Transexualidade é biológico, e família não deve sentir culpa


Especialista explica por que algumas pessoas nascem transgênero e indica a quais comportamentos os pais devem se atentar

Por Ludimila Honorato
A maioria dos pais sentem culpa por ter um filho ou filha transgênero, mas a identidade de gênero não é consequência do meio. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Tudo começa ainda no útero. Por volta da décima semana de gestação, as células que vêm formando o feto desenvolvem a genitália. A princípio, pênis indica um menino e vagina, uma menina. Depois, pela vigésima semana, a área do cérebro ligada à identidade de gênero começa a se formar. Se coincidir com o sexo biológico, nascerá uma pessoa cisgênero, ou seja, que se reconhece no sexo previamente formado. Se houver incongruência, nasce uma pessoa transgênero.

É assim que o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que a transgeneridade é uma questão biológica e depende dos hormônios que atuam durante a gestação. Com isso, ser trans não tem a ver com o meio e, portanto, não é motivo para os pais sentirem culpa pela "mudança" que ocorreu com o filho ou filha.

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Entre os 2 e 3 anos de idade, todas as crianças começam a externar suas preferências, inclusive por atividades consideradas do gênero oposto. Mas como tudo nessa fase é vivido simbolicamente, o especialista afirma que muitas crianças que manifestam preferência oposta ao sexo biológico não vão se desenvolver como transexuais. O principal é notar se há permanência nesse interesse, em vez de ser apenas brincadeira, e buscar ajuda se houver dúvida.

"A grande questão para os pais é perceber que a criança busca referência no outro universo. Enrola fralda na cabeça para simular cabelo feminino, maquiagem, ou no universo masculino. Se os pais têm dúvidas, têm de buscar um profissional que trabalha com a questão, não para caracterizar como problema, mas para facilitar o que está acontecendo", diz Saadeh.

Para o Conselho Federal de Psicologia, o transtorno de personalidade de gênero não é uma doença, e os profissionais são orientados a atuar nesse sentido. Um estudo publicado em 2016 na revista médica britânica The Lancet Psychiatry demonstrou que a transgeneridade não é patologia e reforçou o objetivo de retirá-la da classificação de transtornos mentais da Organização Mundial da Saúde.

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Segundo o psiquiatra, a busca por um profissional é pelo fato de este ter um olhar mais apurado e, assim, poder afirmar algo sobre o desenvolvimento da criança. "Alguns casos são complexos, as famílias são difíceis, o que torna difícil afirmar qualquer coisa, porque envolve questões morais, éticas e religiosas", conta.

No ambulatório, são atendidos tanto transexuais quanto pessoas com outros transtornos de identidade. Em grupo e com as famílias, eles discutem questões dos transgêneros e, quando necessário, são encaminhados para outros tratamentos. É o caso de Melissa Doblado, de 12 anos, que faz bloqueio da puberdade para que características masculinas não se desenvolvam no corpo. Até os 16 anos, ela continuará com o procedimento e sob observação até que possa fazer o tratamento hormonal, que desenvolverá características femininas.

Quem já está nessa fase seguinte é Piero Yoahan, de 19 anos. O estudante de Direito também é atendido pela equipe do ambulatório e encara com paciência, tranquilidade e empatia todos os enfrentamentos da adolescência para ser quem sempre foi. Ele e Melissa contaram suas histórias ao E+ para o Dia da Visibilidade Trans, celebrado hoje, junto com Brunna Valin, de 43 anos, e Thais de Azevedo, de 68. Com experiências diversas, eles contam como é a transexualidade da infância à terceira idade. Leia e assista neste link.

