'BBB 21' desperta raiva e preconceito no espectador, indica pesquisa


Quase 90% de quem acompanha o reality show já sentiu emoções negativas fortes, mas apenas 7% pensa em parar de assistir; psicanalista fala em identificação e quebra de uma expectativa positiva do entretenimento

Por Ludimila Honorato
Discussões sobre violência psicológica e cultura do cancelamento no 'BBB21' podem ter gerado emoções negativas fortes no telespectador. Foto: 'BBB 21' / TV Gobo / Reprodução

O BBB 21 estreou há três semanas e já levantou discussões sérias sobre temas como violência psicológica e cultura do cancelamento. A atenção do telespectador está voltada aos desdobramentos de cada 'treta' que ocorre na casa, mas esse interesse tem gerado sentimentos negativos que estão atrelados à saúde mental e emocional de quem assiste.

Uma pesquisa realizada pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, indica que os temas no reality show incomodam e despertam gatilhos.

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Entre os brasileiros que estão acompanhando o programa (52% de 2.467 entrevistados), 86% afirmam que já sentiram emoções negativas fortes, sendo que raiva, tristeza, preconceito e humilhação têm maior expressividade. As respostas foram coletadas de forma virtual entre os dias 5 e 6 de fevereiro, em território nacional. A amostra contou com pessoas acima de 20 anos, englobando o público ABCD, sendo que 56% eram casadas e 58%, mulheres.

Com mais de 20 anos no ar, o Big Brother Brasil já faz parte da rotina de entretenimento sazonal da população. Nos três meses em que fica no ar, o programa pauta a imprensa, as conversas entre amigos e até mesmo quem não assiste tem opinião sobre a atração. O telespectador está ali para uma espécie de diversão, mas a quebra de uma expectativa positiva acaba provocando sensações contrárias.

"O público tem uma noção de que entretenimento é positividade e não mexe com questões que são negativas, como tragédias, discussões, desencontros e brigas. Mas, de alguma forma, [o programa] faz tanto sucesso justamente porque a ideia é desvelar, abrir para o grande público a espontaneidade e a vida privada das pessoas e isso lida também com coisas negativas, porque não tem como ter controle", comenta o psicanalista Leonardo Goldberg, doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo.

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Segundo o especialista, a diferença da edição atual do BBB para as anteriores é que, agora, as pessoas estão nomeando e descrevendo os próprios sentimentos quando veem uma situação que causa identificação, seja de alegria ou repulsa. E diferente de uma novela, em que, na maior parte, os vilões, os mocinhos e as zonas de tragédias são bem definidas, o reality show traz reviravoltas. Ao perceber que alguém, antes visto como 'bonzinho', se revela completamente diferente, o público sente o impacto de modo mais íntimo.

"É a quebra de que o entretenimento traria um apaziguamento das paixões, sem brigas nem discussões. Esse BBB está sendo um balde de água fria, uma quebra de ilusões. Tem um colapso nessas definições e o espectador fica bagunçado", diz Goldberg. E como produto cultural de consumo, a atração da TV Globo atrai interesse e desperta prazeres e repulsas, alegrias e tristezas, da mesma forma como quando nosso personagem favorito é assassinado de modo cruel na história de um livro ou o vilão tem vitórias sucessivas em uma série ou filme.

VEJA TAMBÉM: Participantes do BBB eliminados com as maiores rejeições

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'BBB': veja os participantes eliminados com as maiores rejeições

1 | 19

Os mais rejeitados da história do 'BBB'

Foto: Reprodução/GloboPlay
2 | 19

18º - 87% - Giulliano Ciarelli (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
3 | 19

17ª - 87% - Jaqueline Khury (BBB 8)

Foto: Kiko Cabral / Globo / Divulgação
4 | 19

16ª - 87% - Luan (BBB 15)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
5 | 19

15ª - 88% - Natália (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
6 | 19

14ª - 88% - Laisa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
7 | 19

13º - 88% - Breno (BBB 18)

