Ladrilho hidráulico ganha novos desenhos e cores


Fabricado no Brasil há mais de 90 anos, o revestimento se reinventa com o trabalho de designers e artistas plásticos

Por Marina Pauliquevis
Ladrilhos hidráulicos do Studio Passalacqua, que cria modelos e renova outros já existentes com coresdesenvolvidas para a fábrica Ladrilar Foto: Zeca Wittner/Estadão

Artista gráfica acostumada a trabalhar com cerâmica, a pernambucana Joana Lira não cansa de testar novos suportes para seus desenhos – pratos decorativos, papel de parede, material cenográfico do carnaval do Recife. Os ladrilhos hidráulicos são sua mais recente experimentação. Participando de um grupo que discutia soluções para praças, ela pensou em intervir nas calçadas de forma lúdica com os desenhos que deram origem à coleção Pássaro com Amor, lançada pela Dalle Piagge. “É um desafio reinventar algo tão antigo, que faz parte de nossa cultura”, diz ela, que deve lançar mais três modelos até o fim do ano.

O revestimento, visto com frequência em igrejas, antigas casas de fazenda, colégios, começou a ser produzido no Brasil na década de 1920 – antes era trazido da Europa – e, ainda que nunca tenha deixado de ser usado, tem ganhado novos ares com desenhos feitos por designers, arquitetos e artistas plásticos e cores desenvolvidas especialmente para as peças, cujo modo de produção nunca foi alterado. Cada ladrilho é feito um a um, artesanalmente. E sem queima, como acontece com a cerâmica, a cura é feita na água. 

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“O processo de produção é surpreendente e encantador”, diz Joana. E, por ser feito à mão, o ladrilho é altamente personalizável. Um mesmo desenho pode ganhar outro estilo só com a mudança de cores. “Para mim, esse é o grande apelo do ladrilho hidráulico: a exclusividade. Você não corre o risco de chegar em um lugar e encontrar um piso igual ao da sua casa”, acredita Divo Picazio Jr., sócio da Dalle Piagge com o primo Marcello Ruocco.

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A fábrica, que tem cerca de 1.000 moldes de ladrilhos, acabou de lançar uma linha de formas geométricas criada pela artista plástica Natalia Uchôa e prepara outras, em parceria com a designer de interiores Neza Cesar e a arquiteta Selma de Sá Moreira. “Nunca morei em casa que tivesse o revestimento, então, o que me cativou não foi a memória afetiva que o ladrilho desperta em muita gente. Me encantei com a produção artesanal. Fica um pouco da pessoa que fez em cada peça”, diz Natalia, que agora tem na parede de casa ladrilhos emoldurados.

Ladrilho hidráulico reinventado

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Foto: Cesar Cuninghant/Estadão
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Foto: Zeca Wittner/Estadão

Mais antiga fabricante do revestimento em São Paulo, funcionando desde 1922, a Ladrilar produziu peças que este ano foram apresentadas no Salão do Móvel de Milão. Juntos, os estúdios paulistano Passalacqua e o italiano Dimore desenvolveram um piso geométrico que dava a impressão de ser um tapete pintado à mão. “O ladrilho hidráulico é de origem italiana, se espalhou pelo Mediterrâneo e pelo mundo árabe, e voltou como algo contemporâneo em Milão”, afirma a designer Paola Croso, do Studio Passalacqua.

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Arquiteto e artista plástico, Guilherme Zoldan desenvolveu quatro desenhos para a Ladrilar com base em suas gravuras. Um deles, o Flor, foi o escolhido para as peças que instalou na varanda do apartamento da família em Ubatuba. O ladrilho está em todo o piso e sobe até uma das paredes. “Fiz isso para criar movimento, a parede ganhou vida. Se você olhar bem, parece até a queda d’água de uma cachoeira.”

Sobrevivendo a guerras e crises

Hamilton Junior, proprietário da Ladrilar, é a quarta geração no comando da fábrica de ladrilhos hidráulicos que desde 1922 funciona no mesmo lugar, na região central de São Pulo. O modo como os ladrilhos são feitos também não mudou: o ladrilheiros despeja a tinta espessa, formada por pigmento, cimento e pó de pedra, conforme o desenho do molde de latão (os mais antigos são de bronze); depois de retirar o molde, joga duas camadas diferentes de misturas com mais cimento e pó de pedra; a peça é prensada em uma máquina manual e, retirada da forma, “descansa” por um dia em uma prateleira antes de ficar submersa por um período que pode chegar a 24 horas; por fim, ficará cerca de um mês maturando em prateleiras. “Esse processo sobreviveu a crises, a guerras e se mantém o mesmo”, diz Junior. “É um revestimento vivo, até o toque é diferente de um produto industrializado.”

