Conheça a história de Júlia Del Bianco, bailarina gorda que se formou em dança pela Unicamp


‘O estereótipo da bailarina é totalmente diferente do que eu sou’, disse

Por Tamyres Sbrile
Atualização:

A história de amor entre a dança e Júlia Del Bianco, 35 anos, começou ainda cedo. Quando tinha 3 anos de idade, começou a frequentar as aulas de dança e logo depois disso, aos 6, ingressou formalmente em uma academia.

Natural de Limeira, interior de São Paulo, Júlia nunca mais parou de dançar depois disso e quando chegou a hora de escolher uma faculdade, ela não pensou duas vezes e foi estudar dança. Júlia é formada em bacharel e licenciatura pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde 2011. “Eu não tinha o corpo “adequado” e hoje em dia eu olho e vejo que eu tinha um corpo magro, mas para aquela época eu já era considerada muito gorda”, contou ela.

Júlia não sabe ao certo de onde surgiu essa vontade repentina de dançar, já que ninguém de sua família dança. “Eu nem sabia falar e já dizia que seria bailarina”, relembrou ela.

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Durante toda a sua trajetória na dança, Júlia percebia a diferença que os professores faziam dela em relação as outras colegas, que tinham um corpo “adequado” para a modalidade. “Não posso fazer tal coisa, que eu não posso usar algum tipo de figurino ou cor, ou me deixar como um café com leite, mais afastada e de lado”.

Na época da faculdade, Júlia não tinha tanto conhecimento sobre o que era gordofobia e muitas vezes acreditou que o que as pessoas falavam era verdade. “Eu não tinha consciência, eu achava que era ruim a situação, mas achava que a pessoa estava certa”, disse. “Eu me colocava naquele lugar de ‘eu sou preguiçosa mesmo, eu tenho que tomar vergonha na cara e emagrecer’”.

Alguns dos episódios que Júlia precisou enfrentar, era as ideologias dos professores, que muitas vezes a chamavam no canto e diziam que ela precisava emagrecer.

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O figurino sempre foi outra questão que esbarrou na vida da bailarina, pois não existiam roupas para o tamanho de Júlia. Collant e meia-calça eram sempre um terror para encontrar. Por sorte, a mãe de Júlia é costureira e ajudava a filha a montar os figurinos, que ela mesmo desenhava e mostrava para a mãe como queria que fosse.

O processo de amor próprio

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Quando chegou perto dos 30 anos, Júlia começou seu processo de reflexão a cerca de seu corpo. “Eu comecei a me questionar algumas coisas. Eu percebi que não era saudável o tanto de coisas que tinha que fazer para manter aquele corpo dentro daquele padrão que as pessoas queriam. Mesmo fazendo tudo, ainda não era suficiente”.

“Por que eu era considerada a errada, a doente, tudo de ruim e às vezes minha colega que era magra que tinha uma alimentação péssima era considerada certa”, contou.

Júlia também acredita que foi a partir dessa época que a divulgação de modelos plus size e body positive começou a chegar até ela. “Eu comecei a pesquisar e vi que não era só eu, que tinha muita coisa envolvida. Aí fui entender o que era pressão estética, o que era gordofobia. Eu fui entender que quando era mais nova eu sofri uma pressão estética absurda dentro do balé”, explicou ela. “Eu senti na pele essa diferença”.

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Inspiração para outras pessoas gordas

Hoje, Júlia é inspiração para seus mais de 100 mil seguidores do Instagram, mas ela também foi inspirada por alguém. Na época que começou a entender a gordofobia da sociedade, a bailarina encontrou nas redes sociais uma professora de yoga estadunidense, Jessamyn (@mynameisjessamyn) que também era gorda e tinha o mesmo tipo de corpo que o dela.

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“Daí que eu tive essa virada de chave e comecei a postar minhas fotos nas redes sociais e junto disso comecei meu trabalho como modelo. Sempre gostei de moda. Uni as duas coisas”.

