Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

Redução de açúcar não fará com que os ultraprocessados fiquem saudáveis


Por Juliana Carreiro
Atualização:

Os males provocados pelo consumo excessivo de açúcar entre os brasileiros motivaram a assinatura de um acordo voluntário entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos, que deve reduzir os percentuais de açúcar na formulação de alguns ultraprocessados até 2022. Mas será que as quantidades reduzidas serão suficientes para que os produtos fiquem mais saudáveis? Será que essa é a melhor forma de lidar com o problema? Para o Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, não.

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O primeiro questionamento do órgão refere-se às quantidades de açúcar que deverão ser reduzidas. As metas foram calculadas de acordo com o teor máximo de açúcar permitido em cada categoria de alimento. Isso quer dizer que haverá uma redução nos valores excessivos de açúcar, mas não significa que os novos índices serão saudáveis, na maioria dos casos, eles continuarão sendo altos. De acordo com a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto: "Na prática, apenas o excesso do excesso do açúcar vai ser eliminado de algumas marcas que nem sabemos o quanto representam no mercado. Na verdade, a maior parte dos produtos já tem menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo, ou seja, os benefícios serão muito modestos e não vão contribuir para uma mudança de hábitos efetiva, se trata apenas de uma redução de danos."

É bom esclarecer que 'os produtos que já têm menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo' não necessariamente têm pouco açúcar, o limite máximo da quantidade do ingrediente permitido já é muito mais alto do que os valores que seriam considerados saudáveis pelos nutricionistas, principalmente quando os alimentos se destinam às crianças.

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Outro ponto importante a ser considerado no anúncio recente do Ministério da Saúde é o caráter voluntário, que não envolve consequências econômicas, administrativas ou legais para os fabricantes. No Reino Unido, por exemplo, após alguns anos da assinatura de um acordo semelhante para a redução de sódio, houve um aumento da presença desse nutriente por falta de fiscalização e monitoramento adequados. "Por outro lado, na Argentina e em Portugal, que reduziram de forma obrigatória o sódio no pão de padaria, os resultados são muito mais consistentes", explica a nutricionista.

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Desde 2011, diversos acordos voluntários foram assinados com o objetivo de reduzir o uso de sódio no Brasil. Cerca de 30 categorias da indústria alimentícia adotaram a medida, entre eles os setores de carnes e lácteos. O Idec realizou uma série de pesquisas para monitorar o cumprimento das metas incluídas nos acordos. Em uma avaliação feita com base nos anos de 2011 até 2014, foi constatado que grande parte dos produtos envolvidos apresentavam a quantidade de sódio dentro da meta para ser reduzido ou estavam muito próxima de atingi-la. Mais uma vez é preciso questionar, portanto, os valores permitidos pelas metas.

O Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar do mundo. Apesar da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que esse nutriente corresponda a, no máximo, 10% de todas as calorias ingeridas diariamente (idealmente, espera-se que corresponda a apenas 5%), o brasileiro atinge a marca de 16,3%. Entre outros, o consumo de açúcar está associado ao desenvolvimento de sintomas e doenças como diabetes, obesidade, problemas do coração, distúrbios neurocomportamentais entre as crianças, como irritabilidade, ansiedade, TDAH, déficit de atenção e de aprendizagem, enxaquecas, entre tantos outros.

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Conforme identificou a última POF 2008-2009 (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar de o açúcar refinado, ou o "açúcar de mesa", ser a principal fonte do consumo dessa substância, essa tendência tem diminuído, enquanto tem crescido o consumo deaçúcares adicionados a alimentos e bebidas pela indústria alimentícia em produtos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, balas, biscoitos e chocolates. A implantação do acordo poderá trazer uma falsa tranquilidade aos consumidores, que irão se sentir seguros para manter o consumo excessivo de ultraprocessados, que além do açúcar, têm também outros ingredientes bastante maléficos para a saúde como gordura hidrogenada, sódio e aditivos químicos como corantes, realçadores de sabor e conservantes.

