No Brasil, existem cerca de 30 milhões de animais desamparados - entre eles, 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães - de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar da previsão apontar dias mais quentes, o cobertor promete ser nosso fiel companheiro até o fim de junho.
Por isso, a movimentação para ajudar pessoas em situação de rua tem crescido, principalmente, nas últimas semanas. Porém, quem ajuda esses pets desamparados que também estão em situação de vulnerabilidade?
“Os cães magros e com pelos mais curtos e menos densos são os que mais sofrem. Algumas raças que mais sentem frio são: Chihuahua; Pinscher; Greyhound; Whippet; Galgo italiano; Dachshund; Braco Alemão de Pêlo Curto; Boxer; Boston Terrier e Fox Paulistinha (Terrier Brasileiro). Os gatos com nenhum pelo, como a raça Sphynx, ou com pelos curtos, como Cornish Rex, Siamês e Chartreux, podem sentir mais frio que outros”, explica Stella Figueiredo, médica veterinária da DogHero.
De acordo com a veterinária, alguns sinais que indicam que os animais estão sentindo frio são:
- Patas e as orelhas geladas
- Tremores pelo corpo
- Temperatura do corpo muito baixa
- Muito tempo deitado bem encolhido
- Dormem mais do que o normal
- Respiração e movimentos mais lentos.
Além disso, Fernanda Risoli, Coordenadora de Pronto Socorro do Veros Hospital Veterinário, alerta que felinos em situação de rua procuram motores de carros para se esconderem ou entram em locais que depois não conseguem sair, por isso todo cuidado é pouco com esses animais.
E as consequências dessa exposição ao frio podem ser graves. “A queda da imunidade favorece o aparecimento de doenças, principalmente as de origem respiratória como a tosse dos canis, resfriados, broncopneumonias, pneumonias, alergias respiratórias, rinotraqueíte viral felina (em gatos) e que podem ser a porta de entrada para doenças ainda mais graves, até a morte, se ocorrer hipotermia severa”, afirma Nicole Cherobim, veterinária da franquia EcoCão Espaço Pet.
Por isso, separamos uma lista de iniciativas para ajudar animais em situação de rua no frio:
Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC)
O projeto é um dos principais do Brasil. Reconhecida pela ONU e membro ativo do Pacto Global, a iniciativa existe desde 2015 e possui o objetivo de arrecadar doações para as famílias vulneráveis, incluindo, claro, seus bichos. No inverno, a “ação emergencial baixas temperaturas” acontece em dias específicos, mas as contribuições podem ser feitas durante o ano todo.
Além do apoio em dinheiro, o MRSC recolhe itens novos ou em perfeitas condições de uso, como roupinhas, caminhas, ração e mantas. Doações físicas podem ser entregues nos pontos de coleta em Guaianazes, Vila Leopoldina, Sumaré e Ipiranga, em São Paulo.
Campanha do Agasalho PET
Limeira, no interior paulista, aproveitou a tradicional campanha do agasalho para criar a versão pet. A ação recolhe roupas, cobertores, ração, guias e coleiras em 16 pontos de coleta espalhados pela cidade. Confira mais informações aqui.
6ª edição da Campanha do Agasalho Pet
A Cobasi irá realizar este ano a 6ª edição da Campanha do Agasalho Pet. A campanha terá início na primeira semana de junho e todas as 154 lojas da Cobasi são pontos de arrecadação e receberão um material específico para recolher as doações. O intuito é ajudar as mais de 60 ONGs parceiras da companhia a proteger os pets que abrigam no inverno.
E, neste ano, a campanha faz parte das ações da plataforma Cobasi Cuida, lançada recentemente pela Cobasi, criada para promover adoção, doações, voluntariado e com outras informações.
Petlove
No site da Petlove, é possível realizar doações para diversas ONGs. Basta escolher a sua preferida, selecionar os produtos que deseja enviar para a instituição, fazer o pagamento e o frete é por conta do site.
Algumas das ONGs que podem ser ajudadas são: Cão sem Dono, Associação Quatro Patinhas, Casa dos Anjos, Projeto Esdras e muito mais.
EcosPeloBem
A iniciativa EcosPeloBem, da parceria EcoCão Espaço Pet e EcoAngels Educação Sustentável, recolhe itens recicláveis (como tampinhas plásticas, lacres de alumínio, papéis, óleo e livros usados, eletrônicos...) e itens de uso pet, como roupinhas e cobertores, durante todo o ano para ajudar ONGs e protetores. Os recicláveis são vendidos e toda a renda é destinada para a causa animal e ambiental.
Como ajudar animais em situação de rua?
Para além dessas iniciativas, Stella Figueiredo lista alguns cuidados que podem ajudar animais desamparados:
- O animal precisa ter uma casinha ou um local fechado, onde possa se abrigar da chuva e do vento.
- Se for possível, abrigue-o em um ambiente fechado, como uma garagem, dentro de casa ou em uma casinha de cachorro.
- Se na cidade onde o pet está ventar muito, é importante que a porta da casinha fique virada para um local protegido, como uma parede, que impeça a entrada do vento.
- A casinha, preferencialmente, deve ficar em um local coberto para que não fique úmida, ou, muito menos, gelada.
- Além da casinha, recomendamos que disponibilize uma coberta ou roupinhas, elas mantêm os pets quentinhos.
- Caso o pet não se sinta confortável, não force a situação. Outra medida importante é tentar oferecer comida e água, para que se mantenham hidratados e garantam um bom funcionamento do organismo.
“Apesar de a vacina para influenza canina não prevenir a infecção e os seus sintomas, a traqueobronquite infecciosa em animais imunizados é mais branda. As opções de vacinação podem ser encontradas no mercado na forma injetável ou intranasal. Para decidir qual é a melhor opção para o seu pet, peça orientação de um médico veterinário”, orienta a veterinária.
Outra questão importante é que, no inverno, com o clima mais seco, há maior incidência de carrapatos. Por isso, o cuidado deve ser redobrado para aqueles que entram em contato com áreas de mata e até jardins.
Animais silvestres também precisam de atenção no frio
Vale lembrar que, além de cães e gatos, outros animais que têm crescido em popularidade como pets são as aves, répteis, roedores, coelhos, chinchilas entre outros, conhecidos como animais silvestres.
“São animais com sensibilidades e resistência ao frio diferentes. Inclusive, nessa época do ano, algumas espécies entram em fase de muda de pelos e penas, o que significa que é uma época em que o animal está mais vulnerável a doenças, pois sua imunidade é comprometida”, explica Nathalia Diez Murollo.
A veterinária especialista em animais silvestres e exóticos do Veros Hospital Veterinário, lista alguns sinais para identificar se esses animais estão com frio:
- Aves normalmente ficam com penas eriçadas, podem apresentar tremores, ficam mais quietas, sem cantar e podem reduzir o consumo de alimentos.
- Alguns roedores, como hamsters, se não devidamente aquecidos, também podem entrar em hibernação, ou seja, ficam em “estado dormente”, o que também traz malefícios à sua saúde, e além disso, muitos tutores podem achar que esse animal está morto, e acabam por se desfazer dele.
- Outros pequenos mamíferos, como porquinhos da Índia, coelhos e ratos, no geral, também podem passar mais tempo no abrigo e entocados, letárgicos, podem ter tremores, ficam em postura arqueada e podem reduzir também o consumo de alimentos.
O Estadão entrou em contato com a Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico da Prefeitura de São Paulo para saber sobre iniciativas da capital para ajudar pets de rua, porém não obteve retorno até a publicação deste texto.