Comportamento Adolescente e Educação

Não encosta em mim


Por Carolina Delboni

Semana passada não consegui publicar a coluna. Me faltaram palavras, objetivamente. Não sabia nem por onde começar. Me restou dormir por dias com um estupro. Estupro do que eu acredito ser humano, do que eu acredito ser amor, respeito, relação, troca. Estupro dos valores humanos, do que eu espero ser o futuro. Paralisei. Porque desacreditei na possibilidade de o homem ter alma. Me lembrou da relação violenta do homem com a natureza no filme O Regresso, onde o ator Leonardo DiCaprio vive o lado capaz de lutar com a natureza e levar a vingança às últimas consequências. O filme me colocou em contato com o lado selvagem do homem. Bruto. Brutal. Capaz de arrancar as tripas do animal para sobreviver. O filme também me colocou em contato com o questionamento do que é ser humano, de onde está a essência da nossa espécie. Perdeu-se. E talvez tenhamos que voltar a ser primitivos para resgatar o que se perdeu na evolução da espécie. O filme e o estupro se encontram na brutalidade do homem, na violência contra o outro, na luta de força, na vingança. Voltar a história, rebobinar o filme, não podemos. Mas podemos mudar, e fazer, o daqui pra frente.

 

A nossa história é a história que a gente conta. E nesse momento tenho obrigação de escrever como mulher e como mãe. Não como jornalista. Meu papel é maior no educar do que no escrever. Tentar escrever sobre o acontecimento de uma menina de 16 anos com o que me cabe como jornalista, mas na figura inteira de mulher e mãe. Mãe de meninos. Três. E que se preocupa profundamente com algo chamado de nós: meninas/mulheres/mães. Não sou feminista, mas tenho profundo respeito e admiração por essas meninas e mulheres que estão aí, no fronte, lutando por algo que é de todas nós. Levanto aqui a minha bandeira, de forma genuína. E escolho não falar da brutalidade que fizeram com essa menina e sim do desejo, também genuíno, dela para os 33 homens que a estupraram. "Que eles tenham filhas". Pow! Soco na alma masculina. Soco na alma. Que é capaz de ficar com o pinto duro diante de uma mulher acuada. Me expliquem como existe prazer quando o outro treme de medo na sua frente? Sórdido pensar que existem homens capazes de sentir prazer com a dor do outro. Ou "foda-se", eles devem pensar. Foda-se você. Foda-se você, eu te digo. E que, antes de esses homens serem capazes de ter filhas, sejam capazes de perceber o quanto covarde e fracos eles são.

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Que movimentos feministas possam mostrar a esses homens e à sociedade toda como se deve tratar e respeitar uma mulher. Independente da vida que ela vive. Como devemos ser respeitadas em nossos princípios, em nosso corpo, em nossas escolhas e nossas vontades. Nada, eu disse nada, justifica uma violência sexual. E aos que justificam o estupro dizendo que ela é puta, eu digo: nem puta, nem doutora. Nem da periferia, nem da zona sul. Homem nenhum tem o direito de tocá-la sem seu consentimento. E que movimentos como O sai pra lá, #NãoSouGracinhaNão, das meninas do Colégio Gracinha, em SP; o projeto Think Olga, que trabalha a favor do empoderamento feminino; a plataforma do Quebrando Tabu; o blog Chorumelas, da ativista Mariana Varella; a campanha #LikeAGirls, do absorvente Always, que traz a discussão da força da menina e de quanto ela é capaz tanto quanto os meninos; com a campanha esportista Nem Toda Menina Nasceu para Ser Bailarina; com os brinquedos de engenharia criados pela americana Debbie Sterling, o GoldieBox; que as meninas da escola de Porto Alegre possam ir de minissaia à escola e consigam que a diretora entenda que o problema não são elas, e sim os que olham com segundas intenções; ao movimento pela fim da cultura do estupro; pelo direito de ir e vir a todos. No morro ou na zona sul. E se ainda pudéssemos ter o apoio das rádios em se recusar a tocar músicas com letras que degradam a imagem da mulher. Se as produtoras devolvessem os roteiros de mulher gostosa das empresas de cerveja. Se a moda não fizesse mais campanhas com mulheres jogadas no chão. Se cada um fizer um pouco, fizemos muito todos juntos.

