Por que o brasileiro diferencia personagens gays em obras norte-americanas e em novelas brasileiras?


Distanciamento é determinante na 'homofobia seletiva'

Por Anita Efraim
Atualização:
Beijo gay no primeiro episódio deBabilôniafoi muito criticado Foto: Reprodução/ Globo

Os personagens gays nas novelas ainda são motivo de polêmicas e discussões no Brasil. Ao mesmo tempo, as séries e seriados norte-americanos que abordam o tema costumam fazer sucesso entre os brasileiros. Orange Is The New Black, obra original da Netflix, não tem problemas em exibir cenas de relacionamentos lésbicos - e mesmo assim, a audiência nacional aprova e assiste. 

Há uma diferença na percepção dos brasileiros entre personagens gays das tramas norte-americanas e os personagens gays das novelas. Enquanto Cam e Mitchel, casal gay de Modern Family, encantam aos espectadores do seriado, a novela Babilônia fracassou ao fazer uma abertura ousada com um beijo lésbico em seu primeiro episódio. 

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Renata Palottini, dramaturga e especialista em televisão, atribui essa diferença de visão a proximidade entre o público e o personagem. "As pessoas que têm preconceito acham que o gay americano é outra coisa, não mexe tão de perto com o preconceito brasileiro", explica.

O especialista do Museu da TV, Elmo Francfort, concorda com a análise de Renata. "Ao ver uma série internacional, o telespectador brasileiro sabe que é um produto 'distante' da sua realidade, não com um ator ou atriz que ele acompanhou o trabalho e trajetória", opina. 

EmOrange Is The New Blacka maioria das personagens é lésbica Foto: Divulgação
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Além disso, Francfort afirma que existe uma questão de pertencimento: "é nacional, é como o telespectador, não é de fora. Isso permite que, psicologicamente, seja mais fácil uma série internacional tratar do assunto do que uma nacional". 

Ambos acreditam que esse preconceito com o personagem gay em novelas nacionais é um tipo de homofobia seletiva. O especialista do Museu da TV acredita que este preconceito é, muitas vezes, velado ou até inconsciente. 

A cultura brasileira e o modo como a população é educada são fatores para essa diferenciação. "Sabemos que existe um componente religioso no preconceito", diz Renata. "Em certas crenças, o gay é mau. Outros [fatores] são mesmo as nossas tradições, o nosso conservadorismo, preconceitos herdados da família. Você junta religião e conservadorismo e fica complicado".

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Para Renata, a novela é um fator de educação e que influencia no comportamento do brasileiro. A especialista também crê que, algum dia, os personagens gays nas novelas aparecerão de modo natural. "Eu sou uma pessoa otimista. Acho que já tivemos uma realidade muito pior que a atual e, com o passar do tempo, com uma possível educação melhor, aumentando o conhecimento e a cultura em geral, isso vai se tornar um dia só uma coisa a mais. O personagem gay será um personagem na história, assim como tem gente que é vegetariana, gente que bebe e que não bebe", opina.

A aceitação das tramas norte-americanas pode, futuramente, ajudar na aceitação do Brasil dos personagens homossexuais nas novelas. "Claro que pode acontecer, mas precisamos lembrar da realidade brasileira. Podemos até nos basear nas séries estrangeiras, mas precisamos primeiro entender o público com o qual falamos", conclui Francfort. 

Beijo gay no primeiro episódio deBabilôniafoi muito criticado Foto: Reprodução/ Globo

Os personagens gays nas novelas ainda são motivo de polêmicas e discussões no Brasil. Ao mesmo tempo, as séries e seriados norte-americanos que abordam o tema costumam fazer sucesso entre os brasileiros. Orange Is The New Black, obra original da Netflix, não tem problemas em exibir cenas de relacionamentos lésbicos - e mesmo assim, a audiência nacional aprova e assiste. 

Há uma diferença na percepção dos brasileiros entre personagens gays das tramas norte-americanas e os personagens gays das novelas. Enquanto Cam e Mitchel, casal gay de Modern Family, encantam aos espectadores do seriado, a novela Babilônia fracassou ao fazer uma abertura ousada com um beijo lésbico em seu primeiro episódio. 

Renata Palottini, dramaturga e especialista em televisão, atribui essa diferença de visão a proximidade entre o público e o personagem. "As pessoas que têm preconceito acham que o gay americano é outra coisa, não mexe tão de perto com o preconceito brasileiro", explica.

O especialista do Museu da TV, Elmo Francfort, concorda com a análise de Renata. "Ao ver uma série internacional, o telespectador brasileiro sabe que é um produto 'distante' da sua realidade, não com um ator ou atriz que ele acompanhou o trabalho e trajetória", opina. 

