Dicas e curiosidades sobre animais

Como saber o que seu cachorro está sentindo?


Estudo revela o que os cães sentem e como demonstram. Entenda melhor seu cão conhecendo melhor a forma deles expressarem suas emoções.

Por Luiza Cervenka
Compreender as emoções dos cães é a chave para uma relação saudável - spodzone/Creative Commons  Foto: Estadão

Um artigo publicado recentemente fez um levantamento sobre o que há na literatura sobre emoções em cães. Apesar de parecer algo natural para quem convive com esses peludos, a ciência está, aos poucos, compreendendo a importância de estudar e divulgar os resultados.

A bióloga e doutora, Natália Albuquerque, em parceria com a professora da psicologia da USP, Briseida Resende, fez a revisão de diversos estudos sobre como os cães expressam suas emoções e como eles compreendem a nossa e publicou na revista Evolutionary Human Sciences.

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Estudo comprova: seu cachorro entende o que você está sentindo

Para entender melhor sobre o assunto, conversei com a Natália. Foi extremamente esclarecedora a conversa e precisei compartilhar com vocês.

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Por que falar sobre emoções em cães?

"Seres humanos são seres emocionais, assim como os cães. As emoções são como podemos nos comunicar com o mundo. É através dela que interagirmos positivamente, negativamente, nos aproximamos ou nos afastamos de algo. A relação entre cães e pessoas é muito baseada em emoções" explica Natália.

A doutora explica que a comunicação afetiva/emocional é chave para a relação entre cães e humanos. É através da expressão das emoções, que os cães interagem com o seu ambiente. Porém, nós, humanos, percebemos as emoções dos cães com menor habilidade do que os cães compreendem as nossas. E aí que vem a dificuldade de relacionamento, pois julgamos o que o cão sente sob uma ótica humana. Não paramos efetivamente para compreender a linguagem canina. Segundo Natália, estudar emoções é entender o que sustenta a relação entre humanos e cães.

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Como saber qual emoção o cão apresenta em um momento específico?

Aí é que a coisa começa a ficar complicada. Segundo Natália, neste ponto há menos estudos sobre. Afinal, quando lidamos com seres humanos, podemos perguntar o que a pessoa está sentindo, qual emoção está associada ao momento. Com animais não-humanos não há essa facilidade. A linguagem é bem diferente. Por isso, realiza-se o estudo indireto, no qual infere-se qual as emoções estão vinculadas àquele momento.

É aí que vem a criatividade humana para ultrapassar essas limitações. As ferramentas para compreender os cães podem ser baseadas naquelas usadas em estudos de bebês humanos em fase pré-verbal ou mesmo as utilizadas com outras espécies, como primatas.

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A temperatura facial, por exemplo, pode ser uma forma de compreender quais regiões da face ficam mais ou menos quentes em uma dada situação, como a saída do tutor, por exemplo. Assim, pode haver uma indicação a alteração emocional na ausência e na chegada do tutor.

Porém, já é sabido que cães expressam emoções através dos seus canis sensoriais: canal visual, acústico, olfativo. Digamos assim que o ser humano que não lá muito bom de ler sinais olfativos de forma consciente. Então, como explica Natália, nos resta apenas as pistas visuais e acústicas. Por isso as vocalizações, como latido, choramingo, rosnado, uivo, grunido, são as mais utilizadas para garantir que haja uma atenção ou comunicação dos cães conosco.

Você consegue compreender o que o latido do seu cão quer dizer? Alguns aplicativos prometem traduzir o que o cão está "falando". Mas a Natália explica de uma forma bem mais simples: "As vocalizações mais agudas são mais positivas do que tons mais graves e baixos. Uma forma de distinguir se é positivo ou negativo é ver se é mais agudo ou mais grave".

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Sabe aquele latido grosso emitido quando o cão está no portão. Sinal que ele não está para brincadeira. Mas aquele latidinho fino para outro animal pode ser sinal de querer brincar.

Todavia Natália alerta para o fato de diferentes sinais poderem acontecer em diferentes contextos.Não é pelo simples fato do cão estar rosnando, que ele está bravo. "O rosnado pode ser positivo ou negativo, a depender do tipo de situação, em contextos diferentes". Com uma mínima observação, conseguimos compreender essas diferentes situações e entender qual emoção está vinculada àquela vocalização.

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O que quer dizer abanar o rabo?

