Comportamento Adolescente e Educação

Pais e mães, ocupem o espaço das telas com a sua presença


Pais, mães, responsáveis legais, saiam do celular enquanto estão com seus filhos. Ocupem o espaço das telas com a sua presença.

Por Carolina Delboni
Atualização:

Somos uma sociedade de adultos viciada em telas e redes sociais tentando salvar crianças e adolescentes dos índices altíssimos de transtornos mentais. Adultos, saiam das telas. Conversem, dialogue, fiquem em silêncio, mas fiquem juntos. Ocupem o espaço com a sua presença. Tá faltando presença, minha gente. E é urgente.

O Brasil é o 2º. país com adultos que passam mais tempo em frente às telas, segundo a plataforma Electronics Hub. Estamos à frente do Japão, um dos berços da tecnologia mundial. Brasileiros chegam a ficar 58% do seu tempo grudados numa tela e a presença é maciça nas redes sociais. São, em média, 9h/dia contra 4/5h dos filhos. Horas todas em excesso, sem dúvida alguma.

Brasileiros passam, em média, 9h por dia em frente às telas.  Foto: DIV
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A entrada precoce da Geração Alpha num ambiente tão cheio de camadas e acessos, como o da internet, mostra que é preciso ensiná-los sobre a importância de ter senso crítico para discernir o que é falso e verdadeiro, o que faz mal, o que é divertido assistir e assim por diante. Isso significa prover o que se chama de educação midiática.

É preciso educar para o uso equilibrado e saudável das telas e das redes sociais. Mas para que isso, de fato aconteça, é preciso reeducar pais, mães e responsáveis legais. "Toda educação é autoeducação", já dizia Rudolf Steiner, lá em 1920. E não adianta avançarmos nas restrições de aparelhos celulares dentro das escolas se não formos capazes de sair das telas quando nossos filhos estiverem em casa ou na nossa companhia. Temos - somos - uma sociedade viciada em telas tentando salvar crianças e adolescentes. Estou repetindo a frase propositalmente.

Porque tem sido constante a imagem de pais, mães, responsáveis legais sentados em ambientes acompanhados de seus filhos, mas em vez de estarem fazendo algo juntos, estão em telas. Já presenciei avó com neto no celular enquanto o menino girava no sofá no consultório. Mãe na doceria com o filho, só que enquanto o menino comia o bolo mudo e sozinho, ela checava as redes sociais. Pai que foi levar o filho no karatê, mas a última coisa que viu foi o filho na aula, e assim por diante.

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Tem sido constante observar adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentam contar algo, puxar uma conversa. Estamos viciados e tentando salvar nossos filhos do vicio. Como?

Nas escolas, desenhos de crianças retratando seus finais de semana em família denunciam tempo de presença trocados por espaço de tela. Sempre tem um adulto com um aparelho celular nas mãos. No sofá de casa, no parque, no shopping. Sempre tem um adulto com o celular nas mãos. Crianças expressam seu descontentamento em desenhos e/ ou escritas cotidianas. É comum textos com reclamações de falta de atenção. "Meu pai me levou no karatê, mas toda vez que eu olhava para ele, ele estava olhando o celular. Depois da aula, falei pra ele que fiquei triste, mas ele disse que quando eu não estava olhando, ele me viu fazer aula. Eu sei que é mentira". relata garoto de 7 anos.

Outra menina, também de 7 anos, escreve que ficou chateada com a mãe que estava no celular quando tropeçou nela que caiu no chão e se machucou. "Eu queria que ela tivesse me pedido desculpas, mas ela não percebeu". Tem mais: "eu tava almoçando no meu aniversário e minha mãe me deu um diário de presente. Eu fiquei muito feliz, mas meu pai não viu porque ele tava no celular". Temos uma geração de pais viciada em telas se debatendo na busca de mecanismos e recursos para que seus filhos passem menos tempo na frente das mesmas telas. Eu pergunto novamente: como?

