As mulheres brasileiras têm menos filhos e engravidam cada vez mais tarde. Quase metade da população feminina com 12 anos ou mais de estudo - 45,1% do total - tem a primeira gestação depois dos 30, segundo o Ministério da Saúde. Elas querem, antes de ter um bebê, crescer profissionalmente, conquistar o seu espaço no mercado de trabalho e ter estabilidade financeira. Ao adiarem a gravidez, também protelam um dos dilemas que mais atormenta as mulheres: a mãe que trabalha fora é uma mãe pior do que aquela que se dedica integralmente à família?
A sensação de que ‘não foi boa o suficiente porque decidiu se dedicar à profissão em vez de ficar o dia inteiro em casa’ é uma das maiores preocupações das mulheres entre 40 e 50 anos que não interromperam a vida profissional com a chegada dos filhos.Não deveria ser. Uma pesquisa realizada pela Harvard Business School concluiu que filhas de mães que trabalham fora têm mais anos de estudo, mais chances de conseguir bons empregos e ganham salários mais altos do que aquelas que tiveram a mãe o tempo inteiro ao seu lado.
Os meninos cujas mães ficavam longe de casa a maior parte do tempo por causa do emprego não apresentaram diferenças significativas no desempenho profissional em comparação aos filhos de mães que abdicaram da carreira. No entanto, os meninos filhos de mulheres que trabalhavam, quando adultos, se mostraram melhores pais, capazes de ajudar de maneira muito mais eficiente a companheira nas tarefas domésticas e na criação dos rebentos.
“De maneira geral, as crianças de mães com uma carreira se tornaram adultos melhores”, disse em entrevista coletiva a economista Kathleen McGinn, que coordenou o trabalho. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores de Harvard entrevistaram 50 mil pessoas, de 25 países.
A maioria dos estudos sobre o impacto da vida profissional materna na vida dos filhos relaciona problemas de aprendizado, comportamento agressivo e distúrbios como depressão e ansiedade em adolescentes e jovens adultos à ausência da mãe por causa do trabalho.
A pesquisa de Harvard é uma das poucas a contestar esses resultados de forma contundente. Claro que importância da presença da mãe para o bem-estar dos filhos é inquestionável. Mas é possível ter uma carreira, trabalhar fora (se quiser) e ser uma boa mãe.