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A Parada do Orgulho LGBT é um dos maiores eventos do País e busca reivindicar direitos, respeito e ações que atendam esse grupo populacional. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Identidades

"Trans é o rótulo que a sociedade nos coloca, eu sou uma mulher", disse Alicia Krüger, ativista do movimento trans. As quatro pessoas ouvidas pelo E+ declaram algo semelhante: "ser trans não define quem eu sou". No entanto, diante da curiosidade genuína ou mesmo indiscreta - e, por vezes, maldosa, como relatam -, resumimos abaixo, com a ajuda do psiquiatra Alexandre Saadeh, as diferenças entre algumas nomenclaturas:

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Transgênero: do inglês transgender, é um termo mais genérico e abrange todas as manifestações de gênero que não estão de acordo com o sexo biológico.

Transexual: quando há uma incoerência marcada entre o sexo biológico e a identidade de gênero. Neste caso, a pessoa pode buscar por mudanças corporais para que o físico coincida com o gênero que ela se identifica na mente.

Travesti: pessoa cuja identidade é feminina ou masculina, mas não busca por mudança corporal completa. Segundo o psiquiatra, o indivíduo mantém atributos do sexo de origem e isso tem finalidade sexual.

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Não binário: pessoa que não se identifica sendo homem nem mulher.

Respeito é bom

Agora, com os depoimentos contados à nossa reportagem, damos algumas dicas para ser conveniente e mais respeitoso ao conhecer uma pessoa trans.

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Trate a partir da apresentação: "Cada pessoa tem de ser reconhecida como se apresenta. Se eu falar apenas que sou a Brunna Valin, acabei de dizer que eu sou do gênero feminino, e a referência que a pessoa tem de usar para Brunna é do gênero feminino", explica a socieoeducadora do Centro de Referência e Defesa da Diversidade. Assim, utilize sempre o gênero ao qual a pessoa se referiu para se apresentar. Se a apresentação ainda não ocorreu, pergunte como deve tratá-la.

Travesti ou transexual? Não importa. Como mencionou a ativista anteriormente, são apenas rótulos e não interferem em quem a pessoa é. Perguntar sobre isso, principalmente quando não se tem intimidade, pode ser desconfortável.

Cirurgia não define gênero. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina aprovou a resolução que autoriza o tratamento e cirurgia de transgenitalização, mas o procedimento não é requisito para a "mudança" de gênero. "Não se muda o sexo de ninguém, se faz uma readequação sexual, é diferente", diz Brunna.

Antes e depois não existem. Perguntar como a pessoa se sentia quando era menino ou quando vestia roupa de menina pode ser inconveniente. Uma pessoa trans sempre se sentiu homem ou mulher. Além disso, propor um 'antes' pode trazer memórias desagradáveis. Pergunte do hoje, do que gostam, do que fazem, do que almejam.

Identidade ≠ orientação afetiva. Uma mulher trans sempre se identificou como mulher; ela pode ser heterossexual caso se sinta atraída por um homem ou lésbica se por uma mulher. O mesmo vale para homem trans. O gênero pelo qual a pessoa se sente atraída não interfere na forma como a mente dela se reconhece.

A maioria dos pais sentem culpa por ter um filho ou filha transgênero, mas a identidade de gênero não é consequência do meio. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Tudo começa ainda no útero. Por volta da décima semana de gestação, as células que vêm formando o feto desenvolvem a genitália. A princípio, pênis indica um menino e vagina, uma menina. Depois, pela vigésima semana, a área do cérebro ligada à identidade de gênero começa a se formar. Se coincidir com o sexo biológico, nascerá uma pessoa cisgênero, ou seja, que se reconhece no sexo previamente formado. Se houver incongruência, nasce uma pessoa transgênero.

É assim que o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que a transgeneridade é uma questão biológica e depende dos hormônios que atuam durante a gestação. Com isso, ser trans não tem a ver com o meio e, portanto, não é motivo para os pais sentirem culpa pela "mudança" que ocorreu com o filho ou filha.

Entre os 2 e 3 anos de idade, todas as crianças começam a externar suas preferências, inclusive por atividades consideradas do gênero oposto. Mas como tudo nessa fase é vivido simbolicamente, o especialista afirma que muitas crianças que manifestam preferência oposta ao sexo biológico não vão se desenvolver como transexuais. O principal é notar se há permanência nesse interesse, em vez de ser apenas brincadeira, e buscar ajuda se houver dúvida.