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Deixadas em frente às telas, crianças brincam cada vez menos. Deixadas em frente às telas, adolescentes socializam cada vez menos. As consequências? Aumento da depressão e da ansiedade. Os índices são altíssimos e não faltam estudos para mostrar essa correlação.

Crianças precisam brincar. Precisam de interações sociais presenciais para aprenderem a se relacionar, a se comunicar, a conviver com a diversidade, a negociar, a ter empatia, cuidado consigo e com o outro, entender e usar expressões faciais e linguagem corporal em resposta a sinais não verbais. Isso não se aprende pelas telas.

Adolescentes precisam socializar. Encontrar seus pares, seus grupos, para pertencer. É a partir dessas relações que ele será capaz de constituir sua identidade. De validar os pensamentos próprios, os gostos e desejos. Se relacionar, conviver, negociar. E isso também não se aprende pelas telas.

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Mas como que a gente ajuda? O que fazer? Se implicar na responsabilidade. Tomar para si a parte que lhe cabe. Sim, existe uma parte desta educação digital que não acontecerá dentro das escolas. Ela precisa acontecer dentro de casa e em família.

Experimentem se sentar a mesa sem o celular na mão. Experimentem não digitar mensagens no whatsapp enquanto você levar seu filho de um lado para o outro ou senta com ele na padaria para tomar um lanche. Experimentem escutar o que eles têm a dizer, as histórias que têm a contar. Experimentem o silêncio entre vocês até que surja uma pequena conversa.

Experimentem aceitar o convite para uma brincadeira com seu filho. Há quanto tempo você não se senta no chão? Experimentem ver uma série com seu filho adolescente. Ou convidá-lo para fazer um programa que ele gosta. Pode ser comer uma coisa diferente, leva-lo num show, propor um cinema.

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O que estou querendo dizer aqui é que a gente precisa resgatar as relações familiares. Precisamos vivê-las com prazer, com amor e afeto. Tá faltando afeto nas relações familiares. Tá faltando olho no olho. Escuta. Cuidado. Isso as escolas não vão fazer. Isso as políticas publicas não vão fazer. Experimentem as relações com crianças e adolescentes, com seus filhos. Elas valem a pena. Te garanto que elas valem muito a pena.

Somos uma sociedade de adultos viciada em telas e redes sociais tentando salvar crianças e adolescentes dos índices altíssimos de transtornos mentais. Adultos, saiam das telas. Conversem, dialogue, fiquem em silêncio, mas fiquem juntos. Ocupem o espaço com a sua presença. Tá faltando presença, minha gente. E é urgente.

O Brasil é o 2º. país com adultos que passam mais tempo em frente às telas, segundo a plataforma Electronics Hub. Estamos à frente do Japão, um dos berços da tecnologia mundial. Brasileiros chegam a ficar 58% do seu tempo grudados numa tela e a presença é maciça nas redes sociais. São, em média, 9h/dia contra 4/5h dos filhos. Horas todas em excesso, sem dúvida alguma.

Brasileiros passam, em média, 9h por dia em frente às telas.  Foto: DIV

A entrada precoce da Geração Alpha num ambiente tão cheio de camadas e acessos, como o da internet, mostra que é preciso ensiná-los sobre a importância de ter senso crítico para discernir o que é falso e verdadeiro, o que faz mal, o que é divertido assistir e assim por diante. Isso significa prover o que se chama de educação midiática.

É preciso educar para o uso equilibrado e saudável das telas e das redes sociais. Mas para que isso, de fato aconteça, é preciso reeducar pais, mães e responsáveis legais. "Toda educação é autoeducação", já dizia Rudolf Steiner, lá em 1920. E não adianta avançarmos nas restrições de aparelhos celulares dentro das escolas se não formos capazes de sair das telas quando nossos filhos estiverem em casa ou na nossa companhia. Temos - somos - uma sociedade viciada em telas tentando salvar crianças e adolescentes. Estou repetindo a frase propositalmente.

