Self-service de humor

Opinião|Eu vou sair da internet


Por Carlos Castelo

Resoluções de segunda-feira.

 

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(Memed_Nurrohmad por Pixabay )

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Começou como uma promessa típica de segunda-feira: "vou sair de todas as redes sociais".

Rubens não era um conectado fanático, mas navegava na internet como todo mundo. Ultimamente, no entanto, andava bastante assustado com o mundo virtual -- as pessoas pareciam usar seus celulares como se fossem armas.

Fechar suas páginas pessoais o faria sentir-se melhor. Seguiria um ou outro perfil que admirava e talvez lhe voltasse aquela paz do mundo pré-web.

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Dedicou parte da noite de segunda-feira para ir-se afastando dos portais e microblogs que assinava. Julgava poder realizar o desmame rapidamente. Contudo, algo sempre dificultava o momento de apertar o botão "fechar esta conta" definitivamente. Era um aviso ("deseja mesmo sair?") ou algum longo e chato questionário a ser preenchido com as causas do afastamento.

Em alguns lugares era preciso esperar um link ser enviado ao e-mail para efetivar a separação final, mas o link nunca vinha... Rubens acabou passando aquela noite em claro às voltas com sua decisão de renunciar à virtualidade.

Na manhã de terça ligou ao trabalho dizendo que não se sentia bem. Ficou mais uma hora na cama, depois continuou durante todo o dia eliminando perfis e deletando contas. Por fim conseguiu. Desligou o computador, colocou o celular numa gaveta e foi dar uma volta no parque.

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Caminhava pelo bosque quando notou pessoas apontando smartphones em sua direção. A ação começou com um casal de velhinhos e foi crescendo até chegar a dezenas de indivíduos clicando-o. O quê significa isto? -- berrou Rubens à turba, mas o número de paparazzi só crescia.

Fugiu do parque correndo e pegou a avenida que beirava o bosque. Agora eram cidadãos de dentro de carros e ônibus que o filmavam. Logo um veículo com uma grande antena e câmeras externas passou a segui-lo de perto. Rubens não sabia, mas entrara em "Live" nas principais redes sociais do mundo.

Os 'curtir' e comentários sobre a imagem de sua desabalada carreira eram tantos que poluíam as telas. Tomado de desespero entrou por uma viela que dava numa estação de trem. Olhou para trás e não viu mais os carros, nem o veículo de longas antenas. Naquele momento conseguiu se recompor e respirar fundo.

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Entrou na estação tentando se esgueirar. Logo uma criança obesa percebeu sua presença. Mãe, olha o homem que abandonou a internet! -- berrou o fedelho com uma irritante voz aguda. Veio a saraivada de flashes. Os boletins Live voltaram ao ar.

Rubens ficou encurralado entre a multidão e os trilhos. Um portal russo aproveitou a ocasião para pedir a seus seguidores que votassem: Rubens devia pular embaixo da composição ou voltar a se conectar?

Pague US$ 1,99 e confira agora o desfecho de Rubens, ao vivo, e em 3D. Possibilidade de compras no aplicativo.

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(Memed_Nurrohmad por Pixabay )

Começou como uma promessa típica de segunda-feira: "vou sair de todas as redes sociais".

Rubens não era um conectado fanático, mas navegava na internet como todo mundo. Ultimamente, no entanto, andava bastante assustado com o mundo virtual -- as pessoas pareciam usar seus celulares como se fossem armas.

Fechar suas páginas pessoais o faria sentir-se melhor. Seguiria um ou outro perfil que admirava e talvez lhe voltasse aquela paz do mundo pré-web.

Dedicou parte da noite de segunda-feira para ir-se afastando dos portais e microblogs que assinava. Julgava poder realizar o desmame rapidamente. Contudo, algo sempre dificultava o momento de apertar o botão "fechar esta conta" definitivamente. Era um aviso ("deseja mesmo sair?") ou algum longo e chato questionário a ser preenchido com as causas do afastamento.

Em alguns lugares era preciso esperar um link ser enviado ao e-mail para efetivar a separação final, mas o link nunca vinha... Rubens acabou passando aquela noite em claro às voltas com sua decisão de renunciar à virtualidade.

Na manhã de terça ligou ao trabalho dizendo que não se sentia bem. Ficou mais uma hora na cama, depois continuou durante todo o dia eliminando perfis e deletando contas. Por fim conseguiu. Desligou o computador, colocou o celular numa gaveta e foi dar uma volta no parque.

