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Opinião|O insólito verde-amarelo


Por Carlos Castelo
Atualização:

Para que macaquearmos os mitos escandinavos se aqui contamos com o Cabeça de Cuia?

(Rawpixel) Foto: Estadão
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Volto à literatura insólita e fantástica. Acostume-se, seguidor amigo. Porque é algo importante de ser consumido massivamente. Em especial em países feito o nosso, onde se vive um cotidiano aterrorizante, como o de uma história de Mary Shelley ou Edgar Allan Poe.

Da outra vez em que escrevi acerca do tema, apontei os holofotes na direção das criativas autoras latino-americanas. Agora, menciono dois escritores nacionais que precisam ser cada vez mais comentados: Bráulio Tavares e Cristhiano Aguiar.

Conheci, inicialmente, o Bráulio Tavares cordelista e compositor. O Bráulio que possui inúmeras letras interpretadas por grandes nomes da MPB. Depois passei a acompanhar seu completo e atualíssimo blog. Ali tomei contato com as traduções, em especial as de Raymond Chandler. Por fim, aportei em seus livros de ficção fantástica e científica. Neles, pude notar, de modo manifesto, o talento do paraibano de Campina Grande.

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Como afirmou José Paulo Paes sobre A Espinha Dorsal da Memória: "em vez de um imitador mais ou menos servil dos Bradburys e dos Clarkes, o que esse livro nos traz é um contista original, imaginativo, que se move desembaraçadamente quer no domínio do fantástico, quer no da ficção científica".

Os sete contos de Mundo Fantasmo também surpreendem pela inventividade. Inclusive, na forma. Expedição às profundezas do oceano, por exemplo, é tão somente o depoimento de um marinheiro a uma delegacia de homicídios, em 1974. Mas que experiência infunde no leitor.

Quando se fala em histórias extraordinárias é fundamental lembrarmos, da mesma forma, de Cristhiano Aguiar, autor de Gótico Nordestino.

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Aguiar lança mão de um modus operandi comum a alguns dos novos artífices desse horror brasuca: mesclar o folclore brasileiro a cenários e personagens com nossos tons e maneiras. Não é de se estranhar que algumas de suas obras favoritas sejam Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freyre, e Geografia dos Mitos Brasileiros, de Luís da Câmara Cascudo.

Para que macaquearmos os mitos escandinavos, ou os relatos sobre os druidas de Stonehenge, se aqui contamos com o Cabeça de Cuia e o Bradador? A resposta está na nova obra de Cristhiano Aguiar.

Não poderia fechar esta crônica sem sugerir a leitura de outro seminal livro da mesma família. Falo de Tênebra - Narrativas Brasileiras de Horror (1839 - 1899). Ele é mais uma prova de que podemos afirmar, de boca cheia: há muito tempo produzimos boa ficção insólita. O que falta mesmo é mais gente prestigiando.

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Para que macaquearmos os mitos escandinavos se aqui contamos com o Cabeça de Cuia?

(Rawpixel) Foto: Estadão

Volto à literatura insólita e fantástica. Acostume-se, seguidor amigo. Porque é algo importante de ser consumido massivamente. Em especial em países feito o nosso, onde se vive um cotidiano aterrorizante, como o de uma história de Mary Shelley ou Edgar Allan Poe.

Da outra vez em que escrevi acerca do tema, apontei os holofotes na direção das criativas autoras latino-americanas. Agora, menciono dois escritores nacionais que precisam ser cada vez mais comentados: Bráulio Tavares e Cristhiano Aguiar.

Conheci, inicialmente, o Bráulio Tavares cordelista e compositor. O Bráulio que possui inúmeras letras interpretadas por grandes nomes da MPB. Depois passei a acompanhar seu completo e atualíssimo blog. Ali tomei contato com as traduções, em especial as de Raymond Chandler. Por fim, aportei em seus livros de ficção fantástica e científica. Neles, pude notar, de modo manifesto, o talento do paraibano de Campina Grande.

Como afirmou José Paulo Paes sobre A Espinha Dorsal da Memória: "em vez de um imitador mais ou menos servil dos Bradburys e dos Clarkes, o que esse livro nos traz é um contista original, imaginativo, que se move desembaraçadamente quer no domínio do fantástico, quer no da ficção científica".