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Veja no vídeo abaixo como é feito o ladrilho hidráulico:

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Conheça o processo artesanal de produção do revestimento na mais antiga fábrica em funcionamento em São Paulo

Ladrilhos hidráulicos do Studio Passalacqua, que cria modelos e renova outros já existentes com coresdesenvolvidas para a fábrica Ladrilar Foto: Zeca Wittner/Estadão

Artista gráfica acostumada a trabalhar com cerâmica, a pernambucana Joana Lira não cansa de testar novos suportes para seus desenhos – pratos decorativos, papel de parede, material cenográfico do carnaval do Recife. Os ladrilhos hidráulicos são sua mais recente experimentação. Participando de um grupo que discutia soluções para praças, ela pensou em intervir nas calçadas de forma lúdica com os desenhos que deram origem à coleção Pássaro com Amor, lançada pela Dalle Piagge. “É um desafio reinventar algo tão antigo, que faz parte de nossa cultura”, diz ela, que deve lançar mais três modelos até o fim do ano.

O revestimento, visto com frequência em igrejas, antigas casas de fazenda, colégios, começou a ser produzido no Brasil na década de 1920 – antes era trazido da Europa – e, ainda que nunca tenha deixado de ser usado, tem ganhado novos ares com desenhos feitos por designers, arquitetos e artistas plásticos e cores desenvolvidas especialmente para as peças, cujo modo de produção nunca foi alterado. Cada ladrilho é feito um a um, artesanalmente. E sem queima, como acontece com a cerâmica, a cura é feita na água. 

“O processo de produção é surpreendente e encantador”, diz Joana. E, por ser feito à mão, o ladrilho é altamente personalizável. Um mesmo desenho pode ganhar outro estilo só com a mudança de cores. “Para mim, esse é o grande apelo do ladrilho hidráulico: a exclusividade. Você não corre o risco de chegar em um lugar e encontrar um piso igual ao da sua casa”, acredita Divo Picazio Jr., sócio da Dalle Piagge com o primo Marcello Ruocco.

A fábrica, que tem cerca de 1.000 moldes de ladrilhos, acabou de lançar uma linha de formas geométricas criada pela artista plástica Natalia Uchôa e prepara outras, em parceria com a designer de interiores Neza Cesar e a arquiteta Selma de Sá Moreira. “Nunca morei em casa que tivesse o revestimento, então, o que me cativou não foi a memória afetiva que o ladrilho desperta em muita gente. Me encantei com a produção artesanal. Fica um pouco da pessoa que fez em cada peça”, diz Natalia, que agora tem na parede de casa ladrilhos emoldurados.

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Mais antiga fabricante do revestimento em São Paulo, funcionando desde 1922, a Ladrilar produziu peças que este ano foram apresentadas no Salão do Móvel de Milão. Juntos, os estúdios paulistano Passalacqua e o italiano Dimore desenvolveram um piso geométrico que dava a impressão de ser um tapete pintado à mão. “O ladrilho hidráulico é de origem italiana, se espalhou pelo Mediterrâneo e pelo mundo árabe, e voltou como algo contemporâneo em Milão”, afirma a designer Paola Croso, do Studio Passalacqua.

Arquiteto e artista plástico, Guilherme Zoldan desenvolveu quatro desenhos para a Ladrilar com base em suas gravuras. Um deles, o Flor, foi o escolhido para as peças que instalou na varanda do apartamento da família em Ubatuba. O ladrilho está em todo o piso e sobe até uma das paredes. “Fiz isso para criar movimento, a parede ganhou vida. Se você olhar bem, parece até a queda d’água de uma cachoeira.”

Sobrevivendo a guerras e crises

Hamilton Junior, proprietário da Ladrilar, é a quarta geração no comando da fábrica de ladrilhos hidráulicos que desde 1922 funciona no mesmo lugar, na região central de São Pulo. O modo como os ladrilhos são feitos também não mudou: o ladrilheiros despeja a tinta espessa, formada por pigmento, cimento e pó de pedra, conforme o desenho do molde de latão (os mais antigos são de bronze); depois de retirar o molde, joga duas camadas diferentes de misturas com mais cimento e pó de pedra; a peça é prensada em uma máquina manual e, retirada da forma, “descansa” por um dia em uma prateleira antes de ficar submersa por um período que pode chegar a 24 horas; por fim, ficará cerca de um mês maturando em prateleiras. “Esse processo sobreviveu a crises, a guerras e se mantém o mesmo”, diz Junior. “É um revestimento vivo, até o toque é diferente de um produto industrializado.”

