XANGAI, CHINA/AFP - A censura nas redes sociais chinesas bloqueou vários influenciadores que mostravam estilos de vida luxuosos em seus perfis, após as autoridades anunciarem o início de uma campanha contra a exibição da riqueza na internet.
Um dos afetados é Wang Hongquan, criador de conteúdo com mais de quatro milhões de seguidores que publicava vídeos exibindo roupas de grife, voos de primeira classe e uma coleção de joias de jade. Sua conta no Douyin, semelhante ao TikTok na China, ficou inacessível nesta terça-feira, 28, e em seu lugar foi exibida uma mensagem informando que ela havia sido bloqueada “por violar as diretrizes” da rede social.
Em abril, o regulador da internet na China lançou uma campanha chamada de “Clear and Bright” (“Claro e Brilhante”, na tradução livre) para retirar conteúdos indesejados das redes sociais e agir contra os influenciadores que haviam criado “personagens ostentosos para satisfazer necessidades vulgares e mostrar deliberadamente estilos de vida extravagantes e cheios de dinheiro”.
A imprensa estatal indicou que os vídeos de Wang desapareceram do Douyin este mês juntamente a outras contas de influenciadores do mesmo estilo.
Sister Abalone, uma mulher que se filmava em sua mansão, exibindo frequentemente colares de pérolas e diamantes, também parece ter sido alvo desta campanha. Seus vídeos no Bilibili, uma rede social chinesa semelhante ao YouTube, não estavam disponíveis nesta terça-feira.
O perfil de Young Master Bo, que publicava vídeos dirigindo carros Rolls Royce e usando bolsas Hermès, também havia desaparecido de Douyin na terça. Ao tentar acessá-lo, uma mensagem de erro informava que seu proprietário havia “violado as normas e regulamentos”.
Em comunicado, o Douyin informou que também começará a agir contra vídeos falsos de crises médicas e simulações de conflitos domésticos para atrair visualizações.
”Douyin aconselha os criadores a registrarem vidas boas e verdadeiras”, declarou a empresa. Nos últimos anos, o governo comunista chinês tem tentado controlar celebridades nas redes sociais, criticando-as por “adorarem o dinheiro” e publicarem conteúdo “vulgar”.
Sob a estratégia do presidente Xi Jinping para reduzir a desigualdade econômica, foram multados influenciadores como Viya, conhecida como “a rainha das transmissões ao vivo”, que teve de pagar 204 milhões de dólares (R$ 1,1 bilhão na cotação da época) por evasão fiscal em 2021.