Foto: Reprodução de 'Big Brother Brasil 18' (2018) / Globo
8 | 19

12ª - 89% - Fani (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
9 | 19

11ª - 90% - Ana Paula (BBB 18)

Foto: Globo / Divulgação
10 | 19

10º - 91% - Airton (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
11 | 19

9º - 92% - Rogério (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
12 | 19

8º - 92% - Rafa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
13 | 19

7ª - 92% - Nayara (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
14 | 19

6º - 93% - Felipe Cobra (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
15 | 19

5ª - 94% - Patrícia (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
16 | 19

4ª - 95% - Aline (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
17 | 19

3º 96,69% - Viih Tube

Foto: Divulgação/TV Globo
18 | 19

2º- 98,76%- Nego Di (BBB 21)

Foto: TV Globo
19 | 19

1º- 99,17% - Karol Conká (BBB 21)

Foto: Reprodução /GloboPlay

Mas o curioso do ser humano é seguir consumindo justamente aquilo que lhe causa desprazer. A pesquisa da Hibou mostra que apenas 6,7% dos entrevistados estão pensando em parar de assistir ao Big Brother Brasil 21. Entre os motivos estão: ausência de um clima feliz (51,3%), conteúdo pesado (50,6%), muita discussão boba e pouca diversão (43,8%) e cansaço do assunto de cancelamento (36,9%). Por que, então, seguimos vidrados?

"O espectador está um pouco mais amadurecido em relação a conteúdo que é muito estático, em que ele já sabe o que vai acontecer no final. Muito do que a gente aclama é aquela velha máxima de: 'tudo o que achei que ia acontecer não aconteceu'. A graça do reality show são esses movimentos de reviravoltas", responde o psicanalista.

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Para 51,4% dos entrevistados na pesquisa da Hibou, o que chama atenção no programa, de forma geral, é a possibilidade de bisbilhotar o comportamento das pessoas. Outros 49,4% disseram que gostam mesmo é dos conflitos por opiniões e atitudes distintas. Apenas um quarto deles afirma relaxar assistindo à atração e 19,9% dizem que acompanham o reality para ter assunto com os amigos.

Uma vez que, em grande parte, o BBB mostra a vida privada e cotidiana das pessoas como ela é, a sensação de pertencimento e identificação faz com que, mesmo sofrendo, o telespectador continue vigiando a casa. Afinal, ele sabe que também existem problemas e intrigas na vida real.

Discussões sobre violência psicológica e cultura do cancelamento no 'BBB21' podem ter gerado emoções negativas fortes no telespectador. Foto: 'BBB 21' / TV Gobo / Reprodução

O BBB 21 estreou há três semanas e já levantou discussões sérias sobre temas como violência psicológica e cultura do cancelamento. A atenção do telespectador está voltada aos desdobramentos de cada 'treta' que ocorre na casa, mas esse interesse tem gerado sentimentos negativos que estão atrelados à saúde mental e emocional de quem assiste.

Uma pesquisa realizada pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, indica que os temas no reality show incomodam e despertam gatilhos.

Entre os brasileiros que estão acompanhando o programa (52% de 2.467 entrevistados), 86% afirmam que já sentiram emoções negativas fortes, sendo que raiva, tristeza, preconceito e humilhação têm maior expressividade. As respostas foram coletadas de forma virtual entre os dias 5 e 6 de fevereiro, em território nacional. A amostra contou com pessoas acima de 20 anos, englobando o público ABCD, sendo que 56% eram casadas e 58%, mulheres.

Com mais de 20 anos no ar, o Big Brother Brasil já faz parte da rotina de entretenimento sazonal da população. Nos três meses em que fica no ar, o programa pauta a imprensa, as conversas entre amigos e até mesmo quem não assiste tem opinião sobre a atração. O telespectador está ali para uma espécie de diversão, mas a quebra de uma expectativa positiva acaba provocando sensações contrárias.

"O público tem uma noção de que entretenimento é positividade e não mexe com questões que são negativas, como tragédias, discussões, desencontros e brigas. Mas, de alguma forma, [o programa] faz tanto sucesso justamente porque a ideia é desvelar, abrir para o grande público a espontaneidade e a vida privada das pessoas e isso lida também com coisas negativas, porque não tem como ter controle", comenta o psicanalista Leonardo Goldberg, doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo.

Segundo o especialista, a diferença da edição atual do BBB para as anteriores é que, agora, as pessoas estão nomeando e descrevendo os próprios sentimentos quando veem uma situação que causa identificação, seja de alegria ou repulsa. E diferente de uma novela, em que, na maior parte, os vilões, os mocinhos e as zonas de tragédias são bem definidas, o reality show traz reviravoltas. Ao perceber que alguém, antes visto como 'bonzinho', se revela completamente diferente, o público sente o impacto de modo mais íntimo.

"É a quebra de que o entretenimento traria um apaziguamento das paixões, sem brigas nem discussões. Esse BBB está sendo um balde de água fria, uma quebra de ilusões. Tem um colapso nessas definições e o espectador fica bagunçado", diz Goldberg. E como produto cultural de consumo, a atração da TV Globo atrai interesse e desperta prazeres e repulsas, alegrias e tristezas, da mesma forma como quando nosso personagem favorito é assassinado de modo cruel na história de um livro ou o vilão tem vitórias sucessivas em uma série ou filme.

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'BBB': veja os participantes eliminados com as maiores rejeições

1 | 19

Os mais rejeitados da história do 'BBB'

Foto: Reprodução/GloboPlay
2 | 19

18º - 87% - Giulliano Ciarelli (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
3 | 19

17ª - 87% - Jaqueline Khury (BBB 8)

Foto: Kiko Cabral / Globo / Divulgação
4 | 19

16ª - 87% - Luan (BBB 15)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
5 | 19

15ª - 88% - Natália (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
6 | 19

14ª - 88% - Laisa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
7 | 19

13º - 88% - Breno (BBB 18)

Foto: Reprodução de 'Big Brother Brasil 18' (2018) / Globo
8 | 19

12ª - 89% - Fani (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
9 | 19

11ª - 90% - Ana Paula (BBB 18)

Foto: Globo / Divulgação
10 | 19

10º - 91% - Airton (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
11 | 19

9º - 92% - Rogério (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
12 | 19

8º - 92% - Rafa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
13 | 19

7ª - 92% - Nayara (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
14 | 19

6º - 93% - Felipe Cobra (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
15 | 19

5ª - 94% - Patrícia (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
16 | 19

4ª - 95% - Aline (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
17 | 19

3º 96,69% - Viih Tube

Foto: Divulgação/TV Globo
18 | 19

2º- 98,76%- Nego Di (BBB 21)

Foto: TV Globo
19 | 19

1º- 99,17% - Karol Conká (BBB 21)

Foto: Reprodução /GloboPlay

Mas o curioso do ser humano é seguir consumindo justamente aquilo que lhe causa desprazer. A pesquisa da Hibou mostra que apenas 6,7% dos entrevistados estão pensando em parar de assistir ao Big Brother Brasil 21. Entre os motivos estão: ausência de um clima feliz (51,3%), conteúdo pesado (50,6%), muita discussão boba e pouca diversão (43,8%) e cansaço do assunto de cancelamento (36,9%). Por que, então, seguimos vidrados?

"O espectador está um pouco mais amadurecido em relação a conteúdo que é muito estático, em que ele já sabe o que vai acontecer no final. Muito do que a gente aclama é aquela velha máxima de: 'tudo o que achei que ia acontecer não aconteceu'. A graça do reality show são esses movimentos de reviravoltas", responde o psicanalista.

Para 51,4% dos entrevistados na pesquisa da Hibou, o que chama atenção no programa, de forma geral, é a possibilidade de bisbilhotar o comportamento das pessoas. Outros 49,4% disseram que gostam mesmo é dos conflitos por opiniões e atitudes distintas. Apenas um quarto deles afirma relaxar assistindo à atração e 19,9% dizem que acompanham o reality para ter assunto com os amigos.