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Conheça o processo artesanal de produção do revestimento na mais antiga fábrica em funcionamento em São Paulo

Ladrilhos hidráulicos do Studio Passalacqua, que cria modelos e renova outros já existentes com coresdesenvolvidas para a fábrica Ladrilar Foto: Zeca Wittner/Estadão

Artista gráfica acostumada a trabalhar com cerâmica, a pernambucana Joana Lira não cansa de testar novos suportes para seus desenhos – pratos decorativos, papel de parede, material cenográfico do carnaval do Recife. Os ladrilhos hidráulicos são sua mais recente experimentação. Participando de um grupo que discutia soluções para praças, ela pensou em intervir nas calçadas de forma lúdica com os desenhos que deram origem à coleção Pássaro com Amor, lançada pela Dalle Piagge. “É um desafio reinventar algo tão antigo, que faz parte de nossa cultura”, diz ela, que deve lançar mais três modelos até o fim do ano.

O revestimento, visto com frequência em igrejas, antigas casas de fazenda, colégios, começou a ser produzido no Brasil na década de 1920 – antes era trazido da Europa – e, ainda que nunca tenha deixado de ser usado, tem ganhado novos ares com desenhos feitos por designers, arquitetos e artistas plásticos e cores desenvolvidas especialmente para as peças, cujo modo de produção nunca foi alterado. Cada ladrilho é feito um a um, artesanalmente. E sem queima, como acontece com a cerâmica, a cura é feita na água. 

“O processo de produção é surpreendente e encantador”, diz Joana. E, por ser feito à mão, o ladrilho é altamente personalizável. Um mesmo desenho pode ganhar outro estilo só com a mudança de cores. “Para mim, esse é o grande apelo do ladrilho hidráulico: a exclusividade. Você não corre o risco de chegar em um lugar e encontrar um piso igual ao da sua casa”, acredita Divo Picazio Jr., sócio da Dalle Piagge com o primo Marcello Ruocco.

A fábrica, que tem cerca de 1.000 moldes de ladrilhos, acabou de lançar uma linha de formas geométricas criada pela artista plástica Natalia Uchôa e prepara outras, em parceria com a designer de interiores Neza Cesar e a arquiteta Selma de Sá Moreira. “Nunca morei em casa que tivesse o revestimento, então, o que me cativou não foi a memória afetiva que o ladrilho desperta em muita gente. Me encantei com a produção artesanal. Fica um pouco da pessoa que fez em cada peça”, diz Natalia, que agora tem na parede de casa ladrilhos emoldurados.

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Mais antiga fabricante do revestimento em São Paulo, funcionando desde 1922, a Ladrilar produziu peças que este ano foram apresentadas no Salão do Móvel de Milão. Juntos, os estúdios paulistano Passalacqua e o italiano Dimore desenvolveram um piso geométrico que dava a impressão de ser um tapete pintado à mão. “O ladrilho hidráulico é de origem italiana, se espalhou pelo Mediterrâneo e pelo mundo árabe, e voltou como algo contemporâneo em Milão”, afirma a designer Paola Croso, do Studio Passalacqua.

Arquiteto e artista plástico, Guilherme Zoldan desenvolveu quatro desenhos para a Ladrilar com base em suas gravuras. Um deles, o Flor, foi o escolhido para as peças que instalou na varanda do apartamento da família em Ubatuba. O ladrilho está em todo o piso e sobe até uma das paredes. “Fiz isso para criar movimento, a parede ganhou vida. Se você olhar bem, parece até a queda d’água de uma cachoeira.”

Sobrevivendo a guerras e crises

Hamilton Junior, proprietário da Ladrilar, é a quarta geração no comando da fábrica de ladrilhos hidráulicos que desde 1922 funciona no mesmo lugar, na região central de São Pulo. O modo como os ladrilhos são feitos também não mudou: o ladrilheiros despeja a tinta espessa, formada por pigmento, cimento e pó de pedra, conforme o desenho do molde de latão (os mais antigos são de bronze); depois de retirar o molde, joga duas camadas diferentes de misturas com mais cimento e pó de pedra; a peça é prensada em uma máquina manual e, retirada da forma, “descansa” por um dia em uma prateleira antes de ficar submersa por um período que pode chegar a 24 horas; por fim, ficará cerca de um mês maturando em prateleiras. “Esse processo sobreviveu a crises, a guerras e se mantém o mesmo”, diz Junior. “É um revestimento vivo, até o toque é diferente de um produto industrializado.”

