MILÃO - Realizado desde 2006, o Salão do Banho foi, neste ano, um dos eventos mais aguardados do Salão do Móvel, em Milão. Com mais de 200 expositores, os lançamentos chamam a atenção para um ambiente que pode ser a antítese do ritmo mais acelerado que estamos vivendo, elevando o banheiro a um espaço de recuperação sensorial e bem-estar. A preocupação com caminhos sustentáveis e a incorporação cada vez maior da tecnologia são alguns dos destaques.
Nessa pegada, designers e fabricantes investem, cada vez mais, em transcender o caráter meramente funcional relacionado ao banho e à higiene pessoal. Há uma busca declarada pela harmonia, por um aspecto escultural ligado a objetos de uso cotidiano, sobretudo em relação a torneiras e misturadores.
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“Acredito que o que torna a Naiade (modelo da Docol) especial é justamente sua clareza e simplicidade. As pessoas hoje anseiam por objetos que deixam absolutamente claro, ao primeiro olhar, como funcionam e a que vieram”, afirma Guilherme Bertani, CEO da Docol. A empresa brasileira, aliás, recebeu neste ano, com a Naiade, uma de premiações máximas do desenho industrial mundial, o IF design alemão.
Sem ornamentos
Circulando pelo Salão do Banho é perceptível em todos os equipamentos sanitários que existe uma enorme preocupação com a pureza formal e a clareza de linhas. A funcionalidade fica bem evidenciada e praticamente não existem ornamentos ligados ao desenho das peças. Mais do que nunca, o luxo na hora do banho tem mais a ver com simplicidade e tecnologia avançada do que com valores ou exercícios de estilo. A funcionalidade explícita do objeto virou premissa básica dos projetos neste segmento, o que propicia um uso mais intuitivo, consciente e sustentável.
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Em alta entre os designers, o diálogo entre materiais e formas também se faz bastante presente. Caso da GeSK, marca alemã que brinca com as superfícies, ampliando a interação entre os materiais da cuba e do tampo nas bancadas. Ou ainda da peça reeditada pelo designer francês Philippe Starck para a Duravit, que mantém a elegância de quando foi projetada, há 30 anos. Com novas cores para a base, bem como para os puxadores e pias que a acompanham, o móvel tem espaço de armazenamento fácil de organizar e iluminação interna.
Tecnologia e sustentabilidade
A onipresente tecnologia permite hoje avanços impensáveis tempos atrás. O principal é a possibilidade de agregar funções ao mesmo objeto, como a luz ligada diretamente ao chuveiro ou torneiras acionadas por assistentes virtuais, como a Alexa, o que permite programar a temperatura, o fluxo, o tempo e a economia de água. O mesmo acontece com a iluminação.
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De mãos dadas com a tecnologia está a sustentabilidade, que chega focada principalmente no controle do consumo de água. Nesse sentido, algumas empresas já trabalham com tecnologias que conectam a inteligência artificial aos equipamentos e, como resultado, conseguem minimizar o desperdício.
A linha Nu, da Roca, por exemplo, conta com um arejador escondido dentro da torneira, que reduz o fluxo de água cada vez que ela é utilizada. Do ponto de vista formal, a marca aposta em formas arredondadas, ao mesmo tempo orgânicas e fortes. O toque decorativo fica com a superfície texturizada, com alça fina alongada e formato que lembra um pássaro.
Funcionalidade e estética
A Cielo, por sua vez, ampliou ainda mais as possibilidades de configuração do Delf, um móvel lavatório projetado por Andreia Parisio e Giuseppe Pezzano. A versão com bancada cerâmica oval agora vem acompanhada de outra mais essencial, que cobre toda a parte superior do gabinete, confirmando funcionalidade e estética como elementos inseparáveis do design. Outro lançamento da marca, o gabinete Filo aponta na mesma direção, com suas linhas limpas, estética impecável e funcionalidade intransigente.