Porque tem sido constante a imagem de pais, mães, responsáveis legais sentados em ambientes acompanhados de seus filhos, mas em vez de estarem fazendo algo juntos, estão em telas. Já presenciei avó com neto no celular enquanto o menino girava no sofá no consultório. Mãe na doceria com o filho, só que enquanto o menino comia o bolo mudo e sozinho, ela checava as redes sociais. Pai que foi levar o filho no karatê, mas a última coisa que viu foi o filho na aula, e assim por diante.

Tem sido constante observar adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentam contar algo, puxar uma conversa. Estamos viciados e tentando salvar nossos filhos do vicio. Como?

Nas escolas, desenhos de crianças retratando seus finais de semana em família denunciam tempo de presença trocados por espaço de tela. Sempre tem um adulto com um aparelho celular nas mãos. No sofá de casa, no parque, no shopping. Sempre tem um adulto com o celular nas mãos. Crianças expressam seu descontentamento em desenhos e/ ou escritas cotidianas. É comum textos com reclamações de falta de atenção. "Meu pai me levou no karatê, mas toda vez que eu olhava para ele, ele estava olhando o celular. Depois da aula, falei pra ele que fiquei triste, mas ele disse que quando eu não estava olhando, ele me viu fazer aula. Eu sei que é mentira". relata garoto de 7 anos.

Outra menina, também de 7 anos, escreve que ficou chateada com a mãe que estava no celular quando tropeçou nela que caiu no chão e se machucou. "Eu queria que ela tivesse me pedido desculpas, mas ela não percebeu". Tem mais: "eu tava almoçando no meu aniversário e minha mãe me deu um diário de presente. Eu fiquei muito feliz, mas meu pai não viu porque ele tava no celular". Temos uma geração de pais viciada em telas se debatendo na busca de mecanismos e recursos para que seus filhos passem menos tempo na frente das mesmas telas. Eu pergunto novamente: como?

Deixadas em frente às telas, crianças brincam cada vez menos. Deixadas em frente às telas, adolescentes socializam cada vez menos. As consequências? Aumento da depressão e da ansiedade. Os índices são altíssimos e não faltam estudos para mostrar essa correlação.

Crianças precisam brincar. Precisam de interações sociais presenciais para aprenderem a se relacionar, a se comunicar, a conviver com a diversidade, a negociar, a ter empatia, cuidado consigo e com o outro, entender e usar expressões faciais e linguagem corporal em resposta a sinais não verbais. Isso não se aprende pelas telas.

Adolescentes precisam socializar. Encontrar seus pares, seus grupos, para pertencer. É a partir dessas relações que ele será capaz de constituir sua identidade. De validar os pensamentos próprios, os gostos e desejos. Se relacionar, conviver, negociar. E isso também não se aprende pelas telas.

Mas como que a gente ajuda? O que fazer? Se implicar na responsabilidade. Tomar para si a parte que lhe cabe. Sim, existe uma parte desta educação digital que não acontecerá dentro das escolas. Ela precisa acontecer dentro de casa e em família.

Experimentem se sentar a mesa sem o celular na mão. Experimentem não digitar mensagens no whatsapp enquanto você levar seu filho de um lado para o outro ou senta com ele na padaria para tomar um lanche. Experimentem escutar o que eles têm a dizer, as histórias que têm a contar. Experimentem o silêncio entre vocês até que surja uma pequena conversa.

Experimentem aceitar o convite para uma brincadeira com seu filho. Há quanto tempo você não se senta no chão? Experimentem ver uma série com seu filho adolescente. Ou convidá-lo para fazer um programa que ele gosta. Pode ser comer uma coisa diferente, leva-lo num show, propor um cinema.

O que estou querendo dizer aqui é que a gente precisa resgatar as relações familiares. Precisamos vivê-las com prazer, com amor e afeto. Tá faltando afeto nas relações familiares. Tá faltando olho no olho. Escuta. Cuidado. Isso as escolas não vão fazer. Isso as políticas publicas não vão fazer. Experimentem as relações com crianças e adolescentes, com seus filhos. Elas valem a pena. Te garanto que elas valem muito a pena.

