Se as paredes são as roupas da casa, os quadros seriam seus acessórios – e todos sabemos que um bom brinco ou colar têm o poder de mudar totalmente qualquer look. Por isso mesmo, a arte de pendurar quadros deve ser levada a sério: seja uma obra de arte, fotografia ou recordações de família, objetos envoltos em uma moldura garantem aconchego para a casa e ajudam a contar a história de quem ali mora. “A questão de expor é algo cultural que vem de anos. Além de ser uma maneira de preservar a obra, você dá personalidade para a casa. Por isso ela tem de fazer parte da sua história e ter algum sentido para você e para sua família”, explica a arquiteta Ticiane Lima.
Passo 1: escolha o local Antes de mais nada, é preciso selecionar o local que receberá o quadro. Normalmente, em razão da disponibilidade de espaço, as paredes dos corredores, escadas ou salas são as mais disputadas. No entanto, nada impede de expô-lo em outros ambientes, como a cozinha ou o lavabo. “Eu diria que podemos colocar arte em qualquer lugar, desde que não prejudique a obra no sentido de desgastá-la. Ou seja, lugares úmidos ou com incidência direta do sol não são indicados”, alerta Mari K Neves, artista e sócia da galeria de arte colaborativa Galeria Calixto 36. O ideal é que os quadros fiquem em paredes lisas. Superfícies de tijolinhos, azulejos ou grafiatos podem ser mais sensíveis de furar, além de, quando com quadros, deixarem o ambiente sobrecarregado, com muita informação.
Analise a altura. Na hora de escolher a posição, analise o pé-direito do ambiente. “A altura correta varia muito, mas tem um eixo do observador que é de 1,70 m a 1,60 m do piso”, explica Ticiane. Caso o quadro fique acima de um móvel, deve haver uma distância mínima de 40 cm entre os objetos. Se o quadro ficar apoiado em prateleiras, siga a mesma regra da altura.
A escolha da moldura. Independentemente do local, a moldura escolhida desempenha um papel fundamental na decoração. “Eu brinco que ou você acaba com a obra de arte ou você a enaltece. Então é preciso pensar tanto na obra quanto na decoração, porque a arquitetura precisa conversar para chegar nesse aconchego aos olhos, ao belo”, diz Ticiane. Certifique-se também de que a moldura não tenha mais de 5 cm de espessura.
Estilo de composição. O entorno do quadro se torna ainda mais importante nas chamadas gallery walls, uma combinação de vários quadros e objetos na mesma parede. Por eles serem pensados em conjunto, é preciso que a moldura seja uniforme e que seus elementos conversem entre si. “Não precisa ser o tema ou a cor. É uma dessas coisas ou então o formato. Isso já cria uma unidade bacana”, opina Mari.
Em galerias online, como a GC36 e a Urban Arts, é possível adquirir coleções de quadros já pensadas pelos artistas para serem combinadas juntas. “As coleções são criadas pensando em sentimentos, situações e gostos contemporâneos”, afirma Mari K Neves.
Na hora de dispor, é possível utilizar quadros de tamanhos diferentes, colocá-los em ziguezague, criar um cenário com fotografias divididas em vários quadros, utilizar a quina da parede. Opções não faltam.
A organização também é livre: pode ser milimetricamente posicionada ou mais despojada, com quadros de diferentes tamanhos e formatos. Em qualquer caso, mantenha a mesma distância entre eles: de 5 cm a 15 cm entre uma obra e outra.
“Indicamos que teste a disposição dos quadros com moldes ou fitas na parede, marcando o lugar onde cada um ficaria, e simulando inúmeras possibilidades de composição. O ideal é partir de um quadro principal e de algumas cores-base e ir expandindo as referências”, conta a consultora da Urban Arts Maria Carolina Flag.
Agora, se você prefere um ar mais minimalista, com um quadro bem grande ou queira dar destaque para uma obra de arte específica, centralize-o na parede ou sobre o objeto de maior evidência do ambiente – sofá, cama ou mesa. Caso o espaço disponível seja grande, a composição pode preencher quase toda largura da parede. Mas, quando estreita, uma distribuição vertical pode ser mais interessante.
Como pendurar. Escolhido o estilo, os quadros e as molduras, chegou a hora de pendurá-los. A forma mais comum é feita com prego ou com bucha e parafuso. Para esses, utilize um lápis para marcar o centro da parte de cima do quadro na parede antes de furá-la.
Se você optar pelo prego, posicione-o na marcação e martele, deixando sua cabeça um pouco inclinada para cima. Mas se escolher a bucha e o parafuso, é necessário o uso da furadeira.
Para pessoas que enjoam fácil da decoração ou moram em apartamentos alugados, existem outras formas de pendurar os objetos sem danificar a parede. Ganchos adesivos, fixação com velcro, massas adesivas, fita dupla face de espuma e fitas 3M são os mais indicados. É só retirar um pedaço e colar na parte de trás dos objetos. Não esqueça de verificar quanto peso o produto aguenta antes de comprá-lo.
“O melhor critério para essa escolha é o peso e o tamanho do quadro. Se ele for muito pesado e tiver acabamento em vidro, a melhor opção é a bucha e o parafuso. Isso garantirá que ele fique firme e não corra o risco de cair”, indica Maria Carolina. Por outro lado, se o quadro for menor e um pouco mais leve, pregos ou fitas darão conta do recado.
Mas quem disse que o quadro precisa, necessariamente, ficar pendurado? Um charme que vem ganhando cada vez mais espaço nas decorações de interiores são os quadros de pisos.
A técnica garante um ar jovial e moderno à decoração, além de ser superprática. “Apesar destes quadros parecerem estar apoiados, eles estão fixos para não correr o risco de cair”, revela a arquiteta. É possível colocar uma fita 3M na parte inferior da obra ou furar um ganchinho na parede e deixá-lo preso, apesar de levemente inclinado. “Isso garante que ele não caia caso alguém esbarre ou até na própria limpeza”, diz Ticiane.
No geral, para ficar no piso a arte deve ser grande (maior que 1,50 m) ou ter o formato arranha-céu, mais fino e comprido, preenchendo melhor verticalmente a parede. Nesses casos, também vale fixá-los com uma fita 3M na parede.
Toques finais. Para dar destaque à composição ou à obra, utilize uma iluminação direcionada, de preferência com lâmpadas LED, que não emitem o calor de uma lâmpada comum e, assim, não causam danos às obras.
Garanta um charme a mais no entorno do quadro com outros objetos decorativos. Uma almofada que combina com a moldura ou vasos coloridos que dividem a estante com o quadro apoiado podem ser o segredo para uma composição perfeita.
“O que importa é a pessoa olhar para aquela obra e gostar. A sensação que ela tem ao ver o quadro é tão importante quanto a intenção que o artista colocou por trás”, resume Mari.
Afinal, uma decoração personalizada pode até ser capaz de dar o toque que faltava em um ambiente. Mas o que importa é que você ame sua casa ao olhar para a parede.