O que é celibato, forma de vida escolhida por Julia Fox, ex de Kanye West


Prática comum entre religiosos cristãos foi revelada pela atriz; entenda o que é e a diferença para uma vida em castidade

Por Daniel Silveira

Na semana passada, a atriz e modelo Julia Fox chamou a atenção do mundo ao falar sobre sua escolha por ficar em abstinência sexual nos últimos dois anos e meio. A ex-namorada de Kanye West (também conhecido como Ye) falou sobre o assunto em uma resposta a uma publicação de um perfil de aplicativo de paquera no TikTok. “Dois anos e meio de celibato e nunca estive melhor”, disse ao comentar a publicação do perfil do Bumble. Fox e West namoraram nos primeiros meses de 2022.

A palavra tem origem no latim “caelibatus”, que pode ser traduzido como “estado de solteiro”, ou seja, não é necessariamente alguém que vive sem sexo, mas alguém que não namora ou escolheu não casar. A ausência de sexo é consequência à escolha da vida celibatária, por envolver guardar a castidade. Os conceitos se aproximam porque estamos acostumados a vê-los mais ligados a questões religiosas.

Abaixo, respondemos às principais questões a respeito do celibato.

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Julia Fox no filme 'Joias Brutas', de 2019. Foto: Julia Cervantes/A24

O que é celibato?

O celibato, a decisão por não namorar ou casar, é associado, muitas vezes, ao modo de vida religioso, principalmente aos sacerdotes católicos no mundo ocidental. No entanto, esta forma de viver pode se estender a pessoas que não sejam vocacionados ao sacerdócio.

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Em junho de 1967, o Papa Paulo VI publicou a Carta Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, que fala sobre o celibato dentro da Igreja Católica, instituído muito antes, no século 12, nos concílios de Latrão - um em 1123 e outro em 1139. Foi aí que ficou decidido que clérigos não poderiam casar.

O celibato na Igreja Católica não é uma questão apenas para padres, bispos e cargos clericais variados. “Há muitas situações em que a pessoa decide abraçar o celibato, mesmo não sendo sacerdote ou religioso/a, para dedicar todas as suas energias ao serviço de Deus”, conta Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. “Também há pessoas que levam uma vida celibatária simplesmente porque não tiveram a oportunidade de se casar ou que decidiram permanecer solteiras por diferentes razões: dedicar-se a atender os pais idosos e doentes ou a uma atividade profissional específica”, complementa.

O celibato também é estendido a freiras, freis, pessoas que vivem em comunidades religiosas, como é o caso do Irmão José Emerson Campos, que faz parte da Sociedade Missionária Obra de Deus (SMOD), uma associação formada por religiosos (ramo masculino e feminino), famílias e clérigos, canonicamente análoga uma Sociedade de Vida Apostólica.

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“O celibatário é convidado a amar a todos, sou chamado hoje por vocação a olhar todas as pessoas da mesma forma”

Irmão José Emerson Campos

Irmão José, 32, conta que entrou na Obra de Deus há dez anos, mas só há cinco fez os votos religiosos de obediência, pobreza e castidade. “Comunitariamente, temos as vidas religiosas e, para ingresso comunitário, todos já vivem a vida celibatária”, conta o consagrado sobre a experiência religiosa. A SMOD possui, além de padres, irmãos e irmãs que abraçaram a vida missionária, fizeram os votos da Igreja Católica e também vivem em celibato.

“Eu não sou chamado ao matrimônio e não me relaciono com uma namorada”, diz.

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O celibato é uma prática de religiosos católicos institucionalizada no século 12. Foto: Werther Santana/Estadão

Castidade e celibato são a mesma coisa?

Não. O celibato é a forma de vida que não inclui o casamento. Nem todas as pessoas que vivem ou fazem voto de castidade são celibatárias. Dessa forma, ao optar por uma vida celibatária, a pessoa está, em essência, escolhendo não se casar ou não se envolver em relações amorosas. A ausência de atividade sexual é uma consequência dessa escolha, refletindo um compromisso com a castidade.

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Na Igreja Católica, o Voto de Castidade implica na renúncia das experiências sexuais para não casados (os celibatários) e a fidelidade entre pessoas casadas, ou seja, quem for casado e fizer o voto, precisa assumir o compromisso de manter relações sexuais apenas com sua mulher ou seu marido.

