Comportamento Adolescente e Educação

Pais viciados em tela: dependência do celular não é exclusiva dos filhos


Por Carolina Delboni
Atualização:

Distraídos pelos celulares, pais e mães recorrem constantemente à tecnologia para “escapar da realidade”, descuidando de momentos importantes com os filhos. A presença tem sido trocada pelas telas. Mas o que fazer para vencer o vício?

Se tem um assunto que parece incomodar a maioria das famílias modernas é a tecnologia e o uso exagerado de smartphones. As reclamações sobre excesso de tempo em frente as telas são unânimes em muitas rodas de conversa de pais e mães. Sem controle sob os filhos, esgotados e também viciados em tecnologia, eles se rendem aos pedidos de "só mais um pouquinho". Mas e quando são os pais que se distraem e passam mais tempo no aparelho do que dando atenção aos filhos?

Pois é, a presença tem sido trocada pela tela e a imagem de pais, mães e responsáveis legais sentados em ambientes, onde estão com crianças ou adolescentes, vidrados em seus próprios aparelhos celulares é outra constante. Adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentando falar algo, contar uma coisa da escola ou dividir uma música. Pais e mães estão viciados em telas e tentando salvar seus filhos do mesmo vício. Como?

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Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, relataram que mais de 70% dos pais passam muito tempo no celular, cerca de 2h, mesmo com a presença dos filhos. A entrevista foi realizada com 170 pais e mães, de crianças entre 1 e 5 anos, e perguntou sobre o impacto disso na relação com os filhos.

Segundo o estudo, a maioria dos pais usa o celular por mais de duas horas por dia e admitem que o comportamento interfere na qualidade do tempo que passam com as crianças. Alguns disseram que se sentem culpados e irritados quando usam o aparelho e estão com seus filhos, gerando alguns conflitos e reclamações.

Outra pesquisa realizada pela Universidade de Waterloo, no Canadá, entrevistou 549 pais, com filhos entre 5 e 18 anos, indicando os mesmos, cujo tempo de tela vai de três a quatro horas diárias, tendem a demonstrar mais irritação com seus filhos, inclusive, eles relatam que buscam na tecnologia uma maneira de "fugir da realidade", uma distração para momentos de ansiedade.

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Tempo demais na internet

Com base na pesquisa Digital 2024: Global Overview Report da DataReportal, um estudo conduzido pela plataforma Electronics Hub revelou que o Brasil ocupa o segundo lugar, entre 45 países, em termos de proporção de pessoas que usam telas regularmente.

De acordo com esse levantamento, aproximadamente 56,6% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas, ou seja, nove horas diárias, ficando atrás apenas da África do Sul, onde os habitantes dedicam 58,2% de seu tempo utilizando computadores ou smartphones.

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Curiosamente, apesar de ser um país altamente tecnológico, o Japão ficou em último lugar no estudo. Os usuários japoneses apresentaram as taxas mais baixas de tempo de tela do mundo, consumindo apenas 21,7% de seu tempo para interagir com dispositivos eletrônicos.

Em janeiro deste ano, a pesquisa revelou que o Brasil contava com 187,9 milhões de usuários de internet, além de 144,0 milhões só nas mídias sociais, o que corresponde a 66,3% da população total. Isso quer dizer que havia um total de 210,3 milhões de conexões móveis ativas - o equivalente a 96,9% da população.

De maneira mais ampla, independentemente da idade, 76,6% do total de usuários de internet estavam presentes em pelo menos uma plataforma de mídia social, em meados de janeiro. Dentre eles, 55,6% eram mulheres e 44,4% eram homens.

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Para se ter uma ideia, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, apontou que o uso diário da internet já era uma realidade para 93,4% da população, em 2022.

Segundo estudo, quase 57% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas. Foto Yullia, AdobePhotos  

Os filhos reclamam Uma publicação recente do The Washington Post, divulgou um estudo feito pela Pew Research Center, no qual menciona que quase metade dos adolescentes americanos, acha que os pais se distraem com seus telefones durante as conversas. No entanto, 31% dos pais disseram que isso também é algo que os filhos fazem. Algo como "já que eles vivem na tela, a gente também pode". Será?

