Jovem indígena faz sucesso no TikTok compartilhando rotina de sua aldeia


Índia Cunhaporanga começou a publicar vídeos na redes sociais depois que sua comunidade ganhou acesso à internet e já acumula mais de 6,5 milhões de seguidores

Por Julia Queiroz
Atualização:
Cunhaporanga produz conteúdos sobre seu dia a dia na aldeia e já acumula mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok e mais de 500 mil no Instagram. Foto: Catalunya Filmes

“Temos nossa cultura, nossos costumes e pedimos que as pessoas valorizem mais isso. Somos povos originários e estamos aqui para sobreviver”, diz Maira Gomes Godinho, 22, conhecida na internet como Índia Cunhaporanga. Com mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok, ela faz sucesso na internet ao compartilhar a rotina de sua família na comunidade indígena de Tatuyo, no Amazonas.

Para Cunhaporanga, o Dia do Índio, celebrado popularmente nesta terça-feira, 19 de abril, deve vir acompanhado de uma consciência durante o ano todo sobre a importância das culturas indígenas. Para ela, essa valorização vem através do conhecimento, algo que ela tem pregado nas suas redes sociais, mostrando ao seu público o dia a dia na aldeia.

continua após a publicidade

Um vídeo de Cunhaporanga mostrando um prato com alimentos típicos da comunidade, incluindo uma larva chamada Mochiva, já tem quase 32 milhões de visualizações. Em outros, a jovem também compartilha adereços, rituais tradicionais e momentos de lazer com a família.

blockquote


continua após a publicidade

Acesso à internet

Cunhaporanga nem sempre teve os meios necessários para produzir conteúdo digital. A aldeia Tatuyo, localizada às margens do Rio Negro, na Floresta Amazônica, só passou a ter acesso à internet em 2019, através da HughesNet, serviço de internet banda larga via satélite da Hughes do Brasil que busca levar conexão e comunicação a assinantes em áreas remotas do País.

A instalação aconteceu após o pai da jovem pedir o serviço, motivado pela dificuldade que a falta de rede implicava nos estudos das crianças e adolescentes da tribo. De acordo com Cunhaporanga, os professores passavam lição de casa, mas os estudantes não conseguiam fazer a pesquisa necessária para as atividades somente com os livros que tinham em casa.

continua após a publicidade

Com isso, o cacique contatou a empresa, que instalou as antenas que possibilitaram o uso do wi-fi. Para Rafael Guimarães, presidente da Hughes do Brasil, o serviço auxilia a conexão de aldeias como a Tatuyo com o restante do Brasil.

“Contribuímos com a inclusão digital no campo, em pequenas comunidades tradicionais e até em reservas indígenas. Um forte indício desse processo de inclusão é que hoje, para aproximadamente 70% de nossos assinantes, somos o primeiro serviço de internet ao qual eles têm acesso”, explica.

A comunidadeindígena de Tatuyo fica localizada na Floresta Amazônica, às margens do Rio Negro. Foto: Catalunya Filmes
continua após a publicidade

Cunhaporanga aponta que a internet não facilitou só a vida escolar. “Antes, a falta de comunicação era muito difícil, não somente entre a nossa comunidade, mas com todos os vizinhos do interior que tinham dificuldade quando sofriam um acidente ou passavam mal”, lembra.

“Hoje em dia, através da internet, você consegue fazer uma ligação e pode falar com a emergência ou o hospital para ir buscar alguém que está doente ou precisando de alguma ajuda. Essa foi uma vantagem que a gente conseguiu com o acesso da comunidade à internet”, completa.

Sucesso nas redes sociais

continua após a publicidade

Com a conectividade, veio também a vontade de entender como funcionavam as mídias digitais. “A gente acabou se interessando e tendo curiosidade em conhecer as redes sociais. Muitas vezes, chegavam visitantes na nossa comunidade que queriam que nós mostrássemos um pouco mais da nossa cultura através delas”, conta Cunhaporanga.

Foi a partir disso que ela criou o seu perfil no TikTok. O primeiro vídeo foi publicado no início da pandemia de covid-19, quando as visitas à aldeia diminuíram e algumas das atividades que geram renda para a comunidade, como o artesanato, ficaram prejudicadas.