Foi a partir dessa decisão de compartilhar sua rotina e experiências como professora gorda que Júlia descobriu novas pessoas e criou conexões. “Fui vendo as pessoas se reconhecendo em mim, entendendo as coisas que eu estava falando. Vendo que eu não tava louca”. Apesar do sucesso, Júlia nunca esperou essa repercussão. “Eu nunca imaginei que impactaria tanto assim. Acho que o estigma e a gordofobia sempre me fizeram ser a uma pessoa quieta, uma pessoa tímida. Uma pessoa que eu não era”.

“Não é que eu não tenha problemas com o meu corpo ou não acho que possa melhorar, mas entender meu corpo, meu lugar, minha história, entender o que me trouxe até aqui. Nunca imaginei ter esse reconhecimento todo”.

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Ela afirma que, “o estereótipo da bailarina é totalmente diferente do que eu sou”.

O que motiva Júlia a continuar

Além da própria dança ser o combustível para a alma da bailarina, que não se imagina sem a correira de ensaios, troca de figurino e a rotina cansativa de bailarina, outra coisa a motiva a continuar.

Júlia já deu aula em vários lugares e para várias pessoas e acredita que ser fora do padrão ajudou as crianças a se identificarem com ela. “Eu via que as meninas que eram fora do padrão, que elas viam em mim um espelho e isso melhorou muito com a autoestima delas. Eu me vi nesse lugar de que ‘se eu fiz algo de bom para elas também posso fazer por mim’”.

Júlia nunca teve um exemplo a seguir quando criança e poder ser o exemplo para alguém deixa a bailarina muito feliz. “Poder ser o exemplo que eu nunca tive. Poder incentivar uma criança, um adolescente, um adulto a fazer uma aula de balé ou até correr atrás de algo que queria e achava que não podia. Isso é muito recompensador pra mim”.

Júlia que é criadora do Dance For Plus, um coletivo que acolhe e incentiva pessoas gordas a ingressarem na dança não dá mais aulas regulamente, mas às vezes ministra alguns workshops e vivências.

Atualmente a bailarina está focada em sua carreira de influencer e modelo plus size.

A história de amor entre a dança e Júlia Del Bianco, 35 anos, começou ainda cedo. Quando tinha 3 anos de idade, começou a frequentar as aulas de dança e logo depois disso, aos 6, ingressou formalmente em uma academia.

Natural de Limeira, interior de São Paulo, Júlia nunca mais parou de dançar depois disso e quando chegou a hora de escolher uma faculdade, ela não pensou duas vezes e foi estudar dança. Júlia é formada em bacharel e licenciatura pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde 2011. “Eu não tinha o corpo “adequado” e hoje em dia eu olho e vejo que eu tinha um corpo magro, mas para aquela época eu já era considerada muito gorda”, contou ela.

Júlia não sabe ao certo de onde surgiu essa vontade repentina de dançar, já que ninguém de sua família dança. “Eu nem sabia falar e já dizia que seria bailarina”, relembrou ela.

Durante toda a sua trajetória na dança, Júlia percebia a diferença que os professores faziam dela em relação as outras colegas, que tinham um corpo “adequado” para a modalidade. “Não posso fazer tal coisa, que eu não posso usar algum tipo de figurino ou cor, ou me deixar como um café com leite, mais afastada e de lado”.

Na época da faculdade, Júlia não tinha tanto conhecimento sobre o que era gordofobia e muitas vezes acreditou que o que as pessoas falavam era verdade. “Eu não tinha consciência, eu achava que era ruim a situação, mas achava que a pessoa estava certa”, disse. “Eu me colocava naquele lugar de ‘eu sou preguiçosa mesmo, eu tenho que tomar vergonha na cara e emagrecer’”.

Alguns dos episódios que Júlia precisou enfrentar, era as ideologias dos professores, que muitas vezes a chamavam no canto e diziam que ela precisava emagrecer.

O figurino sempre foi outra questão que esbarrou na vida da bailarina, pois não existiam roupas para o tamanho de Júlia. Collant e meia-calça eram sempre um terror para encontrar. Por sorte, a mãe de Júlia é costureira e ajudava a filha a montar os figurinos, que ela mesmo desenhava e mostrava para a mãe como queria que fosse.