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Não é de hoje que eu falo aqui, como também especialistas já alertaram sobre o mal à saúde que o uso excessivo da tecnologia pode causar. O dano é imenso à saúde e ao desenvolvimento e está cheio de estudos e pesquisas comprovando.

O problema que surge, silenciosamente, paralelo as questões de saúde mental é a quebra de vínculo na relação pais e filhos. A desconexão entre pessoas é uma das muitas questões contemporâneas e ela não poupa nem as famílias.

O fortalecimento de vínculos entre os familiares é essencial para que os filhos se sintam protegidos, respeitados e aceitos, inclusive é o que reforça a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019), em relação ao contexto familiar.

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Saber que os pais ou responsáveis legais se importam com seus problemas ou o que elas fazem no seu tempo livre é considerado um importante fator de proteção por essas crianças e adolescentes, conforme diz o levantamento do PenSe (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar).

A falta de atenção e a ausência da família na vida dos filhos podem criar várias barreiras que afetam o desempenho geral deles. As consequências são muitas e vão da falta de compromisso com os estudos, passando pela rebeldia e agressividade, além da ansiedade e insegurança. Sem falar na baixa autoestima, dificuldade de aprendizagem, entre outros fatores.

Pais: liderem pelo exemplo Os pesquisadores da Universidade de Michigan, alertam que o uso extrapolado de celulares pelos pais pode afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, porque elas precisam de atenção, interação e estímulo para crescerem felizes e saudáveis.

É fundamental que os pais liderem pelo exemplo. É preciso estar consciente dos problemas que essa "fuga" da realidade, sobretudo, nos momentos em que os filhos mais precisam de assistência e atenção, pode trazer ao longo do tempo. Os resultados não são bons. Já falamos sobre isso.

As crianças demonstram progresso quando pais se importam com elas. Quando prestam atenção nelas. Estabelecer limites saudáveis para o tempo de tela é a primeira etapa dos adultos, principalmente quando estiverem com os filhos.

Valorize e priorize as atividades que envolvam brincadeiras ao ar livre, ou em casa mesmo, mas que estimulem conversas e leituras. Fortaleça os vínculos afetivos, enquanto seu filho é criança. Lembre-se: o celular pode esperar. O tempo, não.

Distraídos pelos celulares, pais e mães recorrem constantemente à tecnologia para “escapar da realidade”, descuidando de momentos importantes com os filhos. A presença tem sido trocada pelas telas. Mas o que fazer para vencer o vício?

Se tem um assunto que parece incomodar a maioria das famílias modernas é a tecnologia e o uso exagerado de smartphones. As reclamações sobre excesso de tempo em frente as telas são unânimes em muitas rodas de conversa de pais e mães. Sem controle sob os filhos, esgotados e também viciados em tecnologia, eles se rendem aos pedidos de "só mais um pouquinho". Mas e quando são os pais que se distraem e passam mais tempo no aparelho do que dando atenção aos filhos?

Pois é, a presença tem sido trocada pela tela e a imagem de pais, mães e responsáveis legais sentados em ambientes, onde estão com crianças ou adolescentes, vidrados em seus próprios aparelhos celulares é outra constante. Adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentando falar algo, contar uma coisa da escola ou dividir uma música. Pais e mães estão viciados em telas e tentando salvar seus filhos do mesmo vício. Como?

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, relataram que mais de 70% dos pais passam muito tempo no celular, cerca de 2h, mesmo com a presença dos filhos. A entrevista foi realizada com 170 pais e mães, de crianças entre 1 e 5 anos, e perguntou sobre o impacto disso na relação com os filhos.

Segundo o estudo, a maioria dos pais usa o celular por mais de duas horas por dia e admitem que o comportamento interfere na qualidade do tempo que passam com as crianças. Alguns disseram que se sentem culpados e irritados quando usam o aparelho e estão com seus filhos, gerando alguns conflitos e reclamações.

Outra pesquisa realizada pela Universidade de Waterloo, no Canadá, entrevistou 549 pais, com filhos entre 5 e 18 anos, indicando os mesmos, cujo tempo de tela vai de três a quatro horas diárias, tendem a demonstrar mais irritação com seus filhos, inclusive, eles relatam que buscam na tecnologia uma maneira de "fugir da realidade", uma distração para momentos de ansiedade.

