O coordenador do projeto europeu Damocles, Jean-Claude Gascard, afirmou que o banco de gelo do Ártico pode desaparecer até 2023 se o degelo registrado no verão do Hemisfério Norte continuar no ritmo que se viu neste ano. "Ficamos surpresos com a grande rapidez com que o gelo ártico se derrete no verão", disse Gascard ao jornal Le Parisien. A previsão é mais pessimista do que a projetada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), grupo de cientistas ligado às Nações Unidas, que fala em segunda metade do século. Segundo o francês, "500 mil quilômetros quadrados são perdidos a cada ano". No último verão, era possível chegar ao Rio Lena, na Sibéria, partindo do delta do Rio Mackenzie, no Canadá, passando pelo Ártico sem se ver um único bloco de gelo à deriva. A diminuição do banco de gelo no final do verão foi constatada pelos cientistas da embarcação Tara, que faz parte do programa europeu Damocles e começou sua expedição pela região em setembro de 2006. NAVEGAÇÃO O projeto Damocles tem como objetivo melhorar a antecipação às mudanças geradas pelo aquecimento global no Ártico. A viagem realizada pela equipe deve terminar de nove a dez meses antes do previsto, pois a embarcação está navegando com uma velocidade três vezes maior por causa da redução do banco de gelo polar. No verão, o banco, que há dois anos se estendia por 5,5 milhões de quilômetros quadrados, perdeu 1,5 milhão de quilômetros quadrados. A espessura média do gelo é de 1,5 metro, em vez dos 3 metros observados há 30 ou 40 anos. O gelo é "mais jovem", menos estreito e derrete-se mais facilmente. A alteração seria causada por uma série de fatores, como o forte aumento da absorção de 80% da energia solar pelo oceano, que geraria o conseqüente aquecimento local das águas oceânicas e aceleraria o degelo do gelo continental da Groenlândia.
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