Somos uma sociedade de adultos viciada em telas e redes sociais tentando salvar crianças e adolescentes dos índices altíssimos de transtornos mentais. Adultos, saiam das telas. Conversem, dialogue, fiquem em silêncio, mas fiquem juntos. Ocupem o espaço com a sua presença. Tá faltando presença, minha gente. E é urgente.

O Brasil é o 2º. país com adultos que passam mais tempo em frente às telas, segundo a plataforma Electronics Hub. Estamos à frente do Japão, um dos berços da tecnologia mundial. Brasileiros chegam a ficar 58% do seu tempo grudados numa tela e a presença é maciça nas redes sociais. São, em média, 9h/dia contra 4/5h dos filhos. Horas todas em excesso, sem dúvida alguma.

Brasileiros passam, em média, 9h por dia em frente às telas.  Foto: DIV

A entrada precoce da Geração Alpha num ambiente tão cheio de camadas e acessos, como o da internet, mostra que é preciso ensiná-los sobre a importância de ter senso crítico para discernir o que é falso e verdadeiro, o que faz mal, o que é divertido assistir e assim por diante. Isso significa prover o que se chama de educação midiática.

É preciso educar para o uso equilibrado e saudável das telas e das redes sociais. Mas para que isso, de fato aconteça, é preciso reeducar pais, mães e responsáveis legais. "Toda educação é autoeducação", já dizia Rudolf Steiner, lá em 1920. E não adianta avançarmos nas restrições de aparelhos celulares dentro das escolas se não formos capazes de sair das telas quando nossos filhos estiverem em casa ou na nossa companhia. Temos - somos - uma sociedade viciada em telas tentando salvar crianças e adolescentes. Estou repetindo a frase propositalmente.

Porque tem sido constante a imagem de pais, mães, responsáveis legais sentados em ambientes acompanhados de seus filhos, mas em vez de estarem fazendo algo juntos, estão em telas. Já presenciei avó com neto no celular enquanto o menino girava no sofá no consultório. Mãe na doceria com o filho, só que enquanto o menino comia o bolo mudo e sozinho, ela checava as redes sociais. Pai que foi levar o filho no karatê, mas a última coisa que viu foi o filho na aula, e assim por diante.

Tem sido constante observar adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentam contar algo, puxar uma conversa. Estamos viciados e tentando salvar nossos filhos do vicio. Como?

Nas escolas, desenhos de crianças retratando seus finais de semana em família denunciam tempo de presença trocados por espaço de tela. Sempre tem um adulto com um aparelho celular nas mãos. No sofá de casa, no parque, no shopping. Sempre tem um adulto com o celular nas mãos. Crianças expressam seu descontentamento em desenhos e/ ou escritas cotidianas. É comum textos com reclamações de falta de atenção. "Meu pai me levou no karatê, mas toda vez que eu olhava para ele, ele estava olhando o celular. Depois da aula, falei pra ele que fiquei triste, mas ele disse que quando eu não estava olhando, ele me viu fazer aula. Eu sei que é mentira". relata garoto de 7 anos.

Outra menina, também de 7 anos, escreve que ficou chateada com a mãe que estava no celular quando tropeçou nela que caiu no chão e se machucou. "Eu queria que ela tivesse me pedido desculpas, mas ela não percebeu". Tem mais: "eu tava almoçando no meu aniversário e minha mãe me deu um diário de presente. Eu fiquei muito feliz, mas meu pai não viu porque ele tava no celular". Temos uma geração de pais viciada em telas se debatendo na busca de mecanismos e recursos para que seus filhos passem menos tempo na frente das mesmas telas. Eu pergunto novamente: como?

Deixadas em frente às telas, crianças brincam cada vez menos. Deixadas em frente às telas, adolescentes socializam cada vez menos. As consequências? Aumento da depressão e da ansiedade. Os índices são altíssimos e não faltam estudos para mostrar essa correlação.

