Genes que fazem parte do vírus da gripa suína, ou influenza A(H1N1), podem ter circulado, sem que fossem detectados, por pelo menos uma década em populações de porcos, de acordo com pesquisadores que sequenciaram o genoma de mais de 50 amostras do vírus. A descoberta reforça o entendimento de que, no futuro, será preciso monitorar mais de perto os rebanhos suínos para genes de gripe emergentes, diz a equipe liderada por Rebecca Garten, do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), órgão do governo dos Estados Unidos. O trabalho foi divulgado ontem no site da revista Science. Detectado pela primeira vez no mês passado, o novo vírus já foi confirmado em 42 países e 11.168 pessoas, segundo o mais recente boletim oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS, braço de saúde pública das Nações Unidas). Esses números referem-se apenas aos casos submetidos a exames laboratoriais. Autoridades dizem que muitas outras pessoas podem ter sido infectadas. O estudo, que lança um olhar mais detalhado sobre o material genético do vírus, determinou que os ancestrais imediatos de todos os oito genes são de origem suína. Isso indica que o vírus pode ter circulado nas criações de porcos - em alguma parte do mundo, durante anos - e infectado animais que não manifestaram sintomas. Vírus de gripe de qualquer origem trocam material genético com facilidade entre si. Cada vez que dois ou mais vírus entram em contato com uma espécie, eles têm a oportunidade de se misturar e criar novas variedades que podem ser mais perigosas, ou se transmitir com maior facilidade. GEOGRAFIA MISTERIOSA O novo trabalho não ajuda a esclarecer onde o novo vírus fez a transição do porco para o homem. Alguns dos ancestrais genéticos vieram de um vírus suíno que atingiu fazendas dos Estados Unidos em 1998. Outros foram rastreados até vírus que infectavam porcos na Europa e na Ásia.