Escolas de Medicina exigem pouco e falta infraestrutura


Pesquisa do Cremesp com 250 recém-formados gera discussão sobre exame obrigatório

Por Fabiane Leite e Humberto Maia Junior

Os alunos com melhor desempenho das principais faculdades de Medicina do Estado de São Paulo afirmam que suas escolas exigem pouco e reclamam de infraestrutura inadequada e da indisponibilidade dos professores para supervisão dos estudos. Os resultados são de uma pesquisa inédita apresentada ontem pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e realizada com 250 egressos de cursos que, em 2008, passaram para a segunda fase de exame voluntário do órgão para testar conhecimentos adquiridos na graduação. Além de expressar uma visão de parte dos formandos, os resultados são, para o conselho, mais uma prova de que há deficiências na formação e de que é preciso criar um exame nacional obrigatório para recém-formados de Medicina, que possa barrar os que não aprendem. Durante evento ontem em São Paulo para debater o ensino médico, o órgão de classe lançou campanha para a aprovação de projeto no Congresso Nacional para a implantação da nova prova. "No mundo todo as pessoas têm de provar, após a faculdade, que são bons médicos. Aqui as pessoas terminam o curso e já podem abrir a sua cabeça", afirmou Bráulio Luna Filho, coordenador de exames do Cremesp. "As escolas médicas do Brasil não reprovam, o indivíduo paga e vira médico. A nossa luta é por uma prova nacional". No total, a prova de 2008 reprovou um porcentual de 61% dos participantes, o dobro do ano anterior, conforme o que já foi divulgado no ano passado. Mas a nova pesquisa traz as impressões dos alunos que quiseram ser avaliados e que passaram para a segunda fase - e que teriam uma maior preocupação com a própria formação. Tiveram participação representativa na prova estudantes das três principais faculdades de Medicina do Estado, USP, Santa Casa e Unifesp, entre outras. O resultado do levantamento, no entanto, não foi divulgado por instituição. Segundo o novo estudo, 76% disseram que os cursos poderiam ser "um pouco ou muito mais exigentes". Cerca de 40% classificaram as instalações como não adequadas ou não suficientes e um terço avaliou a supervisão dos professores como insuficiente ou inadequada, tanto nas áreas clínicas como de laboratório. Além disso, os alunos relataram aulas com grande números de estudantes nas salas - 37% disseram que em maioria elas recebem entre 71 e 100 alunos - e cerca de um terço apontou materiais desatualizados nos laboratórios. Por fim, 66% disseram estudar em escolas com bibliotecas que não tinham acervo adequadamente atualizado. Outro problema que se destacou, pelo relato dos estudantes, foi a falta de integração entre as disciplinas. DISCORDÂNCIA Durante entrevista coletiva na manhã de ontem, Luna Filho destacou que a entidade de São Paulo fará pressão pela criação do exame, apesar de o órgão nacional, o Conselho Federal de Medicina, e outras entidades médicas serem contra o exame e preferirem investimentos em avaliações ao longo do curso. Também as entidades estudantis são contrárias à prova. O conselho de São Paulo está embasado também em pesquisas de opinião realizadas em 2005 e que apontaram que 92% da população é favorável à prova nacional. "Eu não acho que esta seja a melhor proposta. A melhor é termos várias avaliações ao longo do curso", disse Milton de Arruda Martins, membro da direção da Associação Brasileira de Educação Médica, que reúne docentes das principais escolas. "Queremos avaliação rigorosa na escola. Em uma avaliação processual, é possível corrigir os problemas", afirma Luiz Guilherme de Souza, da Direção Executiva Nacional de Estudantes de Medicina. A secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Maria Paula Bucci, afirmou que a proposta do conselho é complementar ao trabalho que vem sendo desenvolvido pela qualidade dos cursos. "Poderemos colaborar e interagir com o conselho." O ex-ministro da Saúde e Coordenador da Comissão Especial do MEC, Adib Jatene, disse que a realização do exame vai valorizar a profissão. "Não é só o diploma que tem de autorizar o exercício da profissão. É razoável uma avaliação".

