A raiva é uma doença que pode ser transmitida pela saliva de cães, gatos, morcegos, bovinos e equinos contaminados. A melhor forma de diminuir os casos da doença é vacinando os animais.
Segundo a médica veterinária do Clinicão e Gatos Hospital Veterinário, Mariana Mariane Rela Arakaki, a vacina antirrábica é considerada essencial pelo protocolo mundial Wsava (World Small Animal Veterinary Association). "A vacinação é fundamental para o controle da doença nos animais e no ser humano e deve ser feita todos os anos da vida do animal. A Raiva é uma doença que não tem cura e é fatal" explica.
Graças à vacina, foi possível reduzir os casos de raiva humana e canina em aproximadamente 90% ao longo dos últimos 20 anos, nos países da América Latina, após programas de vacinação em massa.
Porém, pelo relaxamento de alguns tutores, em dar a vacina todos os anos, pudemos observar, nos últimos tempos, o aumento de casos de raiva. Em algumas cidades, como Jundiaí, no estado de São Paulo, já foram encontrados morcegos positivos para raiva.
A falta de vacinação contra raiva pode estar relacionada ao ano de 2019, quando, na maioria das cidades, não houve campanha contra a raiva. "Neste ano, devido à pandemia, provavelmente não teremos campanha novamente" conta Mariana.
Quem pode aplicar a vacina antirrábica?
É muito importante lembrar que o único profissional capacitado para aplicar a vacina é o médico veterinário. Segundo o médico veterinário e gerente técnico de produtos pet da MSD Saúde Animal, Marcio Barboza, somente o médico veterinário deve fazer a aplicação da vacina, pois é necessário que o animal passe por uma avaliação prévia, que garanta seu bom estado de saúde e capacidade de responder bem à vacinação.
Mariana aponta que a vacinação é uma oportunidade de colocar todas as vacinas em dia e conversar sobre prevenção de outras doenças como Leishimaniose e Leptospirose, que também são zoonose, como a raiva.
Segundo o médico veterinário e gerente técnico da Virbac Ricardo Rodrigues Cabral, é o médico veterinário que vai saber onde e como aplicar a vacina. "E, no caso de reações adversas, imprevisíveis à aplicação de uma vacina, somente o veterinário está capacitado a identificar essas reações e tratá-las" enfatiza.
Muitos tutores deixam de dar a vacina com medo da reação. Ricardo explica que qualquer vacina pode gerar reações adversas imprevisíveis nos animais, inclusive a anti-rábica. "Felizmente, isso ocorre em uma pequena porcentagem de animais (em torno de 2,5%). Essa reação é, normalmente, uma reação de hipersensibilidade imunológica a algum componente da vacina, e pode ser tratada, não trazendo grandes problemas na maioria das vezes" comenta.
Onde aplicar a vacina antirrábica em animais?
Sabemos das dimensões continentais do Brasil e sua desigualdade social. Não é incomum ver pessoas não capacitadas aplicando a vacina em qualquer estabelecimento. Mas as vacinas éticas são aquelas que somente clínicas ou hospitais veterinários estão autorizados para aplicação. Seja no próprio estabelecimento ou agendando uma vacina à domicílio com o veterinário.
Ricardo é enfático ao ressaltar que, embora muitos municípios ofereçam a campanha de vacinação anual contra a raiva gratuitamente, a qualidade e condições de armazenamento dessas vacinas pode ser questionável. "Caso seja possível, o ideal é optar por fazer a vacina no consultório, clínica ou hospital veterinário. O que não deve ser feito de maneira nenhuma, é procurar por estabelecimentos comerciais como casas agropecuárias ou petshops que não possuam um responsável técnico veterinário capacitado para realizar a vacinação" declara.
Quando dar a vacina antirrábica?
De acordo com as diretrizes de vacinação da WSAVA, os cães e gatos podem iniciar a primeira dose de vacina antirrábica a partir de 12 semanas de idade e reforço anual. Mas é importante conferir a indicação do fabricante de cada vacina.
Em áreas de risco, com maior incidência da raiva, uma segunda pode ser administrada 2 a 4 semanas após a primeira dose. Do contrário, a vacina deve ser aplicada a cada 12 meses. Alguns países, fora da América Latina já possuem vacinas para serem aplicadas a cada 3 anos. Mas não é o caso do Brasil. Por isso, vacine seu pet contra raiva anualmente!
"É importante frisar que não é porque temos a impressão de que uma doença não existe mais, afinal nosso cão nunca teve, que devemos deixar de vacinar. É justamente pelo fato de que muitas pessoas mantêm os seus animais vacinados que a doença se tornou mais rara" alerta Ricardo.
Quais são os sintomas de um animal com a raiva?
Em cães e gatos os sintomas são mudança de comportamento, salivação e recentemente alguns cães com paralisia de membros.
Segundo Ricardo, o vírus da raiva tem atração pelo tecido nervoso. "Ele penetra na pele por meio de mordedura dos animais infectados e migra para os nervos, ascendendo até o sistema nervoso central. Por isso, os principais sintomas dessa doença são neurológicos: tremores, convulsão, dificuldade de engolir e etc." explica.
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O que fazer em caso de suspeita de raiva?
Quando um humano é mordido por um animal, mesmo que este esteja vacinado contra a raiva, deve-se lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar com urgência o Serviço de Saúde mais próximo. "Não matar o animal! Mas deixá-lo em observação durante 10 dias" indica Mariana.
No caso dos cães e gatos, em caso de acidente com morcegos, lavar o ferimento, procurar o mais rápido possível um pronto atendimento e não tocar no morcego. O caso deve ser notificado ao setor de zoonose do seu município.
A raiva não tem cura. Seja em animais ou em humanos! Por isso a vacinação é o melhor caminho para a prevenção da doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença causa 59 mil mortes, todos os anos, em mais de 100 países e, para preveni-la, é preciso que pelo menos 70% dos cães sejam vacinados.
É nosso dever, enquanto tutor, vacinar os animais, para manter a saúde deles, a nossa e de toda a comunidade.