Os sete contos de Mundo Fantasmo também surpreendem pela inventividade. Inclusive, na forma. Expedição às profundezas do oceano, por exemplo, é tão somente o depoimento de um marinheiro a uma delegacia de homicídios, em 1974. Mas que experiência infunde no leitor.

Quando se fala em histórias extraordinárias é fundamental lembrarmos, da mesma forma, de Cristhiano Aguiar, autor de Gótico Nordestino.

Aguiar lança mão de um modus operandi comum a alguns dos novos artífices desse horror brasuca: mesclar o folclore brasileiro a cenários e personagens com nossos tons e maneiras. Não é de se estranhar que algumas de suas obras favoritas sejam Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freyre, e Geografia dos Mitos Brasileiros, de Luís da Câmara Cascudo.

Para que macaquearmos os mitos escandinavos, ou os relatos sobre os druidas de Stonehenge, se aqui contamos com o Cabeça de Cuia e o Bradador? A resposta está na nova obra de Cristhiano Aguiar.

Não poderia fechar esta crônica sem sugerir a leitura de outro seminal livro da mesma família. Falo de Tênebra - Narrativas Brasileiras de Horror (1839 - 1899). Ele é mais uma prova de que podemos afirmar, de boca cheia: há muito tempo produzimos boa ficção insólita. O que falta mesmo é mais gente prestigiando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para que macaquearmos os mitos escandinavos se aqui contamos com o Cabeça de Cuia?

(Rawpixel) Foto: Estadão

Volto à literatura insólita e fantástica. Acostume-se, seguidor amigo. Porque é algo importante de ser consumido massivamente. Em especial em países feito o nosso, onde se vive um cotidiano aterrorizante, como o de uma história de Mary Shelley ou Edgar Allan Poe.

Da outra vez em que escrevi acerca do tema, apontei os holofotes na direção das criativas autoras latino-americanas. Agora, menciono dois escritores nacionais que precisam ser cada vez mais comentados: Bráulio Tavares e Cristhiano Aguiar.

Conheci, inicialmente, o Bráulio Tavares cordelista e compositor. O Bráulio que possui inúmeras letras interpretadas por grandes nomes da MPB. Depois passei a acompanhar seu completo e atualíssimo blog. Ali tomei contato com as traduções, em especial as de Raymond Chandler. Por fim, aportei em seus livros de ficção fantástica e científica. Neles, pude notar, de modo manifesto, o talento do paraibano de Campina Grande.

Como afirmou José Paulo Paes sobre A Espinha Dorsal da Memória: "em vez de um imitador mais ou menos servil dos Bradburys e dos Clarkes, o que esse livro nos traz é um contista original, imaginativo, que se move desembaraçadamente quer no domínio do fantástico, quer no da ficção científica".

Os sete contos de Mundo Fantasmo também surpreendem pela inventividade. Inclusive, na forma. Expedição às profundezas do oceano, por exemplo, é tão somente o depoimento de um marinheiro a uma delegacia de homicídios, em 1974. Mas que experiência infunde no leitor.

Quando se fala em histórias extraordinárias é fundamental lembrarmos, da mesma forma, de Cristhiano Aguiar, autor de Gótico Nordestino.

Aguiar lança mão de um modus operandi comum a alguns dos novos artífices desse horror brasuca: mesclar o folclore brasileiro a cenários e personagens com nossos tons e maneiras. Não é de se estranhar que algumas de suas obras favoritas sejam Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freyre, e Geografia dos Mitos Brasileiros, de Luís da Câmara Cascudo.

Para que macaquearmos os mitos escandinavos, ou os relatos sobre os druidas de Stonehenge, se aqui contamos com o Cabeça de Cuia e o Bradador? A resposta está na nova obra de Cristhiano Aguiar.

Não poderia fechar esta crônica sem sugerir a leitura de outro seminal livro da mesma família. Falo de Tênebra - Narrativas Brasileiras de Horror (1839 - 1899). Ele é mais uma prova de que podemos afirmar, de boca cheia: há muito tempo produzimos boa ficção insólita. O que falta mesmo é mais gente prestigiando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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