Numa sociedade em que alguém sem um perfil em redes sociais ou e-mail é praticamente invisível, é cada vez mais precoce o contato de crianças e adolescentes com a internet.
O mundo virtual pode ser uma ótima ferramenta de pesquisa, entretenimento e interação, mas também possui um lado sombrio, e, para ajudar nessa questão, foi criado o Dia da Internet Segura, realizado em 7 de fevereiro.
Buscando uma forma mais efetiva de atingir crianças e adolescentes, o YouTube, junto à ONG SaferNet e a Trust&Safety, convidaram o youtuber Luba para gravar seis vídeos com temas relativos à segurança na internet, como cyberbullying, exposição online, e a importância de se pensar bem antes de publicar algo.
Outros youtubers conhecidos do público jovem, como Gabbie Fadel e T3ddy, também devem participar das gravações. "Falamos diretamente para eles, todo dia, ali na tela do computador. É uma coisa mais próxima. Há uma interação muito mais forte do que se colocassem uma supercelebridade num supercomercial de TV", diz Luba em entrevista ao E+. Atualmente, o youtuber conta com quase 4 milhões de inscritos e mais de 350 milhões de visualizações em seu canal, o LubaTV.
Para ele, o mundo virtual pode ser um espaço de propagação de homofobia, racismo e machismo por conta do anonimato proporcionado pela rede, tornando-a uma "terra de ninguém", mas também é um local para exposição de histórias positivas e exemplos de superação: "Percebo que a internet ajuda a apontar mais preconceitos. As pessoas falam: 'Ah, hoje tudo é preconceito, machismo, homofobia... Só que não, né? A diferença é que agora a gente consegue ver, mostrar, e se comunicar melhor com as pessoas."
Um dos pontos que mais tiram Luba do sério são os perfis falsos, ou seja, quando uma pessoa cria uma página de rede social se passando por outra, com nome e imagens que não são suas: "Eu fico muito irritado. Na maioria das vezes, são pessoas que usam meu nome para divulgar algo. Tem fake do meu namorado, fake da minha mãe...".
"Um dos vídeos vai ser para alertar as pessoas a tomar cuidado com isso. Hoje é pedir para clicar em um link, mas e amanhã? E se o fake marca um encontro pessoalmente? E se pede número de celular, ou um dado pessoal? Isso é perigoso! Tenho muito medo, de verdade".
Recentemente, tivemos no Brasil um exemplo claro do perigo que um perfil falso pode representar a uma criança: um pedófilo criou um perfil fake utilizando imagens da atriz Larissa Manoela, e pedia para que crianças de 10 anos lhe enviassem fotos íntimas.
Confira abaixo uma galeria com dicas para crianças e adolescentes utilizarem a internet de maneira segura:
Veja dicas para proporcionar um uso seguro da internet por crianças e adolescentes
O próprio Luba conta que também já teve problemas por conta de um fake: "Um youtuber achou que tinha sido convidado para ir em um show meu e anunciou no canal dele. De repente, o fake que o 'convidou' parou de responder, e ele fez um vídeo falando da minha produção, que pegou mal. O rapaz foi totalmente enganado, mas depois foi resolvido."
Luba também ressalta a importância do combate ao cyberbullying, que é basicamente uma transposição das chacotas e humilhações que diversos jovens sofrem na escola ou entre colegas, para o campo virtual.
"Hoje sou considerado uma 'figura pública', então estou meio acostumado com isso, não me enquadro na questão do cyberbullying. Mas já sofri ataques de alguns grupos que, do nada, escolhem alguém específico para ir lá, comentar, criticar, julgar e falar mal, com palavras de baixo calão mesmo", conta.
"É muita utopia acreditar que um dia tudo será uma maravilha, que não vai ter preconceito. Mas a gente tem que lutar contra isso, mostrar que é errado, incentivar as pessoas a postarem coisas positivas, a não criticar, julgar ou odiar alguém, principalmente online. Vamos dedicar forças às pessoas que são vítimas desses preconceitos e ensiná-las a lidar com isso", finaliza.
Confira abaixo os primeiros vídeos da série: