Dicas e curiosidades sobre animais

3 coisas que seu cachorro gostaria que você soubesse sobre luxação de patela


O percentual de cães com problemas ortopédicos está cada vez maior, porém os tutores ignoram as dores dos seus cães. Eu vivi isso na pele. Olha só.

Por Luiza Cervenka
Spitz Alemão é a raça campeã de problemas de patela - Foto: Luiza Cervenka

Quem me acompanha pelo Instagram @luizacervenka, já sabe na novidade: adotei um kinder ovo. Uma Spitz Alemã fofa, que era matriz de canil e veio recheada de problemas. Dentre eles, luxação de patela nos dois joelhos.

Priorizei outras especialidades antes, como odontologia, dermatologia. Julguei que uma boca ruim, com gengiva sangrando e muita coceira fossem mais angustiantes. O grande problema é que eu não imaginava o quanto de dor que a Aman poderia estar sentindo em seus joelhos.

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A pequena Spitz andava, corria, sapateava, deitava, sentava sem grandes problemas. Então, na minha avaliação leiga, ela não estaria com tanta dor assim, já que não havia parado de fazer nada. Muito pelo contrário, cada dia que ela se sentia mais segura em casa, mais ela corria e pulava.

Ao pegá-la no colo, invariavelmente sentia um crocante no joelho direito. Fazia crec. Minimamente estranho. Ok, vamos fazer uma avaliação na fisio. Mas tudo bem, porque a Aurora tem luxação nas duas patelas e não precisou operar, pensei eu.

A avaliação não durou 5 minutos e veio o veredito: "a luxação da Aman é grau 3, é algo sério, precisa de cirurgia". Mas fazer fisio toda semana não resolveria? Não, a luxação grau 3 é aquela que a patela sai do lugar e nem sempre volta sozinha.

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Só fico imaginando a dor que essa cachorra teve ao longo dos 7 anos em que passou tendo cria, com o joelho desse jeito...

Ok, vamos ao ortopedista. Raio-x daqui, raio-x dali, mexe aqui, mexe ali, e marcamos a cirurgia. Sabe que dia? Dia mundial de controle de dor. Eu juro que foi coincidência. Mas não para por aí.

Deixei a Aman em casa pós-cirurgiada e fui para um evento em comemoração ao dia. Para minha surpresa, um dos palestrantes era o médico-veterinário Luis Arthur Giuffrida, um dos mais renomados ortopedistas. Durante uma boa parte da palestra ele falou sobre luxação de patela, cirurgia e a dificuldade dos tutores entenderem sobre o sofrimentos dos animais.

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Ali doeu! Bateu o remorso do tempo que eu levei para aliviar a dor da Aman. Mas pior, pensei em quantos cães têm problema de patela sem diagnóstico, mas com muita dor. Giuffrida mostrou estatísticas alarmantes sobre a incidência de luxação de patela nas raças. Spitz Alemão é o campeão com 30,7% dos cães americanos apresentando algum grau da doença, segundo The Canine Heallth Information Center. Yorkshire vem atrá com 17,6%, seguida por Biewer, Maltês e Lhasa Apso. Mas no Brasil, é possível que esse percentual seja bem maior, devido à genética dos animais daqui.

Incidência de luxação de patela em cães

De origem genética, a maioria dos casos a luxação patelar acontece em cães de pequeno porte, mas os grandões não estão livres. Exceto em casos graves, na maioria das vezes, os sinais são brandos.

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Raças pequenas como Poodle, Shih Tzu, Yorkshire, Dachshund, Pequinês, Lulu da Pomerânia, Lhasa Apso, Chihuahua, Bichon Frisé e Pug são os mais atingidos. Enquanto raças de grande porte como Labrador Retriever, Bulldog Inglês, Cocker Spaniel e Golden Retriever também podem apresentar a luxação patelar.

Se você tem cão de uma dessas raças, faça uma avaliação com fisioterapeuta ou ortopedista veterinário. Giuffrida, em sua palestra, indicou cirurgia para cães com problemas a partir do grau 2, quando a patela sai rapidamente do lugar, mas logo volta. Isso porque as consequências a longo prazo são grandes, como artroses, fibrose, etc.

Agora, uma fala do Giuffrida que me pegou muito foi: "muitos de vocês, que estão assistindo a palestra, podem estar com dor neste momento. Mas vocês dirigiram até aqui, subiram escadas, comeram, beberam água e foram ao banheiro".