Aos poucos, Cunhaporanga passou a compartilhar os costumes da comunidade de Tatuyo. Em um dos primeiros virais, ela mostra a larva Mochiva e explica que comem o alimento com farinha. Os vídeos despertaram o interesse de muitos e os espectadores começaram a comentar nas publicações perguntando por mais curiosidades e explicações sobre a vida da indígena.

continua após a publicidade
blockquote

“Acho que o meu perfil tem tido sucesso porque eu compartilho tudo com eles. Eu conto as nossas histórias, mostro o nosso cotidiano, nós fazendo artesanato, trabalhando no plantio de mandioca. Eu sempre procuro compartilhar cada momento com eles e mostrar um pouquinho da nossa cultura”, explica ela.

Importância de compartilhar a cultura indígena

A presença da tribo nas redes chegou a ajudar com uma melhoria na qualidade de vida dos moradores. Cunhaporanga explica que o acesso à água limpa era muito difícil na comunidade, mas que, por meio da internet, arrecadaram dinheiro para realizarem o sonho de construir um poço artesiano, que atualmente já está em funcionamento.

Além disso, ela ressalta que compartilhar a cultura Tatuyo na internet é importante porque pode levar conhecimento para pessoas que tendem a tratar os povos indígenas com estranheza. “É importante para que daqui a dez anos nós ainda possamos estar vivos para contar e continuar mostrando os nossos costumes, nossas histórias e falar das nossas raízes sem medo”, diz.

Ela também diz que busca ser um exemplo para outras comunidades indígenas: “Assim como eu estou fazendo, compartilhando a minha cultura Tatuyo, eu quero que outros povos também possam ver o conteúdo que eu posto e que eles também valorizem a cultura deles e mostrem para o mundo”.

Influenciadores indígenas

Cunhaporanga faz questão de dizer que compartilha apenas os costumes de sua etnia. A diversidade cultural entre os povos indígenas é muito grande e as redes sociais estão repletas de criadores de conteúdo que, assim como ela, compartilham suas tradições. Veja outros influenciadores para acompanhar:

Kae Guajajara: Fundadora do Coletivo Azuruhu e indígena da etnia Guajajara, ela é cantora, compositora, atriz e autora.

blockquote

Mari Guajajara: Também da etnia Guajajara, produz conteúdos informativos e de conscientização sobre a questão indígena.

blockquote

Cristian Wariu: Pertencente à etnia Fulni-ô, ele cria vídeos lúdicos para quebrar noções preconceituosas sobre a causa.

blockquote

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Cunhaporanga produz conteúdos sobre seu dia a dia na aldeia e já acumula mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok e mais de 500 mil no Instagram. Foto: Catalunya Filmes

“Temos nossa cultura, nossos costumes e pedimos que as pessoas valorizem mais isso. Somos povos originários e estamos aqui para sobreviver”, diz Maira Gomes Godinho, 22, conhecida na internet como Índia Cunhaporanga. Com mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok, ela faz sucesso na internet ao compartilhar a rotina de sua família na comunidade indígena de Tatuyo, no Amazonas.

Para Cunhaporanga, o Dia do Índio, celebrado popularmente nesta terça-feira, 19 de abril, deve vir acompanhado de uma consciência durante o ano todo sobre a importância das culturas indígenas. Para ela, essa valorização vem através do conhecimento, algo que ela tem pregado nas suas redes sociais, mostrando ao seu público o dia a dia na aldeia.

Um vídeo de Cunhaporanga mostrando um prato com alimentos típicos da comunidade, incluindo uma larva chamada Mochiva, já tem quase 32 milhões de visualizações. Em outros, a jovem também compartilha adereços, rituais tradicionais e momentos de lazer com a família.

blockquote


Acesso à internet

Cunhaporanga nem sempre teve os meios necessários para produzir conteúdo digital. A aldeia Tatuyo, localizada às margens do Rio Negro, na Floresta Amazônica, só passou a ter acesso à internet em 2019, através da HughesNet, serviço de internet banda larga via satélite da Hughes do Brasil que busca levar conexão e comunicação a assinantes em áreas remotas do País.

A instalação aconteceu após o pai da jovem pedir o serviço, motivado pela dificuldade que a falta de rede implicava nos estudos das crianças e adolescentes da tribo. De acordo com Cunhaporanga, os professores passavam lição de casa, mas os estudantes não conseguiam fazer a pesquisa necessária para as atividades somente com os livros que tinham em casa.