Tempo demais na internet

Com base na pesquisa Digital 2024: Global Overview Report da DataReportal, um estudo conduzido pela plataforma Electronics Hub revelou que o Brasil ocupa o segundo lugar, entre 45 países, em termos de proporção de pessoas que usam telas regularmente.

De acordo com esse levantamento, aproximadamente 56,6% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas, ou seja, nove horas diárias, ficando atrás apenas da África do Sul, onde os habitantes dedicam 58,2% de seu tempo utilizando computadores ou smartphones.

Curiosamente, apesar de ser um país altamente tecnológico, o Japão ficou em último lugar no estudo. Os usuários japoneses apresentaram as taxas mais baixas de tempo de tela do mundo, consumindo apenas 21,7% de seu tempo para interagir com dispositivos eletrônicos.

Em janeiro deste ano, a pesquisa revelou que o Brasil contava com 187,9 milhões de usuários de internet, além de 144,0 milhões só nas mídias sociais, o que corresponde a 66,3% da população total. Isso quer dizer que havia um total de 210,3 milhões de conexões móveis ativas - o equivalente a 96,9% da população.

De maneira mais ampla, independentemente da idade, 76,6% do total de usuários de internet estavam presentes em pelo menos uma plataforma de mídia social, em meados de janeiro. Dentre eles, 55,6% eram mulheres e 44,4% eram homens.

Para se ter uma ideia, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, apontou que o uso diário da internet já era uma realidade para 93,4% da população, em 2022.

Segundo estudo, quase 57% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas. Foto Yullia, AdobePhotos  

Os filhos reclamam Uma publicação recente do The Washington Post, divulgou um estudo feito pela Pew Research Center, no qual menciona que quase metade dos adolescentes americanos, acha que os pais se distraem com seus telefones durante as conversas. No entanto, 31% dos pais disseram que isso também é algo que os filhos fazem. Algo como "já que eles vivem na tela, a gente também pode". Será?

Não é de hoje que eu falo aqui, como também especialistas já alertaram sobre o mal à saúde que o uso excessivo da tecnologia pode causar. O dano é imenso à saúde e ao desenvolvimento e está cheio de estudos e pesquisas comprovando.

O problema que surge, silenciosamente, paralelo as questões de saúde mental é a quebra de vínculo na relação pais e filhos. A desconexão entre pessoas é uma das muitas questões contemporâneas e ela não poupa nem as famílias.

O fortalecimento de vínculos entre os familiares é essencial para que os filhos se sintam protegidos, respeitados e aceitos, inclusive é o que reforça a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019), em relação ao contexto familiar.

Saber que os pais ou responsáveis legais se importam com seus problemas ou o que elas fazem no seu tempo livre é considerado um importante fator de proteção por essas crianças e adolescentes, conforme diz o levantamento do PenSe (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar).

A falta de atenção e a ausência da família na vida dos filhos podem criar várias barreiras que afetam o desempenho geral deles. As consequências são muitas e vão da falta de compromisso com os estudos, passando pela rebeldia e agressividade, além da ansiedade e insegurança. Sem falar na baixa autoestima, dificuldade de aprendizagem, entre outros fatores.

Pais: liderem pelo exemplo Os pesquisadores da Universidade de Michigan, alertam que o uso extrapolado de celulares pelos pais pode afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, porque elas precisam de atenção, interação e estímulo para crescerem felizes e saudáveis.

É fundamental que os pais liderem pelo exemplo. É preciso estar consciente dos problemas que essa "fuga" da realidade, sobretudo, nos momentos em que os filhos mais precisam de assistência e atenção, pode trazer ao longo do tempo. Os resultados não são bons. Já falamos sobre isso.

As crianças demonstram progresso quando pais se importam com elas. Quando prestam atenção nelas. Estabelecer limites saudáveis para o tempo de tela é a primeira etapa dos adultos, principalmente quando estiverem com os filhos.

Valorize e priorize as atividades que envolvam brincadeiras ao ar livre, ou em casa mesmo, mas que estimulem conversas e leituras. Fortaleça os vínculos afetivos, enquanto seu filho é criança. Lembre-se: o celular pode esperar. O tempo, não.

