As plantas ideais para decorar um lar com animais de estimação


Escolher as espécies corretas é fundamental para não haver riscos de acidentes e intoxicações

Por Ana Lourenço
Distribua as espécies pela casa de modo que as seguras fiquem mais próximas ao piso e as tóxicas estejam fora do alcance dos animais Foto: Marcelo Chello/ Estadão

Durante a pandemia, o censo pet cresceu. De acordo com o Instituto Pet Brasil, são 139 milhões de animais de estimação no País – só em 2020, foi um aumento de 1,7% em relação a 2019. Ao mesmo tempo, o interesse pelo cultivo de plantas também cresceu – seja pelo efeito visual da decoração ou pela terapia de cuidar de várias plantinhas. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o setor cresceu 10% em faturamento durante 2020.

Essa combinação, no entanto, exige atenção: quais espécies de plantas são seguras para quem tem animais em casa? “Mais de 90% dos casos de relatos de intoxicação tem relação com os cães”, explica a médica veterinária Isabelli Sayuri Kono, especialista em Toxicologia Veterinária. Ela explica que os gatos são mais “seletivos” na ingestão de substâncias diferentes ao que ele está acostumado. 

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De acordo com ela, uma planta é considerada tóxica quando os pesquisadores conseguem fazer uma associação ao sinal que o animal está apresentando – vômito, diarreia, apatia – logo após a ingestão ou contato com alguma espécie (conheça algumas nesta página). Mas não necessariamente uma planta com princípio tóxico causará mal para todos os animais, pois a toxicidade em si depende de vários fatores: idade, sexo, peso, raça, quantidade de ingestão.

“É importante lembrar que, de modo geral, os filhotes vão até um ano. Mas labrador, golden, beagle, são raças de eternos filhotes”, conta Isabelli, também citando a importância do comportamento do animal. Se ele for curioso, evite as plantas tóxicas. Agora, se ele só faz bagunça quando você está fora, pode ser um sinal de tédio ou saudades. Para garantir, deixe as espécies em um local fora do alcance dos bichos. É o que faz a professora aposentada Rosemari Bertoni Barbosa, dona da Kyra, uma spitz alemão de 1 ano e meio. “Eu sempre fui muito extremista com os cuidados. Plantas que são perigosíssimas para ter em casa a gente não tem, mas sempre cultivamos hortelã e erva-cidreira que os animais gostam e até procuram quando não estão muito bem”, diz.

“O senso comum é de que uma folhinha da planta tóxica vai causar o óbito do animal, mas não é assim. No entanto, existem certas plantas que o animal nem precisa engolir, mas só de mordiscar, como a costela-de-adão ou a comigo-ninguém-pode, que pode causar inflamação nos olhos, na boca, na língua do animal”, diz Isabelli.

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Na dúvida sobre a toxicidade da planta, observe o animal. Mas caso pegue a bagunça no ato, é ideal lavar a boca do bichinho. “Caso um animal venha a ingerir uma planta que está na listagem de plantas tóxicas, cerca de 30 minutos a uma hora depois ele começará a apresentar vômito, diarreia, e aí é bom encaminhar para o veterinário, que irá fazer a desintoxicação do trato intestinal – se possível, leve a planta, ou pelo menos uma foto”, alerta Isabelli.

Antes ao alcance de Kyra, asplantinhas da varanda tiveram de ser dispostas em outro lugar da casa para que a pet ficasse segura Foto: Elaine Bertoni

A convivência entre bichinhos e plantas, de modo geral, pode ser muito benéfica, bastam alguns cuidados. “Vamos viajar e uma amiga minha ficará com a Kyra. Como ela é cheia de plantinhas, já dei as orientações e pedi para ela levantar as plantas, já mostrei as que não podem estar lá. Nem só de comer, mas também por poder machucar o olhinho por ser pontiaguda. Ela aceitou bem a recomendação”, relata Rosemari.

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A jardinista Priscilla Soares Bruno dá algumas dicas para ter pets e plantas em segurança. “Para quem tem pet, é importante usar defensivos não-tóxicos. Então você pode trabalhar com óleo de neem (planta medicinal); plantar uma cravina, que é uma espécie espantosa de pulgões; ou até mesmo com inseticidas à base de água”, ensina. De acordo com ela, a regra do dedo (saiu seco, regue. Saiu molhada, está tudo bem) continua válida, mas se o ar estiver seco, é bom lembrar de borrifar água. “Para adubação, uma boa dica é usar a água do arroz (quando usamos somente para limpar, não cozinhar) que é um ótimo adubo foliar, cheia de amidos. Pode borrifar uma vez por semana.”