Não é só através de pistas auditivas que os cães se comunicam. As expressões faciais, postura corporal, e a própria movimentação do animal podem dizer muita coisa. E não só o rabo.

Segundo Natália, o balançar de rabo não quer dizer felicidade. O cão pode abanar o rabo nas mais diversas emoções. "Este comportamento está relacionado à disseminação de odores que o cão produz. O rabo funciona como um ventilador. A glândula anal libera informações emocionais e o rabo ventila isso. Assim, o rabo pode abanar em situação de raiva, tristeza, alegria, etc" conta.

Mas não é só o rabo que deve ser observado, quando queremos compreender o que o cão está sentindo e comunicando. A postura corporal e as expressões faciais são fundamentais. Uma postura corporal mais tensas, com orelhas para trás, olhos bem abertos, pupilas dilatadas, franzir o focinho e mostrar os dentes estão relacionadas a emoções negativas, como medo e raiva. Já o cão com a boca relaxada, com a língua para fora, orelha relaxada (sem estar em pé, em alerta), ou até com os cotovelos apoiados no chão e a traseira levantada, estão relacionados a emoções positivas, como alegria.

Quais são as emoções que os cães sentem?

Essa é a pergunta de milhões! A ciência pode afirmar que os cães podem sentir as emoções primárias: medo, alegria, surpresa, raiva, nojo e medo. Além disso, ainda há uma grande divergência. Isso não quer dizer que os cães se limitem a essas emoções. Mas ainda não há comprovação científica de que eles são capazes de ir além disso.

Mas é fato que aquela carinha que entendemos como culpa, está bem longe disso. Os olhinhos de catinho do Shrek, as orelhas para trás, o se esconder são comportamentos relacionados a medo. Ou seja, na verdade, o que chamados de culpa, é simplesmente uma antecipação de bronca ou punição. "Geralmente tutor chega, vê bagunça e olha com cara diferente, postura corporal e voz diferente. O cão percebe algo no seu tutor de que ele está com raiva e vai dar uma bronca" alerta Natália. Mas ela continua, dizendo que isso não quer dizer que os cães não sintam culpa. Mas o que nós achamos que é culpa, não é. Isso ainda precisa ser estudado. Ainda não sabe como expressa e se o cão expressa culpa.

Esse é apenas um dos exemplo de disfunção na comunicação entre cães e humanos. É nesse momento, de julgamento da emoção canina, como se fossem um bebê humano, que são geradas as falhas da comunicação afetiva e emocional, e consequentes desajustes.

Sabe aquele incidente em que há mordida e "foi do nada". Muitas vezes o cão sinalizou pormuito tempo, mostrando sinais de estresse e desconforto. Porém, nós humanos, seres superiores (ironia!) não conseguimos ler esses sinais e respeitar o espaço do animal. Aí o cão vai tolerando o fato de não ser atendido, até que o copo transborda e ele reage. "O cão sinaliza suas emoções. A gente que falha na forma de lê-las" pontua Natália.

Como resolver? Segundo Natália, quanto mais a gente conseguir se conectar com as nossas próprias emoções, mais compreenderemos os cães. Já que isso acarreta no desenvolvimento da habilidade de ler a expressão em outros humanos e animais. Ou seja, bora para terapia, meu povo!

E tudo isso começou com a Polly na vida da Natália. "Era uma relação tão profunda, que isso despertou o interesse científico de entender mais sobre essa relação e sobre ela. Parecia que precisava entender a visa emocional dos cães para entender melhor o que estava acontecendo na minha relação com a Polly. Foi um despertar particular. Tudo isso para garantir que eu oferecesse o maior bem-estar possível a Polly, não permitindo que ela passasse por angústia" confessa Natália.

Hoje, segundo Natália, o ciência da emoção em cães está em um caminho internacional para entender mais e mais. Muitas coisas já foram descobertas, como a capacidade dos cães em descriminar expressões faciais de outros cães e de humanos.

"O cão não é um agente passivo só esperando uma informação. Ele usa essas pistas para resolver e enfrentar problemas sociais" finaliza Natália. Se o seu cachorro busca mais uma pessoa na sua casa, provavelmente é pelo fato daquele membro apresentar menos frequente cara de bravo, demonstrando que vai estar mais disponível para ir passear, dar carinho, comida ou petisco.

