Dicas e curiosidades sobre animais

Não tenha um Border Collie


A raça de cachorro é tida como uma das mais inteligentes do mundo. Mas não deve ser adquirida por qualquer perfil de tutor. Entenda porquê.

Por Luiza Cervenka
Border Collie é muito inteligente e igualmente sensível - Corinne Benavides/Creative Commons Foto: Estadão

Essa noite dormi muito mal. Ok, você não tem nada a ver com isso. Porém, o motivo que me causou inquietação foi um cachorro. Fui chamada para atender um cão da raça Border Collie. A reclamação era de que ele estava atacando outros cães durante o passeio. Ontem, antes de dormir, confirmei a consulta de hoje logo cedo com o tutor. E lá veio a pista para minha angústia: a passeadora havia pedido demissão por não ter mais condições de passear com o cão naquele estado. Vizinhos já sugeriram que o animal usasse focinheira, por ser um risco na vizinhança.

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Conhecendo a raça e ouvindo todos esses detalhes, pensei: "Senhor, que esse cão não seja adestrado com punição e que ele não use enforcado". Obviamente que eu já sabia que essa seria a realidade que iria encontrar. Mesmo com mais de dez anos atendendo cães e gatos, eu ainda tenho meus calcanhares de Aquiles. Um deles é uso de punição e enforcador com o border collie (buldogue também).

E por que especialmente com Border Collie?

Border collie realmente é uma raça muito inteligente, já que foi selecionada para compreender rapidamente a comunicação humana, a fim de agilizar os processos de pastoreio. É possível ver casos de animais dessa raça que aprenderam a distinguir mais de cem palavras e brinquedos diferentes (o caso da Chaser, que virou um livro).

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A grande questão é que toda essa seleção e inteligência ganhou um "efeito colateral". Border collies são extremamente sensíveis. Se não forem socializados e educados adequadamente, podem se tornar extremamente reativos a animais e pessoas.

https://emais.estadao.com.br/blogs/comportamento-animal/border-collie-e-o-cachorro-mais-inteligente-do-mundo/

Caso Todd

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Cheguei ao atendimento e fui recebida aos pulos e lambeijos por um enorme Border collie branco e caramelo (ufa! Ele não é reativo com pessoas!). O cão de quase quatro anos foi adotado após ter sido devolvido. O motivo: ele morava em uma fazenda e pastoreava todos os animais, mas acaba matando alguns pequenos.

Foi assim que Todd foi para adoção e chegou ao seu tutor atual. Super bonzinho dentro de casa, na rua o animal se transforma. Então, um adestrador foi chamado. A indicação: uso do enforcador e punição a cada comportamento inadequado. Trancos no pescoço e jatos de água eram direcionados ao cão (nem preciso dizer que ele morre de água até hoje, né?!). E assim foi durante mais de dois anos.

O tutor me contou que a técnica do antigo adestrador (ou adestrador antigo) era muito eficaz no início, mas que agora isso só vem piorando. Que já chegou ao ponto de precisar erguer o cão pelo enforcador, como sugerido pelo adestrador, para fazer com que ele parasse de latir e avançar em outros cães.

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Em casa, Todd passava o dia todo sem atividade alguma. Apenas uma brincadeira de cabo de guerra ou de bolinha antes de dormir. Assim como a maioria das pessoas, o tutor acreditava que, pelo fato do cão ser super bonzinho em casa, não precisava de muita atividade, além do passeio. Quando eu abri minha mala, lotada de brinquedos, tabuleiros e mordedores, houve espanto do tutor e alegria do cão.

Precisei explicar que a reatividade do Todd era apenas medo e falta de socialização. Primeiro passo: nada de bronca, punição, muito menos uso de enforcador. Passamos a enriquecer a rotina e a passear em locais sem cães, com uso do peitoral e guia longa.

Nem todo mundo está preparado para ter um border collie. Isso não quer dizer que não haja possibilidade de mudança. O pai do Todd está super disposto a adequar a nova rotina para melhora do bem-estar do cão. Mas é preciso muito estudo e dedicação para quem quer ter um cachorro dessa raça.

