De acordo com a nutricionista esportiva, Alessandra Luglio, que é colaboradora da SBV, a Sociedade Brasileira de Vegetarianismo, existe um mito de que quanto mais proteínas, mais músculos e mais potência, mas o excesso das de origem animal pode até prejudicar o desempenho dos atletas. "O nosso corpo tem um limite de absorção de proteínas, não adianta ingerir quantidades muitos altas em uma mesma refeição, porque se este limite for ultrapassado, e normalmente é, o organismo não dá conta de absorver e de aproveitar tudo que foi ingerido e ainda terá que trabalhar mais para tentar fazer esta digestão. Além disso, o excesso de proteínas de origem animal, somadas às formas de preparo, como por exemplo as carnes ultra processadas e as carnes bem passadas e "douradinhas", as preferidas da maioria, geram muitas toxinas, aumentam os níveis de amônia, ureia e creatina, que precisam ser eliminadas por meio da urina. Se este consumo excessivo se prolongar por muitos anos, o acúmulo destas substâncias pode sobrecarregar o rim e gerar até pedras ou cálculos".
Há dois anos a corredora australiana Morgan Mitchell também deixou de lado os produtos de origem animal e relatou uma melhora na sua disposição e no seu desempenho. Em 2016 venceu todas as provas dos 400 metros rasos que competiu e se classificou invicta para os Jogos. Por conta destes atletas, o Comitê Olímpico Brasileiro tem oferecido opções de refeições veganas e para isto contou com a consultoria dos profissionais da SBV. No cardápio, os aminoácidos vindos das proteínas de origem animal podem ser substituídos pela mistura de leguminosas e cereais, como o nosso arroz com feijão. Cereais integrais como a quinua também são ótimos substitutos. O repertório alimentar dos adeptos ao veganismo também contempla oleaginosas, derivados da soja, como o tofu, e sementes de gergelim ou abóbora, por exemplo. Assim como grande parte dos atletas de alto rendimento, é necessário fazer uso de suplementos proteicos para suprir a demanda diária de proteínas. A diferença é que a base dos mais tradicionais é o leite de vaca, enquanto os veganos são feitos com arroz e ervilha. Estas opções são facilmente encontradas em lojas de suplementos ou de produtos naturais, mesmo aqui no Brasil.
A jogadora de volei Fernandinha Ferreira, medalhista da seleção brasileira em Londres passou a adotar o veganismo há três anos, em entrevista à SBV, ela revela "Passados os primeiros dias de desintoxicação, momento bem difícil, pois eu comia muita carne e muitos queijos, eu reparei uma recuperação muscular muito melhor, mais bom humor, sempre acordava mais disposta e feliz, resumo: tinha sempre mais energia e menos lesões. Com a alimentação correta de origem vegetal, a gente consegue dar um salto na qualidade de vida, e é claro nos treinamentos, porque, quando você tem uma recuperação muscular melhor, logo, você tem menos lesão e, assim, sua performance aumenta e muito. Gostaria de ter despertado para o veganismo há muitos anos. Encerrei minha carreira sentindo os benefícios já com 32 até 36 anos, imagine um atleta no auge? Com uns 25 ou 30. A diferença é muito grande e tem que ser dada a devida atenção para esse tipo de alimentação. Hoje, não é o que acontece, nem de longe".
Serena Williams também conta que sentiu uma diminuição nos níveis de fadiga após mudar a alimentação. E estes resultados positivos têm explicação."Normalmente os adeptos do veganismo, principalmente os atletas, consomem altas quantidades de hortaliças, como frutas, verduras e legumes, que têm funções antioxidantes. Isto diminui o cansaço, pois reduz também a quantidade de radicais livres, cujo excesso gera cansaço e pode até diminuir o rendimento do atleta", explica Alessandra Luglio.