Os cães estão se mostrando mais complexos. Não só como se expressam suas emoções, mas como são capazes de ler as emoções. É exatamente isso que permite uma convivência de sucesso entre cães e humanos.

E aí, o que seu cachorro está sentindo neste momento?

Compreender as emoções dos cães é a chave para uma relação saudável - spodzone/Creative Commons  Foto: Estadão

Um artigo publicado recentemente fez um levantamento sobre o que há na literatura sobre emoções em cães. Apesar de parecer algo natural para quem convive com esses peludos, a ciência está, aos poucos, compreendendo a importância de estudar e divulgar os resultados.

A bióloga e doutora, Natália Albuquerque, em parceria com a professora da psicologia da USP, Briseida Resende, fez a revisão de diversos estudos sobre como os cães expressam suas emoções e como eles compreendem a nossa e publicou na revista Evolutionary Human Sciences.

Estudo comprova: seu cachorro entende o que você está sentindo

Para entender melhor sobre o assunto, conversei com a Natália. Foi extremamente esclarecedora a conversa e precisei compartilhar com vocês.

Por que falar sobre emoções em cães?

"Seres humanos são seres emocionais, assim como os cães. As emoções são como podemos nos comunicar com o mundo. É através dela que interagirmos positivamente, negativamente, nos aproximamos ou nos afastamos de algo. A relação entre cães e pessoas é muito baseada em emoções" explica Natália.

A doutora explica que a comunicação afetiva/emocional é chave para a relação entre cães e humanos. É através da expressão das emoções, que os cães interagem com o seu ambiente. Porém, nós, humanos, percebemos as emoções dos cães com menor habilidade do que os cães compreendem as nossas. E aí que vem a dificuldade de relacionamento, pois julgamos o que o cão sente sob uma ótica humana. Não paramos efetivamente para compreender a linguagem canina. Segundo Natália, estudar emoções é entender o que sustenta a relação entre humanos e cães.

Como saber qual emoção o cão apresenta em um momento específico?

Aí é que a coisa começa a ficar complicada. Segundo Natália, neste ponto há menos estudos sobre. Afinal, quando lidamos com seres humanos, podemos perguntar o que a pessoa está sentindo, qual emoção está associada ao momento. Com animais não-humanos não há essa facilidade. A linguagem é bem diferente. Por isso, realiza-se o estudo indireto, no qual infere-se qual as emoções estão vinculadas àquele momento.

É aí que vem a criatividade humana para ultrapassar essas limitações. As ferramentas para compreender os cães podem ser baseadas naquelas usadas em estudos de bebês humanos em fase pré-verbal ou mesmo as utilizadas com outras espécies, como primatas.

A temperatura facial, por exemplo, pode ser uma forma de compreender quais regiões da face ficam mais ou menos quentes em uma dada situação, como a saída do tutor, por exemplo. Assim, pode haver uma indicação a alteração emocional na ausência e na chegada do tutor.

Porém, já é sabido que cães expressam emoções através dos seus canis sensoriais: canal visual, acústico, olfativo. Digamos assim que o ser humano que não lá muito bom de ler sinais olfativos de forma consciente. Então, como explica Natália, nos resta apenas as pistas visuais e acústicas. Por isso as vocalizações, como latido, choramingo, rosnado, uivo, grunido, são as mais utilizadas para garantir que haja uma atenção ou comunicação dos cães conosco.

Você consegue compreender o que o latido do seu cão quer dizer? Alguns aplicativos prometem traduzir o que o cão está "falando". Mas a Natália explica de uma forma bem mais simples: "As vocalizações mais agudas são mais positivas do que tons mais graves e baixos. Uma forma de distinguir se é positivo ou negativo é ver se é mais agudo ou mais grave".

Sabe aquele latido grosso emitido quando o cão está no portão. Sinal que ele não está para brincadeira. Mas aquele latidinho fino para outro animal pode ser sinal de querer brincar.

Todavia Natália alerta para o fato de diferentes sinais poderem acontecer em diferentes contextos.Não é pelo simples fato do cão estar rosnando, que ele está bravo. "O rosnado pode ser positivo ou negativo, a depender do tipo de situação, em contextos diferentes". Com uma mínima observação, conseguimos compreender essas diferentes situações e entender qual emoção está vinculada àquela vocalização.

O que quer dizer abanar o rabo?

Não é só através de pistas auditivas que os cães se comunicam. As expressões faciais, postura corporal, e a própria movimentação do animal podem dizer muita coisa. E não só o rabo.

Segundo Natália, o balançar de rabo não quer dizer felicidade. O cão pode abanar o rabo nas mais diversas emoções. "Este comportamento está relacionado à disseminação de odores que o cão produz. O rabo funciona como um ventilador. A glândula anal libera informações emocionais e o rabo ventila isso. Assim, o rabo pode abanar em situação de raiva, tristeza, alegria, etc" conta.

Mas não é só o rabo que deve ser observado, quando queremos compreender o que o cão está sentindo e comunicando. A postura corporal e as expressões faciais são fundamentais. Uma postura corporal mais tensas, com orelhas para trás, olhos bem abertos, pupilas dilatadas, franzir o focinho e mostrar os dentes estão relacionadas a emoções negativas, como medo e raiva. Já o cão com a boca relaxada, com a língua para fora, orelha relaxada (sem estar em pé, em alerta), ou até com os cotovelos apoiados no chão e a traseira levantada, estão relacionados a emoções positivas, como alegria.

Quais são as emoções que os cães sentem?

Essa é a pergunta de milhões! A ciência pode afirmar que os cães podem sentir as emoções primárias: medo, alegria, surpresa, raiva, nojo e medo. Além disso, ainda há uma grande divergência. Isso não quer dizer que os cães se limitem a essas emoções. Mas ainda não há comprovação científica de que eles são capazes de ir além disso.

Mas é fato que aquela carinha que entendemos como culpa, está bem longe disso. Os olhinhos de catinho do Shrek, as orelhas para trás, o se esconder são comportamentos relacionados a medo. Ou seja, na verdade, o que chamados de culpa, é simplesmente uma antecipação de bronca ou punição. "Geralmente tutor chega, vê bagunça e olha com cara diferente, postura corporal e voz diferente. O cão percebe algo no seu tutor de que ele está com raiva e vai dar uma bronca" alerta Natália. Mas ela continua, dizendo que isso não quer dizer que os cães não sintam culpa. Mas o que nós achamos que é culpa, não é. Isso ainda precisa ser estudado. Ainda não sabe como expressa e se o cão expressa culpa.

Esse é apenas um dos exemplo de disfunção na comunicação entre cães e humanos. É nesse momento, de julgamento da emoção canina, como se fossem um bebê humano, que são geradas as falhas da comunicação afetiva e emocional, e consequentes desajustes.

Sabe aquele incidente em que há mordida e "foi do nada". Muitas vezes o cão sinalizou pormuito tempo, mostrando sinais de estresse e desconforto. Porém, nós humanos, seres superiores (ironia!) não conseguimos ler esses sinais e respeitar o espaço do animal. Aí o cão vai tolerando o fato de não ser atendido, até que o copo transborda e ele reage. "O cão sinaliza suas emoções. A gente que falha na forma de lê-las" pontua Natália.

Como resolver? Segundo Natália, quanto mais a gente conseguir se conectar com as nossas próprias emoções, mais compreenderemos os cães. Já que isso acarreta no desenvolvimento da habilidade de ler a expressão em outros humanos e animais. Ou seja, bora para terapia, meu povo!

E tudo isso começou com a Polly na vida da Natália. "Era uma relação tão profunda, que isso despertou o interesse científico de entender mais sobre essa relação e sobre ela. Parecia que precisava entender a visa emocional dos cães para entender melhor o que estava acontecendo na minha relação com a Polly. Foi um despertar particular. Tudo isso para garantir que eu oferecesse o maior bem-estar possível a Polly, não permitindo que ela passasse por angústia" confessa Natália.

Hoje, segundo Natália, o ciência da emoção em cães está em um caminho internacional para entender mais e mais. Muitas coisas já foram descobertas, como a capacidade dos cães em descriminar expressões faciais de outros cães e de humanos.

"O cão não é um agente passivo só esperando uma informação. Ele usa essas pistas para resolver e enfrentar problemas sociais" finaliza Natália. Se o seu cachorro busca mais uma pessoa na sua casa, provavelmente é pelo fato daquele membro apresentar menos frequente cara de bravo, demonstrando que vai estar mais disponível para ir passear, dar carinho, comida ou petisco.

Os cães estão se mostrando mais complexos. Não só como se expressam suas emoções, mas como são capazes de ler as emoções. É exatamente isso que permite uma convivência de sucesso entre cães e humanos.

