dos movimentos e até dos humores deles.

Outra, está associada as mudanças hormonais que ambos vivem, cada um com suas especificidades e quando se trata das meninas, logo que menstruam, ou antes mesmo do primeiro ciclo, elas são levadas ao ginecologista. Existe uma compreensão social de que precisam de um acompanhamento mensal para cuidar das alterações hormonais para depois aprenderem sobre doenças sexualmente transmissível, gravidez precoce e outros temas. Mas e os meninos, como ficam?

Ficam abandonados ou "a deus dará", como diz a canção de Gilberto Gil. Impossível desvincular tal fato da nossa cultura machista que, de muitas maneiras, entende que o sexo masculino é autossuficiente, nasce pronto para a relação sexual e pouco precisa de cuidado. Será?

 Foto: Estadão

As perguntas aqui são todas provocadoras de uma boa reflexão e a proposta é olharmos com mais carinho - e cuidado - para estes meninos que crescem cheio de dúvidas e inseguranças sobre o próprio corpo e o corpo do outro, mas acabam tendo que se contentar com amigos e a internet (leia-se pornografia) para buscar respostas.

Meninos são privados do lugar de conversa e acabam tendo a saúde negligenciada. Os números do estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com o Dr. Jairo Bouer, em 2019, confirmam o quadro. Apenas 3,5% consultam o médico especialista nesta fase, sendo que o sexo masculino representa a maioria, 50,9%, dos 53,7 milhões de adolescentes brasileiros, segundo dados do IBGE. O número é ínfimo.

Para o urologista Dr. Thiago Machado, o número expressivamente baixo tem relação com a falta de informação dos pais. "Não temos uma resposta exata, mas sabemos que a criança fica num limbo. Ela deixa de ir ao pediatra e não se sabe se é por falta de conhecimento dos pais, dúvidas em quem levar, se é necessário levar ou se é mesmo parte do machismo cultural que diz que o homem não cuida bem da sua saúde e não deve procurar uma assistência", explica o médico.

Para ele, a puberdade é um momento de muitas mudanças no corpo e às vezes, os meninos não sabem como lidar com elas. "O consultório é um lugar para tirar dúvidas, receber uma orientação sobre sexualidade, como evitar uma gestação na adolescência, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, enfim, algo que ele, normalmente, não tem a quem recorrer", fala.

Dr. Thiago conta ainda que em 2018, a Sociedade Brasileira de Urologia fez uma primeira campanha para atrair esses meninos e as famílias aos consultórios. "Era uma percepção nossa de que o número de meninos era bem baixo, mas só em 2019 é que foi possível medir". "A campanha era para conscientizar e fazer com que os pacientes chegassem ao urologista precocemente. Para que tanto pais quanto adolescentes pudessem ter maior instrução e saberem que existem outras condições para a saúde", conta.

Já são quatro campanhas da SBU, a última aconteceu em ano de pandemia, 2021, e a hashtag #VemProUro. chamava atenção para os cuidados com a saúde de maneira muito mais ampla uma vez que se notou a necessidade dos cuidados mentais.

Cartaz da campanha de 2020 da Sociedade Brasileira de Urologia para atrair meninos na puberdade para consultas de saúde Foto: Estadão

Temas muito similares aos das meninas fazem parte das consultas dos meninos, claro que com suas especificidades, mas é possível encontrar em ambos consultórios dúvidas muito próximas e explicações que ambos sexos precisam ter, como gravidez precoce.

Meninos e meninas precisam ter informações sobre o que é uma gravidez precoce, como ela pode acontecer, como pode ser prevenida, quais são as consequências caso aconteça e por aí vai. Mas o que acontece é que, normalmente, limitamos as informações as meninas, como se não existisse razão dos meninos participarem dessa conversa. E por que a gente os priva destes espaços?

A própria menstruação da menina é outro tema importante para ambos sexos. Ou você acha que só elas precisam entender as mudanças hormonais que acontecem no corpo? Pensa como seriam mais respeitosas as relações meninos e meninas se ambos fossem educados para tal assunto.