Distraídos pelos celulares, pais e mães recorrem constantemente à tecnologia para “escapar da realidade”, descuidando de momentos importantes com os filhos. A presença tem sido trocada pelas telas. Mas o que fazer para vencer o vício?

Se tem um assunto que parece incomodar a maioria das famílias modernas é a tecnologia e o uso exagerado de smartphones. As reclamações sobre excesso de tempo em frente as telas são unânimes em muitas rodas de conversa de pais e mães. Sem controle sob os filhos, esgotados e também viciados em tecnologia, eles se rendem aos pedidos de "só mais um pouquinho". Mas e quando são os pais que se distraem e passam mais tempo no aparelho do que dando atenção aos filhos?

Pois é, a presença tem sido trocada pela tela e a imagem de pais, mães e responsáveis legais sentados em ambientes, onde estão com crianças ou adolescentes, vidrados em seus próprios aparelhos celulares é outra constante. Adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentando falar algo, contar uma coisa da escola ou dividir uma música. Pais e mães estão viciados em telas e tentando salvar seus filhos do mesmo vício. Como?

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, relataram que mais de 70% dos pais passam muito tempo no celular, cerca de 2h, mesmo com a presença dos filhos. A entrevista foi realizada com 170 pais e mães, de crianças entre 1 e 5 anos, e perguntou sobre o impacto disso na relação com os filhos.

Segundo o estudo, a maioria dos pais usa o celular por mais de duas horas por dia e admitem que o comportamento interfere na qualidade do tempo que passam com as crianças. Alguns disseram que se sentem culpados e irritados quando usam o aparelho e estão com seus filhos, gerando alguns conflitos e reclamações.

Outra pesquisa realizada pela Universidade de Waterloo, no Canadá, entrevistou 549 pais, com filhos entre 5 e 18 anos, indicando os mesmos, cujo tempo de tela vai de três a quatro horas diárias, tendem a demonstrar mais irritação com seus filhos, inclusive, eles relatam que buscam na tecnologia uma maneira de "fugir da realidade", uma distração para momentos de ansiedade.

Tempo demais na internet

Com base na pesquisa Digital 2024: Global Overview Report da DataReportal, um estudo conduzido pela plataforma Electronics Hub revelou que o Brasil ocupa o segundo lugar, entre 45 países, em termos de proporção de pessoas que usam telas regularmente.

De acordo com esse levantamento, aproximadamente 56,6% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas, ou seja, nove horas diárias, ficando atrás apenas da África do Sul, onde os habitantes dedicam 58,2% de seu tempo utilizando computadores ou smartphones.

Curiosamente, apesar de ser um país altamente tecnológico, o Japão ficou em último lugar no estudo. Os usuários japoneses apresentaram as taxas mais baixas de tempo de tela do mundo, consumindo apenas 21,7% de seu tempo para interagir com dispositivos eletrônicos.

Em janeiro deste ano, a pesquisa revelou que o Brasil contava com 187,9 milhões de usuários de internet, além de 144,0 milhões só nas mídias sociais, o que corresponde a 66,3% da população total. Isso quer dizer que havia um total de 210,3 milhões de conexões móveis ativas - o equivalente a 96,9% da população.

De maneira mais ampla, independentemente da idade, 76,6% do total de usuários de internet estavam presentes em pelo menos uma plataforma de mídia social, em meados de janeiro. Dentre eles, 55,6% eram mulheres e 44,4% eram homens.

Para se ter uma ideia, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, apontou que o uso diário da internet já era uma realidade para 93,4% da população, em 2022.

Segundo estudo, quase 57% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas. Foto Yullia, AdobePhotos  

Os filhos reclamam Uma publicação recente do The Washington Post, divulgou um estudo feito pela Pew Research Center, no qual menciona que quase metade dos adolescentes americanos, acha que os pais se distraem com seus telefones durante as conversas. No entanto, 31% dos pais disseram que isso também é algo que os filhos fazem. Algo como "já que eles vivem na tela, a gente também pode". Será?

Não é de hoje que eu falo aqui, como também especialistas já alertaram sobre o mal à saúde que o uso excessivo da tecnologia pode causar. O dano é imenso à saúde e ao desenvolvimento e está cheio de estudos e pesquisas comprovando.