Crianças precisam brincar. Precisam de interações sociais presenciais para aprenderem a se relacionar, a se comunicar, a conviver com a diversidade, a negociar, a ter empatia, cuidado consigo e com o outro, entender e usar expressões faciais e linguagem corporal em resposta a sinais não verbais. Isso não se aprende pelas telas.

Adolescentes precisam socializar. Encontrar seus pares, seus grupos, para pertencer. É a partir dessas relações que ele será capaz de constituir sua identidade. De validar os pensamentos próprios, os gostos e desejos. Se relacionar, conviver, negociar. E isso também não se aprende pelas telas.

Mas como que a gente ajuda? O que fazer? Se implicar na responsabilidade. Tomar para si a parte que lhe cabe. Sim, existe uma parte desta educação digital que não acontecerá dentro das escolas. Ela precisa acontecer dentro de casa e em família.

Experimentem se sentar a mesa sem o celular na mão. Experimentem não digitar mensagens no whatsapp enquanto você levar seu filho de um lado para o outro ou senta com ele na padaria para tomar um lanche. Experimentem escutar o que eles têm a dizer, as histórias que têm a contar. Experimentem o silêncio entre vocês até que surja uma pequena conversa.

Experimentem aceitar o convite para uma brincadeira com seu filho. Há quanto tempo você não se senta no chão? Experimentem ver uma série com seu filho adolescente. Ou convidá-lo para fazer um programa que ele gosta. Pode ser comer uma coisa diferente, leva-lo num show, propor um cinema.

O que estou querendo dizer aqui é que a gente precisa resgatar as relações familiares. Precisamos vivê-las com prazer, com amor e afeto. Tá faltando afeto nas relações familiares. Tá faltando olho no olho. Escuta. Cuidado. Isso as escolas não vão fazer. Isso as políticas publicas não vão fazer. Experimentem as relações com crianças e adolescentes, com seus filhos. Elas valem a pena. Te garanto que elas valem muito a pena.

Somos uma sociedade de adultos viciada em telas e redes sociais tentando salvar crianças e adolescentes dos índices altíssimos de transtornos mentais. Adultos, saiam das telas. Conversem, dialogue, fiquem em silêncio, mas fiquem juntos. Ocupem o espaço com a sua presença. Tá faltando presença, minha gente. E é urgente.

O Brasil é o 2º. país com adultos que passam mais tempo em frente às telas, segundo a plataforma Electronics Hub. Estamos à frente do Japão, um dos berços da tecnologia mundial. Brasileiros chegam a ficar 58% do seu tempo grudados numa tela e a presença é maciça nas redes sociais. São, em média, 9h/dia contra 4/5h dos filhos. Horas todas em excesso, sem dúvida alguma.

Brasileiros passam, em média, 9h por dia em frente às telas.  Foto: DIV

A entrada precoce da Geração Alpha num ambiente tão cheio de camadas e acessos, como o da internet, mostra que é preciso ensiná-los sobre a importância de ter senso crítico para discernir o que é falso e verdadeiro, o que faz mal, o que é divertido assistir e assim por diante. Isso significa prover o que se chama de educação midiática.

É preciso educar para o uso equilibrado e saudável das telas e das redes sociais. Mas para que isso, de fato aconteça, é preciso reeducar pais, mães e responsáveis legais. "Toda educação é autoeducação", já dizia Rudolf Steiner, lá em 1920. E não adianta avançarmos nas restrições de aparelhos celulares dentro das escolas se não formos capazes de sair das telas quando nossos filhos estiverem em casa ou na nossa companhia. Temos - somos - uma sociedade viciada em telas tentando salvar crianças e adolescentes. Estou repetindo a frase propositalmente.