O processo de amor próprio

Quando chegou perto dos 30 anos, Júlia começou seu processo de reflexão a cerca de seu corpo. “Eu comecei a me questionar algumas coisas. Eu percebi que não era saudável o tanto de coisas que tinha que fazer para manter aquele corpo dentro daquele padrão que as pessoas queriam. Mesmo fazendo tudo, ainda não era suficiente”.

“Por que eu era considerada a errada, a doente, tudo de ruim e às vezes minha colega que era magra que tinha uma alimentação péssima era considerada certa”, contou.

Júlia também acredita que foi a partir dessa época que a divulgação de modelos plus size e body positive começou a chegar até ela. “Eu comecei a pesquisar e vi que não era só eu, que tinha muita coisa envolvida. Aí fui entender o que era pressão estética, o que era gordofobia. Eu fui entender que quando era mais nova eu sofri uma pressão estética absurda dentro do balé”, explicou ela. “Eu senti na pele essa diferença”.

Inspiração para outras pessoas gordas

Hoje, Júlia é inspiração para seus mais de 100 mil seguidores do Instagram, mas ela também foi inspirada por alguém. Na época que começou a entender a gordofobia da sociedade, a bailarina encontrou nas redes sociais uma professora de yoga estadunidense, Jessamyn (@mynameisjessamyn) que também era gorda e tinha o mesmo tipo de corpo que o dela.

“Daí que eu tive essa virada de chave e comecei a postar minhas fotos nas redes sociais e junto disso comecei meu trabalho como modelo. Sempre gostei de moda. Uni as duas coisas”.

Foi a partir dessa decisão de compartilhar sua rotina e experiências como professora gorda que Júlia descobriu novas pessoas e criou conexões. “Fui vendo as pessoas se reconhecendo em mim, entendendo as coisas que eu estava falando. Vendo que eu não tava louca”. Apesar do sucesso, Júlia nunca esperou essa repercussão. “Eu nunca imaginei que impactaria tanto assim. Acho que o estigma e a gordofobia sempre me fizeram ser a uma pessoa quieta, uma pessoa tímida. Uma pessoa que eu não era”.

“Não é que eu não tenha problemas com o meu corpo ou não acho que possa melhorar, mas entender meu corpo, meu lugar, minha história, entender o que me trouxe até aqui. Nunca imaginei ter esse reconhecimento todo”.

Ela afirma que, “o estereótipo da bailarina é totalmente diferente do que eu sou”.

O que motiva Júlia a continuar

Além da própria dança ser o combustível para a alma da bailarina, que não se imagina sem a correira de ensaios, troca de figurino e a rotina cansativa de bailarina, outra coisa a motiva a continuar.

Júlia já deu aula em vários lugares e para várias pessoas e acredita que ser fora do padrão ajudou as crianças a se identificarem com ela. “Eu via que as meninas que eram fora do padrão, que elas viam em mim um espelho e isso melhorou muito com a autoestima delas. Eu me vi nesse lugar de que ‘se eu fiz algo de bom para elas também posso fazer por mim’”.

Júlia nunca teve um exemplo a seguir quando criança e poder ser o exemplo para alguém deixa a bailarina muito feliz. “Poder ser o exemplo que eu nunca tive. Poder incentivar uma criança, um adolescente, um adulto a fazer uma aula de balé ou até correr atrás de algo que queria e achava que não podia. Isso é muito recompensador pra mim”.

Júlia que é criadora do Dance For Plus, um coletivo que acolhe e incentiva pessoas gordas a ingressarem na dança não dá mais aulas regulamente, mas às vezes ministra alguns workshops e vivências.

Atualmente a bailarina está focada em sua carreira de influencer e modelo plus size.

A história de amor entre a dança e Júlia Del Bianco, 35 anos, começou ainda cedo. Quando tinha 3 anos de idade, começou a frequentar as aulas de dança e logo depois disso, aos 6, ingressou formalmente em uma academia.

Natural de Limeira, interior de São Paulo, Júlia nunca mais parou de dançar depois disso e quando chegou a hora de escolher uma faculdade, ela não pensou duas vezes e foi estudar dança. Júlia é formada em bacharel e licenciatura pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde 2011. “Eu não tinha o corpo “adequado” e hoje em dia eu olho e vejo que eu tinha um corpo magro, mas para aquela época eu já era considerada muito gorda”, contou ela.