 

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E que os meninos e os homens sejam incluídos, cada vez mais, nessa conversa, que não é só das mulheres. Não é só nossa. Muito pelo contrário. Precisamos puxar a cadeira para que eles participem dos fóruns, das discussões e das conversas. Eles precisam carregar a bandeira junto com a gente. A mudança no feminino já foi provocada. Vamos provocar neles também. Sem deixá-los com medo ou acuados. Precisamos que eles tenham escuta para conseguir provocar a mudança. É um desejo.

 

Desejo que estendo a meus filhos. E que eles possam mais. Ao Pedro, desejo que você continue a espalhar sensibilidade pelo mundo. Que você possa mostrar que os meninos têm alma, têm coração. Que vocês sentem e se sensibilizam. E se te chamarem de novo de gay, que você possa dar a mesma resposta que já deu: "E se eu for, qual o problema?". Nenhum, meu filho querido. Absolutamente nenhum.

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Ao Lucas, desejo que você continue a encontrar na sua tia a força e a admiração de um atleta. Que ela possa te mostrar que não é pela força, não é pela brutalidade, que se vence. É pelo esforço, pela dedicação e, principalmente, pelo respeito ao adversário.  Seja ele quem for. Que você possa se emocionar de novo quando um amigo for embora. Porque sentir aperto no coração e chorar é grandioso. Macho são os que não choram.

 

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Ao Felipe, desejo que sua sansei continue a te ensinar sobre força física, sobre meninas no tatame. Sobre respeito. Que sua prima Luiza continue a te convidar pra brincar de casinha; que você continue a convidá-la para brincar de luta; e que vocês dois continuem a se encontrar e se respeitar nas brincadeiras de criança. Porque tanto faz se é de menina ou menino, o que vale é vocês estarem juntos. E como é bom! Que sua professora de tricô continue a ser sua professora preferida.

 

E que vocês três possam fazer parte dessa mudança de cultura e postura machista em que o mundo se apoia há tantos anos. Que sejam protagonistas desse movimento. O que depender de mim e do pai de vocês será feito. Toda mudança começa por nós, dentro de nós. Somos todos, todos, corresponsáveis para que casos como dessa menina e de tantas outras não continuem a acontecer em sociedade. Sexo precisa de consentimento duplo, triplo, de quantos estiverem envolvidos. Precisa de consentimento. De consentir - sentir junto. Juntos.

Semana passada não consegui publicar a coluna. Me faltaram palavras, objetivamente. Não sabia nem por onde começar. Me restou dormir por dias com um estupro. Estupro do que eu acredito ser humano, do que eu acredito ser amor, respeito, relação, troca. Estupro dos valores humanos, do que eu espero ser o futuro. Paralisei. Porque desacreditei na possibilidade de o homem ter alma. Me lembrou da relação violenta do homem com a natureza no filme O Regresso, onde o ator Leonardo DiCaprio vive o lado capaz de lutar com a natureza e levar a vingança às últimas consequências. O filme me colocou em contato com o lado selvagem do homem. Bruto. Brutal. Capaz de arrancar as tripas do animal para sobreviver. O filme também me colocou em contato com o questionamento do que é ser humano, de onde está a essência da nossa espécie. Perdeu-se. E talvez tenhamos que voltar a ser primitivos para resgatar o que se perdeu na evolução da espécie. O filme e o estupro se encontram na brutalidade do homem, na violência contra o outro, na luta de força, na vingança. Voltar a história, rebobinar o filme, não podemos. Mas podemos mudar, e fazer, o daqui pra frente.

