Para os tutores de cães não é segredo que eles são excelentes fontes de companhia. Agora, mais do que nunca, os benefícios que eles trazem para a rotina em casa são inúmeros. Além de oferecerem carinho e atenção para seus tutores, são ótimos parceiros para a prática de exercícios físicos e suporte emocional nos momentos mais difíceis. Atualmente, são mais de 54 milhões de cães no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e esse número tem tudo para continuar crescendo conforme as previsões feitas pelo Instituto.
Os cães sem raça definida (SRD) são maioria no país e aparecem como o pet favorito dos brasileiros em diferentes censos. Devido a mistura genética, esses cães apresentam uma gama variada de tamanhos, cores e habilidades. Ainda assim, em 2020, a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) realizou 128.800 registros de cães de raça no país.
A escolha por uma raça pode dizer muito sobre a personalidade, preferências e estilo de vida do tutor. Apesar de algumas pessoas torcerem o nariz para o comércio de cães de raça, não podemos negar a existência da prática. Assim, a orientação sobre a características de casa uma se torna fundamental, a fim de evitar possíveis abandonos.
Ao escolher uma raça é muito importante que o novo tutor considere suas necessidades e características e avalie se terá condições de atendê-las. Ter a guarda responsável de um animal também significa oferecer ao pet suporte adequado ao seu bem-estar e saúde, compreendendo suas necessidades básicas, independentemente da raça.
Recentemente, a CBKC publicou um ranking das raças mais buscadas pelos brasileiros. Vamos às principais características e curiosidades de cada uma delas.
SPITZ ALEMÃO (POMERÂNIA)
Na liderança do ranking está o Spitz Alemão, no Brasil, mais conhecido como Lulu da Pomerânia. A bela pelagem com subpelo abundante é uma das suas características mais cativantes, especialmente o colar tipo juba e a cauda espessa.
Esses cães são excelentes companheiros, além de inteligentes, ativos e protetores. Sua energia inesgotável e sua comunicação por latidos podem vir a ser um problema. Mas basta oferecer mordedores, desafios diários e uma comunicação consistente, sem brigas e broncas, que a raça se torna ideal para todos os tipos de lares.
Dentre os cuidados que os Spitzs demandam, podemos destacar a sensibilidade digestiva e articular, além da necessidade de atenção especial com sua pele e pelagem. Como um cão de porte miniatura, a doença periodontal pode ser frequente, e aparecer já na juventude. Essa doença é causada pelo acúmulo de placa bacteriana excessiva sobre os dentes, formando o biofilme, e que pode evoluir para o cálculo dentário, o que chamamos de "tártaro". A escovação dental diária é a melhor forma de prevenir a adesão do biofilme, mas uma alimentação com croquetes adaptados, que permitam a penetração dos dentes durante a mastigação, promove um efeito mecânico que auxilia na limpeza, podendo retardar o aparecimento dessa condição.
A Médica-Veterinária, Natália Lopes, Gerente de Comunicação Científica da Royal Canin, explica que "tais características da raça demandam cuidados específicos de higiene, além de ser importante fornecer uma nutrição adequada".
BULDOGUE FRANCÊS
A medalha de prata ficou para o Buldogue Francês - uma raça de porte pequeno ou médio, já que podem variar de 8kg a 14kg. Apesar da aparência robusta, com estrutura óssea forte, são extremamente carinhosos e suas orelhas sempre empinadas lhes garantem uma expressão alerta e curiosa. Esses cães são extrovertidos, alegres, brincalhões, atléticos e, acima de tudo, amorosos com pessoas de todas as idades. Adaptam-se muito bem a vida em apartamento, e gostam de ficar próximos de seus tutores todo o tempo. Toleram pouco o calor por conta das dificuldades respiratórias agravadas pelo focinho achatado (braquicefálico).
É uma raça muito sensível e deve ser socializada com outros animais, pessoas e utensílios (como aspiradores e vassouras) desde novinhos. Sem esse treinamento adequado, os buldogues podem se tornar possessivos e até reativos, podendo atacar.
As doenças mais comuns da raça são de origem ocular, musculoesqueléticas e reprodutivas. Problemas auriculares e dermatológicos ocupam a quarta e quinta posição, respectivamente. Embora não estejam no topo das afecções mais frequentes, problemas dermatológicos, principalmente a atopia, respiratórios, como a síndrome braquicefálica das vias aérea superiores e gastrointestinais, como flatulência, são geralmente as causas das primeiras consultas ao Médico-Veterinário.
"A nutrição desses cães precisa ser um alimento altamente digestível, que reduza a quantidade de compostos não digeridos no cólon para limitar o excesso de fermentação", conta Natália.