EmOrange Is The New Blacka maioria das personagens é lésbica Foto: Divulgação

Além disso, Francfort afirma que existe uma questão de pertencimento: "é nacional, é como o telespectador, não é de fora. Isso permite que, psicologicamente, seja mais fácil uma série internacional tratar do assunto do que uma nacional". 

Ambos acreditam que esse preconceito com o personagem gay em novelas nacionais é um tipo de homofobia seletiva. O especialista do Museu da TV acredita que este preconceito é, muitas vezes, velado ou até inconsciente. 

A cultura brasileira e o modo como a população é educada são fatores para essa diferenciação. "Sabemos que existe um componente religioso no preconceito", diz Renata. "Em certas crenças, o gay é mau. Outros [fatores] são mesmo as nossas tradições, o nosso conservadorismo, preconceitos herdados da família. Você junta religião e conservadorismo e fica complicado".

Para Renata, a novela é um fator de educação e que influencia no comportamento do brasileiro. A especialista também crê que, algum dia, os personagens gays nas novelas aparecerão de modo natural. "Eu sou uma pessoa otimista. Acho que já tivemos uma realidade muito pior que a atual e, com o passar do tempo, com uma possível educação melhor, aumentando o conhecimento e a cultura em geral, isso vai se tornar um dia só uma coisa a mais. O personagem gay será um personagem na história, assim como tem gente que é vegetariana, gente que bebe e que não bebe", opina.

A aceitação das tramas norte-americanas pode, futuramente, ajudar na aceitação do Brasil dos personagens homossexuais nas novelas. "Claro que pode acontecer, mas precisamos lembrar da realidade brasileira. Podemos até nos basear nas séries estrangeiras, mas precisamos primeiro entender o público com o qual falamos", conclui Francfort. 

Beijo gay no primeiro episódio deBabilôniafoi muito criticado Foto: Reprodução/ Globo

Os personagens gays nas novelas ainda são motivo de polêmicas e discussões no Brasil. Ao mesmo tempo, as séries e seriados norte-americanos que abordam o tema costumam fazer sucesso entre os brasileiros. Orange Is The New Black, obra original da Netflix, não tem problemas em exibir cenas de relacionamentos lésbicos - e mesmo assim, a audiência nacional aprova e assiste. 

Há uma diferença na percepção dos brasileiros entre personagens gays das tramas norte-americanas e os personagens gays das novelas. Enquanto Cam e Mitchel, casal gay de Modern Family, encantam aos espectadores do seriado, a novela Babilônia fracassou ao fazer uma abertura ousada com um beijo lésbico em seu primeiro episódio. 

Renata Palottini, dramaturga e especialista em televisão, atribui essa diferença de visão a proximidade entre o público e o personagem. "As pessoas que têm preconceito acham que o gay americano é outra coisa, não mexe tão de perto com o preconceito brasileiro", explica.

O especialista do Museu da TV, Elmo Francfort, concorda com a análise de Renata. "Ao ver uma série internacional, o telespectador brasileiro sabe que é um produto 'distante' da sua realidade, não com um ator ou atriz que ele acompanhou o trabalho e trajetória", opina. 

EmOrange Is The New Blacka maioria das personagens é lésbica Foto: Divulgação

Além disso, Francfort afirma que existe uma questão de pertencimento: "é nacional, é como o telespectador, não é de fora. Isso permite que, psicologicamente, seja mais fácil uma série internacional tratar do assunto do que uma nacional". 

Ambos acreditam que esse preconceito com o personagem gay em novelas nacionais é um tipo de homofobia seletiva. O especialista do Museu da TV acredita que este preconceito é, muitas vezes, velado ou até inconsciente. 

A cultura brasileira e o modo como a população é educada são fatores para essa diferenciação. "Sabemos que existe um componente religioso no preconceito", diz Renata. "Em certas crenças, o gay é mau. Outros [fatores] são mesmo as nossas tradições, o nosso conservadorismo, preconceitos herdados da família. Você junta religião e conservadorismo e fica complicado".

Para Renata, a novela é um fator de educação e que influencia no comportamento do brasileiro. A especialista também crê que, algum dia, os personagens gays nas novelas aparecerão de modo natural. "Eu sou uma pessoa otimista. Acho que já tivemos uma realidade muito pior que a atual e, com o passar do tempo, com uma possível educação melhor, aumentando o conhecimento e a cultura em geral, isso vai se tornar um dia só uma coisa a mais. O personagem gay será um personagem na história, assim como tem gente que é vegetariana, gente que bebe e que não bebe", opina.

A aceitação das tramas norte-americanas pode, futuramente, ajudar na aceitação do Brasil dos personagens homossexuais nas novelas. "Claro que pode acontecer, mas precisamos lembrar da realidade brasileira. Podemos até nos basear nas séries estrangeiras, mas precisamos primeiro entender o público com o qual falamos", conclui Francfort. 

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