 

A nossa história é a história que a gente conta. E nesse momento tenho obrigação de escrever como mulher e como mãe. Não como jornalista. Meu papel é maior no educar do que no escrever. Tentar escrever sobre o acontecimento de uma menina de 16 anos com o que me cabe como jornalista, mas na figura inteira de mulher e mãe. Mãe de meninos. Três. E que se preocupa profundamente com algo chamado de nós: meninas/mulheres/mães. Não sou feminista, mas tenho profundo respeito e admiração por essas meninas e mulheres que estão aí, no fronte, lutando por algo que é de todas nós. Levanto aqui a minha bandeira, de forma genuína. E escolho não falar da brutalidade que fizeram com essa menina e sim do desejo, também genuíno, dela para os 33 homens que a estupraram. "Que eles tenham filhas". Pow! Soco na alma masculina. Soco na alma. Que é capaz de ficar com o pinto duro diante de uma mulher acuada. Me expliquem como existe prazer quando o outro treme de medo na sua frente? Sórdido pensar que existem homens capazes de sentir prazer com a dor do outro. Ou "foda-se", eles devem pensar. Foda-se você. Foda-se você, eu te digo. E que, antes de esses homens serem capazes de ter filhas, sejam capazes de perceber o quanto covarde e fracos eles são.

 

Que movimentos feministas possam mostrar a esses homens e à sociedade toda como se deve tratar e respeitar uma mulher. Independente da vida que ela vive. Como devemos ser respeitadas em nossos princípios, em nosso corpo, em nossas escolhas e nossas vontades. Nada, eu disse nada, justifica uma violência sexual. E aos que justificam o estupro dizendo que ela é puta, eu digo: nem puta, nem doutora. Nem da periferia, nem da zona sul. Homem nenhum tem o direito de tocá-la sem seu consentimento. E que movimentos como O sai pra lá, #NãoSouGracinhaNão, das meninas do Colégio Gracinha, em SP; o projeto Think Olga, que trabalha a favor do empoderamento feminino; a plataforma do Quebrando Tabu; o blog Chorumelas, da ativista Mariana Varella; a campanha #LikeAGirls, do absorvente Always, que traz a discussão da força da menina e de quanto ela é capaz tanto quanto os meninos; com a campanha esportista Nem Toda Menina Nasceu para Ser Bailarina; com os brinquedos de engenharia criados pela americana Debbie Sterling, o GoldieBox; que as meninas da escola de Porto Alegre possam ir de minissaia à escola e consigam que a diretora entenda que o problema não são elas, e sim os que olham com segundas intenções; ao movimento pela fim da cultura do estupro; pelo direito de ir e vir a todos. No morro ou na zona sul. E se ainda pudéssemos ter o apoio das rádios em se recusar a tocar músicas com letras que degradam a imagem da mulher. Se as produtoras devolvessem os roteiros de mulher gostosa das empresas de cerveja. Se a moda não fizesse mais campanhas com mulheres jogadas no chão. Se cada um fizer um pouco, fizemos muito todos juntos.

 

E que os meninos e os homens sejam incluídos, cada vez mais, nessa conversa, que não é só das mulheres. Não é só nossa. Muito pelo contrário. Precisamos puxar a cadeira para que eles participem dos fóruns, das discussões e das conversas. Eles precisam carregar a bandeira junto com a gente. A mudança no feminino já foi provocada. Vamos provocar neles também. Sem deixá-los com medo ou acuados. Precisamos que eles tenham escuta para conseguir provocar a mudança. É um desejo.

 

Desejo que estendo a meus filhos. E que eles possam mais. Ao Pedro, desejo que você continue a espalhar sensibilidade pelo mundo. Que você possa mostrar que os meninos têm alma, têm coração. Que vocês sentem e se sensibilizam. E se te chamarem de novo de gay, que você possa dar a mesma resposta que já deu: "E se eu for, qual o problema?". Nenhum, meu filho querido. Absolutamente nenhum.