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[veja_tambem]

Caso Lea

Fui buscada por uma tutora para trabalhar a reatividade a cães de uma Border Collie tricolor, a Lea. Foi encaminhada como tendo problema de posse por recurso (quando não quer "dividir" brinquedo e espaço com ninguém). Analisando a Lea, percebi que ela criava uma área de segurança em volta dela. Todo cachorro fora dessa área não era atacado. Mas a partir do momento que alguém ultrapassasse o limite desse perímetro, levava uma "bicada" da Lea.

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A questão dela não era posse por recurso, mas insegurança de estar em um espaço com muitos cães, sem possibilidade de fuga.

Você pode estar questionando se a tutora da Lea também seguiu um profissional arcaico. Não! Ela estudou muito a raça, entendeu todas as questões e fragilidades, se dedicou o máximo que pôde. Mas ninguém contava com a pandemia e o isolamento social. Principalmente em um momento crucial para a Lea: a socialização.

A Lea não aprendeu a falar cachorrês. Ela não entendia o que os cães queriam dizer com cada expressão corporal. Isso piorava quando tinham vários cães juntos. Insegura, ela preferia deitar em um canto e avançar em qualquer animal que se aproximasse dela.

Depois de atender o Todd, liguei para a tutora da Lea e ouvi a seguinte frase "Border collie não é para qualquer um. É um cão que demanda muito. Precisa estudar, se atualizar, se dedicar e, mesmo assim, ainda pode ter problemas".

Hoje, depois de mais de três meses de treinos, Lea é outra cachorra. Muito mais sociável, já está vencendo alguns medos e aprendendo a brincar de bolinha em grupo.

A tutor do Border Collie deve conhecer e estudar muita a raça - Corinne Benavides/Creative Commons Foto: Estadão

Não tenha um Border Collie

  • Se você não tem tempo para se dedicar ao cão, não tenha um Border Collie
  • Se você não quer gastar com brinquedos e dispositivos cognitivos, não tenha um Border Collie.
  • Se você não gosta de ler ou se atualizar, não tenha um Border collie.
  • Se você acredita que dar bronca é a melhor forma de educar, não tenha um Border collie.
  • Se você não gosta de atividades físicas, não tenha um Border collie.
  • Se você trabalha todos os dias fora, e fica mais de 6h longe de casa, não tenha um Border Collie.
  • Se você não gosta de socializar com outras pessoas, não tenha um Border collie.
  • Se você nunca teve cachorro, não tenha um Border collie.
  • Se você quer um cachorro de quintal, não tenha um Border collie.
  • Se você tem criança pequena, não tenha um Border collie.

Border collie é uma raça incrível. Adoro trabalhar com esse tipo de cachorro. A grande questão é o tutor estar preparado para ter o cão mais inteligente do mundo e todas as suas consequências.

Não é a raça que é reativa, não é a raça que não gosta de criança, não é a raça que é teimosa. É o tutor que não buscou conhecimento suficiente ou um profissional adequado para compreender o animal na sua totalidade.

Border Collie é muito inteligente e igualmente sensível - Corinne Benavides/Creative Commons Foto: Estadão

Essa noite dormi muito mal. Ok, você não tem nada a ver com isso. Porém, o motivo que me causou inquietação foi um cachorro. Fui chamada para atender um cão da raça Border Collie. A reclamação era de que ele estava atacando outros cães durante o passeio. Ontem, antes de dormir, confirmei a consulta de hoje logo cedo com o tutor. E lá veio a pista para minha angústia: a passeadora havia pedido demissão por não ter mais condições de passear com o cão naquele estado. Vizinhos já sugeriram que o animal usasse focinheira, por ser um risco na vizinhança.

Conhecendo a raça e ouvindo todos esses detalhes, pensei: "Senhor, que esse cão não seja adestrado com punição e que ele não use enforcado". Obviamente que eu já sabia que essa seria a realidade que iria encontrar. Mesmo com mais de dez anos atendendo cães e gatos, eu ainda tenho meus calcanhares de Aquiles. Um deles é uso de punição e enforcador com o border collie (buldogue também).

E por que especialmente com Border Collie?