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A luta contra o excesso de açúcar passa pela necessidade de se educar nutricionalmente a população, para que as pessoas façam escolhas melhores. Mas este tema será abordado em um novo post.

Os males provocados pelo consumo excessivo de açúcar entre os brasileiros motivaram a assinatura de um acordo voluntário entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos, que deve reduzir os percentuais de açúcar na formulação de alguns ultraprocessados até 2022. Mas será que as quantidades reduzidas serão suficientes para que os produtos fiquem mais saudáveis? Será que essa é a melhor forma de lidar com o problema? Para o Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, não.

O primeiro questionamento do órgão refere-se às quantidades de açúcar que deverão ser reduzidas. As metas foram calculadas de acordo com o teor máximo de açúcar permitido em cada categoria de alimento. Isso quer dizer que haverá uma redução nos valores excessivos de açúcar, mas não significa que os novos índices serão saudáveis, na maioria dos casos, eles continuarão sendo altos. De acordo com a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto: "Na prática, apenas o excesso do excesso do açúcar vai ser eliminado de algumas marcas que nem sabemos o quanto representam no mercado. Na verdade, a maior parte dos produtos já tem menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo, ou seja, os benefícios serão muito modestos e não vão contribuir para uma mudança de hábitos efetiva, se trata apenas de uma redução de danos."

É bom esclarecer que 'os produtos que já têm menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo' não necessariamente têm pouco açúcar, o limite máximo da quantidade do ingrediente permitido já é muito mais alto do que os valores que seriam considerados saudáveis pelos nutricionistas, principalmente quando os alimentos se destinam às crianças.

Outro ponto importante a ser considerado no anúncio recente do Ministério da Saúde é o caráter voluntário, que não envolve consequências econômicas, administrativas ou legais para os fabricantes. No Reino Unido, por exemplo, após alguns anos da assinatura de um acordo semelhante para a redução de sódio, houve um aumento da presença desse nutriente por falta de fiscalização e monitoramento adequados. "Por outro lado, na Argentina e em Portugal, que reduziram de forma obrigatória o sódio no pão de padaria, os resultados são muito mais consistentes", explica a nutricionista.

Desde 2011, diversos acordos voluntários foram assinados com o objetivo de reduzir o uso de sódio no Brasil. Cerca de 30 categorias da indústria alimentícia adotaram a medida, entre eles os setores de carnes e lácteos. O Idec realizou uma série de pesquisas para monitorar o cumprimento das metas incluídas nos acordos. Em uma avaliação feita com base nos anos de 2011 até 2014, foi constatado que grande parte dos produtos envolvidos apresentavam a quantidade de sódio dentro da meta para ser reduzido ou estavam muito próxima de atingi-la. Mais uma vez é preciso questionar, portanto, os valores permitidos pelas metas.

O Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar do mundo. Apesar da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que esse nutriente corresponda a, no máximo, 10% de todas as calorias ingeridas diariamente (idealmente, espera-se que corresponda a apenas 5%), o brasileiro atinge a marca de 16,3%. Entre outros, o consumo de açúcar está associado ao desenvolvimento de sintomas e doenças como diabetes, obesidade, problemas do coração, distúrbios neurocomportamentais entre as crianças, como irritabilidade, ansiedade, TDAH, déficit de atenção e de aprendizagem, enxaquecas, entre tantos outros.

Conforme identificou a última POF 2008-2009 (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar de o açúcar refinado, ou o "açúcar de mesa", ser a principal fonte do consumo dessa substância, essa tendência tem diminuído, enquanto tem crescido o consumo deaçúcares adicionados a alimentos e bebidas pela indústria alimentícia em produtos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, balas, biscoitos e chocolates. A implantação do acordo poderá trazer uma falsa tranquilidade aos consumidores, que irão se sentir seguros para manter o consumo excessivo de ultraprocessados, que além do açúcar, têm também outros ingredientes bastante maléficos para a saúde como gordura hidrogenada, sódio e aditivos químicos como corantes, realçadores de sabor e conservantes.

A luta contra o excesso de açúcar passa pela necessidade de se educar nutricionalmente a população, para que as pessoas façam escolhas melhores. Mas este tema será abordado em um novo post.