Meninos precisam de um lugar que não é a sala de casa, o quarto dos amigos e muito menos a internet, para fazerem perguntas, diminuir as angústias, aprender sobre sexualidade, sexo e a própria identidade. Eles pouco sabem sobre o próprio corpo e a gente pede deles que saibam sobre o corpo do outro. Como?

Se a escola não ensina, na "aula de corpo humano", como colocar uma camisinha, eles precisam sair em busca de tutoriais na internet para aprender a colocá-la e depois a gente fica culpando o menino quando ele engravida a menina. Percebe que tem muito coisa por trás de uma gravidez precoce além do que socialmente é chamado de "irresponsabilidade"?

Falar sobre sexo ainda é tabu entre adultos e fico imaginando o peso dessa cortina quando descemos para relação pais e filhos. Meninas rapidamente são levadas ao médico até como forma de prevenção as violências sexuais, mas meninos ficam à deriva e neste abandono perdemos a chance de educá-los para a própria sexualidade, para as relações sexuais que terão e também para a desconstrução do machismo.

E quando a gente fala em desconstruir machismo e relações machistas, ações educativas e formativas deveriam passar por aqui, pela necessidade dos meninos irem periodicamente ao urologista assim que entram na puberdade. Pela saúde deles, para a saúde deles e das relações que terão. Precisamos levar os meninos ao urologista com regularidade, isso significa muito antes de atingirem a vida adulta.

Estudo revela que apenas 3,5% dos meninos vão ao urologista ao longo da adolescência, contra 42% das meninas, entre 13 e 17 anos, que frequentam o ginecologista. Já parou para pensar no impacto para a saúde dos meninos?

Meninas entram na puberdade e vão ao ginecologista. Meninos entram na puberdade e não vão a lugar algum. Já parou para pensar sobre isto? E quantos desdobramentos pode ter para a saúde deles? Não apenas a física, como a psicoemocional também.

São inúmeras as implicações que a falta de um médico especialista tem na vida do menino ou da menina quando entram na puberdade. A fase, marca não só o período de transição entre a infância e a vida adulta, mas uma série de novos desenvolvimentos. Entre eles, a afirmação da própria identidade, a descoberta da sexualidade e depois as experiências sexuais.

É um tempo de muitas descobertas físicas, sociais e mentais. E a cada uma, uma nova experimentação. Para os adolescentes é preciso viver "de verdade" aquilo que eles sentem e elaboram internamente. Uma razão pela qual é possível compreender a intensidade das ações, dos movimentos e até dos humores deles.

Outra, está associada as mudanças hormonais que ambos vivem, cada um com suas especificidades e quando se trata das meninas, logo que menstruam, ou antes mesmo do primeiro ciclo, elas são levadas ao ginecologista. Existe uma compreensão social de que precisam de um acompanhamento mensal para cuidar das alterações hormonais para depois aprenderem sobre doenças sexualmente transmissível, gravidez precoce e outros temas. Mas e os meninos, como ficam?

Ficam abandonados ou "a deus dará", como diz a canção de Gilberto Gil. Impossível desvincular tal fato da nossa cultura machista que, de muitas maneiras, entende que o sexo masculino é autossuficiente, nasce pronto para a relação sexual e pouco precisa de cuidado. Será?

 Foto: Estadão

As perguntas aqui são todas provocadoras de uma boa reflexão e a proposta é olharmos com mais carinho - e cuidado - para estes meninos que crescem cheio de dúvidas e inseguranças sobre o próprio corpo e o corpo do outro, mas acabam tendo que se contentar com amigos e a internet (leia-se pornografia) para buscar respostas.

Meninos são privados do lugar de conversa e acabam tendo a saúde negligenciada. Os números do estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com o Dr. Jairo Bouer, em 2019, confirmam o quadro. Apenas 3,5% consultam o médico especialista nesta fase, sendo que o sexo masculino representa a maioria, 50,9%, dos 53,7 milhões de adolescentes brasileiros, segundo dados do IBGE. O número é ínfimo.

