As ações tem o objetivo de promover um 'desenvolvimento rural sustentável'
Cooperativas e associações de agricultores familiares da Bahia, com o respaldo do setor público, criam as condições necessárias para que estes produtores possam oferecer alimentos saudáveis e sustentáveis para os consumidores. Ações de apoio à comercialização e à gestão e assistência técnica especializada são algumas das ferramentas utilizadas pelas entidades.
A engenheira agrônoma, Zene Vieira de Souza, fez mestrado em milho não-transgênico e desde 2011 preside a Copirecê, cooperativa com 54 anos de história, que fica em Irecê, no semiárido baiano e reúne quatro mil famílias. Os agricultores cooperados recebem assistência técnica e produzem alimento orgânicos, como: feijão, mamona, cenoura, beterraba e cebola, entre outros. Cerca de seiscentos deles produzem o milho não-transgênico.
Segundo Zene: "Nosso carro-chefe é trabalhar com os produtos derivados do milho não-transgênico, temos uma agroindústria robusta, nós compramos a produção deles, fazemos um beneficiamento e comercializamos, fazemos flocão de milho, fubá, creme, mungunzá, mingau, canjiquinha e vendemos para supermercados e lojas de produtos naturais. Estamos hoje em todo o Brasil".
"A gente testa o milho do produtor e pagamos 30% a mais para o milho não-transgênico, do que o valor pago pelo mercado para um milho convencional, a intenção é que quando os produtos estiverem bem posicionados, em estados como São Paulo, a gente consiga pagar 50% a mais, para melhorar a renda desse produtor e dessa família que tá produzindo, conclui Zene.
A Copirecê é uma das cooperativas atendidas pela CAR, Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional da Bahia, que executa projetos financiados pelo governo do estado, com financiamento do Banco Mundial. A CAR tem apostado nas potencialidades regionais, incentivado associações e cooperativas que investem em atividades e produtos capazes de gerar emprego e renda na região, e estimula o desenvolvimento de diversas cadeias produtivas de alimentos orgânicos, como a apicultura, a fruticultura e a produção de cacau e seus derivados, como a amêndoa e o chocolate.
A Companhia também atua no cumprimento de algumas diretrizes que o Banco Mundial impõe, como a conciliação da produção de alimentos com a preservação do meio ambiente. "Disponibilizamos assistência técnica para que os agricultores produzam alimentos com qualidade e utilizando menos água, por exemplo", exemplifica o especialista em inteligência de mercado, da CAR, Aldir Parisi.
Segundo ele: "Nós trabalhamos para reduzir a fome no campo, fazer com que os agricultores tenham uma atividade econômica e que possam acessar o mercado, então o nosso projeto contempla a melhoria da gestão das cooperativas e associações". A entidade auxilia na definição de estratégias de venda, de expansão para outros estados e na criação de embalagens, entre outros. Os coletivos também recebem o apoio de organizações como o Sebrae, que prestam uma consultoria de precificação dos produtos.
Em junho deste ano, a CAR levou dezenas de cooperativas para exporem seus produtos na Bio Brazil Fair 2024, a maior feira de orgânicos da América Latina, segundo Aldir, o contato direto com o consumidor tem uma grande importância para os agricultores: "Quando o consumidor chega ali para provar um doce, uma amêndoa de licuri, ele vai dizer se gostou ou não e como ele prefere consumir os produtos. O produtor colhe essas informações de mercado e essa lógica é muito saudável e importante".
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Em 2023 foram atendidas mais de mil e duzentas organizações produtivas. Em 2024 será iniciado o projeto 'Bahia que Produz e Alimenta', que será financiado por um empréstimo de cem milhões de dólares do Banco Mundial, com uma contrapartida de cinquenta milhões de dólares do Governo do Estado da Bahia. A meta é atender 56 mil famílias beneficiárias e oitocentas organizações produtivas da agricultura familiar entre 2024 e 2030.
O projeto tem o objetivo de impulsionar o chamado 'desenvolvimento rural sustentável', por meio da melhoria da infraestrutura, capacidade gerencial, produtiva e de acesso a mercados. Além disso, buscará aumentar a resiliência aos impactos das mudanças climáticas. "Esse novo projeto vem com um componente a mais que é a inovação e as questões ligadas ao social: como a gente trabalha com as comunidades quilombolas, indígenas, com as questões de gênero e inserção dos jovens nos processos de produção", complementa Aldir.
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