Com isso, o cacique contatou a empresa, que instalou as antenas que possibilitaram o uso do wi-fi. Para Rafael Guimarães, presidente da Hughes do Brasil, o serviço auxilia a conexão de aldeias como a Tatuyo com o restante do Brasil.

“Contribuímos com a inclusão digital no campo, em pequenas comunidades tradicionais e até em reservas indígenas. Um forte indício desse processo de inclusão é que hoje, para aproximadamente 70% de nossos assinantes, somos o primeiro serviço de internet ao qual eles têm acesso”, explica.

A comunidadeindígena de Tatuyo fica localizada na Floresta Amazônica, às margens do Rio Negro. Foto: Catalunya Filmes

Cunhaporanga aponta que a internet não facilitou só a vida escolar. “Antes, a falta de comunicação era muito difícil, não somente entre a nossa comunidade, mas com todos os vizinhos do interior que tinham dificuldade quando sofriam um acidente ou passavam mal”, lembra.

“Hoje em dia, através da internet, você consegue fazer uma ligação e pode falar com a emergência ou o hospital para ir buscar alguém que está doente ou precisando de alguma ajuda. Essa foi uma vantagem que a gente conseguiu com o acesso da comunidade à internet”, completa.

Sucesso nas redes sociais

Com a conectividade, veio também a vontade de entender como funcionavam as mídias digitais. “A gente acabou se interessando e tendo curiosidade em conhecer as redes sociais. Muitas vezes, chegavam visitantes na nossa comunidade que queriam que nós mostrássemos um pouco mais da nossa cultura através delas”, conta Cunhaporanga.

Foi a partir disso que ela criou o seu perfil no TikTok. O primeiro vídeo foi publicado no início da pandemia de covid-19, quando as visitas à aldeia diminuíram e algumas das atividades que geram renda para a comunidade, como o artesanato, ficaram prejudicadas.

Aos poucos, Cunhaporanga passou a compartilhar os costumes da comunidade de Tatuyo. Em um dos primeiros virais, ela mostra a larva Mochiva e explica que comem o alimento com farinha. Os vídeos despertaram o interesse de muitos e os espectadores começaram a comentar nas publicações perguntando por mais curiosidades e explicações sobre a vida da indígena.

blockquote

“Acho que o meu perfil tem tido sucesso porque eu compartilho tudo com eles. Eu conto as nossas histórias, mostro o nosso cotidiano, nós fazendo artesanato, trabalhando no plantio de mandioca. Eu sempre procuro compartilhar cada momento com eles e mostrar um pouquinho da nossa cultura”, explica ela.

Importância de compartilhar a cultura indígena

A presença da tribo nas redes chegou a ajudar com uma melhoria na qualidade de vida dos moradores. Cunhaporanga explica que o acesso à água limpa era muito difícil na comunidade, mas que, por meio da internet, arrecadaram dinheiro para realizarem o sonho de construir um poço artesiano, que atualmente já está em funcionamento.

Além disso, ela ressalta que compartilhar a cultura Tatuyo na internet é importante porque pode levar conhecimento para pessoas que tendem a tratar os povos indígenas com estranheza. “É importante para que daqui a dez anos nós ainda possamos estar vivos para contar e continuar mostrando os nossos costumes, nossas histórias e falar das nossas raízes sem medo”, diz.

Ela também diz que busca ser um exemplo para outras comunidades indígenas: “Assim como eu estou fazendo, compartilhando a minha cultura Tatuyo, eu quero que outros povos também possam ver o conteúdo que eu posto e que eles também valorizem a cultura deles e mostrem para o mundo”.