COMPORTAMENTO

 E se o pet for “arteiro”? A arquiteta e mestre de obras Ingrid Cabral Soares, tutora do cãozinho Pet Dois Litros, fez uma transformação na sua casa depois que decidiu adotá-lo. “Eu fui mãe de plantas primeiro do que cachorro, mas em dezembro de 2020 decidimos pegar o pet”, conta. “Eu tinha o dobro de espécies espalhadas pela casa, mas depois que peguei ele, dei algumas para amigas e outras foram morrendo, porque cachorro toma muito tempo”, brinca.

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Logo quando chegou, Pet exigia vigilância constante de Ingrid. “Ele adorava brincar com a terra dos vasos e espalhar pelo apartamento”, conta. A primeira tentativa foi colocar uma camada de bolinhas de argila expandida em cima da terra, mas foi o enriquecimento ambiental, com brinquedos e petiscos, que melhorou a situação. Ainda assim, a maior parte das plantas acabaram suspensas. “Hoje ele está tranquilo.” 

Costela-de-adão (a segunda da direita para a esquerda) faz uma composição com outras três espécies comcaracterísticas de cultivo semelhantes. O projeto de paisagismo foi assinado por Luciano Zanardo Foto: JP Image

Faça boas escolhas

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Espécies tóxicas:

  • Comigo-ninguém-pode e costela-de-adão  “Se optar por ter a comigo-ninguém-pode, tenha certeza de que fique do lado de fora da casa e que nenhum pet esteja próximo”, conta a jardinista Priscilla Soares Bruno. Por terem oxalato de cálcio, ambas podem causar vômito, diarreia, irritação da mucosa oral e disfagia, e são consideradas as mais perigosas. No mesmo grupo, estão alocásia, copo-de-leite, antúrio e filodendro.
  • Espada-de-são-jorge “Uma opção é usá-la em um vasinho em cima da mesa de trabalho”, indica Priscilla. São resistentes a calor, frio e esquecimentos de rega.
  • Lírio De acordo com a veterinária Isabelli Sayuri Kono, com os cães, não há problema. Porém, os gatos podem passar mal se tiverem contato com a espécie. 
  • Crisântemo e margarida São interessantes para arranjos florais, mas tóxicas. Podem causar vômito, diarreia, hipersalivação, dermatite e falta de coordenação motora. Plantadas, elas são mais sensíveis – no vaso, prefira a meia-sombra. 
  • Filodendro, hera e jiboia São ótimas espécies para usar em lugares suspensos, a salvo dos bichos e garantindo beleza na decoração.
  • Rosa e azaleia-do-deserto Por terem glicosídeos cardíacos, podem causar arritmia e até mesmo levar o animal a óbito. Assim, o ideal é evitar, mas caso já tenha, invista em uma barreira ou grade para o seu entorno.

Catnip, conhecida como erva de gatos, são ótimas para ter em casas com bichanos Foto: Randy Harris/The New York Times
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Seguras para ter em  casas com pets:

  • Samambaia Existem dois tipos, com nomes científicos diferentes. A Pteridium aquilinum, que seria a samambaia do campo, é altamente tóxica. Já as que encontramos facilmente nas lojas de planta não têm relatos de toxicidade. Opte por lugares longe de correntes de vento. 
  • Lavanda São mais indicadas para a área externa por conta do perfume forte. Gostam de sol e as mudas novas podem ser regadas diariamente.
  • Brinco-de-princesa e hypoestes Gostam de meia-sombra. Uma boa dica é utilizar espaços com iluminação matinal, já que o calor intenso pode murchar as flores. 
  • Amor-perfeito e suculentas comuns Precisam de mais luz solar: quanto mais luz suas flores receberem, maiores e mais bonitas elas serão. Atenção para não encharcá-las com água. 
  • Bromélias e orquídeas É importante ter um controle de água, pois isso pode apodrecer a raiz. É mais indicado cultivo em áreas com menos insolação.
  • Hortelã, alecrim e catnip (erva de gato) São espécies que crescem melhor quando cultivadas em ambientes arejados e com bastante sol. A terra deve sempre permanecer úmida, mas não encharcada.
  • Rosas Normalmente plantadas em vasos ou canteiros, elas gostam de sol e muita água. Devem ser cultivadas com cautela, pois seus espinhos podem causar dano ao animal.