E aí, o que seu cachorro está sentindo neste momento?

Compreender as emoções dos cães é a chave para uma relação saudável - spodzone/Creative Commons  Foto: Estadão

Um artigo publicado recentemente fez um levantamento sobre o que há na literatura sobre emoções em cães. Apesar de parecer algo natural para quem convive com esses peludos, a ciência está, aos poucos, compreendendo a importância de estudar e divulgar os resultados.

A bióloga e doutora, Natália Albuquerque, em parceria com a professora da psicologia da USP, Briseida Resende, fez a revisão de diversos estudos sobre como os cães expressam suas emoções e como eles compreendem a nossa e publicou na revista Evolutionary Human Sciences.

Estudo comprova: seu cachorro entende o que você está sentindo

Para entender melhor sobre o assunto, conversei com a Natália. Foi extremamente esclarecedora a conversa e precisei compartilhar com vocês.

Por que falar sobre emoções em cães?

"Seres humanos são seres emocionais, assim como os cães. As emoções são como podemos nos comunicar com o mundo. É através dela que interagirmos positivamente, negativamente, nos aproximamos ou nos afastamos de algo. A relação entre cães e pessoas é muito baseada em emoções" explica Natália.

A doutora explica que a comunicação afetiva/emocional é chave para a relação entre cães e humanos. É através da expressão das emoções, que os cães interagem com o seu ambiente. Porém, nós, humanos, percebemos as emoções dos cães com menor habilidade do que os cães compreendem as nossas. E aí que vem a dificuldade de relacionamento, pois julgamos o que o cão sente sob uma ótica humana. Não paramos efetivamente para compreender a linguagem canina. Segundo Natália, estudar emoções é entender o que sustenta a relação entre humanos e cães.

Como saber qual emoção o cão apresenta em um momento específico?

Aí é que a coisa começa a ficar complicada. Segundo Natália, neste ponto há menos estudos sobre. Afinal, quando lidamos com seres humanos, podemos perguntar o que a pessoa está sentindo, qual emoção está associada ao momento. Com animais não-humanos não há essa facilidade. A linguagem é bem diferente. Por isso, realiza-se o estudo indireto, no qual infere-se qual as emoções estão vinculadas àquele momento.

É aí que vem a criatividade humana para ultrapassar essas limitações. As ferramentas para compreender os cães podem ser baseadas naquelas usadas em estudos de bebês humanos em fase pré-verbal ou mesmo as utilizadas com outras espécies, como primatas.

A temperatura facial, por exemplo, pode ser uma forma de compreender quais regiões da face ficam mais ou menos quentes em uma dada situação, como a saída do tutor, por exemplo. Assim, pode haver uma indicação a alteração emocional na ausência e na chegada do tutor.

Porém, já é sabido que cães expressam emoções através dos seus canis sensoriais: canal visual, acústico, olfativo. Digamos assim que o ser humano que não lá muito bom de ler sinais olfativos de forma consciente. Então, como explica Natália, nos resta apenas as pistas visuais e acústicas. Por isso as vocalizações, como latido, choramingo, rosnado, uivo, grunido, são as mais utilizadas para garantir que haja uma atenção ou comunicação dos cães conosco.

Você consegue compreender o que o latido do seu cão quer dizer? Alguns aplicativos prometem traduzir o que o cão está "falando". Mas a Natália explica de uma forma bem mais simples: "As vocalizações mais agudas são mais positivas do que tons mais graves e baixos. Uma forma de distinguir se é positivo ou negativo é ver se é mais agudo ou mais grave".

Sabe aquele latido grosso emitido quando o cão está no portão. Sinal que ele não está para brincadeira. Mas aquele latidinho fino para outro animal pode ser sinal de querer brincar.

Todavia Natália alerta para o fato de diferentes sinais poderem acontecer em diferentes contextos.Não é pelo simples fato do cão estar rosnando, que ele está bravo. "O rosnado pode ser positivo ou negativo, a depender do tipo de situação, em contextos diferentes". Com uma mínima observação, conseguimos compreender essas diferentes situações e entender qual emoção está vinculada àquela vocalização.

O que quer dizer abanar o rabo?

Não é só através de pistas auditivas que os cães se comunicam. As expressões faciais, postura corporal, e a própria movimentação do animal podem dizer muita coisa. E não só o rabo.