Assim, embora o celibato e a castidade possam estar interligados, eles não são sinônimos; a castidade é uma prática que pode ser adotada como parte da decisão de viver celibatariamente, mas não é uma condição inerente ao celibato.

“Castidade é a virtude que ordena o uso da sexualidade: todos são chamados a viver a castidade, cada um dentro do próprio estado de vida: solteiros e viúvos, abstendo-se completamente do sexo, os casados, vivendo a vida conjugal com fidelidade, utilizando-se do sexo dentro dos fins do matrimônio. O celibato é um modo vocacional de viver a castidade completa”, esclarece Dom Carlos.

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O que é celibato feminino?

Julia Fox representa uma parcela das mulheres que, atualmente, têm preferido não se relacionar com homens por motivos diversos, o que tem sido chamado de “boy sober”, algo como “sóbria de homem” em tradução livre. O termo se relaciona com a sobriedade de álcool e outras drogas, como se estar num relacionamento com um homem tivesse sido prejudicial em algum momento e elas precisassem se afastar.

Os motivos dados por elas são variados, mas passam, principalmente, por traumas em relações afetivas com os homens. Entre os traumas estão relacionamentos abusivos, traições, falta de prioridade de alguns deles para o relacionamento.

A escritora e roteirista Triscila Oliveira, 39, diz que se tornar uma celibatária não foi exatamente uma escolha. “Foi uma união de fatores: raça, classe, território”, explica. “Ao longo do tempo, se mostrou não como uma escolha, eu fui percebendo que eu perdia tempo e grana para ter que lidar com o baque psicológico”, continua.

Triscila Oliveira, de 39 anos, diz que está há nove sem relacionamentos: 'muito dispendioso financeiramente, emocionalmente e psicologicamente'. Foto: Reprodução/Instagram/@soulanja

Triscila conta que sempre se dedicou a cultivar relacionamentos longos, construir parcerias, mas que isso se mostrou cada vez mais difícil. “Não que eu não tenha conhecido pessoas ou beijado na boca nesse tempo, mas estou há nove anos sem um relacionamento”, conta.

Conhecer alguém novo ficou dispendioso, tanto psicologicamente, emocionalmente, financeiramente falando, mas durante esse tempo também fui construindo amor próprio

Triscila Oliveira, escritora

Quando questionada sobre o que acredita ser o motivo de tantas mulheres estarem vivendo dessa forma, a roteirista usa uma máxima que se repete entre as feministas. “Os homens estão querendo as mulheres do passado e as mulheres, os homens do futuro e, por isso, a gente não se encontra. Eles estão nostálgicos pela mulher submissa e elas querem parceria e liberdade”, pontua. “Mais mulheres estão vendo que conseguem ser felizes sozinhas e, se você não consegue, não vai ser uma pessoa ao lado que vai mudar isso”, finaliza.

Na semana passada, a atriz e modelo Julia Fox chamou a atenção do mundo ao falar sobre sua escolha por ficar em abstinência sexual nos últimos dois anos e meio. A ex-namorada de Kanye West (também conhecido como Ye) falou sobre o assunto em uma resposta a uma publicação de um perfil de aplicativo de paquera no TikTok. “Dois anos e meio de celibato e nunca estive melhor”, disse ao comentar a publicação do perfil do Bumble. Fox e West namoraram nos primeiros meses de 2022.

A palavra tem origem no latim “caelibatus”, que pode ser traduzido como “estado de solteiro”, ou seja, não é necessariamente alguém que vive sem sexo, mas alguém que não namora ou escolheu não casar. A ausência de sexo é consequência à escolha da vida celibatária, por envolver guardar a castidade. Os conceitos se aproximam porque estamos acostumados a vê-los mais ligados a questões religiosas.

Abaixo, respondemos às principais questões a respeito do celibato.

Julia Fox no filme 'Joias Brutas', de 2019. Foto: Julia Cervantes/A24

O que é celibato?

O celibato, a decisão por não namorar ou casar, é associado, muitas vezes, ao modo de vida religioso, principalmente aos sacerdotes católicos no mundo ocidental. No entanto, esta forma de viver pode se estender a pessoas que não sejam vocacionados ao sacerdócio.