Distribua as espécies pela casa de modo que as seguras fiquem mais próximas ao piso e as tóxicas estejam fora do alcance dos animais Foto: Marcelo Chello/ Estadão

Durante a pandemia, o censo pet cresceu. De acordo com o Instituto Pet Brasil, são 139 milhões de animais de estimação no País – só em 2020, foi um aumento de 1,7% em relação a 2019. Ao mesmo tempo, o interesse pelo cultivo de plantas também cresceu – seja pelo efeito visual da decoração ou pela terapia de cuidar de várias plantinhas. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o setor cresceu 10% em faturamento durante 2020.

Essa combinação, no entanto, exige atenção: quais espécies de plantas são seguras para quem tem animais em casa? “Mais de 90% dos casos de relatos de intoxicação tem relação com os cães”, explica a médica veterinária Isabelli Sayuri Kono, especialista em Toxicologia Veterinária. Ela explica que os gatos são mais “seletivos” na ingestão de substâncias diferentes ao que ele está acostumado. 

De acordo com ela, uma planta é considerada tóxica quando os pesquisadores conseguem fazer uma associação ao sinal que o animal está apresentando – vômito, diarreia, apatia – logo após a ingestão ou contato com alguma espécie (conheça algumas nesta página). Mas não necessariamente uma planta com princípio tóxico causará mal para todos os animais, pois a toxicidade em si depende de vários fatores: idade, sexo, peso, raça, quantidade de ingestão.

“É importante lembrar que, de modo geral, os filhotes vão até um ano. Mas labrador, golden, beagle, são raças de eternos filhotes”, conta Isabelli, também citando a importância do comportamento do animal. Se ele for curioso, evite as plantas tóxicas. Agora, se ele só faz bagunça quando você está fora, pode ser um sinal de tédio ou saudades. Para garantir, deixe as espécies em um local fora do alcance dos bichos. É o que faz a professora aposentada Rosemari Bertoni Barbosa, dona da Kyra, uma spitz alemão de 1 ano e meio. “Eu sempre fui muito extremista com os cuidados. Plantas que são perigosíssimas para ter em casa a gente não tem, mas sempre cultivamos hortelã e erva-cidreira que os animais gostam e até procuram quando não estão muito bem”, diz.

“O senso comum é de que uma folhinha da planta tóxica vai causar o óbito do animal, mas não é assim. No entanto, existem certas plantas que o animal nem precisa engolir, mas só de mordiscar, como a costela-de-adão ou a comigo-ninguém-pode, que pode causar inflamação nos olhos, na boca, na língua do animal”, diz Isabelli.

Na dúvida sobre a toxicidade da planta, observe o animal. Mas caso pegue a bagunça no ato, é ideal lavar a boca do bichinho. “Caso um animal venha a ingerir uma planta que está na listagem de plantas tóxicas, cerca de 30 minutos a uma hora depois ele começará a apresentar vômito, diarreia, e aí é bom encaminhar para o veterinário, que irá fazer a desintoxicação do trato intestinal – se possível, leve a planta, ou pelo menos uma foto”, alerta Isabelli.

Antes ao alcance de Kyra, asplantinhas da varanda tiveram de ser dispostas em outro lugar da casa para que a pet ficasse segura Foto: Elaine Bertoni

A convivência entre bichinhos e plantas, de modo geral, pode ser muito benéfica, bastam alguns cuidados. “Vamos viajar e uma amiga minha ficará com a Kyra. Como ela é cheia de plantinhas, já dei as orientações e pedi para ela levantar as plantas, já mostrei as que não podem estar lá. Nem só de comer, mas também por poder machucar o olhinho por ser pontiaguda. Ela aceitou bem a recomendação”, relata Rosemari.

A jardinista Priscilla Soares Bruno dá algumas dicas para ter pets e plantas em segurança. “Para quem tem pet, é importante usar defensivos não-tóxicos. Então você pode trabalhar com óleo de neem (planta medicinal); plantar uma cravina, que é uma espécie espantosa de pulgões; ou até mesmo com inseticidas à base de água”, ensina. De acordo com ela, a regra do dedo (saiu seco, regue. Saiu molhada, está tudo bem) continua válida, mas se o ar estiver seco, é bom lembrar de borrifar água. “Para adubação, uma boa dica é usar a água do arroz (quando usamos somente para limpar, não cozinhar) que é um ótimo adubo foliar, cheia de amidos. Pode borrifar uma vez por semana.”