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Ladrilhos hidráulicos do Studio Passalacqua, que cria modelos e renova outros já existentes com coresdesenvolvidas para a fábrica Ladrilar Foto: Zeca Wittner/Estadão

Artista gráfica acostumada a trabalhar com cerâmica, a pernambucana Joana Lira não cansa de testar novos suportes para seus desenhos – pratos decorativos, papel de parede, material cenográfico do carnaval do Recife. Os ladrilhos hidráulicos são sua mais recente experimentação. Participando de um grupo que discutia soluções para praças, ela pensou em intervir nas calçadas de forma lúdica com os desenhos que deram origem à coleção Pássaro com Amor, lançada pela Dalle Piagge. “É um desafio reinventar algo tão antigo, que faz parte de nossa cultura”, diz ela, que deve lançar mais três modelos até o fim do ano.

O revestimento, visto com frequência em igrejas, antigas casas de fazenda, colégios, começou a ser produzido no Brasil na década de 1920 – antes era trazido da Europa – e, ainda que nunca tenha deixado de ser usado, tem ganhado novos ares com desenhos feitos por designers, arquitetos e artistas plásticos e cores desenvolvidas especialmente para as peças, cujo modo de produção nunca foi alterado. Cada ladrilho é feito um a um, artesanalmente. E sem queima, como acontece com a cerâmica, a cura é feita na água. 

“O processo de produção é surpreendente e encantador”, diz Joana. E, por ser feito à mão, o ladrilho é altamente personalizável. Um mesmo desenho pode ganhar outro estilo só com a mudança de cores. “Para mim, esse é o grande apelo do ladrilho hidráulico: a exclusividade. Você não corre o risco de chegar em um lugar e encontrar um piso igual ao da sua casa”, acredita Divo Picazio Jr., sócio da Dalle Piagge com o primo Marcello Ruocco.

A fábrica, que tem cerca de 1.000 moldes de ladrilhos, acabou de lançar uma linha de formas geométricas criada pela artista plástica Natalia Uchôa e prepara outras, em parceria com a designer de interiores Neza Cesar e a arquiteta Selma de Sá Moreira. “Nunca morei em casa que tivesse o revestimento, então, o que me cativou não foi a memória afetiva que o ladrilho desperta em muita gente. Me encantei com a produção artesanal. Fica um pouco da pessoa que fez em cada peça”, diz Natalia, que agora tem na parede de casa ladrilhos emoldurados.

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Mais antiga fabricante do revestimento em São Paulo, funcionando desde 1922, a Ladrilar produziu peças que este ano foram apresentadas no Salão do Móvel de Milão. Juntos, os estúdios paulistano Passalacqua e o italiano Dimore desenvolveram um piso geométrico que dava a impressão de ser um tapete pintado à mão. “O ladrilho hidráulico é de origem italiana, se espalhou pelo Mediterrâneo e pelo mundo árabe, e voltou como algo contemporâneo em Milão”, afirma a designer Paola Croso, do Studio Passalacqua.

Arquiteto e artista plástico, Guilherme Zoldan desenvolveu quatro desenhos para a Ladrilar com base em suas gravuras. Um deles, o Flor, foi o escolhido para as peças que instalou na varanda do apartamento da família em Ubatuba. O ladrilho está em todo o piso e sobe até uma das paredes. “Fiz isso para criar movimento, a parede ganhou vida. Se você olhar bem, parece até a queda d’água de uma cachoeira.”

Sobrevivendo a guerras e crises

Hamilton Junior, proprietário da Ladrilar, é a quarta geração no comando da fábrica de ladrilhos hidráulicos que desde 1922 funciona no mesmo lugar, na região central de São Pulo. O modo como os ladrilhos são feitos também não mudou: o ladrilheiros despeja a tinta espessa, formada por pigmento, cimento e pó de pedra, conforme o desenho do molde de latão (os mais antigos são de bronze); depois de retirar o molde, joga duas camadas diferentes de misturas com mais cimento e pó de pedra; a peça é prensada em uma máquina manual e, retirada da forma, “descansa” por um dia em uma prateleira antes de ficar submersa por um período que pode chegar a 24 horas; por fim, ficará cerca de um mês maturando em prateleiras. “Esse processo sobreviveu a crises, a guerras e se mantém o mesmo”, diz Junior. “É um revestimento vivo, até o toque é diferente de um produto industrializado.”