Border collie realmente é uma raça muito inteligente, já que foi selecionada para compreender rapidamente a comunicação humana, a fim de agilizar os processos de pastoreio. É possível ver casos de animais dessa raça que aprenderam a distinguir mais de cem palavras e brinquedos diferentes (o caso da Chaser, que virou um livro).

A grande questão é que toda essa seleção e inteligência ganhou um "efeito colateral". Border collies são extremamente sensíveis. Se não forem socializados e educados adequadamente, podem se tornar extremamente reativos a animais e pessoas.

https://emais.estadao.com.br/blogs/comportamento-animal/border-collie-e-o-cachorro-mais-inteligente-do-mundo/

Caso Todd

Cheguei ao atendimento e fui recebida aos pulos e lambeijos por um enorme Border collie branco e caramelo (ufa! Ele não é reativo com pessoas!). O cão de quase quatro anos foi adotado após ter sido devolvido. O motivo: ele morava em uma fazenda e pastoreava todos os animais, mas acaba matando alguns pequenos.

Foi assim que Todd foi para adoção e chegou ao seu tutor atual. Super bonzinho dentro de casa, na rua o animal se transforma. Então, um adestrador foi chamado. A indicação: uso do enforcador e punição a cada comportamento inadequado. Trancos no pescoço e jatos de água eram direcionados ao cão (nem preciso dizer que ele morre de água até hoje, né?!). E assim foi durante mais de dois anos.

O tutor me contou que a técnica do antigo adestrador (ou adestrador antigo) era muito eficaz no início, mas que agora isso só vem piorando. Que já chegou ao ponto de precisar erguer o cão pelo enforcador, como sugerido pelo adestrador, para fazer com que ele parasse de latir e avançar em outros cães.

Em casa, Todd passava o dia todo sem atividade alguma. Apenas uma brincadeira de cabo de guerra ou de bolinha antes de dormir. Assim como a maioria das pessoas, o tutor acreditava que, pelo fato do cão ser super bonzinho em casa, não precisava de muita atividade, além do passeio. Quando eu abri minha mala, lotada de brinquedos, tabuleiros e mordedores, houve espanto do tutor e alegria do cão.

Precisei explicar que a reatividade do Todd era apenas medo e falta de socialização. Primeiro passo: nada de bronca, punição, muito menos uso de enforcador. Passamos a enriquecer a rotina e a passear em locais sem cães, com uso do peitoral e guia longa.

Nem todo mundo está preparado para ter um border collie. Isso não quer dizer que não haja possibilidade de mudança. O pai do Todd está super disposto a adequar a nova rotina para melhora do bem-estar do cão. Mas é preciso muito estudo e dedicação para quem quer ter um cachorro dessa raça.

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Caso Lea

Fui buscada por uma tutora para trabalhar a reatividade a cães de uma Border Collie tricolor, a Lea. Foi encaminhada como tendo problema de posse por recurso (quando não quer "dividir" brinquedo e espaço com ninguém). Analisando a Lea, percebi que ela criava uma área de segurança em volta dela. Todo cachorro fora dessa área não era atacado. Mas a partir do momento que alguém ultrapassasse o limite desse perímetro, levava uma "bicada" da Lea.

A questão dela não era posse por recurso, mas insegurança de estar em um espaço com muitos cães, sem possibilidade de fuga.

Você pode estar questionando se a tutora da Lea também seguiu um profissional arcaico. Não! Ela estudou muito a raça, entendeu todas as questões e fragilidades, se dedicou o máximo que pôde. Mas ninguém contava com a pandemia e o isolamento social. Principalmente em um momento crucial para a Lea: a socialização.

A Lea não aprendeu a falar cachorrês. Ela não entendia o que os cães queriam dizer com cada expressão corporal. Isso piorava quando tinham vários cães juntos. Insegura, ela preferia deitar em um canto e avançar em qualquer animal que se aproximasse dela.

Depois de atender o Todd, liguei para a tutora da Lea e ouvi a seguinte frase "Border collie não é para qualquer um. É um cão que demanda muito. Precisa estudar, se atualizar, se dedicar e, mesmo assim, ainda pode ter problemas".