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E se a gente trouxer a vivência de dor no jeolho para o muito humano. Quem sabe assim consigamos entender melhor os cães. Então conversei com o Gustavo Araujo, gerente de projetos, e a Kelly Dias, jornalista. Gustavo tem tendinite patelar. Já Kelly teve luxação nas patelas dos dois joelhos, mas operou.

Gustavo está fazendo fisioterapia, mas mesmo assim categoriza sua dor, atualmente, como nível 4 (de 0 a 10). Diariamente ele sente dor, principalmente quando acorda e estica a perna. Mas, mesmo com dor, corre todo os dias. Antes de descobrir o problema, Gustavo jogava semanalmente vôlei de quadra e vôlei de praia. Mas começou a sentir muita dor e mancava por isso. Foi ao ortopedista, fez raio-x e ao constatar a lesão, começou a fisioterapia.

Perguntei ao Gustavo que conselho ele daria a um tutor, cujo cão tivesse luxação de patela. "Eu diria para ir no veterinário e correr atrás. Um cachorro não tem condições para isso, e ter que conviver com essa dor seria uma tortura pra ele" disse.

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Já no caso da Kelly, ela teve a sorte de poder operar e se livrar da dor. Em dias que ela ainda estava lesionada, a dor podia chegar, segunda ela, a 20 (em uma escala de 0 a 10). Ela deixou de fazer natação, corrida e até de ir ao teatro, que adorava. Pouquíssimas coisas ela fazia com segurança, mas continuava fazendo caminhadas e atividades que não tinham impacto ou rotação. Ela ficava mais quieta e inventava mil desculpas para não sair. A grande questão foi que Kelly teve que procurar diversos especialistas até ter um real diagnóstico, mas todos eram insistentes que o caso era cirúrgico. Então, Kelly optou pela cirurgia, após encontrar um especialista que conseguiu, de fato, explicar o motivo de tantas luxações.

Hoje, já sem dor, Kelly consegue fazer praticamente tudo. "Eu consigo correr com menos dor, e sem lesionar meu joelho. Consigo participar de uma atividade em cama elástica com meu filho, por exemplo, e posso fazer musculação, dança sem me preocupar com uma luxação a cada movimento" conta.

Se o Gustavo e a Kelly, que são capazes de se expressar, falar sobre suas dores e buscar ajuda, sofreram e sofrem tudo isso por dor, imagina os cães que sofrem em silêncio, tentando executar as atividades diárias, sem demonstrar o quanto podem estar sofrendo.

Tenho certeza que, se pudesse, seu cão queria que você soubesse de três coisas sobre a luxação de patela:

  1. Correr, pular e fazer outras atividades não quer dizer que o cão não tem dor. Ele é perito em esconder seus problemas
  2. Se seu cão é de uma das raças citadas, faça aviação das patas e garanta que está tudo bem o quanto antes. Se ele ainda for filhote, melhor. Menos tempo sofrendo com dor. Não são só os idosos que sofrem de luxação de patela. Filhotes podem ter dor também.
  3. A cirurgia pode ser a salvação do seu cachorro, para que ele viva melhor, sem consequência dolorosas.

Uma semana após a cirurgia da Aman, vejo que, mesmo com os pontos, ela está mais animada e ativa do que antes da cirurgia. Agora é aguardar a total recuperação dessa pata, para fazer a cirurgia da outra.

Spitz Alemão é a raça campeã de problemas de patela - Foto: Luiza Cervenka

Quem me acompanha pelo Instagram @luizacervenka, já sabe na novidade: adotei um kinder ovo. Uma Spitz Alemã fofa, que era matriz de canil e veio recheada de problemas. Dentre eles, luxação de patela nos dois joelhos.

Priorizei outras especialidades antes, como odontologia, dermatologia. Julguei que uma boca ruim, com gengiva sangrando e muita coceira fossem mais angustiantes. O grande problema é que eu não imaginava o quanto de dor que a Aman poderia estar sentindo em seus joelhos.

A pequena Spitz andava, corria, sapateava, deitava, sentava sem grandes problemas. Então, na minha avaliação leiga, ela não estaria com tanta dor assim, já que não havia parado de fazer nada. Muito pelo contrário, cada dia que ela se sentia mais segura em casa, mais ela corria e pulava.

Ao pegá-la no colo, invariavelmente sentia um crocante no joelho direito. Fazia crec. Minimamente estranho. Ok, vamos fazer uma avaliação na fisio. Mas tudo bem, porque a Aurora tem luxação nas duas patelas e não precisou operar, pensei eu.