Os males provocados pelo consumo excessivo de açúcar entre os brasileiros motivaram a assinatura de um acordo voluntário entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos, que deve reduzir os percentuais de açúcar na formulação de alguns ultraprocessados até 2022. Mas será que as quantidades reduzidas serão suficientes para que os produtos fiquem mais saudáveis? Será que essa é a melhor forma de lidar com o problema? Para o Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, não.

O primeiro questionamento do órgão refere-se às quantidades de açúcar que deverão ser reduzidas. As metas foram calculadas de acordo com o teor máximo de açúcar permitido em cada categoria de alimento. Isso quer dizer que haverá uma redução nos valores excessivos de açúcar, mas não significa que os novos índices serão saudáveis, na maioria dos casos, eles continuarão sendo altos. De acordo com a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto: "Na prática, apenas o excesso do excesso do açúcar vai ser eliminado de algumas marcas que nem sabemos o quanto representam no mercado. Na verdade, a maior parte dos produtos já tem menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo, ou seja, os benefícios serão muito modestos e não vão contribuir para uma mudança de hábitos efetiva, se trata apenas de uma redução de danos."

É bom esclarecer que 'os produtos que já têm menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo' não necessariamente têm pouco açúcar, o limite máximo da quantidade do ingrediente permitido já é muito mais alto do que os valores que seriam considerados saudáveis pelos nutricionistas, principalmente quando os alimentos se destinam às crianças.

Outro ponto importante a ser considerado no anúncio recente do Ministério da Saúde é o caráter voluntário, que não envolve consequências econômicas, administrativas ou legais para os fabricantes. No Reino Unido, por exemplo, após alguns anos da assinatura de um acordo semelhante para a redução de sódio, houve um aumento da presença desse nutriente por falta de fiscalização e monitoramento adequados. "Por outro lado, na Argentina e em Portugal, que reduziram de forma obrigatória o sódio no pão de padaria, os resultados são muito mais consistentes", explica a nutricionista.

Desde 2011, diversos acordos voluntários foram assinados com o objetivo de reduzir o uso de sódio no Brasil. Cerca de 30 categorias da indústria alimentícia adotaram a medida, entre eles os setores de carnes e lácteos. O Idec realizou uma série de pesquisas para monitorar o cumprimento das metas incluídas nos acordos. Em uma avaliação feita com base nos anos de 2011 até 2014, foi constatado que grande parte dos produtos envolvidos apresentavam a quantidade de sódio dentro da meta para ser reduzido ou estavam muito próxima de atingi-la. Mais uma vez é preciso questionar, portanto, os valores permitidos pelas metas.

O Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar do mundo. Apesar da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que esse nutriente corresponda a, no máximo, 10% de todas as calorias ingeridas diariamente (idealmente, espera-se que corresponda a apenas 5%), o brasileiro atinge a marca de 16,3%. Entre outros, o consumo de açúcar está associado ao desenvolvimento de sintomas e doenças como diabetes, obesidade, problemas do coração, distúrbios neurocomportamentais entre as crianças, como irritabilidade, ansiedade, TDAH, déficit de atenção e de aprendizagem, enxaquecas, entre tantos outros.

Conforme identificou a última POF 2008-2009 (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar de o açúcar refinado, ou o "açúcar de mesa", ser a principal fonte do consumo dessa substância, essa tendência tem diminuído, enquanto tem crescido o consumo deaçúcares adicionados a alimentos e bebidas pela indústria alimentícia em produtos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, balas, biscoitos e chocolates. A implantação do acordo poderá trazer uma falsa tranquilidade aos consumidores, que irão se sentir seguros para manter o consumo excessivo de ultraprocessados, que além do açúcar, têm também outros ingredientes bastante maléficos para a saúde como gordura hidrogenada, sódio e aditivos químicos como corantes, realçadores de sabor e conservantes.

A luta contra o excesso de açúcar passa pela necessidade de se educar nutricionalmente a população, para que as pessoas façam escolhas melhores. Mas este tema será abordado em um novo post.

