Nesta última quarta-feira, 5, o ativista Caio Revela acordou com a notícia de que ele estava morto. Foram diversas mensagens da sua mãe, que é hipertensa, de amigos e seguidores preocupados com a fake news compartilhada em um grupo no Facebook, que acabou gerando grande repercussão e pânico.
Caio está vivo. Ele tem 31 anos, produz conteúdo sobre amor ao próprio corpo e antigordofobia na internet há três anos. Em entrevista ao Estadão, ele compartilhou que é alvo de preconceito desde o início da sua carreira, porém, mesmo depois da sua suposta morte, continuava sendo perseguindo.
“Foi muito triste ver que tinha gente comemorando a minha morte. Mesmo depois de ‘morto’, a
gordofobia
continua sendo uma coisa tão bizarra e intrínseca que a pessoa comemora”.
Entenda o caso
O influenciador explicou que recebeu diversos prints no
e em redes sociais como
e
com a notícia de que ele estava internado e que tinha falecido ontem, por obesidade. “Eu não pesquisei onde isso começou, possivelmente foi em um grupo LGBT no Facebook, mas furou a bolha totalmente”.
Caio afirmou que já entrou em contato com suas advogadas para investigar o caso e tomar as medidas legais necessárias. “A causa da morte poderia ser qualquer uma, mas as pessoas querem provar um ponto. Então a causa da minha morte sendo obesidade é mais para provar para todo mundo que o que vários ativistas antigordofobia falam é mentira”.
Depois do ocorrido, ele compartilhou um vídeo em seu Instagram para explicar aos seus seguidores o que tinha acontecido e agradeceu todo o apoio e repercussão que tem recebido. “Acordei explicando pra minha mãe que estou vivo e encerro esse dia longo com uma pergunta: Até quando nosso corpo gordo vai ser motivo de piada?”, publicou.
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'Infelizmente, eu acho que a gente acaba naturalizando esse ódio que tem na internet'
O stylist contou que conseguiu ter completa consciência do que aconteceu somente hoje, 6, por naturalizar o ódio que recebia. “Quanto mais eu fecho os olhos e penso sobre isso, mais eu entendo a gravidade. Foi falta de respeito comigo, com quem eu amo e com o momento que estamos vivendo”, explicou Caio, referindo-se à pandemia do novo coronavírus.
“Hoje a minha ficha caiu do que realmente fizeram. Não foi só me matar, foi matar toda a minha luta. E eu quero frisar que isso não é uma luta só minha, é uma luta de muitas pessoas. Quando matam uma pessoa gorda, matam tudo que ela representa”, explicou.
Apesar de se sentir cansado, o influenciador reiterou que essa batalha de incentivar o amor ao próprio corpo e de continuar levantando debates sobre gordofobia é essencial e que deve ser de todos.
“É importante que a pessoa magra seja o suporte da luta antigordofobia. Não é só comentar linda na foto. É comprar a ideia da pessoa, comprar o barulho que ela está fazendo, porque, quanto mais a gente fala, mas a gente muda”.
* Estagiária sob supervisão de Charlise Morais