Caminhava pelo bosque quando notou pessoas apontando smartphones em sua direção. A ação começou com um casal de velhinhos e foi crescendo até chegar a dezenas de indivíduos clicando-o. O quê significa isto? -- berrou Rubens à turba, mas o número de paparazzi só crescia.

Fugiu do parque correndo e pegou a avenida que beirava o bosque. Agora eram cidadãos de dentro de carros e ônibus que o filmavam. Logo um veículo com uma grande antena e câmeras externas passou a segui-lo de perto. Rubens não sabia, mas entrara em "Live" nas principais redes sociais do mundo.

Os 'curtir' e comentários sobre a imagem de sua desabalada carreira eram tantos que poluíam as telas. Tomado de desespero entrou por uma viela que dava numa estação de trem. Olhou para trás e não viu mais os carros, nem o veículo de longas antenas. Naquele momento conseguiu se recompor e respirar fundo.

Entrou na estação tentando se esgueirar. Logo uma criança obesa percebeu sua presença. Mãe, olha o homem que abandonou a internet! -- berrou o fedelho com uma irritante voz aguda. Veio a saraivada de flashes. Os boletins Live voltaram ao ar.

Rubens ficou encurralado entre a multidão e os trilhos. Um portal russo aproveitou a ocasião para pedir a seus seguidores que votassem: Rubens devia pular embaixo da composição ou voltar a se conectar?

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Rubens não era um conectado fanático, mas navegava na internet como todo mundo. Ultimamente, no entanto, andava bastante assustado com o mundo virtual -- as pessoas pareciam usar seus celulares como se fossem armas.

Fechar suas páginas pessoais o faria sentir-se melhor. Seguiria um ou outro perfil que admirava e talvez lhe voltasse aquela paz do mundo pré-web.

Dedicou parte da noite de segunda-feira para ir-se afastando dos portais e microblogs que assinava. Julgava poder realizar o desmame rapidamente. Contudo, algo sempre dificultava o momento de apertar o botão "fechar esta conta" definitivamente. Era um aviso ("deseja mesmo sair?") ou algum longo e chato questionário a ser preenchido com as causas do afastamento.

Em alguns lugares era preciso esperar um link ser enviado ao e-mail para efetivar a separação final, mas o link nunca vinha... Rubens acabou passando aquela noite em claro às voltas com sua decisão de renunciar à virtualidade.

Na manhã de terça ligou ao trabalho dizendo que não se sentia bem. Ficou mais uma hora na cama, depois continuou durante todo o dia eliminando perfis e deletando contas. Por fim conseguiu. Desligou o computador, colocou o celular numa gaveta e foi dar uma volta no parque.

Caminhava pelo bosque quando notou pessoas apontando smartphones em sua direção. A ação começou com um casal de velhinhos e foi crescendo até chegar a dezenas de indivíduos clicando-o. O quê significa isto? -- berrou Rubens à turba, mas o número de paparazzi só crescia.

Fugiu do parque correndo e pegou a avenida que beirava o bosque. Agora eram cidadãos de dentro de carros e ônibus que o filmavam. Logo um veículo com uma grande antena e câmeras externas passou a segui-lo de perto. Rubens não sabia, mas entrara em "Live" nas principais redes sociais do mundo.

Os 'curtir' e comentários sobre a imagem de sua desabalada carreira eram tantos que poluíam as telas. Tomado de desespero entrou por uma viela que dava numa estação de trem. Olhou para trás e não viu mais os carros, nem o veículo de longas antenas. Naquele momento conseguiu se recompor e respirar fundo.

Entrou na estação tentando se esgueirar. Logo uma criança obesa percebeu sua presença. Mãe, olha o homem que abandonou a internet! -- berrou o fedelho com uma irritante voz aguda. Veio a saraivada de flashes. Os boletins Live voltaram ao ar.

Rubens ficou encurralado entre a multidão e os trilhos. Um portal russo aproveitou a ocasião para pedir a seus seguidores que votassem: Rubens devia pular embaixo da composição ou voltar a se conectar?

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Rubens não era um conectado fanático, mas navegava na internet como todo mundo. Ultimamente, no entanto, andava bastante assustado com o mundo virtual -- as pessoas pareciam usar seus celulares como se fossem armas.

Fechar suas páginas pessoais o faria sentir-se melhor. Seguiria um ou outro perfil que admirava e talvez lhe voltasse aquela paz do mundo pré-web.