Os males provocados pelo consumo excessivo de açúcar entre os brasileiros motivaram a assinatura de um acordo voluntário entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos, que deve reduzir os percentuais de açúcar na formulação de alguns ultraprocessados até 2022. Mas será que as quantidades reduzidas serão suficientes para que os produtos fiquem mais saudáveis? Será que essa é a melhor forma de lidar com o problema? Para o Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, não.

O primeiro questionamento do órgão refere-se às quantidades de açúcar que deverão ser reduzidas. As metas foram calculadas de acordo com o teor máximo de açúcar permitido em cada categoria de alimento. Isso quer dizer que haverá uma redução nos valores excessivos de açúcar, mas não significa que os novos índices serão saudáveis, na maioria dos casos, eles continuarão sendo altos. De acordo com a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto: "Na prática, apenas o excesso do excesso do açúcar vai ser eliminado de algumas marcas que nem sabemos o quanto representam no mercado. Na verdade, a maior parte dos produtos já tem menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo, ou seja, os benefícios serão muito modestos e não vão contribuir para uma mudança de hábitos efetiva, se trata apenas de uma redução de danos."

É bom esclarecer que 'os produtos que já têm menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo' não necessariamente têm pouco açúcar, o limite máximo da quantidade do ingrediente permitido já é muito mais alto do que os valores que seriam considerados saudáveis pelos nutricionistas, principalmente quando os alimentos se destinam às crianças.

Outro ponto importante a ser considerado no anúncio recente do Ministério da Saúde é o caráter voluntário, que não envolve consequências econômicas, administrativas ou legais para os fabricantes. No Reino Unido, por exemplo, após alguns anos da assinatura de um acordo semelhante para a redução de sódio, houve um aumento da presença desse nutriente por falta de fiscalização e monitoramento adequados. "Por outro lado, na Argentina e em Portugal, que reduziram de forma obrigatória o sódio no pão de padaria, os resultados são muito mais consistentes", explica a nutricionista.

Desde 2011, diversos acordos voluntários foram assinados com o objetivo de reduzir o uso de sódio no Brasil. Cerca de 30 categorias da indústria alimentícia adotaram a medida, entre eles os setores de carnes e lácteos. O Idec realizou uma série de pesquisas para monitorar o cumprimento das metas incluídas nos acordos. Em uma avaliação feita com base nos anos de 2011 até 2014, foi constatado que grande parte dos produtos envolvidos apresentavam a quantidade de sódio dentro da meta para ser reduzido ou estavam muito próxima de atingi-la. Mais uma vez é preciso questionar, portanto, os valores permitidos pelas metas.

O Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar do mundo. Apesar da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que esse nutriente corresponda a, no máximo, 10% de todas as calorias ingeridas diariamente (idealmente, espera-se que corresponda a apenas 5%), o brasileiro atinge a marca de 16,3%. Entre outros, o consumo de açúcar está associado ao desenvolvimento de sintomas e doenças como diabetes, obesidade, problemas do coração, distúrbios neurocomportamentais entre as crianças, como irritabilidade, ansiedade, TDAH, déficit de atenção e de aprendizagem, enxaquecas, entre tantos outros.

Conforme identificou a última POF 2008-2009 (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar de o açúcar refinado, ou o "açúcar de mesa", ser a principal fonte do consumo dessa substância, essa tendência tem diminuído, enquanto tem crescido o consumo deaçúcares adicionados a alimentos e bebidas pela indústria alimentícia em produtos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, balas, biscoitos e chocolates. A implantação do acordo poderá trazer uma falsa tranquilidade aos consumidores, que irão se sentir seguros para manter o consumo excessivo de ultraprocessados, que além do açúcar, têm também outros ingredientes bastante maléficos para a saúde como gordura hidrogenada, sódio e aditivos químicos como corantes, realçadores de sabor e conservantes.

A luta contra o excesso de açúcar passa pela necessidade de se educar nutricionalmente a população, para que as pessoas façam escolhas melhores. Mas este tema será abordado em um novo post.