 

Ao Lucas, desejo que você continue a encontrar na sua tia a força e a admiração de um atleta. Que ela possa te mostrar que não é pela força, não é pela brutalidade, que se vence. É pelo esforço, pela dedicação e, principalmente, pelo respeito ao adversário.  Seja ele quem for. Que você possa se emocionar de novo quando um amigo for embora. Porque sentir aperto no coração e chorar é grandioso. Macho são os que não choram.

 

Ao Felipe, desejo que sua sansei continue a te ensinar sobre força física, sobre meninas no tatame. Sobre respeito. Que sua prima Luiza continue a te convidar pra brincar de casinha; que você continue a convidá-la para brincar de luta; e que vocês dois continuem a se encontrar e se respeitar nas brincadeiras de criança. Porque tanto faz se é de menina ou menino, o que vale é vocês estarem juntos. E como é bom! Que sua professora de tricô continue a ser sua professora preferida.

 

E que vocês três possam fazer parte dessa mudança de cultura e postura machista em que o mundo se apoia há tantos anos. Que sejam protagonistas desse movimento. O que depender de mim e do pai de vocês será feito. Toda mudança começa por nós, dentro de nós. Somos todos, todos, corresponsáveis para que casos como dessa menina e de tantas outras não continuem a acontecer em sociedade. Sexo precisa de consentimento duplo, triplo, de quantos estiverem envolvidos. Precisa de consentimento. De consentir - sentir junto. Juntos.

Semana passada não consegui publicar a coluna. Me faltaram palavras, objetivamente. Não sabia nem por onde começar. Me restou dormir por dias com um estupro. Estupro do que eu acredito ser humano, do que eu acredito ser amor, respeito, relação, troca. Estupro dos valores humanos, do que eu espero ser o futuro. Paralisei. Porque desacreditei na possibilidade de o homem ter alma. Me lembrou da relação violenta do homem com a natureza no filme O Regresso, onde o ator Leonardo DiCaprio vive o lado capaz de lutar com a natureza e levar a vingança às últimas consequências. O filme me colocou em contato com o lado selvagem do homem. Bruto. Brutal. Capaz de arrancar as tripas do animal para sobreviver. O filme também me colocou em contato com o questionamento do que é ser humano, de onde está a essência da nossa espécie. Perdeu-se. E talvez tenhamos que voltar a ser primitivos para resgatar o que se perdeu na evolução da espécie. O filme e o estupro se encontram na brutalidade do homem, na violência contra o outro, na luta de força, na vingança. Voltar a história, rebobinar o filme, não podemos. Mas podemos mudar, e fazer, o daqui pra frente.

 

A nossa história é a história que a gente conta. E nesse momento tenho obrigação de escrever como mulher e como mãe. Não como jornalista. Meu papel é maior no educar do que no escrever. Tentar escrever sobre o acontecimento de uma menina de 16 anos com o que me cabe como jornalista, mas na figura inteira de mulher e mãe. Mãe de meninos. Três. E que se preocupa profundamente com algo chamado de nós: meninas/mulheres/mães. Não sou feminista, mas tenho profundo respeito e admiração por essas meninas e mulheres que estão aí, no fronte, lutando por algo que é de todas nós. Levanto aqui a minha bandeira, de forma genuína. E escolho não falar da brutalidade que fizeram com essa menina e sim do desejo, também genuíno, dela para os 33 homens que a estupraram. "Que eles tenham filhas". Pow! Soco na alma masculina. Soco na alma. Que é capaz de ficar com o pinto duro diante de uma mulher acuada. Me expliquem como existe prazer quando o outro treme de medo na sua frente? Sórdido pensar que existem homens capazes de sentir prazer com a dor do outro. Ou "foda-se", eles devem pensar. Foda-se você. Foda-se você, eu te digo. E que, antes de esses homens serem capazes de ter filhas, sejam capazes de perceber o quanto covarde e fracos eles são.