Em junho de 1967, o Papa Paulo VI publicou a Carta Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, que fala sobre o celibato dentro da Igreja Católica, instituído muito antes, no século 12, nos concílios de Latrão - um em 1123 e outro em 1139. Foi aí que ficou decidido que clérigos não poderiam casar.

O celibato na Igreja Católica não é uma questão apenas para padres, bispos e cargos clericais variados. “Há muitas situações em que a pessoa decide abraçar o celibato, mesmo não sendo sacerdote ou religioso/a, para dedicar todas as suas energias ao serviço de Deus”, conta Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. “Também há pessoas que levam uma vida celibatária simplesmente porque não tiveram a oportunidade de se casar ou que decidiram permanecer solteiras por diferentes razões: dedicar-se a atender os pais idosos e doentes ou a uma atividade profissional específica”, complementa.

O celibato também é estendido a freiras, freis, pessoas que vivem em comunidades religiosas, como é o caso do Irmão José Emerson Campos, que faz parte da Sociedade Missionária Obra de Deus (SMOD), uma associação formada por religiosos (ramo masculino e feminino), famílias e clérigos, canonicamente análoga uma Sociedade de Vida Apostólica.

“O celibatário é convidado a amar a todos, sou chamado hoje por vocação a olhar todas as pessoas da mesma forma”

Irmão José Emerson Campos

Irmão José, 32, conta que entrou na Obra de Deus há dez anos, mas só há cinco fez os votos religiosos de obediência, pobreza e castidade. “Comunitariamente, temos as vidas religiosas e, para ingresso comunitário, todos já vivem a vida celibatária”, conta o consagrado sobre a experiência religiosa. A SMOD possui, além de padres, irmãos e irmãs que abraçaram a vida missionária, fizeram os votos da Igreja Católica e também vivem em celibato.

“Eu não sou chamado ao matrimônio e não me relaciono com uma namorada”, diz.

O celibato é uma prática de religiosos católicos institucionalizada no século 12. Foto: Werther Santana/Estadão

Castidade e celibato são a mesma coisa?

Não. O celibato é a forma de vida que não inclui o casamento. Nem todas as pessoas que vivem ou fazem voto de castidade são celibatárias. Dessa forma, ao optar por uma vida celibatária, a pessoa está, em essência, escolhendo não se casar ou não se envolver em relações amorosas. A ausência de atividade sexual é uma consequência dessa escolha, refletindo um compromisso com a castidade.

Na Igreja Católica, o Voto de Castidade implica na renúncia das experiências sexuais para não casados (os celibatários) e a fidelidade entre pessoas casadas, ou seja, quem for casado e fizer o voto, precisa assumir o compromisso de manter relações sexuais apenas com sua mulher ou seu marido.

Assim, embora o celibato e a castidade possam estar interligados, eles não são sinônimos; a castidade é uma prática que pode ser adotada como parte da decisão de viver celibatariamente, mas não é uma condição inerente ao celibato.

“Castidade é a virtude que ordena o uso da sexualidade: todos são chamados a viver a castidade, cada um dentro do próprio estado de vida: solteiros e viúvos, abstendo-se completamente do sexo, os casados, vivendo a vida conjugal com fidelidade, utilizando-se do sexo dentro dos fins do matrimônio. O celibato é um modo vocacional de viver a castidade completa”, esclarece Dom Carlos.

O que é celibato feminino?

Julia Fox representa uma parcela das mulheres que, atualmente, têm preferido não se relacionar com homens por motivos diversos, o que tem sido chamado de “boy sober”, algo como “sóbria de homem” em tradução livre. O termo se relaciona com a sobriedade de álcool e outras drogas, como se estar num relacionamento com um homem tivesse sido prejudicial em algum momento e elas precisassem se afastar.

Os motivos dados por elas são variados, mas passam, principalmente, por traumas em relações afetivas com os homens. Entre os traumas estão relacionamentos abusivos, traições, falta de prioridade de alguns deles para o relacionamento.