Influenciadores indígenas

Cunhaporanga faz questão de dizer que compartilha apenas os costumes de sua etnia. A diversidade cultural entre os povos indígenas é muito grande e as redes sociais estão repletas de criadores de conteúdo que, assim como ela, compartilham suas tradições. Veja outros influenciadores para acompanhar:

Kae Guajajara: Fundadora do Coletivo Azuruhu e indígena da etnia Guajajara, ela é cantora, compositora, atriz e autora.

blockquote

Mari Guajajara: Também da etnia Guajajara, produz conteúdos informativos e de conscientização sobre a questão indígena.

blockquote

Cristian Wariu: Pertencente à etnia Fulni-ô, ele cria vídeos lúdicos para quebrar noções preconceituosas sobre a causa.

blockquote

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Cunhaporanga produz conteúdos sobre seu dia a dia na aldeia e já acumula mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok e mais de 500 mil no Instagram. Foto: Catalunya Filmes

“Temos nossa cultura, nossos costumes e pedimos que as pessoas valorizem mais isso. Somos povos originários e estamos aqui para sobreviver”, diz Maira Gomes Godinho, 22, conhecida na internet como Índia Cunhaporanga. Com mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok, ela faz sucesso na internet ao compartilhar a rotina de sua família na comunidade indígena de Tatuyo, no Amazonas.

Para Cunhaporanga, o Dia do Índio, celebrado popularmente nesta terça-feira, 19 de abril, deve vir acompanhado de uma consciência durante o ano todo sobre a importância das culturas indígenas. Para ela, essa valorização vem através do conhecimento, algo que ela tem pregado nas suas redes sociais, mostrando ao seu público o dia a dia na aldeia.

Um vídeo de Cunhaporanga mostrando um prato com alimentos típicos da comunidade, incluindo uma larva chamada Mochiva, já tem quase 32 milhões de visualizações. Em outros, a jovem também compartilha adereços, rituais tradicionais e momentos de lazer com a família.

blockquote


Acesso à internet

Cunhaporanga nem sempre teve os meios necessários para produzir conteúdo digital. A aldeia Tatuyo, localizada às margens do Rio Negro, na Floresta Amazônica, só passou a ter acesso à internet em 2019, através da HughesNet, serviço de internet banda larga via satélite da Hughes do Brasil que busca levar conexão e comunicação a assinantes em áreas remotas do País.

A instalação aconteceu após o pai da jovem pedir o serviço, motivado pela dificuldade que a falta de rede implicava nos estudos das crianças e adolescentes da tribo. De acordo com Cunhaporanga, os professores passavam lição de casa, mas os estudantes não conseguiam fazer a pesquisa necessária para as atividades somente com os livros que tinham em casa.

Com isso, o cacique contatou a empresa, que instalou as antenas que possibilitaram o uso do wi-fi. Para Rafael Guimarães, presidente da Hughes do Brasil, o serviço auxilia a conexão de aldeias como a Tatuyo com o restante do Brasil.

“Contribuímos com a inclusão digital no campo, em pequenas comunidades tradicionais e até em reservas indígenas. Um forte indício desse processo de inclusão é que hoje, para aproximadamente 70% de nossos assinantes, somos o primeiro serviço de internet ao qual eles têm acesso”, explica.

A comunidadeindígena de Tatuyo fica localizada na Floresta Amazônica, às margens do Rio Negro. Foto: Catalunya Filmes

Cunhaporanga aponta que a internet não facilitou só a vida escolar. “Antes, a falta de comunicação era muito difícil, não somente entre a nossa comunidade, mas com todos os vizinhos do interior que tinham dificuldade quando sofriam um acidente ou passavam mal”, lembra.

“Hoje em dia, através da internet, você consegue fazer uma ligação e pode falar com a emergência ou o hospital para ir buscar alguém que está doente ou precisando de alguma ajuda. Essa foi uma vantagem que a gente conseguiu com o acesso da comunidade à internet”, completa.

Sucesso nas redes sociais

Com a conectividade, veio também a vontade de entender como funcionavam as mídias digitais. “A gente acabou se interessando e tendo curiosidade em conhecer as redes sociais. Muitas vezes, chegavam visitantes na nossa comunidade que queriam que nós mostrássemos um pouco mais da nossa cultura através delas”, conta Cunhaporanga.

Foi a partir disso que ela criou o seu perfil no TikTok. O primeiro vídeo foi publicado no início da pandemia de covid-19, quando as visitas à aldeia diminuíram e algumas das atividades que geram renda para a comunidade, como o artesanato, ficaram prejudicadas.