A avaliação não durou 5 minutos e veio o veredito: "a luxação da Aman é grau 3, é algo sério, precisa de cirurgia". Mas fazer fisio toda semana não resolveria? Não, a luxação grau 3 é aquela que a patela sai do lugar e nem sempre volta sozinha.

Só fico imaginando a dor que essa cachorra teve ao longo dos 7 anos em que passou tendo cria, com o joelho desse jeito...

Ok, vamos ao ortopedista. Raio-x daqui, raio-x dali, mexe aqui, mexe ali, e marcamos a cirurgia. Sabe que dia? Dia mundial de controle de dor. Eu juro que foi coincidência. Mas não para por aí.

Deixei a Aman em casa pós-cirurgiada e fui para um evento em comemoração ao dia. Para minha surpresa, um dos palestrantes era o médico-veterinário Luis Arthur Giuffrida, um dos mais renomados ortopedistas. Durante uma boa parte da palestra ele falou sobre luxação de patela, cirurgia e a dificuldade dos tutores entenderem sobre o sofrimentos dos animais.

Ali doeu! Bateu o remorso do tempo que eu levei para aliviar a dor da Aman. Mas pior, pensei em quantos cães têm problema de patela sem diagnóstico, mas com muita dor. Giuffrida mostrou estatísticas alarmantes sobre a incidência de luxação de patela nas raças. Spitz Alemão é o campeão com 30,7% dos cães americanos apresentando algum grau da doença, segundo The Canine Heallth Information Center. Yorkshire vem atrá com 17,6%, seguida por Biewer, Maltês e Lhasa Apso. Mas no Brasil, é possível que esse percentual seja bem maior, devido à genética dos animais daqui.

Incidência de luxação de patela em cães

De origem genética, a maioria dos casos a luxação patelar acontece em cães de pequeno porte, mas os grandões não estão livres. Exceto em casos graves, na maioria das vezes, os sinais são brandos.

Raças pequenas como Poodle, Shih Tzu, Yorkshire, Dachshund, Pequinês, Lulu da Pomerânia, Lhasa Apso, Chihuahua, Bichon Frisé e Pug são os mais atingidos. Enquanto raças de grande porte como Labrador Retriever, Bulldog Inglês, Cocker Spaniel e Golden Retriever também podem apresentar a luxação patelar.

Se você tem cão de uma dessas raças, faça uma avaliação com fisioterapeuta ou ortopedista veterinário. Giuffrida, em sua palestra, indicou cirurgia para cães com problemas a partir do grau 2, quando a patela sai rapidamente do lugar, mas logo volta. Isso porque as consequências a longo prazo são grandes, como artroses, fibrose, etc.

Agora, uma fala do Giuffrida que me pegou muito foi: "muitos de vocês, que estão assistindo a palestra, podem estar com dor neste momento. Mas vocês dirigiram até aqui, subiram escadas, comeram, beberam água e foram ao banheiro".

E se a gente trouxer a vivência de dor no jeolho para o muito humano. Quem sabe assim consigamos entender melhor os cães. Então conversei com o Gustavo Araujo, gerente de projetos, e a Kelly Dias, jornalista. Gustavo tem tendinite patelar. Já Kelly teve luxação nas patelas dos dois joelhos, mas operou.

Gustavo está fazendo fisioterapia, mas mesmo assim categoriza sua dor, atualmente, como nível 4 (de 0 a 10). Diariamente ele sente dor, principalmente quando acorda e estica a perna. Mas, mesmo com dor, corre todo os dias. Antes de descobrir o problema, Gustavo jogava semanalmente vôlei de quadra e vôlei de praia. Mas começou a sentir muita dor e mancava por isso. Foi ao ortopedista, fez raio-x e ao constatar a lesão, começou a fisioterapia.

Perguntei ao Gustavo que conselho ele daria a um tutor, cujo cão tivesse luxação de patela. "Eu diria para ir no veterinário e correr atrás. Um cachorro não tem condições para isso, e ter que conviver com essa dor seria uma tortura pra ele" disse.

Já no caso da Kelly, ela teve a sorte de poder operar e se livrar da dor. Em dias que ela ainda estava lesionada, a dor podia chegar, segunda ela, a 20 (em uma escala de 0 a 10). Ela deixou de fazer natação, corrida e até de ir ao teatro, que adorava. Pouquíssimas coisas ela fazia com segurança, mas continuava fazendo caminhadas e atividades que não tinham impacto ou rotação. Ela ficava mais quieta e inventava mil desculpas para não sair. A grande questão foi que Kelly teve que procurar diversos especialistas até ter um real diagnóstico, mas todos eram insistentes que o caso era cirúrgico. Então, Kelly optou pela cirurgia, após encontrar um especialista que conseguiu, de fato, explicar o motivo de tantas luxações.