O problema que surge, silenciosamente, paralelo as questões de saúde mental é a quebra de vínculo na relação pais e filhos. A desconexão entre pessoas é uma das muitas questões contemporâneas e ela não poupa nem as famílias.

O fortalecimento de vínculos entre os familiares é essencial para que os filhos se sintam protegidos, respeitados e aceitos, inclusive é o que reforça a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019), em relação ao contexto familiar.

Saber que os pais ou responsáveis legais se importam com seus problemas ou o que elas fazem no seu tempo livre é considerado um importante fator de proteção por essas crianças e adolescentes, conforme diz o levantamento do PenSe (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar).

A falta de atenção e a ausência da família na vida dos filhos podem criar várias barreiras que afetam o desempenho geral deles. As consequências são muitas e vão da falta de compromisso com os estudos, passando pela rebeldia e agressividade, além da ansiedade e insegurança. Sem falar na baixa autoestima, dificuldade de aprendizagem, entre outros fatores.

Pais: liderem pelo exemplo Os pesquisadores da Universidade de Michigan, alertam que o uso extrapolado de celulares pelos pais pode afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, porque elas precisam de atenção, interação e estímulo para crescerem felizes e saudáveis.

É fundamental que os pais liderem pelo exemplo. É preciso estar consciente dos problemas que essa "fuga" da realidade, sobretudo, nos momentos em que os filhos mais precisam de assistência e atenção, pode trazer ao longo do tempo. Os resultados não são bons. Já falamos sobre isso.

As crianças demonstram progresso quando pais se importam com elas. Quando prestam atenção nelas. Estabelecer limites saudáveis para o tempo de tela é a primeira etapa dos adultos, principalmente quando estiverem com os filhos.

Valorize e priorize as atividades que envolvam brincadeiras ao ar livre, ou em casa mesmo, mas que estimulem conversas e leituras. Fortaleça os vínculos afetivos, enquanto seu filho é criança. Lembre-se: o celular pode esperar. O tempo, não.

Distraídos pelos celulares, pais e mães recorrem constantemente à tecnologia para “escapar da realidade”, descuidando de momentos importantes com os filhos. A presença tem sido trocada pelas telas. Mas o que fazer para vencer o vício?

Se tem um assunto que parece incomodar a maioria das famílias modernas é a tecnologia e o uso exagerado de smartphones. As reclamações sobre excesso de tempo em frente as telas são unânimes em muitas rodas de conversa de pais e mães. Sem controle sob os filhos, esgotados e também viciados em tecnologia, eles se rendem aos pedidos de "só mais um pouquinho". Mas e quando são os pais que se distraem e passam mais tempo no aparelho do que dando atenção aos filhos?

Pois é, a presença tem sido trocada pela tela e a imagem de pais, mães e responsáveis legais sentados em ambientes, onde estão com crianças ou adolescentes, vidrados em seus próprios aparelhos celulares é outra constante. Adultos fixados na tela enquanto crianças tentam chamá-los para brincar e/ ou adolescentes tentando falar algo, contar uma coisa da escola ou dividir uma música. Pais e mães estão viciados em telas e tentando salvar seus filhos do mesmo vício. Como?

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, relataram que mais de 70% dos pais passam muito tempo no celular, cerca de 2h, mesmo com a presença dos filhos. A entrevista foi realizada com 170 pais e mães, de crianças entre 1 e 5 anos, e perguntou sobre o impacto disso na relação com os filhos.

Segundo o estudo, a maioria dos pais usa o celular por mais de duas horas por dia e admitem que o comportamento interfere na qualidade do tempo que passam com as crianças. Alguns disseram que se sentem culpados e irritados quando usam o aparelho e estão com seus filhos, gerando alguns conflitos e reclamações.

Outra pesquisa realizada pela Universidade de Waterloo, no Canadá, entrevistou 549 pais, com filhos entre 5 e 18 anos, indicando os mesmos, cujo tempo de tela vai de três a quatro horas diárias, tendem a demonstrar mais irritação com seus filhos, inclusive, eles relatam que buscam na tecnologia uma maneira de "fugir da realidade", uma distração para momentos de ansiedade.