A escritora e roteirista Triscila Oliveira, 39, diz que se tornar uma celibatária não foi exatamente uma escolha. “Foi uma união de fatores: raça, classe, território”, explica. “Ao longo do tempo, se mostrou não como uma escolha, eu fui percebendo que eu perdia tempo e grana para ter que lidar com o baque psicológico”, continua.

Triscila Oliveira, de 39 anos, diz que está há nove sem relacionamentos: 'muito dispendioso financeiramente, emocionalmente e psicologicamente'. Foto: Reprodução/Instagram/@soulanja

Triscila conta que sempre se dedicou a cultivar relacionamentos longos, construir parcerias, mas que isso se mostrou cada vez mais difícil. “Não que eu não tenha conhecido pessoas ou beijado na boca nesse tempo, mas estou há nove anos sem um relacionamento”, conta.

Conhecer alguém novo ficou dispendioso, tanto psicologicamente, emocionalmente, financeiramente falando, mas durante esse tempo também fui construindo amor próprio

Triscila Oliveira, escritora

Quando questionada sobre o que acredita ser o motivo de tantas mulheres estarem vivendo dessa forma, a roteirista usa uma máxima que se repete entre as feministas. “Os homens estão querendo as mulheres do passado e as mulheres, os homens do futuro e, por isso, a gente não se encontra. Eles estão nostálgicos pela mulher submissa e elas querem parceria e liberdade”, pontua. “Mais mulheres estão vendo que conseguem ser felizes sozinhas e, se você não consegue, não vai ser uma pessoa ao lado que vai mudar isso”, finaliza.

Na semana passada, a atriz e modelo Julia Fox chamou a atenção do mundo ao falar sobre sua escolha por ficar em abstinência sexual nos últimos dois anos e meio. A ex-namorada de Kanye West (também conhecido como Ye) falou sobre o assunto em uma resposta a uma publicação de um perfil de aplicativo de paquera no TikTok. “Dois anos e meio de celibato e nunca estive melhor”, disse ao comentar a publicação do perfil do Bumble. Fox e West namoraram nos primeiros meses de 2022.

A palavra tem origem no latim “caelibatus”, que pode ser traduzido como “estado de solteiro”, ou seja, não é necessariamente alguém que vive sem sexo, mas alguém que não namora ou escolheu não casar. A ausência de sexo é consequência à escolha da vida celibatária, por envolver guardar a castidade. Os conceitos se aproximam porque estamos acostumados a vê-los mais ligados a questões religiosas.

Abaixo, respondemos às principais questões a respeito do celibato.

Julia Fox no filme 'Joias Brutas', de 2019. Foto: Julia Cervantes/A24

O que é celibato?

O celibato, a decisão por não namorar ou casar, é associado, muitas vezes, ao modo de vida religioso, principalmente aos sacerdotes católicos no mundo ocidental. No entanto, esta forma de viver pode se estender a pessoas que não sejam vocacionados ao sacerdócio.

Em junho de 1967, o Papa Paulo VI publicou a Carta Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, que fala sobre o celibato dentro da Igreja Católica, instituído muito antes, no século 12, nos concílios de Latrão - um em 1123 e outro em 1139. Foi aí que ficou decidido que clérigos não poderiam casar.

O celibato na Igreja Católica não é uma questão apenas para padres, bispos e cargos clericais variados. “Há muitas situações em que a pessoa decide abraçar o celibato, mesmo não sendo sacerdote ou religioso/a, para dedicar todas as suas energias ao serviço de Deus”, conta Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. “Também há pessoas que levam uma vida celibatária simplesmente porque não tiveram a oportunidade de se casar ou que decidiram permanecer solteiras por diferentes razões: dedicar-se a atender os pais idosos e doentes ou a uma atividade profissional específica”, complementa.

O celibato também é estendido a freiras, freis, pessoas que vivem em comunidades religiosas, como é o caso do Irmão José Emerson Campos, que faz parte da Sociedade Missionária Obra de Deus (SMOD), uma associação formada por religiosos (ramo masculino e feminino), famílias e clérigos, canonicamente análoga uma Sociedade de Vida Apostólica.