Veja no vídeo abaixo como é feito o ladrilho hidráulico:

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Conheça o processo artesanal de produção do revestimento na mais antiga fábrica em funcionamento em São Paulo

Ladrilhos hidráulicos do Studio Passalacqua, que cria modelos e renova outros já existentes com coresdesenvolvidas para a fábrica Ladrilar Foto: Zeca Wittner/Estadão

Artista gráfica acostumada a trabalhar com cerâmica, a pernambucana Joana Lira não cansa de testar novos suportes para seus desenhos – pratos decorativos, papel de parede, material cenográfico do carnaval do Recife. Os ladrilhos hidráulicos são sua mais recente experimentação. Participando de um grupo que discutia soluções para praças, ela pensou em intervir nas calçadas de forma lúdica com os desenhos que deram origem à coleção Pássaro com Amor, lançada pela Dalle Piagge. “É um desafio reinventar algo tão antigo, que faz parte de nossa cultura”, diz ela, que deve lançar mais três modelos até o fim do ano.

O revestimento, visto com frequência em igrejas, antigas casas de fazenda, colégios, começou a ser produzido no Brasil na década de 1920 – antes era trazido da Europa – e, ainda que nunca tenha deixado de ser usado, tem ganhado novos ares com desenhos feitos por designers, arquitetos e artistas plásticos e cores desenvolvidas especialmente para as peças, cujo modo de produção nunca foi alterado. Cada ladrilho é feito um a um, artesanalmente. E sem queima, como acontece com a cerâmica, a cura é feita na água. 

“O processo de produção é surpreendente e encantador”, diz Joana. E, por ser feito à mão, o ladrilho é altamente personalizável. Um mesmo desenho pode ganhar outro estilo só com a mudança de cores. “Para mim, esse é o grande apelo do ladrilho hidráulico: a exclusividade. Você não corre o risco de chegar em um lugar e encontrar um piso igual ao da sua casa”, acredita Divo Picazio Jr., sócio da Dalle Piagge com o primo Marcello Ruocco.

A fábrica, que tem cerca de 1.000 moldes de ladrilhos, acabou de lançar uma linha de formas geométricas criada pela artista plástica Natalia Uchôa e prepara outras, em parceria com a designer de interiores Neza Cesar e a arquiteta Selma de Sá Moreira. “Nunca morei em casa que tivesse o revestimento, então, o que me cativou não foi a memória afetiva que o ladrilho desperta em muita gente. Me encantei com a produção artesanal. Fica um pouco da pessoa que fez em cada peça”, diz Natalia, que agora tem na parede de casa ladrilhos emoldurados.

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Mais antiga fabricante do revestimento em São Paulo, funcionando desde 1922, a Ladrilar produziu peças que este ano foram apresentadas no Salão do Móvel de Milão. Juntos, os estúdios paulistano Passalacqua e o italiano Dimore desenvolveram um piso geométrico que dava a impressão de ser um tapete pintado à mão. “O ladrilho hidráulico é de origem italiana, se espalhou pelo Mediterrâneo e pelo mundo árabe, e voltou como algo contemporâneo em Milão”, afirma a designer Paola Croso, do Studio Passalacqua.

Arquiteto e artista plástico, Guilherme Zoldan desenvolveu quatro desenhos para a Ladrilar com base em suas gravuras. Um deles, o Flor, foi o escolhido para as peças que instalou na varanda do apartamento da família em Ubatuba. O ladrilho está em todo o piso e sobe até uma das paredes. “Fiz isso para criar movimento, a parede ganhou vida. Se você olhar bem, parece até a queda d’água de uma cachoeira.”

Sobrevivendo a guerras e crises

Hamilton Junior, proprietário da Ladrilar, é a quarta geração no comando da fábrica de ladrilhos hidráulicos que desde 1922 funciona no mesmo lugar, na região central de São Pulo. O modo como os ladrilhos são feitos também não mudou: o ladrilheiros despeja a tinta espessa, formada por pigmento, cimento e pó de pedra, conforme o desenho do molde de latão (os mais antigos são de bronze); depois de retirar o molde, joga duas camadas diferentes de misturas com mais cimento e pó de pedra; a peça é prensada em uma máquina manual e, retirada da forma, “descansa” por um dia em uma prateleira antes de ficar submersa por um período que pode chegar a 24 horas; por fim, ficará cerca de um mês maturando em prateleiras. “Esse processo sobreviveu a crises, a guerras e se mantém o mesmo”, diz Junior. “É um revestimento vivo, até o toque é diferente de um produto industrializado.”

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