Hoje, já sem dor, Kelly consegue fazer praticamente tudo. "Eu consigo correr com menos dor, e sem lesionar meu joelho. Consigo participar de uma atividade em cama elástica com meu filho, por exemplo, e posso fazer musculação, dança sem me preocupar com uma luxação a cada movimento" conta.

Se o Gustavo e a Kelly, que são capazes de se expressar, falar sobre suas dores e buscar ajuda, sofreram e sofrem tudo isso por dor, imagina os cães que sofrem em silêncio, tentando executar as atividades diárias, sem demonstrar o quanto podem estar sofrendo.

Tenho certeza que, se pudesse, seu cão queria que você soubesse de três coisas sobre a luxação de patela:

  1. Correr, pular e fazer outras atividades não quer dizer que o cão não tem dor. Ele é perito em esconder seus problemas
  2. Se seu cão é de uma das raças citadas, faça aviação das patas e garanta que está tudo bem o quanto antes. Se ele ainda for filhote, melhor. Menos tempo sofrendo com dor. Não são só os idosos que sofrem de luxação de patela. Filhotes podem ter dor também.
  3. A cirurgia pode ser a salvação do seu cachorro, para que ele viva melhor, sem consequência dolorosas.

Uma semana após a cirurgia da Aman, vejo que, mesmo com os pontos, ela está mais animada e ativa do que antes da cirurgia. Agora é aguardar a total recuperação dessa pata, para fazer a cirurgia da outra.

Spitz Alemão é a raça campeã de problemas de patela - Foto: Luiza Cervenka

Quem me acompanha pelo Instagram @luizacervenka, já sabe na novidade: adotei um kinder ovo. Uma Spitz Alemã fofa, que era matriz de canil e veio recheada de problemas. Dentre eles, luxação de patela nos dois joelhos.

Priorizei outras especialidades antes, como odontologia, dermatologia. Julguei que uma boca ruim, com gengiva sangrando e muita coceira fossem mais angustiantes. O grande problema é que eu não imaginava o quanto de dor que a Aman poderia estar sentindo em seus joelhos.

A pequena Spitz andava, corria, sapateava, deitava, sentava sem grandes problemas. Então, na minha avaliação leiga, ela não estaria com tanta dor assim, já que não havia parado de fazer nada. Muito pelo contrário, cada dia que ela se sentia mais segura em casa, mais ela corria e pulava.

Ao pegá-la no colo, invariavelmente sentia um crocante no joelho direito. Fazia crec. Minimamente estranho. Ok, vamos fazer uma avaliação na fisio. Mas tudo bem, porque a Aurora tem luxação nas duas patelas e não precisou operar, pensei eu.

A avaliação não durou 5 minutos e veio o veredito: "a luxação da Aman é grau 3, é algo sério, precisa de cirurgia". Mas fazer fisio toda semana não resolveria? Não, a luxação grau 3 é aquela que a patela sai do lugar e nem sempre volta sozinha.

Só fico imaginando a dor que essa cachorra teve ao longo dos 7 anos em que passou tendo cria, com o joelho desse jeito...

Ok, vamos ao ortopedista. Raio-x daqui, raio-x dali, mexe aqui, mexe ali, e marcamos a cirurgia. Sabe que dia? Dia mundial de controle de dor. Eu juro que foi coincidência. Mas não para por aí.

Deixei a Aman em casa pós-cirurgiada e fui para um evento em comemoração ao dia. Para minha surpresa, um dos palestrantes era o médico-veterinário Luis Arthur Giuffrida, um dos mais renomados ortopedistas. Durante uma boa parte da palestra ele falou sobre luxação de patela, cirurgia e a dificuldade dos tutores entenderem sobre o sofrimentos dos animais.

Ali doeu! Bateu o remorso do tempo que eu levei para aliviar a dor da Aman. Mas pior, pensei em quantos cães têm problema de patela sem diagnóstico, mas com muita dor. Giuffrida mostrou estatísticas alarmantes sobre a incidência de luxação de patela nas raças. Spitz Alemão é o campeão com 30,7% dos cães americanos apresentando algum grau da doença, segundo The Canine Heallth Information Center. Yorkshire vem atrá com 17,6%, seguida por Biewer, Maltês e Lhasa Apso. Mas no Brasil, é possível que esse percentual seja bem maior, devido à genética dos animais daqui.