Uma vez que, em grande parte, o BBB mostra a vida privada e cotidiana das pessoas como ela é, a sensação de pertencimento e identificação faz com que, mesmo sofrendo, o telespectador continue vigiando a casa. Afinal, ele sabe que também existem problemas e intrigas na vida real.

Discussões sobre violência psicológica e cultura do cancelamento no 'BBB21' podem ter gerado emoções negativas fortes no telespectador. Foto: 'BBB 21' / TV Gobo / Reprodução

O BBB 21 estreou há três semanas e já levantou discussões sérias sobre temas como violência psicológica e cultura do cancelamento. A atenção do telespectador está voltada aos desdobramentos de cada 'treta' que ocorre na casa, mas esse interesse tem gerado sentimentos negativos que estão atrelados à saúde mental e emocional de quem assiste.

Uma pesquisa realizada pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, indica que os temas no reality show incomodam e despertam gatilhos.

Entre os brasileiros que estão acompanhando o programa (52% de 2.467 entrevistados), 86% afirmam que já sentiram emoções negativas fortes, sendo que raiva, tristeza, preconceito e humilhação têm maior expressividade. As respostas foram coletadas de forma virtual entre os dias 5 e 6 de fevereiro, em território nacional. A amostra contou com pessoas acima de 20 anos, englobando o público ABCD, sendo que 56% eram casadas e 58%, mulheres.

Com mais de 20 anos no ar, o Big Brother Brasil já faz parte da rotina de entretenimento sazonal da população. Nos três meses em que fica no ar, o programa pauta a imprensa, as conversas entre amigos e até mesmo quem não assiste tem opinião sobre a atração. O telespectador está ali para uma espécie de diversão, mas a quebra de uma expectativa positiva acaba provocando sensações contrárias.

"O público tem uma noção de que entretenimento é positividade e não mexe com questões que são negativas, como tragédias, discussões, desencontros e brigas. Mas, de alguma forma, [o programa] faz tanto sucesso justamente porque a ideia é desvelar, abrir para o grande público a espontaneidade e a vida privada das pessoas e isso lida também com coisas negativas, porque não tem como ter controle", comenta o psicanalista Leonardo Goldberg, doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo.

Segundo o especialista, a diferença da edição atual do BBB para as anteriores é que, agora, as pessoas estão nomeando e descrevendo os próprios sentimentos quando veem uma situação que causa identificação, seja de alegria ou repulsa. E diferente de uma novela, em que, na maior parte, os vilões, os mocinhos e as zonas de tragédias são bem definidas, o reality show traz reviravoltas. Ao perceber que alguém, antes visto como 'bonzinho', se revela completamente diferente, o público sente o impacto de modo mais íntimo.

"É a quebra de que o entretenimento traria um apaziguamento das paixões, sem brigas nem discussões. Esse BBB está sendo um balde de água fria, uma quebra de ilusões. Tem um colapso nessas definições e o espectador fica bagunçado", diz Goldberg. E como produto cultural de consumo, a atração da TV Globo atrai interesse e desperta prazeres e repulsas, alegrias e tristezas, da mesma forma como quando nosso personagem favorito é assassinado de modo cruel na história de um livro ou o vilão tem vitórias sucessivas em uma série ou filme.

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Os mais rejeitados da história do 'BBB'

Foto: Reprodução/GloboPlay
2 | 19

18º - 87% - Giulliano Ciarelli (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
3 | 19

17ª - 87% - Jaqueline Khury (BBB 8)

Foto: Kiko Cabral / Globo / Divulgação
4 | 19

16ª - 87% - Luan (BBB 15)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
5 | 19

15ª - 88% - Natália (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
6 | 19

14ª - 88% - Laisa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
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13º - 88% - Breno (BBB 18)

Foto: Reprodução de 'Big Brother Brasil 18' (2018) / Globo
8 | 19

12ª - 89% - Fani (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
9 | 19

11ª - 90% - Ana Paula (BBB 18)

Foto: Globo / Divulgação
10 | 19

10º - 91% - Airton (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
11 | 19

9º - 92% - Rogério (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
12 | 19