"A grande questão para os pais é perceber que a criança busca referência no outro universo. Enrola fralda na cabeça para simular cabelo feminino, maquiagem, ou no universo masculino. Se os pais têm dúvidas, têm de buscar um profissional que trabalha com a questão, não para caracterizar como problema, mas para facilitar o que está acontecendo", diz Saadeh.

Para o Conselho Federal de Psicologia, o transtorno de personalidade de gênero não é uma doença, e os profissionais são orientados a atuar nesse sentido. Um estudo publicado em 2016 na revista médica britânica The Lancet Psychiatry demonstrou que a transgeneridade não é patologia e reforçou o objetivo de retirá-la da classificação de transtornos mentais da Organização Mundial da Saúde.

Segundo o psiquiatra, a busca por um profissional é pelo fato de este ter um olhar mais apurado e, assim, poder afirmar algo sobre o desenvolvimento da criança. "Alguns casos são complexos, as famílias são difíceis, o que torna difícil afirmar qualquer coisa, porque envolve questões morais, éticas e religiosas", conta.

No ambulatório, são atendidos tanto transexuais quanto pessoas com outros transtornos de identidade. Em grupo e com as famílias, eles discutem questões dos transgêneros e, quando necessário, são encaminhados para outros tratamentos. É o caso de Melissa Doblado, de 12 anos, que faz bloqueio da puberdade para que características masculinas não se desenvolvam no corpo. Até os 16 anos, ela continuará com o procedimento e sob observação até que possa fazer o tratamento hormonal, que desenvolverá características femininas.

Quem já está nessa fase seguinte é Piero Yoahan, de 19 anos. O estudante de Direito também é atendido pela equipe do ambulatório e encara com paciência, tranquilidade e empatia todos os enfrentamentos da adolescência para ser quem sempre foi. Ele e Melissa contaram suas histórias ao E+ para o Dia da Visibilidade Trans, celebrado hoje, junto com Brunna Valin, de 43 anos, e Thais de Azevedo, de 68. Com experiências diversas, eles contam como é a transexualidade da infância à terceira idade. Leia e assista neste link.

A Parada do Orgulho LGBT é um dos maiores eventos do País e busca reivindicar direitos, respeito e ações que atendam esse grupo populacional. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Identidades

"Trans é o rótulo que a sociedade nos coloca, eu sou uma mulher", disse Alicia Krüger, ativista do movimento trans. As quatro pessoas ouvidas pelo E+ declaram algo semelhante: "ser trans não define quem eu sou". No entanto, diante da curiosidade genuína ou mesmo indiscreta - e, por vezes, maldosa, como relatam -, resumimos abaixo, com a ajuda do psiquiatra Alexandre Saadeh, as diferenças entre algumas nomenclaturas:

Transgênero: do inglês transgender, é um termo mais genérico e abrange todas as manifestações de gênero que não estão de acordo com o sexo biológico.

Transexual: quando há uma incoerência marcada entre o sexo biológico e a identidade de gênero. Neste caso, a pessoa pode buscar por mudanças corporais para que o físico coincida com o gênero que ela se identifica na mente.

Travesti: pessoa cuja identidade é feminina ou masculina, mas não busca por mudança corporal completa. Segundo o psiquiatra, o indivíduo mantém atributos do sexo de origem e isso tem finalidade sexual.

Não binário: pessoa que não se identifica sendo homem nem mulher.

Respeito é bom

Agora, com os depoimentos contados à nossa reportagem, damos algumas dicas para ser conveniente e mais respeitoso ao conhecer uma pessoa trans.

Trate a partir da apresentação: "Cada pessoa tem de ser reconhecida como se apresenta. Se eu falar apenas que sou a Brunna Valin, acabei de dizer que eu sou do gênero feminino, e a referência que a pessoa tem de usar para Brunna é do gênero feminino", explica a socieoeducadora do Centro de Referência e Defesa da Diversidade. Assim, utilize sempre o gênero ao qual a pessoa se referiu para se apresentar. Se a apresentação ainda não ocorreu, pergunte como deve tratá-la.