Júlia não sabe ao certo de onde surgiu essa vontade repentina de dançar, já que ninguém de sua família dança. “Eu nem sabia falar e já dizia que seria bailarina”, relembrou ela.

Durante toda a sua trajetória na dança, Júlia percebia a diferença que os professores faziam dela em relação as outras colegas, que tinham um corpo “adequado” para a modalidade. “Não posso fazer tal coisa, que eu não posso usar algum tipo de figurino ou cor, ou me deixar como um café com leite, mais afastada e de lado”.

Na época da faculdade, Júlia não tinha tanto conhecimento sobre o que era gordofobia e muitas vezes acreditou que o que as pessoas falavam era verdade. “Eu não tinha consciência, eu achava que era ruim a situação, mas achava que a pessoa estava certa”, disse. “Eu me colocava naquele lugar de ‘eu sou preguiçosa mesmo, eu tenho que tomar vergonha na cara e emagrecer’”.

Alguns dos episódios que Júlia precisou enfrentar, era as ideologias dos professores, que muitas vezes a chamavam no canto e diziam que ela precisava emagrecer.

O figurino sempre foi outra questão que esbarrou na vida da bailarina, pois não existiam roupas para o tamanho de Júlia. Collant e meia-calça eram sempre um terror para encontrar. Por sorte, a mãe de Júlia é costureira e ajudava a filha a montar os figurinos, que ela mesmo desenhava e mostrava para a mãe como queria que fosse.

O processo de amor próprio

Quando chegou perto dos 30 anos, Júlia começou seu processo de reflexão a cerca de seu corpo. “Eu comecei a me questionar algumas coisas. Eu percebi que não era saudável o tanto de coisas que tinha que fazer para manter aquele corpo dentro daquele padrão que as pessoas queriam. Mesmo fazendo tudo, ainda não era suficiente”.

“Por que eu era considerada a errada, a doente, tudo de ruim e às vezes minha colega que era magra que tinha uma alimentação péssima era considerada certa”, contou.

Júlia também acredita que foi a partir dessa época que a divulgação de modelos plus size e body positive começou a chegar até ela. “Eu comecei a pesquisar e vi que não era só eu, que tinha muita coisa envolvida. Aí fui entender o que era pressão estética, o que era gordofobia. Eu fui entender que quando era mais nova eu sofri uma pressão estética absurda dentro do balé”, explicou ela. “Eu senti na pele essa diferença”.

Inspiração para outras pessoas gordas

Hoje, Júlia é inspiração para seus mais de 100 mil seguidores do Instagram, mas ela também foi inspirada por alguém. Na época que começou a entender a gordofobia da sociedade, a bailarina encontrou nas redes sociais uma professora de yoga estadunidense, Jessamyn (@mynameisjessamyn) que também era gorda e tinha o mesmo tipo de corpo que o dela.

“Daí que eu tive essa virada de chave e comecei a postar minhas fotos nas redes sociais e junto disso comecei meu trabalho como modelo. Sempre gostei de moda. Uni as duas coisas”.

Foi a partir dessa decisão de compartilhar sua rotina e experiências como professora gorda que Júlia descobriu novas pessoas e criou conexões. “Fui vendo as pessoas se reconhecendo em mim, entendendo as coisas que eu estava falando. Vendo que eu não tava louca”. Apesar do sucesso, Júlia nunca esperou essa repercussão. “Eu nunca imaginei que impactaria tanto assim. Acho que o estigma e a gordofobia sempre me fizeram ser a uma pessoa quieta, uma pessoa tímida. Uma pessoa que eu não era”.

“Não é que eu não tenha problemas com o meu corpo ou não acho que possa melhorar, mas entender meu corpo, meu lugar, minha história, entender o que me trouxe até aqui. Nunca imaginei ter esse reconhecimento todo”.

Ela afirma que, “o estereótipo da bailarina é totalmente diferente do que eu sou”.

O que motiva Júlia a continuar

Além da própria dança ser o combustível para a alma da bailarina, que não se imagina sem a correira de ensaios, troca de figurino e a rotina cansativa de bailarina, outra coisa a motiva a continuar.