8º - 92% - Rafa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
13 | 19

7ª - 92% - Nayara (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
14 | 19

6º - 93% - Felipe Cobra (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
15 | 19

5ª - 94% - Patrícia (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
16 | 19

4ª - 95% - Aline (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
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3º 96,69% - Viih Tube

Foto: Divulgação/TV Globo
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2º- 98,76%- Nego Di (BBB 21)

Foto: TV Globo
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1º- 99,17% - Karol Conká (BBB 21)

Foto: Reprodução /GloboPlay

Mas o curioso do ser humano é seguir consumindo justamente aquilo que lhe causa desprazer. A pesquisa da Hibou mostra que apenas 6,7% dos entrevistados estão pensando em parar de assistir ao Big Brother Brasil 21. Entre os motivos estão: ausência de um clima feliz (51,3%), conteúdo pesado (50,6%), muita discussão boba e pouca diversão (43,8%) e cansaço do assunto de cancelamento (36,9%). Por que, então, seguimos vidrados?

"O espectador está um pouco mais amadurecido em relação a conteúdo que é muito estático, em que ele já sabe o que vai acontecer no final. Muito do que a gente aclama é aquela velha máxima de: 'tudo o que achei que ia acontecer não aconteceu'. A graça do reality show são esses movimentos de reviravoltas", responde o psicanalista.

Para 51,4% dos entrevistados na pesquisa da Hibou, o que chama atenção no programa, de forma geral, é a possibilidade de bisbilhotar o comportamento das pessoas. Outros 49,4% disseram que gostam mesmo é dos conflitos por opiniões e atitudes distintas. Apenas um quarto deles afirma relaxar assistindo à atração e 19,9% dizem que acompanham o reality para ter assunto com os amigos.

Uma vez que, em grande parte, o BBB mostra a vida privada e cotidiana das pessoas como ela é, a sensação de pertencimento e identificação faz com que, mesmo sofrendo, o telespectador continue vigiando a casa. Afinal, ele sabe que também existem problemas e intrigas na vida real.

Discussões sobre violência psicológica e cultura do cancelamento no 'BBB21' podem ter gerado emoções negativas fortes no telespectador. Foto: 'BBB 21' / TV Gobo / Reprodução

O BBB 21 estreou há três semanas e já levantou discussões sérias sobre temas como violência psicológica e cultura do cancelamento. A atenção do telespectador está voltada aos desdobramentos de cada 'treta' que ocorre na casa, mas esse interesse tem gerado sentimentos negativos que estão atrelados à saúde mental e emocional de quem assiste.

Uma pesquisa realizada pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, indica que os temas no reality show incomodam e despertam gatilhos.

Entre os brasileiros que estão acompanhando o programa (52% de 2.467 entrevistados), 86% afirmam que já sentiram emoções negativas fortes, sendo que raiva, tristeza, preconceito e humilhação têm maior expressividade. As respostas foram coletadas de forma virtual entre os dias 5 e 6 de fevereiro, em território nacional. A amostra contou com pessoas acima de 20 anos, englobando o público ABCD, sendo que 56% eram casadas e 58%, mulheres.

Com mais de 20 anos no ar, o Big Brother Brasil já faz parte da rotina de entretenimento sazonal da população. Nos três meses em que fica no ar, o programa pauta a imprensa, as conversas entre amigos e até mesmo quem não assiste tem opinião sobre a atração. O telespectador está ali para uma espécie de diversão, mas a quebra de uma expectativa positiva acaba provocando sensações contrárias.

"O público tem uma noção de que entretenimento é positividade e não mexe com questões que são negativas, como tragédias, discussões, desencontros e brigas. Mas, de alguma forma, [o programa] faz tanto sucesso justamente porque a ideia é desvelar, abrir para o grande público a espontaneidade e a vida privada das pessoas e isso lida também com coisas negativas, porque não tem como ter controle", comenta o psicanalista Leonardo Goldberg, doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo.