Hoje, depois de mais de três meses de treinos, Lea é outra cachorra. Muito mais sociável, já está vencendo alguns medos e aprendendo a brincar de bolinha em grupo.

A tutor do Border Collie deve conhecer e estudar muita a raça - Corinne Benavides/Creative Commons Foto: Estadão

Não tenha um Border Collie

  • Se você não tem tempo para se dedicar ao cão, não tenha um Border Collie
  • Se você não quer gastar com brinquedos e dispositivos cognitivos, não tenha um Border Collie.
  • Se você não gosta de ler ou se atualizar, não tenha um Border collie.
  • Se você acredita que dar bronca é a melhor forma de educar, não tenha um Border collie.
  • Se você não gosta de atividades físicas, não tenha um Border collie.
  • Se você trabalha todos os dias fora, e fica mais de 6h longe de casa, não tenha um Border Collie.
  • Se você não gosta de socializar com outras pessoas, não tenha um Border collie.
  • Se você nunca teve cachorro, não tenha um Border collie.
  • Se você quer um cachorro de quintal, não tenha um Border collie.
  • Se você tem criança pequena, não tenha um Border collie.

Border collie é uma raça incrível. Adoro trabalhar com esse tipo de cachorro. A grande questão é o tutor estar preparado para ter o cão mais inteligente do mundo e todas as suas consequências.

Não é a raça que é reativa, não é a raça que não gosta de criança, não é a raça que é teimosa. É o tutor que não buscou conhecimento suficiente ou um profissional adequado para compreender o animal na sua totalidade.

Border Collie é muito inteligente e igualmente sensível - Corinne Benavides/Creative Commons Foto: Estadão

Essa noite dormi muito mal. Ok, você não tem nada a ver com isso. Porém, o motivo que me causou inquietação foi um cachorro. Fui chamada para atender um cão da raça Border Collie. A reclamação era de que ele estava atacando outros cães durante o passeio. Ontem, antes de dormir, confirmei a consulta de hoje logo cedo com o tutor. E lá veio a pista para minha angústia: a passeadora havia pedido demissão por não ter mais condições de passear com o cão naquele estado. Vizinhos já sugeriram que o animal usasse focinheira, por ser um risco na vizinhança.

Conhecendo a raça e ouvindo todos esses detalhes, pensei: "Senhor, que esse cão não seja adestrado com punição e que ele não use enforcado". Obviamente que eu já sabia que essa seria a realidade que iria encontrar. Mesmo com mais de dez anos atendendo cães e gatos, eu ainda tenho meus calcanhares de Aquiles. Um deles é uso de punição e enforcador com o border collie (buldogue também).

E por que especialmente com Border Collie?

Border collie realmente é uma raça muito inteligente, já que foi selecionada para compreender rapidamente a comunicação humana, a fim de agilizar os processos de pastoreio. É possível ver casos de animais dessa raça que aprenderam a distinguir mais de cem palavras e brinquedos diferentes (o caso da Chaser, que virou um livro).

A grande questão é que toda essa seleção e inteligência ganhou um "efeito colateral". Border collies são extremamente sensíveis. Se não forem socializados e educados adequadamente, podem se tornar extremamente reativos a animais e pessoas.

https://emais.estadao.com.br/blogs/comportamento-animal/border-collie-e-o-cachorro-mais-inteligente-do-mundo/

Caso Todd

Cheguei ao atendimento e fui recebida aos pulos e lambeijos por um enorme Border collie branco e caramelo (ufa! Ele não é reativo com pessoas!). O cão de quase quatro anos foi adotado após ter sido devolvido. O motivo: ele morava em uma fazenda e pastoreava todos os animais, mas acaba matando alguns pequenos.

Foi assim que Todd foi para adoção e chegou ao seu tutor atual. Super bonzinho dentro de casa, na rua o animal se transforma. Então, um adestrador foi chamado. A indicação: uso do enforcador e punição a cada comportamento inadequado. Trancos no pescoço e jatos de água eram direcionados ao cão (nem preciso dizer que ele morre de água até hoje, né?!). E assim foi durante mais de dois anos.