Tempo demais na internet

Com base na pesquisa Digital 2024: Global Overview Report da DataReportal, um estudo conduzido pela plataforma Electronics Hub revelou que o Brasil ocupa o segundo lugar, entre 45 países, em termos de proporção de pessoas que usam telas regularmente.

De acordo com esse levantamento, aproximadamente 56,6% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas, ou seja, nove horas diárias, ficando atrás apenas da África do Sul, onde os habitantes dedicam 58,2% de seu tempo utilizando computadores ou smartphones.

Curiosamente, apesar de ser um país altamente tecnológico, o Japão ficou em último lugar no estudo. Os usuários japoneses apresentaram as taxas mais baixas de tempo de tela do mundo, consumindo apenas 21,7% de seu tempo para interagir com dispositivos eletrônicos.

Em janeiro deste ano, a pesquisa revelou que o Brasil contava com 187,9 milhões de usuários de internet, além de 144,0 milhões só nas mídias sociais, o que corresponde a 66,3% da população total. Isso quer dizer que havia um total de 210,3 milhões de conexões móveis ativas - o equivalente a 96,9% da população.

De maneira mais ampla, independentemente da idade, 76,6% do total de usuários de internet estavam presentes em pelo menos uma plataforma de mídia social, em meados de janeiro. Dentre eles, 55,6% eram mulheres e 44,4% eram homens.

Para se ter uma ideia, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, apontou que o uso diário da internet já era uma realidade para 93,4% da população, em 2022.

Segundo estudo, quase 57% do tempo dos brasileiros é dedicado ao uso de telas. Foto Yullia, AdobePhotos  

Os filhos reclamam Uma publicação recente do The Washington Post, divulgou um estudo feito pela Pew Research Center, no qual menciona que quase metade dos adolescentes americanos, acha que os pais se distraem com seus telefones durante as conversas. No entanto, 31% dos pais disseram que isso também é algo que os filhos fazem. Algo como "já que eles vivem na tela, a gente também pode". Será?

Não é de hoje que eu falo aqui, como também especialistas já alertaram sobre o mal à saúde que o uso excessivo da tecnologia pode causar. O dano é imenso à saúde e ao desenvolvimento e está cheio de estudos e pesquisas comprovando.

O problema que surge, silenciosamente, paralelo as questões de saúde mental é a quebra de vínculo na relação pais e filhos. A desconexão entre pessoas é uma das muitas questões contemporâneas e ela não poupa nem as famílias.

O fortalecimento de vínculos entre os familiares é essencial para que os filhos se sintam protegidos, respeitados e aceitos, inclusive é o que reforça a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019), em relação ao contexto familiar.

Saber que os pais ou responsáveis legais se importam com seus problemas ou o que elas fazem no seu tempo livre é considerado um importante fator de proteção por essas crianças e adolescentes, conforme diz o levantamento do PenSe (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar).

A falta de atenção e a ausência da família na vida dos filhos podem criar várias barreiras que afetam o desempenho geral deles. As consequências são muitas e vão da falta de compromisso com os estudos, passando pela rebeldia e agressividade, além da ansiedade e insegurança. Sem falar na baixa autoestima, dificuldade de aprendizagem, entre outros fatores.

Pais: liderem pelo exemplo Os pesquisadores da Universidade de Michigan, alertam que o uso extrapolado de celulares pelos pais pode afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, porque elas precisam de atenção, interação e estímulo para crescerem felizes e saudáveis.

É fundamental que os pais liderem pelo exemplo. É preciso estar consciente dos problemas que essa "fuga" da realidade, sobretudo, nos momentos em que os filhos mais precisam de assistência e atenção, pode trazer ao longo do tempo. Os resultados não são bons. Já falamos sobre isso.

As crianças demonstram progresso quando pais se importam com elas. Quando prestam atenção nelas. Estabelecer limites saudáveis para o tempo de tela é a primeira etapa dos adultos, principalmente quando estiverem com os filhos.

Valorize e priorize as atividades que envolvam brincadeiras ao ar livre, ou em casa mesmo, mas que estimulem conversas e leituras. Fortaleça os vínculos afetivos, enquanto seu filho é criança. Lembre-se: o celular pode esperar. O tempo, não.

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