SHIH TZU
Apesar do nome ser traduzido como "leãozinho", o Shih Tzu tem um temperamento calmo e carinhoso, sendo um excelente cão de família ou companhia. Adoráveis, os Shih Tzus são cães inteligentes, ativos, vivazes e adoram a companhia humana, mas também gostam de manter um pouco de independência. Quando bem socializados desde cedo, Shih Tzus tornam-se agradáveis animais de estimação e se dão muito bem com crianças.
Um pet de pelagem comprida, de característica lisa ou levemente ondulada, necessita de escovação recorrente para evitar os nós. Por isso, desde cedo, é importante o tutor acostumá-lo com esse processo.
Outra característica do Shih Tzu é o focinho achatado, que não favorece a respiração em atividades físicas de alta intensidade. Eles não precisam de muito exercício, mas é bom ficar de olho para evitar problemas decorrentes do sedentarismo. Apesar de, muitas vezes, preguiçosos, não devemos descuidar dos exercícios físicos, cognitivos e olfativos para que eles possam ter uma elevada qualidade de vida.
"É importante ter cuidado com as infecções de ouvido e com a obesidade, além de atenção especial aos cuidados com a saúde oral", comenta Natália.
ROTTWEILER
A quarta raça preferida dos brasileiros é o Rottweiler. São cães de porte gigante, musculosos e ativos, sempre atentos ao que acontece ao seu redor. Embora possam demorar um pouco para se acostumar com estranhos, e seja famoso por sua aparência imponente e temível, são pets leais e carinhosos com a família, além de super obedientes. Eles necessitam de espaço para correr, se exercitar, caçar, destruir e interagir com seus tutores. É indicado ter um profissional do comportamento para orientar sobre a socialização dos filhotes, principalmente para dessensibilizá-los ao toque (orelha, boca, patas, dar injeções, etc).
Exemplares da raça Rottweiler podem ter maior propensão a doenças osteoarticulares, como câncer e displasia coxofemoral, e sensibilidades que afetam o sistema gastrointestinal. Por isso, a alimentação deve ser equilibrada, com um balanço preciso de nutrientes, e com proteínas de alta qualidade e digestibilidade. "Cada raça tem uma necessidade nutricional diferente e, por isso, é importante o tutor conversar com o Médico-Veterinário de confiança para que ele possa indicar o alimento mais apropriado", orienta Natália.
GOLDEN RETRIEVER
Esta é uma raça resistente, vigorosa, ativa. É um rastreador nato, mas menos metódico do que o Labrador. Os Goldens têm uma memória fora do comum e são pouco agressivos, então, não têm tendência a latir muito. Não são cães de guarda - são meigos, sensíveis, calmos e equilibrados, se tornando companheiros muito fiéis! Não entendem seu tamanho, por isso sempre querem estar perto, de preferência no colo.
Por terem uma capacidade cognitiva elevada, podem se entediar facilmente se o ambiente não for dinâmico e não propiciar atividades interessantes. Promover situações que foquem a caçar, destruir, cavar e cheirar é essencial para evitar comportamentos desagradáveis ao tutor.
Por ser uma raça de grande porte, não está adaptado para viver em ambientes com pouco sol, piso escorregadio e com pouca atividade física. A alimentação deve ser bem regrada, já que são glutões, com tendência a ter sobrepeso. Outro cuidado importante com esta raça é em relação aos pelos. Precisa ser escovado uma ou duas vezes por semana de preferência com uma escova especial na época da muda.
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Nutrição para Raças Específicas
A nutrição específica para cada raça aparece nos detalhes, porque, embora algumas raças apresentem bastante similaridade como o Buldogue Francês e Shih Tzu - ambos braquicefálicos e de porte pequeno - elas não possuem exatamente as mesmas necessidades. Natália explica que "os Shih Tzus, por exemplo, não sofrem com a mesma frequência da síndrome braquicefálica das vias aéreas superiores como o Buldogue Francês, assim como a sensibilidade digestiva pode ser maior na última raça citada.
Dentro de uma dieta, essas diferenças impactam, por exemplo, no formato, tamanho e densidade dos grãos (pela conformação facial, comportamento glutão e força de mordedura), na formulação (nutrientes para formação dos músculos ou crescimento dos pelos) e até na densidade de calorias por porção, visando a manutenção do peso mais saudável."
Já para cães de raças de porte grande como o Rottweiler e o Golden Retriever, o alimento deve ser nutritivo e a quantidade de calorias adequada para o porte físico e a rotina do cão. Eles requerem quantidades específicas e diferentes de nutrientes do que as raças menores, por exemplo.
Compreender cada animal e suas especificidades é de extrema importância para oferecermos a maior qualidade de vida e bem-estar. Afinal, a responsabilidade da felicidade e saúde deles é nossa.