“O celibatário é convidado a amar a todos, sou chamado hoje por vocação a olhar todas as pessoas da mesma forma”

Irmão José Emerson Campos

Irmão José, 32, conta que entrou na Obra de Deus há dez anos, mas só há cinco fez os votos religiosos de obediência, pobreza e castidade. “Comunitariamente, temos as vidas religiosas e, para ingresso comunitário, todos já vivem a vida celibatária”, conta o consagrado sobre a experiência religiosa. A SMOD possui, além de padres, irmãos e irmãs que abraçaram a vida missionária, fizeram os votos da Igreja Católica e também vivem em celibato.

“Eu não sou chamado ao matrimônio e não me relaciono com uma namorada”, diz.

O celibato é uma prática de religiosos católicos institucionalizada no século 12. Foto: Werther Santana/Estadão

Castidade e celibato são a mesma coisa?

Não. O celibato é a forma de vida que não inclui o casamento. Nem todas as pessoas que vivem ou fazem voto de castidade são celibatárias. Dessa forma, ao optar por uma vida celibatária, a pessoa está, em essência, escolhendo não se casar ou não se envolver em relações amorosas. A ausência de atividade sexual é uma consequência dessa escolha, refletindo um compromisso com a castidade.

Na Igreja Católica, o Voto de Castidade implica na renúncia das experiências sexuais para não casados (os celibatários) e a fidelidade entre pessoas casadas, ou seja, quem for casado e fizer o voto, precisa assumir o compromisso de manter relações sexuais apenas com sua mulher ou seu marido.

Assim, embora o celibato e a castidade possam estar interligados, eles não são sinônimos; a castidade é uma prática que pode ser adotada como parte da decisão de viver celibatariamente, mas não é uma condição inerente ao celibato.

“Castidade é a virtude que ordena o uso da sexualidade: todos são chamados a viver a castidade, cada um dentro do próprio estado de vida: solteiros e viúvos, abstendo-se completamente do sexo, os casados, vivendo a vida conjugal com fidelidade, utilizando-se do sexo dentro dos fins do matrimônio. O celibato é um modo vocacional de viver a castidade completa”, esclarece Dom Carlos.

O que é celibato feminino?

Julia Fox representa uma parcela das mulheres que, atualmente, têm preferido não se relacionar com homens por motivos diversos, o que tem sido chamado de “boy sober”, algo como “sóbria de homem” em tradução livre. O termo se relaciona com a sobriedade de álcool e outras drogas, como se estar num relacionamento com um homem tivesse sido prejudicial em algum momento e elas precisassem se afastar.

Os motivos dados por elas são variados, mas passam, principalmente, por traumas em relações afetivas com os homens. Entre os traumas estão relacionamentos abusivos, traições, falta de prioridade de alguns deles para o relacionamento.

A escritora e roteirista Triscila Oliveira, 39, diz que se tornar uma celibatária não foi exatamente uma escolha. “Foi uma união de fatores: raça, classe, território”, explica. “Ao longo do tempo, se mostrou não como uma escolha, eu fui percebendo que eu perdia tempo e grana para ter que lidar com o baque psicológico”, continua.

Triscila Oliveira, de 39 anos, diz que está há nove sem relacionamentos: 'muito dispendioso financeiramente, emocionalmente e psicologicamente'. Foto: Reprodução/Instagram/@soulanja

Triscila conta que sempre se dedicou a cultivar relacionamentos longos, construir parcerias, mas que isso se mostrou cada vez mais difícil. “Não que eu não tenha conhecido pessoas ou beijado na boca nesse tempo, mas estou há nove anos sem um relacionamento”, conta.

Conhecer alguém novo ficou dispendioso, tanto psicologicamente, emocionalmente, financeiramente falando, mas durante esse tempo também fui construindo amor próprio

Triscila Oliveira, escritora

Quando questionada sobre o que acredita ser o motivo de tantas mulheres estarem vivendo dessa forma, a roteirista usa uma máxima que se repete entre as feministas. “Os homens estão querendo as mulheres do passado e as mulheres, os homens do futuro e, por isso, a gente não se encontra. Eles estão nostálgicos pela mulher submissa e elas querem parceria e liberdade”, pontua. “Mais mulheres estão vendo que conseguem ser felizes sozinhas e, se você não consegue, não vai ser uma pessoa ao lado que vai mudar isso”, finaliza.

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