Os alunos com melhor desempenho das principais faculdades de Medicina do Estado de São Paulo afirmam que suas escolas exigem pouco e reclamam de infraestrutura inadequada e da indisponibilidade dos professores para supervisão dos estudos. Os resultados são de uma pesquisa inédita apresentada ontem pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e realizada com 250 egressos de cursos que, em 2008, passaram para a segunda fase de exame voluntário do órgão para testar conhecimentos adquiridos na graduação. Além de expressar uma visão de parte dos formandos, os resultados são, para o conselho, mais uma prova de que há deficiências na formação e de que é preciso criar um exame nacional obrigatório para recém-formados de Medicina, que possa barrar os que não aprendem. Durante evento ontem em São Paulo para debater o ensino médico, o órgão de classe lançou campanha para a aprovação de projeto no Congresso Nacional para a implantação da nova prova. "No mundo todo as pessoas têm de provar, após a faculdade, que são bons médicos. Aqui as pessoas terminam o curso e já podem abrir a sua cabeça", afirmou Bráulio Luna Filho, coordenador de exames do Cremesp. "As escolas médicas do Brasil não reprovam, o indivíduo paga e vira médico. A nossa luta é por uma prova nacional". No total, a prova de 2008 reprovou um porcentual de 61% dos participantes, o dobro do ano anterior, conforme o que já foi divulgado no ano passado. Mas a nova pesquisa traz as impressões dos alunos que quiseram ser avaliados e que passaram para a segunda fase - e que teriam uma maior preocupação com a própria formação. Tiveram participação representativa na prova estudantes das três principais faculdades de Medicina do Estado, USP, Santa Casa e Unifesp, entre outras. O resultado do levantamento, no entanto, não foi divulgado por instituição. Segundo o novo estudo, 76% disseram que os cursos poderiam ser "um pouco ou muito mais exigentes". Cerca de 40% classificaram as instalações como não adequadas ou não suficientes e um terço avaliou a supervisão dos professores como insuficiente ou inadequada, tanto nas áreas clínicas como de laboratório. Além disso, os alunos relataram aulas com grande números de estudantes nas salas - 37% disseram que em maioria elas recebem entre 71 e 100 alunos - e cerca de um terço apontou materiais desatualizados nos laboratórios. Por fim, 66% disseram estudar em escolas com bibliotecas que não tinham acervo adequadamente atualizado. Outro problema que se destacou, pelo relato dos estudantes, foi a falta de integração entre as disciplinas. DISCORDÂNCIA Durante entrevista coletiva na manhã de ontem, Luna Filho destacou que a entidade de São Paulo fará pressão pela criação do exame, apesar de o órgão nacional, o Conselho Federal de Medicina, e outras entidades médicas serem contra o exame e preferirem investimentos em avaliações ao longo do curso. Também as entidades estudantis são contrárias à prova. O conselho de São Paulo está embasado também em pesquisas de opinião realizadas em 2005 e que apontaram que 92% da população é favorável à prova nacional. "Eu não acho que esta seja a melhor proposta. A melhor é termos várias avaliações ao longo do curso", disse Milton de Arruda Martins, membro da direção da Associação Brasileira de Educação Médica, que reúne docentes das principais escolas. "Queremos avaliação rigorosa na escola. Em uma avaliação processual, é possível corrigir os problemas", afirma Luiz Guilherme de Souza, da Direção Executiva Nacional de Estudantes de Medicina. A secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Maria Paula Bucci, afirmou que a proposta do conselho é complementar ao trabalho que vem sendo desenvolvido pela qualidade dos cursos. "Poderemos colaborar e interagir com o conselho." O ex-ministro da Saúde e Coordenador da Comissão Especial do MEC, Adib Jatene, disse que a realização do exame vai valorizar a profissão. "Não é só o diploma que tem de autorizar o exercício da profissão. É razoável uma avaliação".