Segundo o especialista, a diferença da edição atual do BBB para as anteriores é que, agora, as pessoas estão nomeando e descrevendo os próprios sentimentos quando veem uma situação que causa identificação, seja de alegria ou repulsa. E diferente de uma novela, em que, na maior parte, os vilões, os mocinhos e as zonas de tragédias são bem definidas, o reality show traz reviravoltas. Ao perceber que alguém, antes visto como 'bonzinho', se revela completamente diferente, o público sente o impacto de modo mais íntimo.

"É a quebra de que o entretenimento traria um apaziguamento das paixões, sem brigas nem discussões. Esse BBB está sendo um balde de água fria, uma quebra de ilusões. Tem um colapso nessas definições e o espectador fica bagunçado", diz Goldberg. E como produto cultural de consumo, a atração da TV Globo atrai interesse e desperta prazeres e repulsas, alegrias e tristezas, da mesma forma como quando nosso personagem favorito é assassinado de modo cruel na história de um livro ou o vilão tem vitórias sucessivas em uma série ou filme.

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Os mais rejeitados da história do 'BBB'

Foto: Reprodução/GloboPlay
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18º - 87% - Giulliano Ciarelli (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
3 | 19

17ª - 87% - Jaqueline Khury (BBB 8)

Foto: Kiko Cabral / Globo / Divulgação
4 | 19

16ª - 87% - Luan (BBB 15)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
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15ª - 88% - Natália (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
6 | 19

14ª - 88% - Laisa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
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13º - 88% - Breno (BBB 18)

Foto: Reprodução de 'Big Brother Brasil 18' (2018) / Globo
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12ª - 89% - Fani (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
9 | 19

11ª - 90% - Ana Paula (BBB 18)

Foto: Globo / Divulgação
10 | 19

10º - 91% - Airton (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
11 | 19

9º - 92% - Rogério (BBB 5)

Foto: Globo / Divulgação
12 | 19

8º - 92% - Rafa (BBB 12)

Foto: Frederico Rozário / Globo / Divulgação
13 | 19

7ª - 92% - Nayara (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
14 | 19

6º - 93% - Felipe Cobra (BBB 7)

Foto: Globo / Divulgação
15 | 19

5ª - 94% - Patrícia (BBB 18)

Foto: Paulo Belote / Globo / Divulgação
16 | 19

4ª - 95% - Aline (BBB 5)

Foto: Jaq Joner / Globo / Divulgação
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3º 96,69% - Viih Tube

Foto: Divulgação/TV Globo
18 | 19

2º- 98,76%- Nego Di (BBB 21)

Foto: TV Globo
19 | 19

1º- 99,17% - Karol Conká (BBB 21)

Foto: Reprodução /GloboPlay

Mas o curioso do ser humano é seguir consumindo justamente aquilo que lhe causa desprazer. A pesquisa da Hibou mostra que apenas 6,7% dos entrevistados estão pensando em parar de assistir ao Big Brother Brasil 21. Entre os motivos estão: ausência de um clima feliz (51,3%), conteúdo pesado (50,6%), muita discussão boba e pouca diversão (43,8%) e cansaço do assunto de cancelamento (36,9%). Por que, então, seguimos vidrados?

"O espectador está um pouco mais amadurecido em relação a conteúdo que é muito estático, em que ele já sabe o que vai acontecer no final. Muito do que a gente aclama é aquela velha máxima de: 'tudo o que achei que ia acontecer não aconteceu'. A graça do reality show são esses movimentos de reviravoltas", responde o psicanalista.

Para 51,4% dos entrevistados na pesquisa da Hibou, o que chama atenção no programa, de forma geral, é a possibilidade de bisbilhotar o comportamento das pessoas. Outros 49,4% disseram que gostam mesmo é dos conflitos por opiniões e atitudes distintas. Apenas um quarto deles afirma relaxar assistindo à atração e 19,9% dizem que acompanham o reality para ter assunto com os amigos.

Uma vez que, em grande parte, o BBB mostra a vida privada e cotidiana das pessoas como ela é, a sensação de pertencimento e identificação faz com que, mesmo sofrendo, o telespectador continue vigiando a casa. Afinal, ele sabe que também existem problemas e intrigas na vida real.

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