Quando se trata de saúde bucal, muitos pais de pet têm dúvidas com relação à escovação e sobre como manter uma rotina de cuidados. Seja em animais de pequeno ou grande porte, a relação com os cuidados orais é imprescindível para que seu bichinho tenha uma boa qualidade de vida.
Com benefícios para além do sumiço do famoso “bafinho”, a manutenção dos dentes de cães e gatos é essencial também para o diagnóstico precoce de doenças mais graves.
A médica veterinária especializada em odontologia animal, Alexia Mesquita, que atua na região do Alto Tietê, em São Paulo, explica tudo que você deve saber sobre a saúde oral de cães e gatos.
O que é a odontologia veterinária?
A área da odontologia veterinária é muito ampla e abrange desde limpezas e extrações dentárias até tratamento de canal e aparelhos ortodônticos para os pets. Há também a parte das cirurgias plásticas, em que o profissional realiza rinoplastias, correção de fraturas, próteses dentárias e operação de tumores e nódulos. É um serviço essencial para a qualidade de vida de animais silvestres e domésticos, que devem ter um acompanhamento frequente do profissional veterinário.
Qual é a frequência com que devo escovar os dentes do meu bichinho de estimação?
Para cães e gatos, a rotina deve ser diária ou no máximo a cada 48 horas, podendo ser aliada a produtos que previnam a placa dentária. Para outras espécies, os cuidados com a escovação variam. A especialista também ressalta que é importante fazer o reforço positivo após a escovação, o que evita problemas comportamentais.
Qual a importância da escovação em animais?
Segundo a médica veterinária, o acúmulo de bactérias na superfície dos dentes entre 24 e 48 horas pode formar placas bacterianas, assim como nos humanos. O acúmulo excessivo da placa, também conhecida como “tártaro”, pode causar a perda dos dentes do animal, por “acometer o ligamento periodontal”, tecido que liga os dentes na cavidade oral.
Entre os benefícios da escovação, Alexia explica que “a saúde começa pela boca”: “[A escovação] previne doenças sistêmicas como lesão renal, gástrica e cardiorrespiratória”.
A prática também aumenta a qualidade de vida do animal, evitando dores, incômodo, inflamação e infecção. “O pet fica mais ativo, come melhor e se mantém saudável”, completa.
Como posso escolher a melhor escova e a pasta de dentes para o meu pet?
As melhores escovas são as de cerdas macias. Não precisa inventar: as infantis para humanos funcionam. A escolha do modelo e do tamanho varia de acordo com o porte do animal.
Já para o creme dental, o melhor é ir pelas de indicação veterinária. A escolha do produto varia entre categorias como a pediátrica, para gengivas e dentes sensíveis ou de abrasão suave.
Meu pet não me deixa escovar os dentes dele: o que posso fazer?
“A introdução da escovação demanda paciência e persistência, sempre leve e com reforço positivo ao final (um petisco, passeio, brincadeiras)”, fala Alexia. Segundo ela, os líquidos de diluição para a saúde oral ajudam na prevenção da placa, mas nada substitui a escovação. O ideal é acostumar o animal com o hábito aos poucos.
Se o seu bichinho não aceita a escova, uma opção é colocar o creme dental em brinquedos maleáveis de borracha com textura, que promovem a abrasão mecânica na superfície dos dentes.
Como posso identificar problemas na saúde bucal do meu bichinho?
É necessário abrir a boca do animal para uma “inspeção visual” regular, conta a veterinária, que menciona sintomas como placa ou cálculo de tonalidade escura nos dentes, acúmulo de comida, pus, desgastes, sangramentos e dificuldade de mobilidade como sinais.
Ela explica que a doença periodontal traz diversos sintomas. Veja quais são os principais:
- Halitose: conhecida como “bafo”
- Apetite seletivo: preferência por alimentos pastosos
- Apatia: quando o animal apresenta um comportamento mais quieto
- Evita brincadeiras
- Agressividade ou intolerância a ser manipulado
- Espirros
- Aumento da face
- Fístulas faciais: feridas e inflamações na face
- Secreção ocular e nasal
- Vômitos
- Sialorreia: salivação excessiva
Quais são as raças que mais possuem problemas na boca?
A médica veterinária afirma que raças pequenas como o Spitz, o Pinscher, o Chihuahua e o Yorkshire, cães braquicefálicos (crânio largo e focinho mais achatado) como Bulldogs, Pugs, Shih Tzus e gatos braquicefálicos como os Persas, Exóticos e Munchkins apresentam um índice maior de problemas orais.
A causa do problema em animais de pequeno porte é que os dentes possuem um tamanho proporcionalmente maior, o que gera um “apinhamento”, condição caracterizada pela falta de espaço na arcada dentária. O apinhamento contribui para a geração da placa bacteriana.
Em raças braquicefálicas, além do apinhamento, há uma grande chance de presença de dentes girovertidos (posicionados de forma anormal) ou ausentes, além da Síndrome do Braquicefálico, que causa a obstrução das vias respiratórias.
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A alimentação influencia na saúde bucal do meu pet?
A ração ajuda na raspagem mecânica dos dentes do animal durante a mastigação. Quando a alimentação é puramente pastosa, esse processo é comprometido. Porém, a especialista afirma que, se mantida a escovação manual, a alimentação não é um problema.
Ela, porém, adverte: “O uso de ossos, cascos e chifres de gado não é indicado pois aumenta o risco de fraturas dentárias. Ele pode ser substituído por cartilagens ou brinquedos de borracha maleável, evitando os de nylon”.
* Estagiária sob supervisão de Mirtes Charlise de Morais.