Os alunos com melhor desempenho das principais faculdades de Medicina do Estado de São Paulo afirmam que suas escolas exigem pouco e reclamam de infraestrutura inadequada e da indisponibilidade dos professores para supervisão dos estudos. Os resultados são de uma pesquisa inédita apresentada ontem pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e realizada com 250 egressos de cursos que, em 2008, passaram para a segunda fase de exame voluntário do órgão para testar conhecimentos adquiridos na graduação. Além de expressar uma visão de parte dos formandos, os resultados são, para o conselho, mais uma prova de que há deficiências na formação e de que é preciso criar um exame nacional obrigatório para recém-formados de Medicina, que possa barrar os que não aprendem. Durante evento ontem em São Paulo para debater o ensino médico, o órgão de classe lançou campanha para a aprovação de projeto no Congresso Nacional para a implantação da nova prova. "No mundo todo as pessoas têm de provar, após a faculdade, que são bons médicos. Aqui as pessoas terminam o curso e já podem abrir a sua cabeça", afirmou Bráulio Luna Filho, coordenador de exames do Cremesp. "As escolas médicas do Brasil não reprovam, o indivíduo paga e vira médico. A nossa luta é por uma prova nacional". No total, a prova de 2008 reprovou um porcentual de 61% dos participantes, o dobro do ano anterior, conforme o que já foi divulgado no ano passado. Mas a nova pesquisa traz as impressões dos alunos que quiseram ser avaliados e que passaram para a segunda fase - e que teriam uma maior preocupação com a própria formação. Tiveram participação representativa na prova estudantes das três principais faculdades de Medicina do Estado, USP, Santa Casa e Unifesp, entre outras. O resultado do levantamento, no entanto, não foi divulgado por instituição. Segundo o novo estudo, 76% disseram que os cursos poderiam ser "um pouco ou muito mais exigentes". Cerca de 40% classificaram as instalações como não adequadas ou não suficientes e um terço avaliou a supervisão dos professores como insuficiente ou inadequada, tanto nas áreas clínicas como de laboratório. Além disso, os alunos relataram aulas com grande números de estudantes nas salas - 37% disseram que em maioria elas recebem entre 71 e 100 alunos - e cerca de um terço apontou materiais desatualizados nos laboratórios. Por fim, 66% disseram estudar em escolas com bibliotecas que não tinham acervo adequadamente atualizado. Outro problema que se destacou, pelo relato dos estudantes, foi a falta de integração entre as disciplinas. DISCORDÂNCIA Durante entrevista coletiva na manhã de ontem, Luna Filho destacou que a entidade de São Paulo fará pressão pela criação do exame, apesar de o órgão nacional, o Conselho Federal de Medicina, e outras entidades médicas serem contra o exame e preferirem investimentos em avaliações ao longo do curso. Também as entidades estudantis são contrárias à prova. O conselho de São Paulo está embasado também em pesquisas de opinião realizadas em 2005 e que apontaram que 92% da população é favorável à prova nacional. "Eu não acho que esta seja a melhor proposta. A melhor é termos várias avaliações ao longo do curso", disse Milton de Arruda Martins, membro da direção da Associação Brasileira de Educação Médica, que reúne docentes das principais escolas. "Queremos avaliação rigorosa na escola. Em uma avaliação processual, é possível corrigir os problemas", afirma Luiz Guilherme de Souza, da Direção Executiva Nacional de Estudantes de Medicina. A secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Maria Paula Bucci, afirmou que a proposta do conselho é complementar ao trabalho que vem sendo desenvolvido pela qualidade dos cursos. "Poderemos colaborar e interagir com o conselho." O ex-ministro da Saúde e Coordenador da Comissão Especial do MEC, Adib Jatene, disse que a realização do exame vai valorizar a profissão. "Não é só o diploma que tem de autorizar o exercício da profissão. É razoável uma avaliação".

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