Aos poucos, Cunhaporanga passou a compartilhar os costumes da comunidade de Tatuyo. Em um dos primeiros virais, ela mostra a larva Mochiva e explica que comem o alimento com farinha. Os vídeos despertaram o interesse de muitos e os espectadores começaram a comentar nas publicações perguntando por mais curiosidades e explicações sobre a vida da indígena.

blockquote

“Acho que o meu perfil tem tido sucesso porque eu compartilho tudo com eles. Eu conto as nossas histórias, mostro o nosso cotidiano, nós fazendo artesanato, trabalhando no plantio de mandioca. Eu sempre procuro compartilhar cada momento com eles e mostrar um pouquinho da nossa cultura”, explica ela.

Importância de compartilhar a cultura indígena

A presença da tribo nas redes chegou a ajudar com uma melhoria na qualidade de vida dos moradores. Cunhaporanga explica que o acesso à água limpa era muito difícil na comunidade, mas que, por meio da internet, arrecadaram dinheiro para realizarem o sonho de construir um poço artesiano, que atualmente já está em funcionamento.

Além disso, ela ressalta que compartilhar a cultura Tatuyo na internet é importante porque pode levar conhecimento para pessoas que tendem a tratar os povos indígenas com estranheza. “É importante para que daqui a dez anos nós ainda possamos estar vivos para contar e continuar mostrando os nossos costumes, nossas histórias e falar das nossas raízes sem medo”, diz.

Ela também diz que busca ser um exemplo para outras comunidades indígenas: “Assim como eu estou fazendo, compartilhando a minha cultura Tatuyo, eu quero que outros povos também possam ver o conteúdo que eu posto e que eles também valorizem a cultura deles e mostrem para o mundo”.

Influenciadores indígenas

Cunhaporanga faz questão de dizer que compartilha apenas os costumes de sua etnia. A diversidade cultural entre os povos indígenas é muito grande e as redes sociais estão repletas de criadores de conteúdo que, assim como ela, compartilham suas tradições. Veja outros influenciadores para acompanhar:

Kae Guajajara: Fundadora do Coletivo Azuruhu e indígena da etnia Guajajara, ela é cantora, compositora, atriz e autora.

blockquote

Mari Guajajara: Também da etnia Guajajara, produz conteúdos informativos e de conscientização sobre a questão indígena.

blockquote

Cristian Wariu: Pertencente à etnia Fulni-ô, ele cria vídeos lúdicos para quebrar noções preconceituosas sobre a causa.

blockquote

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Cunhaporanga produz conteúdos sobre seu dia a dia na aldeia e já acumula mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok e mais de 500 mil no Instagram. Foto: Catalunya Filmes

“Temos nossa cultura, nossos costumes e pedimos que as pessoas valorizem mais isso. Somos povos originários e estamos aqui para sobreviver”, diz Maira Gomes Godinho, 22, conhecida na internet como Índia Cunhaporanga. Com mais de 6,5 milhões de seguidores no TikTok, ela faz sucesso na internet ao compartilhar a rotina de sua família na comunidade indígena de Tatuyo, no Amazonas.

Para Cunhaporanga, o Dia do Índio, celebrado popularmente nesta terça-feira, 19 de abril, deve vir acompanhado de uma consciência durante o ano todo sobre a importância das culturas indígenas. Para ela, essa valorização vem através do conhecimento, algo que ela tem pregado nas suas redes sociais, mostrando ao seu público o dia a dia na aldeia.

Um vídeo de Cunhaporanga mostrando um prato com alimentos típicos da comunidade, incluindo uma larva chamada Mochiva, já tem quase 32 milhões de visualizações. Em outros, a jovem também compartilha adereços, rituais tradicionais e momentos de lazer com a família.

blockquote


Acesso à internet

Cunhaporanga nem sempre teve os meios necessários para produzir conteúdo digital. A aldeia Tatuyo, localizada às margens do Rio Negro, na Floresta Amazônica, só passou a ter acesso à internet em 2019, através da HughesNet, serviço de internet banda larga via satélite da Hughes do Brasil que busca levar conexão e comunicação a assinantes em áreas remotas do País.

A instalação aconteceu após o pai da jovem pedir o serviço, motivado pela dificuldade que a falta de rede implicava nos estudos das crianças e adolescentes da tribo. De acordo com Cunhaporanga, os professores passavam lição de casa, mas os estudantes não conseguiam fazer a pesquisa necessária para as atividades somente com os livros que tinham em casa.