Porque tem sido constante a imagem de pais, mães, responsáveis legais sentados em ambientes acompanhados de seus filhos, mas em vez de estarem fazendo algo juntos, estão em telas. Já presenciei avó com neto no celular enquanto o menino girava no sofá no consultório. Mãe na doceria com o filho, só que enquanto o menino comia o bolo mudo e sozinho, ela checava as redes sociais. Pai que foi levar o filho no karatê, mas a última coisa que viu foi o filho na aula, e assim por diante.

Tem sido constante observar adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentam contar algo, puxar uma conversa. Estamos viciados e tentando salvar nossos filhos do vicio. Como?

Nas escolas, desenhos de crianças retratando seus finais de semana em família denunciam tempo de presença trocados por espaço de tela. Sempre tem um adulto com um aparelho celular nas mãos. No sofá de casa, no parque, no shopping. Sempre tem um adulto com o celular nas mãos. Crianças expressam seu descontentamento em desenhos e/ ou escritas cotidianas. É comum textos com reclamações de falta de atenção. "Meu pai me levou no karatê, mas toda vez que eu olhava para ele, ele estava olhando o celular. Depois da aula, falei pra ele que fiquei triste, mas ele disse que quando eu não estava olhando, ele me viu fazer aula. Eu sei que é mentira". relata garoto de 7 anos.

Outra menina, também de 7 anos, escreve que ficou chateada com a mãe que estava no celular quando tropeçou nela que caiu no chão e se machucou. "Eu queria que ela tivesse me pedido desculpas, mas ela não percebeu". Tem mais: "eu tava almoçando no meu aniversário e minha mãe me deu um diário de presente. Eu fiquei muito feliz, mas meu pai não viu porque ele tava no celular". Temos uma geração de pais viciada em telas se debatendo na busca de mecanismos e recursos para que seus filhos passem menos tempo na frente das mesmas telas. Eu pergunto novamente: como?

Deixadas em frente às telas, crianças brincam cada vez menos. Deixadas em frente às telas, adolescentes socializam cada vez menos. As consequências? Aumento da depressão e da ansiedade. Os índices são altíssimos e não faltam estudos para mostrar essa correlação.

Crianças precisam brincar. Precisam de interações sociais presenciais para aprenderem a se relacionar, a se comunicar, a conviver com a diversidade, a negociar, a ter empatia, cuidado consigo e com o outro, entender e usar expressões faciais e linguagem corporal em resposta a sinais não verbais. Isso não se aprende pelas telas.

Adolescentes precisam socializar. Encontrar seus pares, seus grupos, para pertencer. É a partir dessas relações que ele será capaz de constituir sua identidade. De validar os pensamentos próprios, os gostos e desejos. Se relacionar, conviver, negociar. E isso também não se aprende pelas telas.

Mas como que a gente ajuda? O que fazer? Se implicar na responsabilidade. Tomar para si a parte que lhe cabe. Sim, existe uma parte desta educação digital que não acontecerá dentro das escolas. Ela precisa acontecer dentro de casa e em família.

Experimentem se sentar a mesa sem o celular na mão. Experimentem não digitar mensagens no whatsapp enquanto você levar seu filho de um lado para o outro ou senta com ele na padaria para tomar um lanche. Experimentem escutar o que eles têm a dizer, as histórias que têm a contar. Experimentem o silêncio entre vocês até que surja uma pequena conversa.

Experimentem aceitar o convite para uma brincadeira com seu filho. Há quanto tempo você não se senta no chão? Experimentem ver uma série com seu filho adolescente. Ou convidá-lo para fazer um programa que ele gosta. Pode ser comer uma coisa diferente, leva-lo num show, propor um cinema.

O que estou querendo dizer aqui é que a gente precisa resgatar as relações familiares. Precisamos vivê-las com prazer, com amor e afeto. Tá faltando afeto nas relações familiares. Tá faltando olho no olho. Escuta. Cuidado. Isso as escolas não vão fazer. Isso as políticas publicas não vão fazer. Experimentem as relações com crianças e adolescentes, com seus filhos. Elas valem a pena. Te garanto que elas valem muito a pena.

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