A moeda que caiu no vão do sofá é sozinha.
O brigadeiro pisado no carpete felpudo é sozinho.
A garrafa pet que navega o Tietê é sozinha.
Uma tampa de caneta bic mordida é sozinha.
O guarda-chuva pingando na entrada da loja é sozinho.
Um fone de ouvido quebrado é silêncio.
O calendário do ano passado é memória.
Um passaporte vencido é saudade.
O buraco na parede, só ele é uma ausência quase morte.
Antigamente, atrás da tampinha de Coca-Cola tinha uma figurinha ou um brinde. E isso era esperança.
Antigamente, nos palitos de sorvete a gente lia que havia outro picolé nos esperando. E isso também era esperança.
O e-mail guardado na caixa de rascunhos não é nada e nem ninguém.
A mensagem no site pede para que eu confirme, com um clique, que eu não sou um robô. A mão treme Às vezes.