COMPORTAMENTO

 E se o pet for “arteiro”? A arquiteta e mestre de obras Ingrid Cabral Soares, tutora do cãozinho Pet Dois Litros, fez uma transformação na sua casa depois que decidiu adotá-lo. “Eu fui mãe de plantas primeiro do que cachorro, mas em dezembro de 2020 decidimos pegar o pet”, conta. “Eu tinha o dobro de espécies espalhadas pela casa, mas depois que peguei ele, dei algumas para amigas e outras foram morrendo, porque cachorro toma muito tempo”, brinca.

Logo quando chegou, Pet exigia vigilância constante de Ingrid. “Ele adorava brincar com a terra dos vasos e espalhar pelo apartamento”, conta. A primeira tentativa foi colocar uma camada de bolinhas de argila expandida em cima da terra, mas foi o enriquecimento ambiental, com brinquedos e petiscos, que melhorou a situação. Ainda assim, a maior parte das plantas acabaram suspensas. “Hoje ele está tranquilo.” 

Costela-de-adão (a segunda da direita para a esquerda) faz uma composição com outras três espécies comcaracterísticas de cultivo semelhantes. O projeto de paisagismo foi assinado por Luciano Zanardo Foto: JP Image

Faça boas escolhas

Espécies tóxicas:

  • Comigo-ninguém-pode e costela-de-adão  “Se optar por ter a comigo-ninguém-pode, tenha certeza de que fique do lado de fora da casa e que nenhum pet esteja próximo”, conta a jardinista Priscilla Soares Bruno. Por terem oxalato de cálcio, ambas podem causar vômito, diarreia, irritação da mucosa oral e disfagia, e são consideradas as mais perigosas. No mesmo grupo, estão alocásia, copo-de-leite, antúrio e filodendro.
  • Espada-de-são-jorge “Uma opção é usá-la em um vasinho em cima da mesa de trabalho”, indica Priscilla. São resistentes a calor, frio e esquecimentos de rega.
  • Lírio De acordo com a veterinária Isabelli Sayuri Kono, com os cães, não há problema. Porém, os gatos podem passar mal se tiverem contato com a espécie. 
  • Crisântemo e margarida São interessantes para arranjos florais, mas tóxicas. Podem causar vômito, diarreia, hipersalivação, dermatite e falta de coordenação motora. Plantadas, elas são mais sensíveis – no vaso, prefira a meia-sombra. 
  • Filodendro, hera e jiboia São ótimas espécies para usar em lugares suspensos, a salvo dos bichos e garantindo beleza na decoração.
  • Rosa e azaleia-do-deserto Por terem glicosídeos cardíacos, podem causar arritmia e até mesmo levar o animal a óbito. Assim, o ideal é evitar, mas caso já tenha, invista em uma barreira ou grade para o seu entorno.

Catnip, conhecida como erva de gatos, são ótimas para ter em casas com bichanos Foto: Randy Harris/The New York Times

Seguras para ter em  casas com pets:

  • Samambaia Existem dois tipos, com nomes científicos diferentes. A Pteridium aquilinum, que seria a samambaia do campo, é altamente tóxica. Já as que encontramos facilmente nas lojas de planta não têm relatos de toxicidade. Opte por lugares longe de correntes de vento. 
  • Lavanda São mais indicadas para a área externa por conta do perfume forte. Gostam de sol e as mudas novas podem ser regadas diariamente.
  • Brinco-de-princesa e hypoestes Gostam de meia-sombra. Uma boa dica é utilizar espaços com iluminação matinal, já que o calor intenso pode murchar as flores. 
  • Amor-perfeito e suculentas comuns Precisam de mais luz solar: quanto mais luz suas flores receberem, maiores e mais bonitas elas serão. Atenção para não encharcá-las com água. 
  • Bromélias e orquídeas É importante ter um controle de água, pois isso pode apodrecer a raiz. É mais indicado cultivo em áreas com menos insolação.
  • Hortelã, alecrim e catnip (erva de gato) São espécies que crescem melhor quando cultivadas em ambientes arejados e com bastante sol. A terra deve sempre permanecer úmida, mas não encharcada.
  • Rosas Normalmente plantadas em vasos ou canteiros, elas gostam de sol e muita água. Devem ser cultivadas com cautela, pois seus espinhos podem causar dano ao animal.