Incidência de luxação de patela em cães

De origem genética, a maioria dos casos a luxação patelar acontece em cães de pequeno porte, mas os grandões não estão livres. Exceto em casos graves, na maioria das vezes, os sinais são brandos.

Raças pequenas como Poodle, Shih Tzu, Yorkshire, Dachshund, Pequinês, Lulu da Pomerânia, Lhasa Apso, Chihuahua, Bichon Frisé e Pug são os mais atingidos. Enquanto raças de grande porte como Labrador Retriever, Bulldog Inglês, Cocker Spaniel e Golden Retriever também podem apresentar a luxação patelar.

Se você tem cão de uma dessas raças, faça uma avaliação com fisioterapeuta ou ortopedista veterinário. Giuffrida, em sua palestra, indicou cirurgia para cães com problemas a partir do grau 2, quando a patela sai rapidamente do lugar, mas logo volta. Isso porque as consequências a longo prazo são grandes, como artroses, fibrose, etc.

Agora, uma fala do Giuffrida que me pegou muito foi: "muitos de vocês, que estão assistindo a palestra, podem estar com dor neste momento. Mas vocês dirigiram até aqui, subiram escadas, comeram, beberam água e foram ao banheiro".

E se a gente trouxer a vivência de dor no jeolho para o muito humano. Quem sabe assim consigamos entender melhor os cães. Então conversei com o Gustavo Araujo, gerente de projetos, e a Kelly Dias, jornalista. Gustavo tem tendinite patelar. Já Kelly teve luxação nas patelas dos dois joelhos, mas operou.

Gustavo está fazendo fisioterapia, mas mesmo assim categoriza sua dor, atualmente, como nível 4 (de 0 a 10). Diariamente ele sente dor, principalmente quando acorda e estica a perna. Mas, mesmo com dor, corre todo os dias. Antes de descobrir o problema, Gustavo jogava semanalmente vôlei de quadra e vôlei de praia. Mas começou a sentir muita dor e mancava por isso. Foi ao ortopedista, fez raio-x e ao constatar a lesão, começou a fisioterapia.

Perguntei ao Gustavo que conselho ele daria a um tutor, cujo cão tivesse luxação de patela. "Eu diria para ir no veterinário e correr atrás. Um cachorro não tem condições para isso, e ter que conviver com essa dor seria uma tortura pra ele" disse.

Já no caso da Kelly, ela teve a sorte de poder operar e se livrar da dor. Em dias que ela ainda estava lesionada, a dor podia chegar, segunda ela, a 20 (em uma escala de 0 a 10). Ela deixou de fazer natação, corrida e até de ir ao teatro, que adorava. Pouquíssimas coisas ela fazia com segurança, mas continuava fazendo caminhadas e atividades que não tinham impacto ou rotação. Ela ficava mais quieta e inventava mil desculpas para não sair. A grande questão foi que Kelly teve que procurar diversos especialistas até ter um real diagnóstico, mas todos eram insistentes que o caso era cirúrgico. Então, Kelly optou pela cirurgia, após encontrar um especialista que conseguiu, de fato, explicar o motivo de tantas luxações.

Hoje, já sem dor, Kelly consegue fazer praticamente tudo. "Eu consigo correr com menos dor, e sem lesionar meu joelho. Consigo participar de uma atividade em cama elástica com meu filho, por exemplo, e posso fazer musculação, dança sem me preocupar com uma luxação a cada movimento" conta.

Se o Gustavo e a Kelly, que são capazes de se expressar, falar sobre suas dores e buscar ajuda, sofreram e sofrem tudo isso por dor, imagina os cães que sofrem em silêncio, tentando executar as atividades diárias, sem demonstrar o quanto podem estar sofrendo.

Tenho certeza que, se pudesse, seu cão queria que você soubesse de três coisas sobre a luxação de patela:

  1. Correr, pular e fazer outras atividades não quer dizer que o cão não tem dor. Ele é perito em esconder seus problemas
  2. Se seu cão é de uma das raças citadas, faça aviação das patas e garanta que está tudo bem o quanto antes. Se ele ainda for filhote, melhor. Menos tempo sofrendo com dor. Não são só os idosos que sofrem de luxação de patela. Filhotes podem ter dor também.
  3. A cirurgia pode ser a salvação do seu cachorro, para que ele viva melhor, sem consequência dolorosas.

Uma semana após a cirurgia da Aman, vejo que, mesmo com os pontos, ela está mais animada e ativa do que antes da cirurgia. Agora é aguardar a total recuperação dessa pata, para fazer a cirurgia da outra.

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