Com isso, o cacique contatou a empresa, que instalou as antenas que possibilitaram o uso do wi-fi. Para Rafael Guimarães, presidente da Hughes do Brasil, o serviço auxilia a conexão de aldeias como a Tatuyo com o restante do Brasil.

“Contribuímos com a inclusão digital no campo, em pequenas comunidades tradicionais e até em reservas indígenas. Um forte indício desse processo de inclusão é que hoje, para aproximadamente 70% de nossos assinantes, somos o primeiro serviço de internet ao qual eles têm acesso”, explica.

A comunidadeindígena de Tatuyo fica localizada na Floresta Amazônica, às margens do Rio Negro. Foto: Catalunya Filmes

Cunhaporanga aponta que a internet não facilitou só a vida escolar. “Antes, a falta de comunicação era muito difícil, não somente entre a nossa comunidade, mas com todos os vizinhos do interior que tinham dificuldade quando sofriam um acidente ou passavam mal”, lembra.

“Hoje em dia, através da internet, você consegue fazer uma ligação e pode falar com a emergência ou o hospital para ir buscar alguém que está doente ou precisando de alguma ajuda. Essa foi uma vantagem que a gente conseguiu com o acesso da comunidade à internet”, completa.

Sucesso nas redes sociais

Com a conectividade, veio também a vontade de entender como funcionavam as mídias digitais. “A gente acabou se interessando e tendo curiosidade em conhecer as redes sociais. Muitas vezes, chegavam visitantes na nossa comunidade que queriam que nós mostrássemos um pouco mais da nossa cultura através delas”, conta Cunhaporanga.

Foi a partir disso que ela criou o seu perfil no TikTok. O primeiro vídeo foi publicado no início da pandemia de covid-19, quando as visitas à aldeia diminuíram e algumas das atividades que geram renda para a comunidade, como o artesanato, ficaram prejudicadas.

Aos poucos, Cunhaporanga passou a compartilhar os costumes da comunidade de Tatuyo. Em um dos primeiros virais, ela mostra a larva Mochiva e explica que comem o alimento com farinha. Os vídeos despertaram o interesse de muitos e os espectadores começaram a comentar nas publicações perguntando por mais curiosidades e explicações sobre a vida da indígena.

blockquote

“Acho que o meu perfil tem tido sucesso porque eu compartilho tudo com eles. Eu conto as nossas histórias, mostro o nosso cotidiano, nós fazendo artesanato, trabalhando no plantio de mandioca. Eu sempre procuro compartilhar cada momento com eles e mostrar um pouquinho da nossa cultura”, explica ela.

Importância de compartilhar a cultura indígena

A presença da tribo nas redes chegou a ajudar com uma melhoria na qualidade de vida dos moradores. Cunhaporanga explica que o acesso à água limpa era muito difícil na comunidade, mas que, por meio da internet, arrecadaram dinheiro para realizarem o sonho de construir um poço artesiano, que atualmente já está em funcionamento.

Além disso, ela ressalta que compartilhar a cultura Tatuyo na internet é importante porque pode levar conhecimento para pessoas que tendem a tratar os povos indígenas com estranheza. “É importante para que daqui a dez anos nós ainda possamos estar vivos para contar e continuar mostrando os nossos costumes, nossas histórias e falar das nossas raízes sem medo”, diz.

Ela também diz que busca ser um exemplo para outras comunidades indígenas: “Assim como eu estou fazendo, compartilhando a minha cultura Tatuyo, eu quero que outros povos também possam ver o conteúdo que eu posto e que eles também valorizem a cultura deles e mostrem para o mundo”.

Influenciadores indígenas

Cunhaporanga faz questão de dizer que compartilha apenas os costumes de sua etnia. A diversidade cultural entre os povos indígenas é muito grande e as redes sociais estão repletas de criadores de conteúdo que, assim como ela, compartilham suas tradições. Veja outros influenciadores para acompanhar:

Kae Guajajara: Fundadora do Coletivo Azuruhu e indígena da etnia Guajajara, ela é cantora, compositora, atriz e autora.

blockquote

Mari Guajajara: Também da etnia Guajajara, produz conteúdos informativos e de conscientização sobre a questão indígena.

blockquote

Cristian Wariu: Pertencente à etnia Fulni-ô, ele cria vídeos lúdicos para quebrar noções preconceituosas sobre a causa.

blockquote

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.