Travesti ou transexual? Não importa. Como mencionou a ativista anteriormente, são apenas rótulos e não interferem em quem a pessoa é. Perguntar sobre isso, principalmente quando não se tem intimidade, pode ser desconfortável.

Cirurgia não define gênero. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina aprovou a resolução que autoriza o tratamento e cirurgia de transgenitalização, mas o procedimento não é requisito para a "mudança" de gênero. "Não se muda o sexo de ninguém, se faz uma readequação sexual, é diferente", diz Brunna.

Antes e depois não existem. Perguntar como a pessoa se sentia quando era menino ou quando vestia roupa de menina pode ser inconveniente. Uma pessoa trans sempre se sentiu homem ou mulher. Além disso, propor um 'antes' pode trazer memórias desagradáveis. Pergunte do hoje, do que gostam, do que fazem, do que almejam.

Identidade ≠ orientação afetiva. Uma mulher trans sempre se identificou como mulher; ela pode ser heterossexual caso se sinta atraída por um homem ou lésbica se por uma mulher. O mesmo vale para homem trans. O gênero pelo qual a pessoa se sente atraída não interfere na forma como a mente dela se reconhece.

A maioria dos pais sentem culpa por ter um filho ou filha transgênero, mas a identidade de gênero não é consequência do meio. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Tudo começa ainda no útero. Por volta da décima semana de gestação, as células que vêm formando o feto desenvolvem a genitália. A princípio, pênis indica um menino e vagina, uma menina. Depois, pela vigésima semana, a área do cérebro ligada à identidade de gênero começa a se formar. Se coincidir com o sexo biológico, nascerá uma pessoa cisgênero, ou seja, que se reconhece no sexo previamente formado. Se houver incongruência, nasce uma pessoa transgênero.

É assim que o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que a transgeneridade é uma questão biológica e depende dos hormônios que atuam durante a gestação. Com isso, ser trans não tem a ver com o meio e, portanto, não é motivo para os pais sentirem culpa pela "mudança" que ocorreu com o filho ou filha.

Entre os 2 e 3 anos de idade, todas as crianças começam a externar suas preferências, inclusive por atividades consideradas do gênero oposto. Mas como tudo nessa fase é vivido simbolicamente, o especialista afirma que muitas crianças que manifestam preferência oposta ao sexo biológico não vão se desenvolver como transexuais. O principal é notar se há permanência nesse interesse, em vez de ser apenas brincadeira, e buscar ajuda se houver dúvida.

"A grande questão para os pais é perceber que a criança busca referência no outro universo. Enrola fralda na cabeça para simular cabelo feminino, maquiagem, ou no universo masculino. Se os pais têm dúvidas, têm de buscar um profissional que trabalha com a questão, não para caracterizar como problema, mas para facilitar o que está acontecendo", diz Saadeh.

Para o Conselho Federal de Psicologia, o transtorno de personalidade de gênero não é uma doença, e os profissionais são orientados a atuar nesse sentido. Um estudo publicado em 2016 na revista médica britânica The Lancet Psychiatry demonstrou que a transgeneridade não é patologia e reforçou o objetivo de retirá-la da classificação de transtornos mentais da Organização Mundial da Saúde.

Segundo o psiquiatra, a busca por um profissional é pelo fato de este ter um olhar mais apurado e, assim, poder afirmar algo sobre o desenvolvimento da criança. "Alguns casos são complexos, as famílias são difíceis, o que torna difícil afirmar qualquer coisa, porque envolve questões morais, éticas e religiosas", conta.

