Campanha Guardiões da Mata Atlântica visa promover e apoiar a produção e a comercialização de alimentos agroecológicos
Jussara, araçá, uvaia, jatobá, cambuci, butiá, grumixama, cambucá, gabiroba, caraguatá, jerivá, cereja do rio grande, taiúva. Estes são só alguns entre tantos frutos nativos da Mata Atlântica, que são desconhecidos pela maioria dos consumidores brasileiros. A campanha Guardiões da Mata Atlântica, realizada pelo Instituto Auá de Empreendedorismo Socioambiental, busca incentivar o consumo destes alimentos, que são produzidos por meio de práticas sustentáveis e contribuem para a proteção desse importante bioma. O Auá compõe a rede Conexão Solo Vivo.
Segundo o Instituto: "Aumentar a produção e a comercialização de alimentos agroecológicos é uma maneira eficaz de lutar pela preservação da floresta em pé". A ação é voltada para empreendedores ou gestores dos ramos gastronômico, alimentício, hoteleiro, cultural, turístico e do entretenimento. Estes setores podem vender ou incluir em seus cardápios os frutos congelados ou seus inúmeros derivados: polpas, farinha, óleo, geleia, mel, manteiga, sucos, sorvetes, bebidas alcóolicas e até cosméticos, entre outros.
Todo mundo sai ganhando
Além de oferecer produtos frescos, cultivados de forma sustentável e livre de agrotóxicos, os estabelecimentos que aderirem à campanha vão receber apoio nas redes sociais e comunicação direcionada nos pontos de venda com o selo Guardião da Mata Atlântica. Os consumidores terão acesso a novos sabores e a produtos mais saudáveis. Os pequenos produtores terão mais trabalho e renda e a Mata Atlântica será preservada.
Empreendedorismo Socioambiental
Esta Campanha é um bom exemplo de empreendedorismo socioambiental, praticado há mais de vinte anos pelo Instituto Auá, segundo o presidente da entidade, Gabriel Menezes: "Acreditamos ser possível transformar realidades por meio de empreendedores que promovem modificações na sua cadeia produtiva e no meio ambiente em que se inserem, propondo novas formas de organização social e econômica para o bem comum".
A Guardiões da Mata Atlântica é a campanha mais recente do Instituto, que tem diversas frentes de atuação. Em 2014, foi criada a Agência de Ecomercado que atua na produção, comercialização e microfinanças, realiza oficinas e projetos de capacitação e incubação de ecoempreendimentos, mobilização de parcerias, e formação de arranjos econômicos sustentáveis.
O objetivo é promover novos modelos econômicos que tenham como objetivo o impacto positivo de suas atividades. As iniciativas devem valorizar o potencial humano e a sustentabilidade ao longo do processo produtivo, investindo no uso responsável do patrimônio natural local para seu desenvolvimento.
Entre as unidades de negócios estão o Empório Mata Atlântica, marca comercial para venda de produtos nativos e o Sabor Nativo, serviço de buffet e oficinas gastronômicas que valorizam os alimentos nativos e sustentáveis dos biomas brasileiros.
Pomares Mata Atlântica
Por meio de um Plano de Manejo Agroecológico, esta frente realiza mobilização, capacitação, assistência técnica e engajamento de agricultores, para restauração do bioma com espécies nativas. Também viabiliza projetos ligados a editais socioambientais públicos e privados, para realizar ações como neutralização voluntária das emissões de carbono de pessoas físicas e jurídicas e compensação ambiental de empresas.
Rota Gastronômica do Cambuci
Resgatar o cultivo e o consumo deste fruto nativo da Mata Atlântica, como estratégia de conservação das matas e geração de renda para os produtores da região da Serra do Mar Paulista é o grande objetivo da rota. Para isso, são realizados festivais associados a atividades culturais, turísticas e de lazer em cidades do Estado de São Paulo. Além disso, a Rota promove a organização dos produtores e diversificação de cultivos com geração de renda. Os mesmos parceiros participam também de um Roteiro Turístico que trabalha de forma integrada o potencial dos atrativos locais relacionados ao Cambuci.
De acordo com Gabriel Menezes: "O nosso trabalho é de 'descolonização cultural gastronômica', importamos muitas frutas e não conhecemos as que temos aqui. Estamos divulgando uma novidade que já está aqui há 5 mil anos. O nosso desafio é vender um alimento que ninguém conhece, para um mercado que não existe e o nosso concorrente é a falta de conhecimento.
Queremos gerar renda pros produtores locais. Então precisamos estimular o plantio e conectar os produtores com o público interessado no consumo, para que a demanda passe a ditar a oferta. O plantio do cambuci é manual e precisa ser intenso e rápido, por isso, o seu custo é alto. Então pretendemos encontrar os compradores antes mesmo da safra acabar, pra organizar a colheita", completa.
Lançamento da Safra do Cambuci 2024
O evento reuniu na sede do Instituto em Osasco, na grande São Paulo, nutricionistas responsáveis por merendas escolares, chefes de cozinha, representantes de empresas e de restaurantes para apresentar o cambuci, as receitas e os produtos feitos com ele, pra fazer com que o fruto seja comercializado e incorporado nos cardápios.
Os cosméticos feitos com cambuci são só um exemplo de como ele é versátil, também pode virar suco, sorvete, geleia, farinha, tempero, cachaça e cerveja, entre tantas outras opções. O Estado de São Paulo tem capacidade de produzir 300 toneladas do fruto por safra, porém eles só serão colhidos de acordo com a demanda. Se não houver procura, vão estragar.
Shirley Pérola é uma empreendedora local, ela compra o fruto de um pequeno produtor em Parelheiros, zona Sul da capital, onde mora: "Com o cambuci, eu faço a polpa e trituro ele desidratado para enriquecer mais ainda os cosméticos, também faço um sabonete com o próprio formato dele, eu pesquisei e desenvolvi meu próprio molde".
Mais informações: www.instagram.com/institutoaua