Distribua as espécies pela casa de modo que as seguras fiquem mais próximas ao piso e as tóxicas estejam fora do alcance dos animais Foto: Marcelo Chello/ Estadão

Durante a pandemia, o censo pet cresceu. De acordo com o Instituto Pet Brasil, são 139 milhões de animais de estimação no País – só em 2020, foi um aumento de 1,7% em relação a 2019. Ao mesmo tempo, o interesse pelo cultivo de plantas também cresceu – seja pelo efeito visual da decoração ou pela terapia de cuidar de várias plantinhas. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o setor cresceu 10% em faturamento durante 2020.

Essa combinação, no entanto, exige atenção: quais espécies de plantas são seguras para quem tem animais em casa? “Mais de 90% dos casos de relatos de intoxicação tem relação com os cães”, explica a médica veterinária Isabelli Sayuri Kono, especialista em Toxicologia Veterinária. Ela explica que os gatos são mais “seletivos” na ingestão de substâncias diferentes ao que ele está acostumado. 

De acordo com ela, uma planta é considerada tóxica quando os pesquisadores conseguem fazer uma associação ao sinal que o animal está apresentando – vômito, diarreia, apatia – logo após a ingestão ou contato com alguma espécie (conheça algumas nesta página). Mas não necessariamente uma planta com princípio tóxico causará mal para todos os animais, pois a toxicidade em si depende de vários fatores: idade, sexo, peso, raça, quantidade de ingestão.

“É importante lembrar que, de modo geral, os filhotes vão até um ano. Mas labrador, golden, beagle, são raças de eternos filhotes”, conta Isabelli, também citando a importância do comportamento do animal. Se ele for curioso, evite as plantas tóxicas. Agora, se ele só faz bagunça quando você está fora, pode ser um sinal de tédio ou saudades. Para garantir, deixe as espécies em um local fora do alcance dos bichos. É o que faz a professora aposentada Rosemari Bertoni Barbosa, dona da Kyra, uma spitz alemão de 1 ano e meio. “Eu sempre fui muito extremista com os cuidados. Plantas que são perigosíssimas para ter em casa a gente não tem, mas sempre cultivamos hortelã e erva-cidreira que os animais gostam e até procuram quando não estão muito bem”, diz.

“O senso comum é de que uma folhinha da planta tóxica vai causar o óbito do animal, mas não é assim. No entanto, existem certas plantas que o animal nem precisa engolir, mas só de mordiscar, como a costela-de-adão ou a comigo-ninguém-pode, que pode causar inflamação nos olhos, na boca, na língua do animal”, diz Isabelli.

Na dúvida sobre a toxicidade da planta, observe o animal. Mas caso pegue a bagunça no ato, é ideal lavar a boca do bichinho. “Caso um animal venha a ingerir uma planta que está na listagem de plantas tóxicas, cerca de 30 minutos a uma hora depois ele começará a apresentar vômito, diarreia, e aí é bom encaminhar para o veterinário, que irá fazer a desintoxicação do trato intestinal – se possível, leve a planta, ou pelo menos uma foto”, alerta Isabelli.

Antes ao alcance de Kyra, asplantinhas da varanda tiveram de ser dispostas em outro lugar da casa para que a pet ficasse segura Foto: Elaine Bertoni

A convivência entre bichinhos e plantas, de modo geral, pode ser muito benéfica, bastam alguns cuidados. “Vamos viajar e uma amiga minha ficará com a Kyra. Como ela é cheia de plantinhas, já dei as orientações e pedi para ela levantar as plantas, já mostrei as que não podem estar lá. Nem só de comer, mas também por poder machucar o olhinho por ser pontiaguda. Ela aceitou bem a recomendação”, relata Rosemari.

A jardinista Priscilla Soares Bruno dá algumas dicas para ter pets e plantas em segurança. “Para quem tem pet, é importante usar defensivos não-tóxicos. Então você pode trabalhar com óleo de neem (planta medicinal); plantar uma cravina, que é uma espécie espantosa de pulgões; ou até mesmo com inseticidas à base de água”, ensina. De acordo com ela, a regra do dedo (saiu seco, regue. Saiu molhada, está tudo bem) continua válida, mas se o ar estiver seco, é bom lembrar de borrifar água. “Para adubação, uma boa dica é usar a água do arroz (quando usamos somente para limpar, não cozinhar) que é um ótimo adubo foliar, cheia de amidos. Pode borrifar uma vez por semana.”