Para o urologista Dr. Thiago Machado, o número expressivamente baixo tem relação com a falta de informação dos pais. "Não temos uma resposta exata, mas sabemos que a criança fica num limbo. Ela deixa de ir ao pediatra e não se sabe se é por falta de conhecimento dos pais, dúvidas em quem levar, se é necessário levar ou se é mesmo parte do machismo cultural que diz que o homem não cuida bem da sua saúde e não deve procurar uma assistência", explica o médico.

Para ele, a puberdade é um momento de muitas mudanças no corpo e às vezes, os meninos não sabem como lidar com elas. "O consultório é um lugar para tirar dúvidas, receber uma orientação sobre sexualidade, como evitar uma gestação na adolescência, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, enfim, algo que ele, normalmente, não tem a quem recorrer", fala.

Dr. Thiago conta ainda que em 2018, a Sociedade Brasileira de Urologia fez uma primeira campanha para atrair esses meninos e as famílias aos consultórios. "Era uma percepção nossa de que o número de meninos era bem baixo, mas só em 2019 é que foi possível medir". "A campanha era para conscientizar e fazer com que os pacientes chegassem ao urologista precocemente. Para que tanto pais quanto adolescentes pudessem ter maior instrução e saberem que existem outras condições para a saúde", conta.

Já são quatro campanhas da SBU, a última aconteceu em ano de pandemia, 2021, e a hashtag #VemProUro. chamava atenção para os cuidados com a saúde de maneira muito mais ampla uma vez que se notou a necessidade dos cuidados mentais.

Cartaz da campanha de 2020 da Sociedade Brasileira de Urologia para atrair meninos na puberdade para consultas de saúde Foto: Estadão

Temas muito similares aos das meninas fazem parte das consultas dos meninos, claro que com suas especificidades, mas é possível encontrar em ambos consultórios dúvidas muito próximas e explicações que ambos sexos precisam ter, como gravidez precoce.

Meninos e meninas precisam ter informações sobre o que é uma gravidez precoce, como ela pode acontecer, como pode ser prevenida, quais são as consequências caso aconteça e por aí vai. Mas o que acontece é que, normalmente, limitamos as informações as meninas, como se não existisse razão dos meninos participarem dessa conversa. E por que a gente os priva destes espaços?

A própria menstruação da menina é outro tema importante para ambos sexos. Ou você acha que só elas precisam entender as mudanças hormonais que acontecem no corpo? Pensa como seriam mais respeitosas as relações meninos e meninas se ambos fossem educados para tal assunto.

Meninos precisam de um lugar que não é a sala de casa, o quarto dos amigos e muito menos a internet, para fazerem perguntas, diminuir as angústias, aprender sobre sexualidade, sexo e a própria identidade. Eles pouco sabem sobre o próprio corpo e a gente pede deles que saibam sobre o corpo do outro. Como?

Se a escola não ensina, na "aula de corpo humano", como colocar uma camisinha, eles precisam sair em busca de tutoriais na internet para aprender a colocá-la e depois a gente fica culpando o menino quando ele engravida a menina. Percebe que tem muito coisa por trás de uma gravidez precoce além do que socialmente é chamado de "irresponsabilidade"?

Falar sobre sexo ainda é tabu entre adultos e fico imaginando o peso dessa cortina quando descemos para relação pais e filhos. Meninas rapidamente são levadas ao médico até como forma de prevenção as violências sexuais, mas meninos ficam à deriva e neste abandono perdemos a chance de educá-los para a própria sexualidade, para as relações sexuais que terão e também para a desconstrução do machismo.

E quando a gente fala em desconstruir machismo e relações machistas, ações educativas e formativas deveriam passar por aqui, pela necessidade dos meninos irem periodicamente ao urologista assim que entram na puberdade. Pela saúde deles, para a saúde deles e das relações que terão. Precisamos levar os meninos ao urologista com regularidade, isso significa muito antes de atingirem a vida adulta.

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