Os males provocados pelo consumo excessivo de açúcar entre os brasileiros motivaram a assinatura de um acordo voluntário entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos, que deve reduzir os percentuais de açúcar na formulação de alguns ultraprocessados até 2022. Mas será que as quantidades reduzidas serão suficientes para que os produtos fiquem mais saudáveis? Será que essa é a melhor forma de lidar com o problema? Para o Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, não.

O primeiro questionamento do órgão refere-se às quantidades de açúcar que deverão ser reduzidas. As metas foram calculadas de acordo com o teor máximo de açúcar permitido em cada categoria de alimento. Isso quer dizer que haverá uma redução nos valores excessivos de açúcar, mas não significa que os novos índices serão saudáveis, na maioria dos casos, eles continuarão sendo altos. De acordo com a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto: "Na prática, apenas o excesso do excesso do açúcar vai ser eliminado de algumas marcas que nem sabemos o quanto representam no mercado. Na verdade, a maior parte dos produtos já tem menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo, ou seja, os benefícios serão muito modestos e não vão contribuir para uma mudança de hábitos efetiva, se trata apenas de uma redução de danos."

É bom esclarecer que 'os produtos que já têm menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo' não necessariamente têm pouco açúcar, o limite máximo da quantidade do ingrediente permitido já é muito mais alto do que os valores que seriam considerados saudáveis pelos nutricionistas, principalmente quando os alimentos se destinam às crianças.

Outro ponto importante a ser considerado no anúncio recente do Ministério da Saúde é o caráter voluntário, que não envolve consequências econômicas, administrativas ou legais para os fabricantes. No Reino Unido, por exemplo, após alguns anos da assinatura de um acordo semelhante para a redução de sódio, houve um aumento da presença desse nutriente por falta de fiscalização e monitoramento adequados. "Por outro lado, na Argentina e em Portugal, que reduziram de forma obrigatória o sódio no pão de padaria, os resultados são muito mais consistentes", explica a nutricionista.

Desde 2011, diversos acordos voluntários foram assinados com o objetivo de reduzir o uso de sódio no Brasil. Cerca de 30 categorias da indústria alimentícia adotaram a medida, entre eles os setores de carnes e lácteos. O Idec realizou uma série de pesquisas para monitorar o cumprimento das metas incluídas nos acordos. Em uma avaliação feita com base nos anos de 2011 até 2014, foi constatado que grande parte dos produtos envolvidos apresentavam a quantidade de sódio dentro da meta para ser reduzido ou estavam muito próxima de atingi-la. Mais uma vez é preciso questionar, portanto, os valores permitidos pelas metas.

O Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar do mundo. Apesar da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que esse nutriente corresponda a, no máximo, 10% de todas as calorias ingeridas diariamente (idealmente, espera-se que corresponda a apenas 5%), o brasileiro atinge a marca de 16,3%. Entre outros, o consumo de açúcar está associado ao desenvolvimento de sintomas e doenças como diabetes, obesidade, problemas do coração, distúrbios neurocomportamentais entre as crianças, como irritabilidade, ansiedade, TDAH, déficit de atenção e de aprendizagem, enxaquecas, entre tantos outros.

Conforme identificou a última POF 2008-2009 (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar de o açúcar refinado, ou o "açúcar de mesa", ser a principal fonte do consumo dessa substância, essa tendência tem diminuído, enquanto tem crescido o consumo deaçúcares adicionados a alimentos e bebidas pela indústria alimentícia em produtos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, balas, biscoitos e chocolates. A implantação do acordo poderá trazer uma falsa tranquilidade aos consumidores, que irão se sentir seguros para manter o consumo excessivo de ultraprocessados, que além do açúcar, têm também outros ingredientes bastante maléficos para a saúde como gordura hidrogenada, sódio e aditivos químicos como corantes, realçadores de sabor e conservantes.

A luta contra o excesso de açúcar passa pela necessidade de se educar nutricionalmente a população, para que as pessoas façam escolhas melhores. Mas este tema será abordado em um novo post.

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