Dedicou parte da noite de segunda-feira para ir-se afastando dos portais e microblogs que assinava. Julgava poder realizar o desmame rapidamente. Contudo, algo sempre dificultava o momento de apertar o botão "fechar esta conta" definitivamente. Era um aviso ("deseja mesmo sair?") ou algum longo e chato questionário a ser preenchido com as causas do afastamento.

Em alguns lugares era preciso esperar um link ser enviado ao e-mail para efetivar a separação final, mas o link nunca vinha... Rubens acabou passando aquela noite em claro às voltas com sua decisão de renunciar à virtualidade.

Na manhã de terça ligou ao trabalho dizendo que não se sentia bem. Ficou mais uma hora na cama, depois continuou durante todo o dia eliminando perfis e deletando contas. Por fim conseguiu. Desligou o computador, colocou o celular numa gaveta e foi dar uma volta no parque.

Caminhava pelo bosque quando notou pessoas apontando smartphones em sua direção. A ação começou com um casal de velhinhos e foi crescendo até chegar a dezenas de indivíduos clicando-o. O quê significa isto? -- berrou Rubens à turba, mas o número de paparazzi só crescia.

Fugiu do parque correndo e pegou a avenida que beirava o bosque. Agora eram cidadãos de dentro de carros e ônibus que o filmavam. Logo um veículo com uma grande antena e câmeras externas passou a segui-lo de perto. Rubens não sabia, mas entrara em "Live" nas principais redes sociais do mundo.

Os 'curtir' e comentários sobre a imagem de sua desabalada carreira eram tantos que poluíam as telas. Tomado de desespero entrou por uma viela que dava numa estação de trem. Olhou para trás e não viu mais os carros, nem o veículo de longas antenas. Naquele momento conseguiu se recompor e respirar fundo.

Entrou na estação tentando se esgueirar. Logo uma criança obesa percebeu sua presença. Mãe, olha o homem que abandonou a internet! -- berrou o fedelho com uma irritante voz aguda. Veio a saraivada de flashes. Os boletins Live voltaram ao ar.

Rubens ficou encurralado entre a multidão e os trilhos. Um portal russo aproveitou a ocasião para pedir a seus seguidores que votassem: Rubens devia pular embaixo da composição ou voltar a se conectar?

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Rubens não era um conectado fanático, mas navegava na internet como todo mundo. Ultimamente, no entanto, andava bastante assustado com o mundo virtual -- as pessoas pareciam usar seus celulares como se fossem armas.

Fechar suas páginas pessoais o faria sentir-se melhor. Seguiria um ou outro perfil que admirava e talvez lhe voltasse aquela paz do mundo pré-web.

Dedicou parte da noite de segunda-feira para ir-se afastando dos portais e microblogs que assinava. Julgava poder realizar o desmame rapidamente. Contudo, algo sempre dificultava o momento de apertar o botão "fechar esta conta" definitivamente. Era um aviso ("deseja mesmo sair?") ou algum longo e chato questionário a ser preenchido com as causas do afastamento.

Em alguns lugares era preciso esperar um link ser enviado ao e-mail para efetivar a separação final, mas o link nunca vinha... Rubens acabou passando aquela noite em claro às voltas com sua decisão de renunciar à virtualidade.

Na manhã de terça ligou ao trabalho dizendo que não se sentia bem. Ficou mais uma hora na cama, depois continuou durante todo o dia eliminando perfis e deletando contas. Por fim conseguiu. Desligou o computador, colocou o celular numa gaveta e foi dar uma volta no parque.

Caminhava pelo bosque quando notou pessoas apontando smartphones em sua direção. A ação começou com um casal de velhinhos e foi crescendo até chegar a dezenas de indivíduos clicando-o. O quê significa isto? -- berrou Rubens à turba, mas o número de paparazzi só crescia.

Fugiu do parque correndo e pegou a avenida que beirava o bosque. Agora eram cidadãos de dentro de carros e ônibus que o filmavam. Logo um veículo com uma grande antena e câmeras externas passou a segui-lo de perto. Rubens não sabia, mas entrara em "Live" nas principais redes sociais do mundo.

Os 'curtir' e comentários sobre a imagem de sua desabalada carreira eram tantos que poluíam as telas. Tomado de desespero entrou por uma viela que dava numa estação de trem. Olhou para trás e não viu mais os carros, nem o veículo de longas antenas. Naquele momento conseguiu se recompor e respirar fundo.

Entrou na estação tentando se esgueirar. Logo uma criança obesa percebeu sua presença. Mãe, olha o homem que abandonou a internet! -- berrou o fedelho com uma irritante voz aguda. Veio a saraivada de flashes. Os boletins Live voltaram ao ar.

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Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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