Artesão da forma ideal


De móveis a casas, Bruno Mathsson dedicou 60 anos de carreira à experimentação

Por Olivia Fraga

Bruno Mathsson (1907-1988), o designer mais importante da Suécia, tocava violino desde criança. Dezenas de discos de Tchaikovski ainda estão irretocavelmente enfileirados no revisteiro de sua casa de vidro em Värnamo, cidade de 20 mil habitantes que não perdem a simpatia mesmo sob o rigor do inverno. Além de discos, as estantes servem de apoio, na mesma proporção, a livros clássicos e catálogos de design do século 20. A tradição sueca se faz presente, na sala de jantar, sob a forma de cortinas floridas, bem ao estilo do austríaco Josef Frank, designer que imigrou para a Escandinávia e lá fez sucesso nos anos 40. Construída em 1965, essa casa era a primeira que fazia para si - antes, Bruno havia morado em uma pensão de artistas com Karen, sua mulher. À beira de um lago, a residência mistura madeira, vidro e concreto de um jeito particular, com esquadrias magras, como se fosse uma casa de palitos montada num jogo de armar. "Na época, a construção era quase uma ?nave espacial? pousada ali, e continua a ser bem diferente das casas da redondeza", diz Dan Thelander, diretor da Bruno Mathsson International. "É impressionante como Bruno modificou a arquitetura, mesmo exibindo-a numa cidade pequena como Värnamo." Veja também: Cabana nórdica Boa vida à finlandesa Tradução brasileira Flor de copenhague Revolução na terra natal Mathsson nunca morou na capital, Estocolmo, nem nos Estados Unidos, nem no Japão. Teve inúmeras chances, mas não quis. Escolheu passar a vida no lugar onde nasceu e cresceu. Bruno, razão de uma série de homenagens em 2007, quando completaria 100 anos, preferiu começar uma revolução no lugar onde nasceu, e de lá, irradiar idéias que iriam influenciar todo o desenho escandinavo. Na família Mathsson, Bruno era a quinta geração que se ocupava com a marcenaria. Em um país de rica tradição artesã, especialmente no trato com a madeira, não é pouco. Ávido, porém, em saber mais sobre o funcionalismo que via surgir nas obras de artistas escandinavos e nas revistas estrangeiras, decidiu criar peças que combinassem beleza, funcionalidade e ergonomia. Desde as primeiras criações, nos anos 30, ele batizou mesas e cadeiras com nomes de mulher: Ana, Miranda, Eva, Pernilla. A sinuosidade de braços, estrutura e pernas de suas criações respeitava a curvatura do corpo - algo mais forte no universo feminino, daí a razão dos nomes - ao sentar. Madeiras flexíveis O trabalho de pesquisa era meticuloso: Bruno laminava madeira com água, não no vapor, como era o costume. O processo se realizava lentamente, mas garantia móveis quase indestrutíveis. A experimentação o levou a usar madeiras flexíveis, caso da faia e da bétula; fibras de juta, cânhamo e papel. E só nos últimos anos começou a lidar com o aço tubular. "Olheiros" o indicaram para estrelar exposições de design - Bruno participou da Feira Mundial de Paris, em 1937. Foi a deixa para representar, como convidado dos Estados Unidos, o pavilhão da Suécia na Feira Mundial de Nova York, em 1939. Algo o atraía para a América, e dez anos depois, Bruno decidiu visitar os Estados Unidos com a mulher. O designer viu de perto obras de Frank Lloyd Wright, conheceu o casal Charles e Ray Eames, o arquiteto Walter Gropius (fundador da Bauhaus alemã) e Hans Knoll (da atual marca Knoll). Na volta a Värnamo, Bruno Mathsson surge interessado em pesquisar novas formas do morar. É notável a diferença entre o tradicional (vila de casas de fachada amarela e telhado de duas águas do centro da cidade, feita nos anos 30/40) e o moderno (showroom erguido no terreno da casa dos pais, em 1950). Bruno fez mais de 40 projetos de arquitetura entre casas, fábricas e escolas, espalhadas pela Suécia, em Portugal (sua casa de veraneio), na Dinamarca e até no Japão, único país em que chegou efetivamente a licenciar a fabricação de seus móveis, além da Dux, marca sueca que lançou a poltrona futurista Jetson66. Hoje, a representação comandada por Dan e seu irmão ainda reedita alguns modelos de cadeiras e mesas, caso da Model 36. "As peças vintage atingem preços inimagináveis", conta Maria Graça Bueno, dona da Passado Composto SéculoXX, que revende peças vintage e reedições de Bruno Mathsson no Brasil desde 2002 (preços sob consulta). "A Model 36 parece uma escultura sentável", diz. Segundo o arquiteto Arthur Casas, é impossível desassociar o trabalho de Bruno Mathsson com o ambiente onde foi criado. "Na Suécia, assim como em todos os países nórdicos, o tempo corre lentamente, há menos urgência e é possível ao designer estar atento a detalhes e ser um artesão", comenta o arquiteto. "Se fosse músico, seria João Gil berto, tal a coerência do seu trabalho durante os 60 anos que dedicou à profissão."

