O colecionismo nacional como atitude contemporânea foi o tema escolhido para a 15ª edição do Salão de Arte do Clube A Hebraica, que vai de terça-feira a domingo na Sala Marc Chagall. Segundo a curadora Vera Chaccur Chadad, "uma coleção apura o senso crítico e faz perceber as características que se sobressaem em cada peça" - mote inspirador da seleção de peças para a Sala Especial, que reúne mobiliário, objetos, telas, esculturas e arte sacra. Esses e outros itens pertencem a 29 antiquários, 21 galerias de arte, sete joalheiros e um livreiro de papéis raros - os principais do país. Hoje, há colecionadores de tudo: de arte e móveis a bonecas e brinquedos antigos, de máscaras africanas e vasos de Murano a carros antigos e art déco. São os que apreciam (e preservam) o belo, o curioso, o raro. O ato de colecionar prova que existe "uma individualidade capaz de agrupar o novo, o contemporâneo e o antigo, que se harmonizam entre si e enriquecem universos particulares", afirma a antiquária Sílvia de Souza Aranha, da loja Resplendor, co-curadora da Sala Especial. Além do aspecto decorativo, itens colecionáveis também despertam o interesse para novos universos. "Quando uma casa ou coleção contemporâneas são acrescidas de arte brasileira autêntica - seja antiga, moderna ou popular -, surge uma nova dimensão a seu proprietário" , salienta Luiz Márcio Ferreira de Carvalho Filho, outro co-curador. Porta-caviar do século 19 Ponto comum entre os expositores é que, em pleno século 21, a fusão do antigo com o novo ganha cada vez mais espaço na decoração. "Essa mescla indica um novo estilo, aliás, muito peculiar à proposta que procuro imprimir ao Salão", resume Vera. Para o artista plástico e galerista paulistano Marcelo Neves, "o diferencial de um salão é a expectativa de se descobrir algo nunca visto". Bom exemplo é o porta-caviar Visconde de Meriti, provavelmente a peça mais singular em exposição no Clube A Hebraica. A porcelana vem do Atelier Princesa, de São Paulo, filial da loja carioca de Miguel Salles. É o único exemplar conhecido em serviços brasileiros do século 19 - e não deve custar menos de R$ 65 mil. "O salão é uma oportunidade de se mostrar o que há de mais disputado nesse momento em que o mercado de coleções está aquecido no Brasil e no mundo", reforça Clara Sancovsky, da Collectors, que expõe vasos Camille Fauré. Desse modo, o público encontrará, entre outros, arcazes, capelas e mobiliário brasileiro dos séculos 18 e 19. "Há um revival em torno dessas peças, que têm se valorizado devido à tendência de reformulação do clean", opina Vera. Outro atrativo será o leilão promovido pela Dedalo Leilões & Cia.. Como "aperitivo", o relógio de bolso Sonnnerie, da Patek Phillipe, em caixa em ouro de 18K, de 1910. Preço inicial: R$ 35 mil.