Uma série de diálogos que estariam destinados ao esquecimento se eu não fosse esta criatura absurdamente bisbilhoteira.
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DO PAPAGAIO SUBURBANO À PATROA
Que saco, dona Maria, esse café é pra hoje ou pra amanhã?
DO PIANO AO PIANISTA
Você está todo enchopinzado hoje, hem?
DO DECLARANTE AO LEÃO DO IR
Desta vez você comeu até os meus dependentes.
DO ROMANCE À POESIA
Oi, chorona, ainda na pior?
DA ESTÁTUA AO TURISTA
Ei, eu não sou banheiro.
DO VENTO AO BARQUINHO
Vai, lerdão. Parece que comeu uma peixada.
DA FILOSOFIA AO JOVEM ESTUDANTE
Essa pergunta o Nietzsche me fez dez mil anos atrás.
DO VELHO MACHADO A BENTINHO
Já disse que não sei nada da Capitu e do Escobar. Eu sou só o autor.
DO MENDIGO À ESTÁTUA
Que pose, hem? O que é? Ganhou na loteria?
DO LOBO AO CORDEIRO
Você vem sempre beber água aqui, amiguinho?
DA GALINHA AO PINTINHO
Cresça e apareça.
DE DEUS A EINSTEIN
Posso dar uma espiadinha nessas suas contas?
DE RAPUNZEL AO AMADO
Você é uma gracinha, mas na próxima vez traga a escada, ou nada feito.
DO AMADO A RAPUNZEL
Hoje eu trouxe este xampuzinho de presente.
DE CAPITU A ESCOBAR
Espere um pouco, que o velho Machado ainda não pegou no sono.
DO VELHO MACHADO A CAPITU
Sua sorte, menina, é que os leitores não sabem procurar nas entrelinhas.
DE UMA ESTRELA A MARIO QUINTANA
Você é menos enrolado que o Bilac. Ele ficou me devendo uma chave de ouro.
DO MOINHO A DOM QUIXOTE
Mas o que é isso, cara? Está me estranhando?
DO DREWNICK A DOSTOIÉVSKI
Como eu gostaria que nossa proximidade não fosse só esta aqui, na estante.
DA CHAVE DE OURO AOS OUTROS TREZE VERSOS
Vocês não merecem, mas vou livrar de novo a cara de vocês.
DA SERPENTE A ADÃO E EVA
Se vocês quiserem, eu conto onde o Velho guarda o dinheiro.
DO BLOGUEIRO AOS LEITORES
Obrigado por estes cinco anos.