Bruno Mathsson (1907-1988), o designer mais importante da Suécia, tocava violino desde criança. Dezenas de discos de Tchaikovski ainda estão irretocavelmente enfileirados no revisteiro de sua casa de vidro em Värnamo, cidade de 20 mil habitantes que não perdem a simpatia mesmo sob o rigor do inverno. Além de discos, as estantes servem de apoio, na mesma proporção, a livros clássicos e catálogos de design do século 20. A tradição sueca se faz presente, na sala de jantar, sob a forma de cortinas floridas, bem ao estilo do austríaco Josef Frank, designer que imigrou para a Escandinávia e lá fez sucesso nos anos 40. Construída em 1965, essa casa era a primeira que fazia para si - antes, Bruno havia morado em uma pensão de artistas com Karen, sua mulher. À beira de um lago, a residência mistura madeira, vidro e concreto de um jeito particular, com esquadrias magras, como se fosse uma casa de palitos montada num jogo de armar. "Na época, a construção era quase uma ?nave espacial? pousada ali, e continua a ser bem diferente das casas da redondeza", diz Dan Thelander, diretor da Bruno Mathsson International. "É impressionante como Bruno modificou a arquitetura, mesmo exibindo-a numa cidade pequena como Värnamo." Veja também: Cabana nórdica Boa vida à finlandesa Tradução brasileira Flor de copenhague Revolução na terra natal Mathsson nunca morou na capital, Estocolmo, nem nos Estados Unidos, nem no Japão. Teve inúmeras chances, mas não quis. Escolheu passar a vida no lugar onde nasceu e cresceu. Bruno, razão de uma série de homenagens em 2007, quando completaria 100 anos, preferiu começar uma revolução no lugar onde nasceu, e de lá, irradiar idéias que iriam influenciar todo o desenho escandinavo. Na família Mathsson, Bruno era a quinta geração que se ocupava com a marcenaria. Em um país de rica tradição artesã, especialmente no trato com a madeira, não é pouco. Ávido, porém, em saber mais sobre o funcionalismo que via surgir nas obras de artistas escandinavos e nas revistas estrangeiras, decidiu criar peças que combinassem beleza, funcionalidade e ergonomia. Desde as primeiras criações, nos anos 30, ele batizou mesas e cadeiras com nomes de mulher: Ana, Miranda, Eva, Pernilla. A sinuosidade de braços, estrutura e pernas de suas criações respeitava a curvatura do corpo - algo mais forte no universo feminino, daí a razão dos nomes - ao sentar. Madeiras flexíveis O trabalho de pesquisa era meticuloso: Bruno laminava madeira com água, não no vapor, como era o costume. O processo se realizava lentamente, mas garantia móveis quase indestrutíveis. A experimentação o levou a usar madeiras flexíveis, caso da faia e da bétula; fibras de juta, cânhamo e papel. E só nos últimos anos começou a lidar com o aço tubular. "Olheiros" o indicaram para estrelar exposições de design - Bruno participou da Feira Mundial de Paris, em 1937. Foi a deixa para representar, como convidado dos Estados Unidos, o pavilhão da Suécia na Feira Mundial de Nova York, em 1939. Algo o atraía para a América, e dez anos depois, Bruno decidiu visitar os Estados Unidos com a mulher. O designer viu de perto obras de Frank Lloyd Wright, conheceu o casal Charles e Ray Eames, o arquiteto Walter Gropius (fundador da Bauhaus alemã) e Hans Knoll (da atual marca Knoll). Na volta a Värnamo, Bruno Mathsson surge interessado em pesquisar novas formas do morar. É notável a diferença entre o tradicional (vila de casas de fachada amarela e telhado de duas águas do centro da cidade, feita nos anos 30/40) e o moderno (showroom erguido no terreno da casa dos pais, em 1950). Bruno fez mais de 40 projetos de arquitetura entre casas, fábricas e escolas, espalhadas pela Suécia, em Portugal (sua casa de veraneio), na Dinamarca e até no Japão, único país em que chegou efetivamente a licenciar a fabricação de seus móveis, além da Dux, marca sueca que lançou a poltrona futurista Jetson66. Hoje, a representação comandada por Dan e seu irmão ainda reedita alguns modelos de cadeiras e mesas, caso da Model 36. "As peças vintage atingem preços inimagináveis", conta Maria Graça Bueno, dona da Passado Composto SéculoXX, que revende peças vintage e reedições de Bruno Mathsson no Brasil desde 2002 (preços sob consulta). "A Model 36 parece uma escultura sentável", diz. Segundo o arquiteto Arthur Casas, é impossível desassociar o trabalho de Bruno Mathsson com o ambiente onde foi criado. "Na Suécia, assim como em todos os países nórdicos, o tempo corre lentamente, há menos urgência e é possível ao designer estar atento a detalhes e ser um artesão", comenta o arquiteto. "Se fosse músico, seria João Gil berto, tal a coerência do seu trabalho durante os 60 anos que dedicou à profissão."

Bruno Mathsson (1907-1988), o designer mais importante da Suécia, tocava violino desde criança. Dezenas de discos de Tchaikovski ainda estão irretocavelmente enfileirados no revisteiro de sua casa de vidro em Värnamo, cidade de 20 mil habitantes que não perdem a simpatia mesmo sob o rigor do inverno. Além de discos, as estantes servem de apoio, na mesma proporção, a livros clássicos e catálogos de design do século 20. A tradição sueca se faz presente, na sala de jantar, sob a forma de cortinas floridas, bem ao estilo do austríaco Josef Frank, designer que imigrou para a Escandinávia e lá fez sucesso nos anos 40. Construída em 1965, essa casa era a primeira que fazia para si - antes, Bruno havia morado em uma pensão de artistas com Karen, sua mulher. À beira de um lago, a residência mistura madeira, vidro e concreto de um jeito particular, com esquadrias magras, como se fosse uma casa de palitos montada num jogo de armar. "Na época, a construção era quase uma ?nave espacial? pousada ali, e continua a ser bem diferente das casas da redondeza", diz Dan Thelander, diretor da Bruno Mathsson International. "É impressionante como Bruno modificou a arquitetura, mesmo exibindo-a numa cidade pequena como Värnamo." Veja também: Cabana nórdica Boa vida à finlandesa Tradução brasileira Flor de copenhague Revolução na terra natal Mathsson nunca morou na capital, Estocolmo, nem nos Estados Unidos, nem no Japão. Teve inúmeras chances, mas não quis. Escolheu passar a vida no lugar onde nasceu e cresceu. Bruno, razão de uma série de homenagens em 2007, quando completaria 100 anos, preferiu começar uma revolução no lugar onde nasceu, e de lá, irradiar idéias que iriam influenciar todo o desenho escandinavo. Na família Mathsson, Bruno era a quinta geração que se ocupava com a marcenaria. Em um país de rica tradição artesã, especialmente no trato com a madeira, não é pouco. Ávido, porém, em saber mais sobre o funcionalismo que via surgir nas obras de artistas escandinavos e nas revistas estrangeiras, decidiu criar peças que combinassem beleza, funcionalidade e ergonomia. Desde as primeiras criações, nos anos 30, ele batizou mesas e cadeiras com nomes de mulher: Ana, Miranda, Eva, Pernilla. A sinuosidade de braços, estrutura e pernas de suas criações respeitava a curvatura do corpo - algo mais forte no universo feminino, daí