Júlia já deu aula em vários lugares e para várias pessoas e acredita que ser fora do padrão ajudou as crianças a se identificarem com ela. “Eu via que as meninas que eram fora do padrão, que elas viam em mim um espelho e isso melhorou muito com a autoestima delas. Eu me vi nesse lugar de que ‘se eu fiz algo de bom para elas também posso fazer por mim’”.

Júlia nunca teve um exemplo a seguir quando criança e poder ser o exemplo para alguém deixa a bailarina muito feliz. “Poder ser o exemplo que eu nunca tive. Poder incentivar uma criança, um adolescente, um adulto a fazer uma aula de balé ou até correr atrás de algo que queria e achava que não podia. Isso é muito recompensador pra mim”.

Júlia que é criadora do Dance For Plus, um coletivo que acolhe e incentiva pessoas gordas a ingressarem na dança não dá mais aulas regulamente, mas às vezes ministra alguns workshops e vivências.

Atualmente a bailarina está focada em sua carreira de influencer e modelo plus size.

A história de amor entre a dança e Júlia Del Bianco, 35 anos, começou ainda cedo. Quando tinha 3 anos de idade, começou a frequentar as aulas de dança e logo depois disso, aos 6, ingressou formalmente em uma academia.

Natural de Limeira, interior de São Paulo, Júlia nunca mais parou de dançar depois disso e quando chegou a hora de escolher uma faculdade, ela não pensou duas vezes e foi estudar dança. Júlia é formada em bacharel e licenciatura pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde 2011. “Eu não tinha o corpo “adequado” e hoje em dia eu olho e vejo que eu tinha um corpo magro, mas para aquela época eu já era considerada muito gorda”, contou ela.

Júlia não sabe ao certo de onde surgiu essa vontade repentina de dançar, já que ninguém de sua família dança. “Eu nem sabia falar e já dizia que seria bailarina”, relembrou ela.

Durante toda a sua trajetória na dança, Júlia percebia a diferença que os professores faziam dela em relação as outras colegas, que tinham um corpo “adequado” para a modalidade. “Não posso fazer tal coisa, que eu não posso usar algum tipo de figurino ou cor, ou me deixar como um café com leite, mais afastada e de lado”.

Na época da faculdade, Júlia não tinha tanto conhecimento sobre o que era gordofobia e muitas vezes acreditou que o que as pessoas falavam era verdade. “Eu não tinha consciência, eu achava que era ruim a situação, mas achava que a pessoa estava certa”, disse. “Eu me colocava naquele lugar de ‘eu sou preguiçosa mesmo, eu tenho que tomar vergonha na cara e emagrecer’”.

Alguns dos episódios que Júlia precisou enfrentar, era as ideologias dos professores, que muitas vezes a chamavam no canto e diziam que ela precisava emagrecer.

O figurino sempre foi outra questão que esbarrou na vida da bailarina, pois não existiam roupas para o tamanho de Júlia. Collant e meia-calça eram sempre um terror para encontrar. Por sorte, a mãe de Júlia é costureira e ajudava a filha a montar os figurinos, que ela mesmo desenhava e mostrava para a mãe como queria que fosse.

O processo de amor próprio

Quando chegou perto dos 30 anos, Júlia começou seu processo de reflexão a cerca de seu corpo. “Eu comecei a me questionar algumas coisas. Eu percebi que não era saudável o tanto de coisas que tinha que fazer para manter aquele corpo dentro daquele padrão que as pessoas queriam. Mesmo fazendo tudo, ainda não era suficiente”.

“Por que eu era considerada a errada, a doente, tudo de ruim e às vezes minha colega que era magra que tinha uma alimentação péssima era considerada certa”, contou.

Júlia também acredita que foi a partir dessa época que a divulgação de modelos plus size e body positive começou a chegar até ela. “Eu comecei a pesquisar e vi que não era só eu, que tinha muita coisa envolvida. Aí fui entender o que era pressão estética, o que era gordofobia. Eu fui entender que quando era mais nova eu sofri uma pressão estética absurda dentro do balé”, explicou ela. “Eu senti na pele essa diferença”.