O tutor me contou que a técnica do antigo adestrador (ou adestrador antigo) era muito eficaz no início, mas que agora isso só vem piorando. Que já chegou ao ponto de precisar erguer o cão pelo enforcador, como sugerido pelo adestrador, para fazer com que ele parasse de latir e avançar em outros cães.

Em casa, Todd passava o dia todo sem atividade alguma. Apenas uma brincadeira de cabo de guerra ou de bolinha antes de dormir. Assim como a maioria das pessoas, o tutor acreditava que, pelo fato do cão ser super bonzinho em casa, não precisava de muita atividade, além do passeio. Quando eu abri minha mala, lotada de brinquedos, tabuleiros e mordedores, houve espanto do tutor e alegria do cão.

Precisei explicar que a reatividade do Todd era apenas medo e falta de socialização. Primeiro passo: nada de bronca, punição, muito menos uso de enforcador. Passamos a enriquecer a rotina e a passear em locais sem cães, com uso do peitoral e guia longa.

Nem todo mundo está preparado para ter um border collie. Isso não quer dizer que não haja possibilidade de mudança. O pai do Todd está super disposto a adequar a nova rotina para melhora do bem-estar do cão. Mas é preciso muito estudo e dedicação para quem quer ter um cachorro dessa raça.

[veja_tambem]

Caso Lea

Fui buscada por uma tutora para trabalhar a reatividade a cães de uma Border Collie tricolor, a Lea. Foi encaminhada como tendo problema de posse por recurso (quando não quer "dividir" brinquedo e espaço com ninguém). Analisando a Lea, percebi que ela criava uma área de segurança em volta dela. Todo cachorro fora dessa área não era atacado. Mas a partir do momento que alguém ultrapassasse o limite desse perímetro, levava uma "bicada" da Lea.

A questão dela não era posse por recurso, mas insegurança de estar em um espaço com muitos cães, sem possibilidade de fuga.

Você pode estar questionando se a tutora da Lea também seguiu um profissional arcaico. Não! Ela estudou muito a raça, entendeu todas as questões e fragilidades, se dedicou o máximo que pôde. Mas ninguém contava com a pandemia e o isolamento social. Principalmente em um momento crucial para a Lea: a socialização.

A Lea não aprendeu a falar cachorrês. Ela não entendia o que os cães queriam dizer com cada expressão corporal. Isso piorava quando tinham vários cães juntos. Insegura, ela preferia deitar em um canto e avançar em qualquer animal que se aproximasse dela.

Depois de atender o Todd, liguei para a tutora da Lea e ouvi a seguinte frase "Border collie não é para qualquer um. É um cão que demanda muito. Precisa estudar, se atualizar, se dedicar e, mesmo assim, ainda pode ter problemas".

Hoje, depois de mais de três meses de treinos, Lea é outra cachorra. Muito mais sociável, já está vencendo alguns medos e aprendendo a brincar de bolinha em grupo.

A tutor do Border Collie deve conhecer e estudar muita a raça - Corinne Benavides/Creative Commons Foto: Estadão

Não tenha um Border Collie

  • Se você não tem tempo para se dedicar ao cão, não tenha um Border Collie
  • Se você não quer gastar com brinquedos e dispositivos cognitivos, não tenha um Border Collie.
  • Se você não gosta de ler ou se atualizar, não tenha um Border collie.
  • Se você acredita que dar bronca é a melhor forma de educar, não tenha um Border collie.
  • Se você não gosta de atividades físicas, não tenha um Border collie.
  • Se você trabalha todos os dias fora, e fica mais de 6h longe de casa, não tenha um Border Collie.
  • Se você não gosta de socializar com outras pessoas, não tenha um Border collie.
  • Se você nunca teve cachorro, não tenha um Border collie.
  • Se você quer um cachorro de quintal, não tenha um Border collie.
  • Se você tem criança pequena, não tenha um Border collie.

Border collie é uma raça incrível. Adoro trabalhar com esse tipo de cachorro. A grande questão é o tutor estar preparado para ter o cão mais inteligente do mundo e todas as suas consequências.

Não é a raça que é reativa, não é a raça que não gosta de criança, não é a raça que é teimosa. É o tutor que não buscou conhecimento suficiente ou um profissional adequado para compreender o animal na sua totalidade.

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