a razão dos nomes - ao sentar. Madeiras flexíveis O trabalho de pesquisa era meticuloso: Bruno laminava madeira com água, não no vapor, como era o costume. O processo se realizava lentamente, mas garantia móveis quase indestrutíveis. A experimentação o levou a usar madeiras flexíveis, caso da faia e da bétula; fibras de juta, cânhamo e papel. E só nos últimos anos começou a lidar com o aço tubular. "Olheiros" o indicaram para estrelar exposições de design - Bruno participou da Feira Mundial de Paris, em 1937. Foi a deixa para representar, como convidado dos Estados Unidos, o pavilhão da Suécia na Feira Mundial de Nova York, em 1939. Algo o atraía para a América, e dez anos depois, Bruno decidiu visitar os Estados Unidos com a mulher. O designer viu de perto obras de Frank Lloyd Wright, conheceu o casal Charles e Ray Eames, o arquiteto Walter Gropius (fundador da Bauhaus alemã) e Hans Knoll (da atual marca Knoll). Na volta a Värnamo, Bruno Mathsson surge interessado em pesquisar novas formas do morar. É notável a diferença entre o tradicional (vila de casas de fachada amarela e telhado de duas águas do centro da cidade, feita nos anos 30/40) e o moderno (showroom erguido no terreno da casa dos pais, em 1950). Bruno fez mais de 40 projetos de arquitetura entre casas, fábricas e escolas, espalhadas pela Suécia, em Portugal (sua casa de veraneio), na Dinamarca e até no Japão, único país em que chegou efetivamente a licenciar a fabricação de seus móveis, além da Dux, marca sueca que lançou a poltrona futurista Jetson66. Hoje, a representação comandada por Dan e seu irmão ainda reedita alguns modelos de cadeiras e mesas, caso da Model 36. "As peças vintage atingem preços inimagináveis", conta Maria Graça Bueno, dona da Passado Composto SéculoXX, que revende peças vintage e reedições de Bruno Mathsson no Brasil desde 2002 (preços sob consulta). "A Model 36 parece uma escultura sentável", diz. Segundo o arquiteto Arthur Casas, é impossível desassociar o trabalho de Bruno Mathsson com o ambiente onde foi criado. "Na Suécia, assim como em todos os países nórdicos, o tempo corre lentamente, há menos urgência e é possível ao designer estar atento a detalhes e ser um artesão", comenta o arquiteto. "Se fosse músico, seria João Gil berto, tal a coerência do seu trabalho durante os 60 anos que dedicou à profissão."

Bruno Mathsson (1907-1988), o designer mais importante da Suécia, tocava violino desde criança. Dezenas de discos de Tchaikovski ainda estão irretocavelmente enfileirados no revisteiro de sua casa de vidro em Värnamo, cidade de 20 mil habitantes que não perdem a simpatia mesmo sob o rigor do inverno. Além de discos, as estantes servem de apoio, na mesma proporção, a livros clássicos e catálogos de design do século 20. A tradição sueca se faz presente, na sala de jantar, sob a forma de cortinas floridas, bem ao estilo do austríaco Josef Frank, designer que imigrou para a Escandinávia e lá fez sucesso nos anos 40. Construída em 1965, essa casa era a primeira que fazia para si - antes, Bruno havia morado em uma pensão de artistas com Karen, sua mulher. À beira de um lago, a residência mistura madeira, vidro e concreto de um jeito particular, com esquadrias magras, como se fosse uma casa de palitos montada num jogo de armar. "Na época, a construção era quase uma ?nave espacial? pousada ali, e continua a ser bem diferente das casas da redondeza", diz Dan Thelander, diretor da Bruno Mathsson International. "É impressionante como Bruno modificou a arquitetura, mesmo