COMPORTAMENTO

 E se o pet for “arteiro”? A arquiteta e mestre de obras Ingrid Cabral Soares, tutora do cãozinho Pet Dois Litros, fez uma transformação na sua casa depois que decidiu adotá-lo. “Eu fui mãe de plantas primeiro do que cachorro, mas em dezembro de 2020 decidimos pegar o pet”, conta. “Eu tinha o dobro de espécies espalhadas pela casa, mas depois que peguei ele, dei algumas para amigas e outras foram morrendo, porque cachorro toma muito tempo”, brinca.

Logo quando chegou, Pet exigia vigilância constante de Ingrid. “Ele adorava brincar com a terra dos vasos e espalhar pelo apartamento”, conta. A primeira tentativa foi colocar uma camada de bolinhas de argila expandida em cima da terra, mas foi o enriquecimento ambiental, com brinquedos e petiscos, que melhorou a situação. Ainda assim, a maior parte das plantas acabaram suspensas. “Hoje ele está tranquilo.” 

Costela-de-adão (a segunda da direita para a esquerda) faz uma composição com outras três espécies comcaracterísticas de cultivo semelhantes. O projeto de paisagismo foi assinado por Luciano Zanardo Foto: JP Image

Faça boas escolhas

Espécies tóxicas:

  • Comigo-ninguém-pode e costela-de-adão  “Se optar por ter a comigo-ninguém-pode, tenha certeza de que fique do lado de fora da casa e que nenhum pet esteja próximo”, conta a jardinista Priscilla Soares Bruno. Por terem oxalato de cálcio, ambas podem causar vômito, diarreia, irritação da mucosa oral e disfagia, e são consideradas as mais perigosas. No mesmo grupo, estão alocásia, copo-de-leite, antúrio e filodendro.
  • Espada-de-são-jorge “Uma opção é usá-la em um vasinho em cima da mesa de trabalho”, indica Priscilla. São resistentes a calor, frio e esquecimentos de rega.
  • Lírio De acordo com a veterinária Isabelli Sayuri Kono, com os cães, não há problema. Porém, os gatos podem passar mal se tiverem contato com a espécie. 
  • Crisântemo e margarida São interessantes para arranjos florais, mas tóxicas. Podem causar vômito, diarreia, hipersalivação, dermatite e falta de coordenação motora. Plantadas, elas são mais sensíveis – no vaso, prefira a meia-sombra. 
  • Filodendro, hera e jiboia São ótimas espécies para usar em lugares suspensos, a salvo dos bichos e garantindo beleza na decoração.
  • Rosa e azaleia-do-deserto Por terem glicosídeos cardíacos, podem causar arritmia e até mesmo levar o animal a óbito. Assim, o ideal é evitar, mas caso já tenha, invista em uma barreira ou grade para o seu entorno.

Catnip, conhecida como erva de gatos, são ótimas para ter em casas com bichanos Foto: Randy Harris/The New York Times

Seguras para ter em  casas com pets:

  • Samambaia Existem dois tipos, com nomes científicos diferentes. A Pteridium aquilinum, que seria a samambaia do campo, é altamente tóxica. Já as que encontramos facilmente nas lojas de planta não têm relatos de toxicidade. Opte por lugares longe de correntes de vento. 
  • Lavanda São mais indicadas para a área externa por conta do perfume forte. Gostam de sol e as mudas novas podem ser regadas diariamente.
  • Brinco-de-princesa e hypoestes Gostam de meia-sombra. Uma boa dica é utilizar espaços com iluminação matinal, já que o calor intenso pode murchar as flores. 
  • Amor-perfeito e suculentas comuns Precisam de mais luz solar: quanto mais luz suas flores receberem, maiores e mais bonitas elas serão. Atenção para não encharcá-las com água. 
  • Bromélias e orquídeas É importante ter um controle de água, pois isso pode apodrecer a raiz. É mais indicado cultivo em áreas com menos insolação.
  • Hortelã, alecrim e catnip (erva de gato) São espécies que crescem melhor quando cultivadas em ambientes arejados e com bastante sol. A terra deve sempre permanecer úmida, mas não encharcada.
  • Rosas Normalmente plantadas em vasos ou canteiros, elas gostam de sol e muita água. Devem ser cultivadas com cautela, pois seus espinhos podem causar dano ao animal.

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