Segundo Natália, o balançar de rabo não quer dizer felicidade. O cão pode abanar o rabo nas mais diversas emoções. "Este comportamento está relacionado à disseminação de odores que o cão produz. O rabo funciona como um ventilador. A glândula anal libera informações emocionais e o rabo ventila isso. Assim, o rabo pode abanar em situação de raiva, tristeza, alegria, etc" conta.

Mas não é só o rabo que deve ser observado, quando queremos compreender o que o cão está sentindo e comunicando. A postura corporal e as expressões faciais são fundamentais. Uma postura corporal mais tensas, com orelhas para trás, olhos bem abertos, pupilas dilatadas, franzir o focinho e mostrar os dentes estão relacionadas a emoções negativas, como medo e raiva. Já o cão com a boca relaxada, com a língua para fora, orelha relaxada (sem estar em pé, em alerta), ou até com os cotovelos apoiados no chão e a traseira levantada, estão relacionados a emoções positivas, como alegria.

Quais são as emoções que os cães sentem?

Essa é a pergunta de milhões! A ciência pode afirmar que os cães podem sentir as emoções primárias: medo, alegria, surpresa, raiva, nojo e medo. Além disso, ainda há uma grande divergência. Isso não quer dizer que os cães se limitem a essas emoções. Mas ainda não há comprovação científica de que eles são capazes de ir além disso.

Mas é fato que aquela carinha que entendemos como culpa, está bem longe disso. Os olhinhos de catinho do Shrek, as orelhas para trás, o se esconder são comportamentos relacionados a medo. Ou seja, na verdade, o que chamados de culpa, é simplesmente uma antecipação de bronca ou punição. "Geralmente tutor chega, vê bagunça e olha com cara diferente, postura corporal e voz diferente. O cão percebe algo no seu tutor de que ele está com raiva e vai dar uma bronca" alerta Natália. Mas ela continua, dizendo que isso não quer dizer que os cães não sintam culpa. Mas o que nós achamos que é culpa, não é. Isso ainda precisa ser estudado. Ainda não sabe como expressa e se o cão expressa culpa.

Esse é apenas um dos exemplo de disfunção na comunicação entre cães e humanos. É nesse momento, de julgamento da emoção canina, como se fossem um bebê humano, que são geradas as falhas da comunicação afetiva e emocional, e consequentes desajustes.

Sabe aquele incidente em que há mordida e "foi do nada". Muitas vezes o cão sinalizou pormuito tempo, mostrando sinais de estresse e desconforto. Porém, nós humanos, seres superiores (ironia!) não conseguimos ler esses sinais e respeitar o espaço do animal. Aí o cão vai tolerando o fato de não ser atendido, até que o copo transborda e ele reage. "O cão sinaliza suas emoções. A gente que falha na forma de lê-las" pontua Natália.

Como resolver? Segundo Natália, quanto mais a gente conseguir se conectar com as nossas próprias emoções, mais compreenderemos os cães. Já que isso acarreta no desenvolvimento da habilidade de ler a expressão em outros humanos e animais. Ou seja, bora para terapia, meu povo!

E tudo isso começou com a Polly na vida da Natália. "Era uma relação tão profunda, que isso despertou o interesse científico de entender mais sobre essa relação e sobre ela. Parecia que precisava entender a visa emocional dos cães para entender melhor o que estava acontecendo na minha relação com a Polly. Foi um despertar particular. Tudo isso para garantir que eu oferecesse o maior bem-estar possível a Polly, não permitindo que ela passasse por angústia" confessa Natália.

Hoje, segundo Natália, o ciência da emoção em cães está em um caminho internacional para entender mais e mais. Muitas coisas já foram descobertas, como a capacidade dos cães em descriminar expressões faciais de outros cães e de humanos.

"O cão não é um agente passivo só esperando uma informação. Ele usa essas pistas para resolver e enfrentar problemas sociais" finaliza Natália. Se o seu cachorro busca mais uma pessoa na sua casa, provavelmente é pelo fato daquele membro apresentar menos frequente cara de bravo, demonstrando que vai estar mais disponível para ir passear, dar carinho, comida ou petisco.

Os cães estão se mostrando mais complexos. Não só como se expressam suas emoções, mas como são capazes de ler as emoções. É exatamente isso que permite uma convivência de sucesso entre cães e humanos.

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