exibindo-a numa cidade pequena como Värnamo." Veja também: Cabana nórdica Boa vida à finlandesa Tradução brasileira Flor de copenhague Revolução na terra natal Mathsson nunca morou na capital, Estocolmo, nem nos Estados Unidos, nem no Japão. Teve inúmeras chances, mas não quis. Escolheu passar a vida no lugar onde nasceu e cresceu. Bruno, razão de uma série de homenagens em 2007, quando completaria 100 anos, preferiu começar uma revolução no lugar onde nasceu, e de lá, irradiar idéias que iriam influenciar todo o desenho escandinavo. Na família Mathsson, Bruno era a quinta geração que se ocupava com a marcenaria. Em um país de rica tradição artesã, especialmente no trato com a madeira, não é pouco. Ávido, porém, em saber mais sobre o funcionalismo que via surgir nas obras de artistas escandinavos e nas revistas estrangeiras, decidiu criar peças que combinassem beleza, funcionalidade e ergonomia. Desde as primeiras criações, nos anos 30, ele batizou mesas e cadeiras com nomes de mulher: Ana, Miranda, Eva, Pernilla. A sinuosidade de braços, estrutura e pernas de suas criações respeitava a curvatura do corpo - algo mais forte no universo feminino, daí a razão dos nomes - ao sentar. Madeiras flexíveis O trabalho de pesquisa era meticuloso: Bruno laminava madeira com água, não no vapor, como era o costume. O processo se realizava lentamente, mas garantia móveis quase indestrutíveis. A experimentação o levou a usar madeiras flexíveis, caso da faia e da bétula; fibras de juta, cânhamo e papel. E só nos últimos anos começou a lidar com o aço tubular. "Olheiros" o indicaram para estrelar exposições de design - Bruno participou da Feira Mundial de Paris, em 1937. Foi a deixa para representar, como convidado dos Estados Unidos, o pavilhão da Suécia na Feira Mundial de Nova York, em 1939. Algo o atraía para a América, e dez anos depois, Bruno decidiu visitar os Estados Unidos com a mulher. O designer viu de perto obras de Frank Lloyd Wright, conheceu o casal Charles e Ray Eames, o arquiteto Walter Gropius (fundador da Bauhaus alemã) e Hans Knoll (da atual marca Knoll). Na volta a Värnamo, Bruno Mathsson surge interessado em pesquisar novas formas do morar. É notável a diferença entre o tradicional (vila de casas de fachada amarela e telhado de duas águas do centro da cidade, feita nos anos 30/40) e o moderno (showroom erguido no terreno da casa dos pais, em 1950). Bruno fez mais de 40 projetos de arquitetura entre casas, fábricas e escolas, espalhadas pela Suécia, em Portugal (sua casa de veraneio), na Dinamarca e até no Japão, único país em que chegou efetivamente a licenciar a fabricação de seus móveis, além da Dux, marca sueca que lançou a poltrona futurista Jetson66. Hoje, a representação comandada por Dan e seu irmão ainda reedita alguns modelos de cadeiras e mesas, caso da Model 36. "As peças vintage atingem preços inimagináveis", conta Maria Graça Bueno, dona da Passado Composto SéculoXX, que revende peças vintage e reedições de Bruno Mathsson no Brasil desde 2002 (preços sob consulta). "A Model 36 parece uma escultura sentável", diz. Segundo o arquiteto Arthur Casas, é impossível desassociar o trabalho de Bruno Mathsson com o ambiente onde foi criado. "Na Suécia, assim como em todos os países nórdicos, o tempo corre lentamente, há menos urgência e é possível ao designer estar atento a detalhes e ser um artesão", comenta o arquiteto. "Se fosse músico, seria João Gil berto, tal a coerência do seu trabalho durante os 60 anos que dedicou à profissão."