No ambulatório, são atendidos tanto transexuais quanto pessoas com outros transtornos de identidade. Em grupo e com as famílias, eles discutem questões dos transgêneros e, quando necessário, são encaminhados para outros tratamentos. É o caso de Melissa Doblado, de 12 anos, que faz bloqueio da puberdade para que características masculinas não se desenvolvam no corpo. Até os 16 anos, ela continuará com o procedimento e sob observação até que possa fazer o tratamento hormonal, que desenvolverá características femininas.

Quem já está nessa fase seguinte é Piero Yoahan, de 19 anos. O estudante de Direito também é atendido pela equipe do ambulatório e encara com paciência, tranquilidade e empatia todos os enfrentamentos da adolescência para ser quem sempre foi. Ele e Melissa contaram suas histórias ao E+ para o Dia da Visibilidade Trans, celebrado hoje, junto com Brunna Valin, de 43 anos, e Thais de Azevedo, de 68. Com experiências diversas, eles contam como é a transexualidade da infância à terceira idade. Leia e assista neste link.

A Parada do Orgulho LGBT é um dos maiores eventos do País e busca reivindicar direitos, respeito e ações que atendam esse grupo populacional. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Identidades

"Trans é o rótulo que a sociedade nos coloca, eu sou uma mulher", disse Alicia Krüger, ativista do movimento trans. As quatro pessoas ouvidas pelo E+ declaram algo semelhante: "ser trans não define quem eu sou". No entanto, diante da curiosidade genuína ou mesmo indiscreta - e, por vezes, maldosa, como relatam -, resumimos abaixo, com a ajuda do psiquiatra Alexandre Saadeh, as diferenças entre algumas nomenclaturas:

Transgênero: do inglês transgender, é um termo mais genérico e abrange todas as manifestações de gênero que não estão de acordo com o sexo biológico.

Transexual: quando há uma incoerência marcada entre o sexo biológico e a identidade de gênero. Neste caso, a pessoa pode buscar por mudanças corporais para que o físico coincida com o gênero que ela se identifica na mente.

Travesti: pessoa cuja identidade é feminina ou masculina, mas não busca por mudança corporal completa. Segundo o psiquiatra, o indivíduo mantém atributos do sexo de origem e isso tem finalidade sexual.

Não binário: pessoa que não se identifica sendo homem nem mulher.

Respeito é bom

Agora, com os depoimentos contados à nossa reportagem, damos algumas dicas para ser conveniente e mais respeitoso ao conhecer uma pessoa trans.

Trate a partir da apresentação: "Cada pessoa tem de ser reconhecida como se apresenta. Se eu falar apenas que sou a Brunna Valin, acabei de dizer que eu sou do gênero feminino, e a referência que a pessoa tem de usar para Brunna é do gênero feminino", explica a socieoeducadora do Centro de Referência e Defesa da Diversidade. Assim, utilize sempre o gênero ao qual a pessoa se referiu para se apresentar. Se a apresentação ainda não ocorreu, pergunte como deve tratá-la.

Travesti ou transexual? Não importa. Como mencionou a ativista anteriormente, são apenas rótulos e não interferem em quem a pessoa é. Perguntar sobre isso, principalmente quando não se tem intimidade, pode ser desconfortável.

Cirurgia não define gênero. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina aprovou a resolução que autoriza o tratamento e cirurgia de transgenitalização, mas o procedimento não é requisito para a "mudança" de gênero. "Não se muda o sexo de ninguém, se faz uma readequação sexual, é diferente", diz Brunna.

Antes e depois não existem. Perguntar como a pessoa se sentia quando era menino ou quando vestia roupa de menina pode ser inconveniente. Uma pessoa trans sempre se sentiu homem ou mulher. Além disso, propor um 'antes' pode trazer memórias desagradáveis. Pergunte do hoje, do que gostam, do que fazem, do que almejam.

Identidade ≠ orientação afetiva. Uma mulher trans sempre se identificou como mulher; ela pode ser heterossexual caso se sinta atraída por um homem ou lésbica se por uma mulher. O mesmo vale para homem trans. O gênero pelo qual a pessoa se sente atraída não interfere na forma como a mente dela se reconhece.

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