Inspiração para outras pessoas gordas

Hoje, Júlia é inspiração para seus mais de 100 mil seguidores do Instagram, mas ela também foi inspirada por alguém. Na época que começou a entender a gordofobia da sociedade, a bailarina encontrou nas redes sociais uma professora de yoga estadunidense, Jessamyn (@mynameisjessamyn) que também era gorda e tinha o mesmo tipo de corpo que o dela.

“Daí que eu tive essa virada de chave e comecei a postar minhas fotos nas redes sociais e junto disso comecei meu trabalho como modelo. Sempre gostei de moda. Uni as duas coisas”.

Foi a partir dessa decisão de compartilhar sua rotina e experiências como professora gorda que Júlia descobriu novas pessoas e criou conexões. “Fui vendo as pessoas se reconhecendo em mim, entendendo as coisas que eu estava falando. Vendo que eu não tava louca”. Apesar do sucesso, Júlia nunca esperou essa repercussão. “Eu nunca imaginei que impactaria tanto assim. Acho que o estigma e a gordofobia sempre me fizeram ser a uma pessoa quieta, uma pessoa tímida. Uma pessoa que eu não era”.

“Não é que eu não tenha problemas com o meu corpo ou não acho que possa melhorar, mas entender meu corpo, meu lugar, minha história, entender o que me trouxe até aqui. Nunca imaginei ter esse reconhecimento todo”.

Ela afirma que, “o estereótipo da bailarina é totalmente diferente do que eu sou”.

O que motiva Júlia a continuar

Além da própria dança ser o combustível para a alma da bailarina, que não se imagina sem a correira de ensaios, troca de figurino e a rotina cansativa de bailarina, outra coisa a motiva a continuar.

Júlia já deu aula em vários lugares e para várias pessoas e acredita que ser fora do padrão ajudou as crianças a se identificarem com ela. “Eu via que as meninas que eram fora do padrão, que elas viam em mim um espelho e isso melhorou muito com a autoestima delas. Eu me vi nesse lugar de que ‘se eu fiz algo de bom para elas também posso fazer por mim’”.

Júlia nunca teve um exemplo a seguir quando criança e poder ser o exemplo para alguém deixa a bailarina muito feliz. “Poder ser o exemplo que eu nunca tive. Poder incentivar uma criança, um adolescente, um adulto a fazer uma aula de balé ou até correr atrás de algo que queria e achava que não podia. Isso é muito recompensador pra mim”.

Júlia que é criadora do Dance For Plus, um coletivo que acolhe e incentiva pessoas gordas a ingressarem na dança não dá mais aulas regulamente, mas às vezes ministra alguns workshops e vivências.

Atualmente a bailarina está focada em sua carreira de influencer e modelo plus size.

A história de amor entre a dança e Júlia Del Bianco, 35 anos, começou ainda cedo. Quando tinha 3 anos de idade, começou a frequentar as aulas de dança e logo depois disso, aos 6, ingressou formalmente em uma academia.

Natural de Limeira, interior de São Paulo, Júlia nunca mais parou de dançar depois disso e quando chegou a hora de escolher uma faculdade, ela não pensou duas vezes e foi estudar dança. Júlia é formada em bacharel e licenciatura pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde 2011. “Eu não tinha o corpo “adequado” e hoje em dia eu olho e vejo que eu tinha um corpo magro, mas para aquela época eu já era considerada muito gorda”, contou ela.

Júlia não sabe ao certo de onde surgiu essa vontade repentina de dançar, já que ninguém de sua família dança. “Eu nem sabia falar e já dizia que seria bailarina”, relembrou ela.

Durante toda a sua trajetória na dança, Júlia percebia a diferença que os professores faziam dela em relação as outras colegas, que tinham um corpo “adequado” para a modalidade. “Não posso fazer tal coisa, que eu não posso usar algum tipo de figurino ou cor, ou me deixar como um café com leite, mais afastada e de lado”.

Na época da faculdade, Júlia não tinha tanto conhecimento sobre o que era gordofobia e muitas vezes acreditou que o que as pessoas falavam era verdade. “Eu não tinha consciência, eu achava que era ruim a situação, mas achava que a pessoa estava certa”, disse. “Eu me colocava naquele lugar de ‘eu sou preguiçosa mesmo, eu tenho que tomar vergonha na cara e emagrecer’”.