Bruno Mathsson (1907-1988), o designer mais importante da Suécia, tocava violino desde criança. Dezenas de discos de Tchaikovski ainda estão irretocavelmente enfileirados no revisteiro de sua casa de vidro em Värnamo, cidade de 20 mil habitantes que não perdem a simpatia mesmo sob o rigor do inverno. Além de discos, as estantes servem de apoio, na mesma proporção, a livros clássicos e catálogos de design do século 20. A tradição sueca se faz presente, na sala de jantar, sob a forma de cortinas floridas, bem ao estilo do austríaco Josef Frank, designer que imigrou para a Escandinávia e lá fez sucesso nos anos 40. Construída em 1965, essa casa era a primeira que fazia para si - antes, Bruno havia morado em uma pensão de artistas com Karen, sua mulher. À beira de um lago, a residência mistura madeira, vidro e concreto de um jeito particular, com esquadrias magras, como se fosse uma casa de palitos montada num jogo de armar. "Na época, a construção era quase uma ?nave espacial? pousada ali, e continua a ser bem diferente das casas da redondeza", diz Dan Thelander, diretor da Bruno Mathsson International. "É impressionante como Bruno modificou a arquitetura, mesmo exibindo-a numa cidade pequena como Värnamo." Veja também: Cabana nórdica Boa vida à finlandesa Tradução brasileira Flor de copenhague Revolução na terra natal Mathsson nunca morou na capital, Estocolmo, nem nos Estados Unidos, nem no Japão. Teve inúmeras chances, mas não quis. Escolheu passar a vida no lugar onde nasceu e cresceu. Bruno, razão de uma série de homenagens em 2007, quando completaria 100 anos, preferiu começar uma revolução no lugar onde nasceu, e de lá, irradiar idéias que iriam influenciar todo o desenho escandinavo. Na família Mathsson, Bruno era a quinta geração que se ocupava com a marcenaria. Em um país de rica tradição artesã, especialmente no trato com a madeira, não é pouco. Ávido, porém, em saber mais sobre o funcionalismo que via surgir nas obras de artistas escandinavos e nas revistas estrangeiras, decidiu criar peças que combinassem beleza, funcionalidade e ergonomia. Desde as primeiras criações, nos anos 30, ele batizou mesas e cadeiras com nomes de mulher: Ana, Miranda, Eva, Pernilla. A sinuosidade de braços, estrutura e pernas de suas criações respeitava a curvatura do corpo - algo mais forte no universo feminino, daí a razão dos nomes - ao sentar. Madeiras flexíveis O trabalho de pesquisa era meticuloso: Bruno laminava madeira com água, não no vapor, como era o costume. O processo se realizava lentamente, mas garantia móveis quase indestrutíveis. A experimentação o levou a usar madeiras flexíveis, caso da faia e da bétula; fibras de juta, cânhamo e papel. E só nos últimos anos começou a lidar com o aço tubular. "Olheiros" o indicaram para estrelar exposições de design - Bruno participou da Feira Mundial de Paris, em 1937. Foi a deixa para representar, como convidado dos Estados Unidos, o pavilhão da Suécia na Feira Mundial de Nova York, em 1939. Algo o atraía para a América, e dez anos depois, Bruno decidiu visitar os Estados Unidos com a mulher. O designer viu de perto obras de Frank Lloyd Wright, conheceu o casal Charles e Ray Eames, o arquiteto Walter Gropius (fundador da Bauhaus alemã) e Hans Knoll (da atual marca Knoll). Na volta a Värnamo, Bruno Mathsson surge interessado em pesquisar novas formas do morar. É notável a diferença entre o tradicional (vila de casas de fachada amarela e telhado de duas águas do centro da cidade, feita nos anos 30/40) e o moderno (showroom erguido no terreno da casa dos pais, em 1950). Bruno fez mais de 40 projetos de arquitetura entre casas, fábricas e escolas, espalhadas pela Suécia, em Portugal (sua casa de veraneio), na Dinamarca e até no Japão, único país em que chegou efetivamente a licenciar a fabricação de seus móveis, além da Dux, marca sueca que lançou a poltrona futurista Jetson66. Hoje, a representação comandada por Dan e seu irmão ainda reedita alguns modelos de cadeiras e mesas, caso da Model 36. "As peças vintage atingem preços inimagináveis", conta Maria Graça Bueno, dona da Passado Composto SéculoXX, que revende peças vintage e reedições de Bruno Mathsson no Brasil desde 2002 (preços sob consulta). "A Model 36 parece uma escultura sentável", diz. Segundo o arquiteto Arthur Casas, é impossível desassociar o trabalho de Bruno Mathsson com o ambiente onde foi criado. "Na Suécia, assim como em todos os países nórdicos, o tempo corre lentamente, há menos urgência e é possível ao designer estar atento a detalhes e ser um artesão", comenta o arquiteto. "Se fosse músico, seria João Gil berto, tal a coerência do seu trabalho durante os 60 anos que dedicou à profissão."

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.