 

Que movimentos feministas possam mostrar a esses homens e à sociedade toda como se deve tratar e respeitar uma mulher. Independente da vida que ela vive. Como devemos ser respeitadas em nossos princípios, em nosso corpo, em nossas escolhas e nossas vontades. Nada, eu disse nada, justifica uma violência sexual. E aos que justificam o estupro dizendo que ela é puta, eu digo: nem puta, nem doutora. Nem da periferia, nem da zona sul. Homem nenhum tem o direito de tocá-la sem seu consentimento. E que movimentos como O sai pra lá, #NãoSouGracinhaNão, das meninas do Colégio Gracinha, em SP; o projeto Think Olga, que trabalha a favor do empoderamento feminino; a plataforma do Quebrando Tabu; o blog Chorumelas, da ativista Mariana Varella; a campanha #LikeAGirls, do absorvente Always, que traz a discussão da força da menina e de quanto ela é capaz tanto quanto os meninos; com a campanha esportista Nem Toda Menina Nasceu para Ser Bailarina; com os brinquedos de engenharia criados pela americana Debbie Sterling, o GoldieBox; que as meninas da escola de Porto Alegre possam ir de minissaia à escola e consigam que a diretora entenda que o problema não são elas, e sim os que olham com segundas intenções; ao movimento pela fim da cultura do estupro; pelo direito de ir e vir a todos. No morro ou na zona sul. E se ainda pudéssemos ter o apoio das rádios em se recusar a tocar músicas com letras que degradam a imagem da mulher. Se as produtoras devolvessem os roteiros de mulher gostosa das empresas de cerveja. Se a moda não fizesse mais campanhas com mulheres jogadas no chão. Se cada um fizer um pouco, fizemos muito todos juntos.

 

E que os meninos e os homens sejam incluídos, cada vez mais, nessa conversa, que não é só das mulheres. Não é só nossa. Muito pelo contrário. Precisamos puxar a cadeira para que eles participem dos fóruns, das discussões e das conversas. Eles precisam carregar a bandeira junto com a gente. A mudança no feminino já foi provocada. Vamos provocar neles também. Sem deixá-los com medo ou acuados. Precisamos que eles tenham escuta para conseguir provocar a mudança. É um desejo.

 

Desejo que estendo a meus filhos. E que eles possam mais. Ao Pedro, desejo que você continue a espalhar sensibilidade pelo mundo. Que você possa mostrar que os meninos têm alma, têm coração. Que vocês sentem e se sensibilizam. E se te chamarem de novo de gay, que você possa dar a mesma resposta que já deu: "E se eu for, qual o problema?". Nenhum, meu filho querido. Absolutamente nenhum.

 

Ao Lucas, desejo que você continue a encontrar na sua tia a força e a admiração de um atleta. Que ela possa te mostrar que não é pela força, não é pela brutalidade, que se vence. É pelo esforço, pela dedicação e, principalmente, pelo respeito ao adversário.  Seja ele quem for. Que você possa se emocionar de novo quando um amigo for embora. Porque sentir aperto no coração e chorar é grandioso. Macho são os que não choram.

 

Ao Felipe, desejo que sua sansei continue a te ensinar sobre força física, sobre meninas no tatame. Sobre respeito. Que sua prima Luiza continue a te convidar pra brincar de casinha; que você continue a convidá-la para brincar de luta; e que vocês dois continuem a se encontrar e se respeitar nas brincadeiras de criança. Porque tanto faz se é de menina ou menino, o que vale é vocês estarem juntos. E como é bom! Que sua professora de tricô continue a ser sua professora preferida.

 

E que vocês três possam fazer parte dessa mudança de cultura e postura machista em que o mundo se apoia há tantos anos. Que sejam protagonistas desse movimento. O que depender de mim e do pai de vocês será feito. Toda mudança começa por nós, dentro de nós. Somos todos, todos, corresponsáveis para que casos como dessa menina e de tantas outras não continuem a acontecer em sociedade. Sexo precisa de consentimento duplo, triplo, de quantos estiverem envolvidos. Precisa de consentimento. De consentir - sentir junto. Juntos.

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