Alguns dos episódios que Júlia precisou enfrentar, era as ideologias dos professores, que muitas vezes a chamavam no canto e diziam que ela precisava emagrecer.

O figurino sempre foi outra questão que esbarrou na vida da bailarina, pois não existiam roupas para o tamanho de Júlia. Collant e meia-calça eram sempre um terror para encontrar. Por sorte, a mãe de Júlia é costureira e ajudava a filha a montar os figurinos, que ela mesmo desenhava e mostrava para a mãe como queria que fosse.

O processo de amor próprio

Quando chegou perto dos 30 anos, Júlia começou seu processo de reflexão a cerca de seu corpo. “Eu comecei a me questionar algumas coisas. Eu percebi que não era saudável o tanto de coisas que tinha que fazer para manter aquele corpo dentro daquele padrão que as pessoas queriam. Mesmo fazendo tudo, ainda não era suficiente”.

“Por que eu era considerada a errada, a doente, tudo de ruim e às vezes minha colega que era magra que tinha uma alimentação péssima era considerada certa”, contou.

Júlia também acredita que foi a partir dessa época que a divulgação de modelos plus size e body positive começou a chegar até ela. “Eu comecei a pesquisar e vi que não era só eu, que tinha muita coisa envolvida. Aí fui entender o que era pressão estética, o que era gordofobia. Eu fui entender que quando era mais nova eu sofri uma pressão estética absurda dentro do balé”, explicou ela. “Eu senti na pele essa diferença”.

Inspiração para outras pessoas gordas

Hoje, Júlia é inspiração para seus mais de 100 mil seguidores do Instagram, mas ela também foi inspirada por alguém. Na época que começou a entender a gordofobia da sociedade, a bailarina encontrou nas redes sociais uma professora de yoga estadunidense, Jessamyn (@mynameisjessamyn) que também era gorda e tinha o mesmo tipo de corpo que o dela.

“Daí que eu tive essa virada de chave e comecei a postar minhas fotos nas redes sociais e junto disso comecei meu trabalho como modelo. Sempre gostei de moda. Uni as duas coisas”.

Foi a partir dessa decisão de compartilhar sua rotina e experiências como professora gorda que Júlia descobriu novas pessoas e criou conexões. “Fui vendo as pessoas se reconhecendo em mim, entendendo as coisas que eu estava falando. Vendo que eu não tava louca”. Apesar do sucesso, Júlia nunca esperou essa repercussão. “Eu nunca imaginei que impactaria tanto assim. Acho que o estigma e a gordofobia sempre me fizeram ser a uma pessoa quieta, uma pessoa tímida. Uma pessoa que eu não era”.

“Não é que eu não tenha problemas com o meu corpo ou não acho que possa melhorar, mas entender meu corpo, meu lugar, minha história, entender o que me trouxe até aqui. Nunca imaginei ter esse reconhecimento todo”.

Ela afirma que, “o estereótipo da bailarina é totalmente diferente do que eu sou”.

O que motiva Júlia a continuar

Além da própria dança ser o combustível para a alma da bailarina, que não se imagina sem a correira de ensaios, troca de figurino e a rotina cansativa de bailarina, outra coisa a motiva a continuar.

Júlia já deu aula em vários lugares e para várias pessoas e acredita que ser fora do padrão ajudou as crianças a se identificarem com ela. “Eu via que as meninas que eram fora do padrão, que elas viam em mim um espelho e isso melhorou muito com a autoestima delas. Eu me vi nesse lugar de que ‘se eu fiz algo de bom para elas também posso fazer por mim’”.

Júlia nunca teve um exemplo a seguir quando criança e poder ser o exemplo para alguém deixa a bailarina muito feliz. “Poder ser o exemplo que eu nunca tive. Poder incentivar uma criança, um adolescente, um adulto a fazer uma aula de balé ou até correr atrás de algo que queria e achava que não podia. Isso é muito recompensador pra mim”.

Júlia que é criadora do Dance For Plus, um coletivo que acolhe e incentiva pessoas gordas a ingressarem na dança não dá mais aulas regulamente, mas às vezes ministra alguns workshops e vivências.

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